A morte da bezerra escrita por BubblesChan


Capítulo 12
Laços de sangue


Notas iniciais do capítulo

Capitulo escrito por Edson Alca !



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# 20/05/2001


# Quarto - 11:45

Bom, incrivelmente eu dormi no banheiro, meu medo de sair era tanto que apaguei.

Minha manhã foi longa, um filme com inicio, meio e fim. Descreverei cada cena desse suspense intenso agora.

Desliguei o chuveiro e coloquei a mão na maçaneta da porta. Fiquei ali parada, refletindo. Deveria sair e escutar as odiosas palavras de minha mãe, mas não tinha coragem. Quando decidi sentar-me no frio chão do banheiro novamente ela bateu na porta.

– Quando vai sair daí Estela? Pare de fugir!

Foi então que ouvi a voz de Pablo no portão de casa. Mamãe rapidamente pegou a chave extra do banheiro e me trancou. É, eu tinha tirado a outra chave da porta. Vi pela janela ela caminhando até ele, e assim começou a gritaria. Pode parecer uma simples briguinha, mas não foi.

– O que veio fazer aqui? – Segurava na grade do portão apreensiva, parecia querer sair e bater no seu sobrinho.

– Vim ver a Estela, ver se ela está bem!

– Ela está bem, pode ir agora!

– Eu quero vê-la! – Pablo empurrou o portão contra mamãe e entrou no pátio – Onde ela está? – disse ele já na porta de casa.

– No ouse entrar na minha casa garoto – gritou ela – Vai embora antes que se arrependa.

Pablo deu os ombros e entrou. Mamãe não se conteve, foi atrás dele e começou a empurra-lo até o portão. Mas ele resistia, estava indiferente, agitado. O Pablo que eu conheço não é assim, é doce e calmo.

– A senhora não pode me impedir de ver sua filha! – essas foram às últimas palavras dele antes de ser impelido violentamente contra uma árvore.

– Não me diga o que eu poço ou não fazer criança, a filha é minha e ela não se manda ainda. Então pare de ser mimado e vá para casa estudar, é isso que se deve fazer na sua idade.

Pablo finalmente desistiu, foi embora, sem me ver. Mas assim foi melhor, mamãe estava estranha. Agora era minha vez de ouvir gritos e ameaças.

Logo depois de expulsar Pablo ela voltou para dentro, pare me libertar. Sai do banheiro e passei por ela indo me sentar no sofá da sala.

– O que foi aquilo no cemitério? – ouvia sua respiração ofegante, sua movimentação atrás de mim.

– Um beijo! – respondi.

– Não é isso que quero saber Estela, ele é seu primo, o que as pessoas vão pensar!

– A senhora se preocupa com o que as pessoas vão pensar, mas se preocupa comigo? Com o que sinto? – levantei.

– O que você sente? – berrou ela.

– Amor! – me virei encarando-a.

– Amor, você não sabe o que é isso! Como pode falar tantas bobagens!

– A senhora sabe o que é amor? – Mamãe se assustou, deu alguns passos lentos em minha direção como se fosse me dar um tapa, mas não, colocou a mão em seu rosto e correu para seu quarto.

Talvez não devesse ter dito aquilo a ela, mas ultimamente não tenho contralado minhas palavras, nem mesmo minhas ações. A cada dia que passa tudo se intensifica mais, fica mais forte. E eu, cada vez mais fraca!

Mamãe se trancou. Agora eu estava livre pra sair, para ir ao encontro de Pablo. Coloquei um vestido, soltei o cabelo e fui. Seguindo calmamente pelas ruas pouco movimentadas e admirando o céu nublado, quase cinza.

Quando cheguei, lá estava o mau. Pousado a frente da casa dele, com suas enormes asas negras abertas, contaminando o lugar. Claro que isso é puro ódio da minha parte, mas Érica realmente estava lá. Afastei-me um pouco e observei. Pablo falava com ela de uma distância considerável. Não imagino o que ela possa querer com ele, bom, até imagino. Continuei olhando até que ele abriu o portão e aparentemente a convidou para entrar. Eu não estava vendo aquilo, ela realmente estava entrando na casa dele.

Quando me convenci do que tinha visto, resolvi ir embora. No caminho de volta a chuva começou, firme. Não parecia que ia parar tão cedo. Maldita Érica, enquanto suas asas continuavam quentes, protegidas da água, meu corpo ficava cada vez mais frio.

Quando cheguei em casa reparei em um carro, mas não podia ser, pelo menos não tão cedo. Abri a porta e confirmei minhas suspeitas. Papai estava lá, de em pé ao lado de mamãe. Não sabia se sorria ou se chorava, talvez os dois, ou nenhum. Olhei para meu vestido encharcado e o apertei fazendo pingar no chão a água da chuva.

– Onde você foi? – mamãe jogou-me uma toalha que estava em cima do sofá.

– Não é óbvio? – ri de mim mesma.

– Fale direito com sua mãe Estela! – a voz grossa de meu pai me causou arrepios, fazia tempo que não a escutava, mas continuava apavorante.

– Desculpa, mas é que ela não me entende...

– Não justifica! Ela é sua mãe e eu concordo com o que ela acha de você beijar seu primo, ainda mais em um cemitério!

– Já fizemos coisa pior! - Durante alguns segundos eles se calaram, derrepente vi papai vindo em minha direção.

– Vai me bater? – gritei – Não me vê há tempos e quando aparece levanta a mão contra mim, como pode ser tão insensível?

A partir daí nada mais foi dito, fui para meu quarto e deixei mamãe e papai paralisados na sala. Não sei o que vai acontecer agora. Pablo veio ver uma garota, mas como foi detido escolheu outra. Um pai que volta insensível, para mim, agora, é como se estivesse invisível.



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Notas finais do capítulo

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