Contra Todas As Probabilidades escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 8
Feliz natal


Notas iniciais do capítulo

Oi, mais um capítulo saindo do forno!
.
Sabe, eu estava lendo o mangá desse mes (o tesouro verde) e nosssaaa! O Cebola está um nojo que só vendo, arre! Parece que ele voltou aquela fase de alfinetar e provocar a monica, fala sério! Parece que aquela criatura não vai evoluir nunca na vida!



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A casa da Mônica estava toda iluminada e musicas de natal tocavam a um volume agradável sem atrapalhar a conversa das pessoas. Sua mãe, junto com outras mulheres, preparava a ceia de natal com muito entusiasmo. Alguns tios, avós e primos da Mônica estavam passando o natal em sua casa e o clima de festa tinha atingido a todo mundo.

A árvore de natal estava montada na sala, com todos os seus enfeites e luzes, com os presentes espalhados ao redor. Também havia outros enfeites de natal pela sala e do lado de fora, o pai da Mônica tinha feito um bonito arranjo com luzes pisca-pisca.

No shopping, Mônica comemorava o natal com seus amigos. Era costume deles fazer uma pequena festinha de natal antes de cada um ir para sua própria casa comemorar o natal com sua família.

Eles riam, conversavam, contavam piadas e trocavam presentes. Mônica também conversava alegremente e nem tinha parado para pensar que o Cebola não havia mandado nem um mísero e-mail escrito “feliz natal e próspero ano novo”. Se bem que ela sequer tinha checado o e-mail naquele dia. Ela pretendia cuidar daquilo mais tarde, talvez. A única coisa que a preocupava no momento era se Felipe ia comparecer a “festinha” deles. O presente dele estava em sua bolsa, cuidadosamente embrulhado.

- Mô, e o Cebola, alguma notícia? – Magali perguntou assim que teve uma chance.

- Não, nada. – ela respondeu como se aquilo fosse a coisa mais sem importância do mundo. Magali não percebeu e ainda tentou animá-la.

- Ah, fica assim não. Mais tarde ele deve ligar. O fuso horário é diferente, então lá é mais cedo. Aqui, toma seu presente.

- Obrigada. Olha o seu.

Elas trocaram presentes e para seu alivio, Magali não tocou mais naquele assunto. Aquele dia estava muito bom e Mônica não queria estragá-lo falando do Cebola.

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- Ai, vamos Felipe! Senão a festinha da turma acaba e a gente fica de fora!

- Já vou, Carmen. – ele falou após conferir seu reflexo na vitrine de uma loja novamente.

- Ô Lipe, desconfia, né? Nem a Carminha fica se olhando tanto no espelho assim!

- Ei!

- Tá bom, já vou!

Ele seguiu as duas moças que corriam apressadas. No bolso, ele levava um pequeno embrulho e seu estomago se contorcia de ansiedade. Será que ela ia gostar daquele presente? Não seria muita ousadia da sua parte lhe presentear assim tão cedo?

Felipe e Luísa também faziam várias propagandas de materiais esportivos, energéticos e grifes de roupas. Com isso, ganhavam um bom dinheiro. Foi com esse dinheiro que ele comprou algo para dar a Mônica como presente de natal. Algo que ele considerava muito especial.

Sua irmã estranhou ele ter comprado aquele tipo de presente assim tão cedo, mas ele não quis esperar mais. A Mônica merecia somente o melhor.

- Oi, gente, chegamos! – Carmen saudou todos chegando junto com seus primos.

O rosto dele se corou ao ver a Mônica, que veio lhe cumprimentar e desejar feliz natal com um abraço.

- Feliz natal!

- Feliz natal para você também... – o rosto dele ficou ainda mais corado com aquele abraço. Mesmo havendo tão pouco contato corporal, ele sentiu um calor gostoso percorrendo seu corpo.

Todos estavam em uma lanchonete, ao redor de algumas mesas que foram unidas para dar espaço para todo mundo. Mônica ia observando os casais, sentindo certa inveja. Até Titi e Aninha tinham se reconciliado. Denise estava ali com seu namorado e o namorado da Carmen ia para a casa dela na hora da ceia. E pelo que ela sabia, Luísa também tinha namorado, que morava em outro bairro. Apesar de não lamentar mais o descaso do Cebola, ela ainda se sentia mal por ser a única garota da turma a não ter nenhum namorado.  

Felipe tinha dado um jeito de sentar do lado dela e percebeu sua tristeza. Na hora ele pensou que o idiota do Cebola não deve ter dado nenhum sinal de vida. Que sujeito mais estúpido!

- Ai, gente, vocês deviam ter visto o bolo lindo de natal que o Quim fez, não é fofucho?

- Ah... que é isso... só o melhor para a minha gatinha!

- Ahhhh! – as moças falaram ao mesmo tempo. Como alguém podia ser tão fofo?

Cascão também estava muito empolgado.

- Nos dias 27 e 28 tem um super encontro de parkour! Mal posso esperar!

- Nem eu!

- Por que, Cascuda?

- Quanto mais rápido começar, mais rápido termina. Ai, credo! Parece que você vai ficar fazendo isso pelo resto das férias!

- Pois meus pais irão viajar para passar o ano novo em Copacabana. Vamos ver a queima de fogos em grande estilo! – Carmen falou balançando os cabelos. – e o meu amor também vai, não é incrível?

As garotas concordaram. Poder viajar com o namorado, ainda que com os pais por perto, era tudo de bom!

Cada um foi falando o que ia fazer naquelas férias e quando chegou a vez da Mônica, Denise não segurou a língua.

- E você, fófis? Como vai fazer sem o Cebola?

- Ora, Denise! Eu não preciso dele para me divertir, né? – Silencio total. Quase ninguém reconheceu a Mônica depois daquilo. – Que foi, gente?

- Hã... nada não... E ele mandou alguma noticia? Algum presente bem bacana?

Mônica engoliu ruidosamente. Todos os olhares estavam direcionados para ela. O ar ficou tenso e o rosto dela começou a queimar. Como explicar para a turma que o Cebola não tinha mandado sequer um único e-mail, quanto mais um presente? E como explicar que apesar de tudo, ela não estava ligando a mínima? Ninguém ia acreditar, obviamente. Todos iam pensar que era apenas pose de durona. O pior era que todos pareciam ter uma curiosidade mórbida com o caso dela.

- Ô maluco! Solta um burgão aê que eu tô cheio de fome! – Felipe gritou, de repente, para o garçom que passava ali perto. Aquilo fez com que todos saíssem daquele transe, surpresos com a atitude do rapaz. – Que foi, galera? Eu preciso forrar o estômago! A ceia lá de casa vai ser só a meia noite e minha mãe vai assar um tremendo porção pra família toda!

- É leitão, Lipe, leitão! – Luísa corrigiu balançando a cabeça.

- Leitão a pururuca? – Quim perguntou sentindo a boca se encher de água e a conversa acabou tomando outro rumo.

Ao ver que todos estavam distraídos, Mônica sussurrou para ele discretamente.

- Obrigada.

- Imagina.

Algumas garotas o olharam, desconfiadas. Não lhes passou despercebido que Felipe tinha feito aquilo para ajudar a Mônica. Pelo visto, ele se importava muito com ela.

Por volta das sete horas da noite, eles foram se despedindo. Cada um tinha a própria festa de natal em casa e não queria se atrasar.

Magali tinha ido embora com Quim e ele viu que Mônica teria que ir sozinha para casa. Era o que ele queria. Bastou uma piscada para Luísa entender o que ele estava pensando.

- Bora pra casa, Carminha. Uma festança nos espera.

- Tá bom. E o Lipe? Ele não vem?

- Mais tarde. Ele tem que fazer uma coisa primeiro.

Carmen tinha visto muito bem o primo se afastando com a Mônica e logo ficou com a pulga atrás da orelha. Então era mesmo verdade que ele estava interessado por ela?

Felipe acompanhou Mônica até sua casa, mesmo ela dizendo que não precisava. Ele não concordou.

- Precisa sim, ué! Alem do mais, eu já acostumei.

- Puxa, obrigada.

Enquanto caminhavam, eles foram conversando até o assunto chegar até o Cebola.

- O Cebola não mandou nenhuma noticia, mandou?

- Não.

- Esse cara é muito sem noção! Mas escuta, você não parece muito bolada com isso, não é?

- Nem um pouco. Ah, Felipe, quer saber? Eu cansei de ficar esquentando a cabeça com ele, viu? Neimmmm! Chega!

O rapaz deu uma risada, muito satisfeito.

- É assim que se fala! Tem mais é que mandar esse careca pastar mesmo! – com isso, ela também acabou dando uma risada.

Quando eles chegaram na esquina da casa da Mônica, ela fez com que ele parasse.

- É que eu tenho uma coisa pra você, tava só esperando o momento certo pra te dar.

- Sério?

- Bem... não é assim grande coisa, mas você tem sido tão legal comigo... toma.

Foi difícil controlar a tremedeira das suas mãos enquanto ele abria o pequeno embrulho. Seu rosto queimava e seu coração batia descompassado. Então ela tinha pensado nele? Tinha gasto seu tempo e dinheiro para lhe dar um presente? Será que aquilo significava alguma coisa?

- Caramba, que legal!

- Você gostou?

- Claro, é muito massa! Eu adoro usar essas luvas, é maneiro demais! – para mostrar que tinha mesmo gostado, ele as colocou na mesma hora. Tinham servido perfeitamente e dali para a frente seriam suas luvas preferidas.

- Bom que você gostou, fico feliz.

- Gostei mesmo. E eu também tenho uma coisa pra você...

Com o rosto corado e o coração pulando, ela fitou por uns segundos o embrulho que ele tinha tirado do bolso e lhe oferecido.

- É... para mim?

- Claro! Espero que você goste.

Ela pegou a pequena caixa e abriu, sentindo o coração pular de ansiedade. Seus olhos arregalaram ao ver o que tinha lá dentro. Era uma corrente que parecia ser de ouro com um pingente em forma de patim, perfeito em todos os detalhes.

- Felipe... eu não acredito! Isso é... é... lindo! Nossa! Por que você...

- Se você gostou, beleza. É o que importa. O resto é resto.

- Eu amei, é incrível demais. Só que...

- Só que nada. Não pense mais nisso. Eu posso?

- Claro!

Ele tirou a corrente da caixa e ela virou-se de costas para que ele a colocasse em seu pescoço. Foi com um imenso prazer que ele lhe colocou aquela corrente, muito feliz por ela ter gostado do seu presente. Aquilo tinha custado caro, já que o pingente tinha sido encomendado. No entanto, só aquele sorriso tinha valido o triplo do valor pago pelo presente.

Depois que ela virou-se de frente para ele de novo, ele viu que seu presente tinha ficado muito bom nela. O cumprimento da corrente ficou do tamanho certo, deixando o pingente na altura do seu colo, onde ganhava um destaque especial sobre sua pele bonita.

- Ficou muito bom em você.

- Obrigada, de verdade. Eu adorei! – os olhos dela ficaram molhados e ela não soube explicar por que. E antes que ele pudesse falar alguma coisa, ela o abraçou ainda emocionada.

- De nada. Espero que você sempre use. Foi feito especialmente para você.

Ele correspondeu seu abraço e eles ficaram assim por um tempo, apenas curtindo aquele momento especial. Felipe encostou a cabeça dela em seu peito e fez o que pode para que aquilo durasse o máximo possível. Ele não queria deixá-la ir embora dali por nada no mundo.

Quando ela se afastou, ele viu que tinha algumas lagrimas correndo pelos seus olhos. Claro, depois de todo aquele descaso que ela estava sofrendo do Cebola, era normal que ficasse emocionada com o seu gesto. Ele segurou o rosto dela com as mãos, enxugando suas lagrimas enquanto dizia:

- Ei, fica assim não, tá? Você não merece isso.

- Eu... – as palavras morreram em sua garganta quando um beijo suave foi pousado em sua face e ela teve a impressão de ter sentido a pele queimar com aquele contato. Mesmo depois de ele ter se afastado, a sensação ainda ficou registrada em sua face.

- Acho que a gente precisa ir, senão seus pais vão ficar preocupados.

- Ah, é... meus olhos ficaram muito vermelhos? Não quero que vejam que eu chorei.

- Estão lindos, como sempre...

O rosto dela ficou corado e ela não conseguiu evitar um sorriso. Desde quando ele era tão galanteador assim?

- Se você diz... então vamos.

Depois de deixá-la em casa, ele foi embora ainda sentindo os lábios formigarem por causa daquele beijo que tinha dado em seu rosto. O cheiro da sua pele era mesmo muito bom e ele não se importou com o gosto salgado das lágrimas dela. E aquele abraço... um suspiro escapou do seu peito.

O momento que eles passaram juntos foi tão bom que ele pensou se não devia ter arriscado um beijo na boca. Não... aquilo seria se aproveitar da fragilidade dela. Ela estava triste, carente e fragilizada por causa do cabeça de cebola, não seria certo ele se aproveitar dessa fraqueza. Era preciso ter paciência com ela.

No meio do caminho, enquanto andava, ele tirou uma corrente que estava escondida dentro da sua blusa e ficou contemplando o pingente, que também era um patim igual ao dela. Sua corrente era um pouco mais grossa e masculina, mas o pingente era igual. Dois patins que precisavam ficar juntos para deslizarem em harmonia.

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Quando ela entrou em casa, seus pais logo notaram sua expressão emocionada.

- Nossa! A festinha com a sua turma deve ter sido boa, né?

- Foi sim, pai... muito boa.

Ela foi para seu quarto se lavar e trocar de roupa para a ceia. O beijo dele ainda estava vivo em sua pele e toda vez que ela se lembrava, seu coração batia mais rápido. Ela só tinha sentido aquilo com o Cebola, quando ele ainda lhe beijava...

Ao lembrar do Cebola, ela resolveu ligar o computador só para ver se alguma coisa tinha chegado. Havia um novo e-mail dele e ao abrir, ela viu que era apenas um daqueles cartões virtuais com uma mensagem de feliz natal que ele deve ter encontrado na internet.

“Só isso? Que tosco!” Ela sequer se deu o trabalho de ler a mensagem e apenas respondeu brevemente agradecendo o cartão e só. Foi mais por educação do que por vontade. Depois, ela desligou o computador e foi se preparar para a ceia. Ao trocar de roupa, ela viu o pingente e ficou segurando entre os dedos, lembrando do Felipe.

Era um pingente muito bonito, bem detalhado e se parecia mesmo uma miniatura de patim feita de ouro. Um presente delicado e de bom gosto que ela adorou. Não foi o valor do presente que a deixou emocionada e sim a preocupação que Felipe teve com ela. Ele se importou enquanto o Cebola parecia estar vivendo em outro mundo a ponto de esquecer sua existência.

Em sua mente, a figura dele foi se tornando cada vez mais opaca e sem brilho enquanto a do Felipe se fortalecia mais e mais. 

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Ele comemorava o natal com alguns amigos que tinha feito em Nova York, com todos rindo, comendo e bebendo alegremente. Sua estadia ali estava sendo incrível e seu inglês havia melhorado consideravelmente. Aquela viagem estava sendo tão boa que ele lamentou não poder fazer um intercambio. Isso sim seria incrível.

“Será que a Mônica recebeu o cartão?” ele pensou, de repente, enquanto tomava um copo de champanhe. “Ah, deve ter recebido. Espero que ela goste e não reclame por eu não falar com ela no Skype”. Uma parte dele até queria mesmo falar com ela, poder ouvir sua voz e ver seu rosto, mas aquela conversa poderia demorar demais e ele não queria perder a festa. Afinal, eles se viram o ano inteiro e no próximo ano ia ser a mesma coisa, então não havia problema nenhum se pelo menos por um tempo ele ficasse sozinho, só curtindo sua vida.


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