A morte da bezerra escrita por BubblesChan


Capítulo 10
Beijo da morte


Notas iniciais do capítulo

Capitulo escrito por Edson Alca !



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# 17/05/2001

# 12:05 - Quarto

Querido diário, hoje é realmente um novo dia. Acordar feliz e com energia não é de minha natureza. Isso se deve ao Pablo, claro. Dormi pensando nele e acordei querendo vê-lo. Será ele minha nova e permanente fonte de felicidade?

Deixe-me contar sobre um breve sonho que tive...

Caminhávamos um ao lado do outro por um corredor florido. Em uma mão eu levava uma rosa branca, e na outra a esperança de segurar a mão de Pablo. Mas ele parecia triste, era como se estivesse caminhando sozinho. Tomei coragem e o abracei, ele não retribuiu, me afastou. Achei que ele me quisesse longe, mas não era isso, ele apenas não sabia o que sentia. Novamente me aproximei e o beijei. As flores ao nosso redor deixaram suas pétalas caírem, e eu apertei minha rosa branca que graças aos espinhos ficou vermelha com meu sangue.

Final feliz ou triste? Acho que feliz, afinal, nada mais perfeito que terminar com um beijo. Agora devo me arrumar para ir à escola, estou atrasada, mais tarde lhe conto as novidades.

# 17/05/2001

# 20:27 - Quarto

Bom, não sei como lhe dizer, ou melhor, tenho medo de lembrar. Farei o possível para contar o que aconteceu. Por favor, não me culpe, eu estava, estava possuída pelo desejo e pela raiva.

Logo que cheguei à escola Pablo me recebeu com um caloroso beijo. Até me assustei, tenho péssimas lembranças de surpresas. Fiquei um pouco envergonhada, mas nada foi melhor do que ver aquelas patricinhas sem ninguém. “É a Estelinha”?“, “A mal arrumada tem namorado?”, “ Não sabia que a família dela tinha dinheiro para contratar um ator!”. Comentários, risos, risos e mais comentários. Nada disso podia me atingir, não hoje.

Pablo e eu passamos as três primeiras aulas conversando, algo que não agradou muito a professora.

– Gostaria de explicar a matéria – soltou o livro velho que segurava e colocou a mão na cintura – Não consigo com vocês falando – disse ela sentando-se na cadeira enquanto nos encarava com aquele olhar perverso.

Simplesmente paramos de falar e a ignoramos. Logo ela voltou a explicar a droga da matéria de matemática, quer dizer, a revisão para aqueles burrinhos que preferem fumar nos fundos da escola, tipo o Matheus.

No intervalo sentamos de baixo de uma árvore e ficamos ali, trocando palavras. Acho que ele esperava que eu tentasse beija-lo, infelizmente não tive coragem. Talvez eu não fosse à garota do meu sonho, pois ela sabia o que queria, e eu ainda não tenho certeza. Mas e ele, o que quer?

As duas últimas aulas passaram voando. Quando percebi o sinal já havia tocado, todos saíram da sala inclusive Pablo. Queria guardar minhas coisas rapidamente, mas elas insistiam em cair no chão. Depois que consegui, saí da sala apagando a luz. Talvez eu devesse ter ficado mais tempo lá, ou não. Erica, ela mesma, a loira, o anjo. Aquela falsa puxando assunto com o Pablo.

– Ela sabe muito bem onde é a diretoria, até por que o pai dela é o diretor!

– Obrigado Pablo, prazer em conhecê-lo. – desviou olhar e se foi, deixando minhas palavras sem sentido, perdidas.

– Por que você a atacou dessa forma Estela? – eu deveria explicar a ele? Sim, eu deveria, mas não expliquei.

Seguimos caminhando quando me surgiu uma ideia um tanto estranha. Não deveria pensar nessas coisas, não ainda. Felizmente eu tinha que tirar aquela expressão braba do rosto dele. Arrastei Pablo até o banheiro feminino, essa hora não haveria ninguém por lá. Soltei minha mochila e o olhei timidamente.

– O que foi? – disse ele.

Joguei sua mochila longe e tirei sua blusa impetuosamente. Ele estava hesitante, não esperava por isso, não de mim. Sentei ele em um banco e coloquei-me sobre suas pernas. Segurei firme no seu rosto e o beijei. Ele não tentou me parar, ao contrario, pôs suas mãos em minhas costas e levantou minha blusa. Cancelamos o beijo por um instante e logo prosseguimos. Encostei ainda mais no seu corpo quente enquanto cravava minhas unhas em seu braço. Joguei minha cabeça para trás deixando que ele deslizasse seus lábios pelo meu pescoço. A sensação era incrível, um pouco de raiva, desejo, e fazer aquilo no banheiro da escola era muito excitante. Sai de seu colo e fiz com que ele levantasse. Comecei a tirar o cinto de sua calça quando senti um ar gelado vindo da porta.

– Não acredito nisso! – era ela, a professora de matemática – Vistam-se agora venham comigo! – Pablo arrumou seu cinto e colocou a camisa, mas eu decidi afronta-la.

– O que foi, a senhora nunca fez isso? – mordi meu lábio e levantei a sobrancelha - Creio que sua gordura tenha dificultado um pouco as coisas.

Inesperadamente ela veio até mim, pegou em meu braço e me arrastou até a porta. “Sua mal educada”, repetiu essas palavras duas vezes quando subitamente a vi caindo ao meu lado, revirando os olhos, sem ar. Ela tremia levemente no chão até que parou de respirar.

Aquilo não podia acontecer, não era minha intenção causar um infarto ou o que quer que seja aquela mulher. Somente aconteceu. Saímos dali que nem criminosos, tentando nos camuflar para que ninguém conseguisse nos ver. Fomos para casa em silêncio, não deviríamos falar sobre isso, apenas esquecer. Tudo que consigo fazer na minha vida é esquecer, a poucas coisas que posso lembrar.



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Notas finais do capítulo

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Próximo capitulo: Meus pêsames



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