Contra Todas As Probabilidades escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 43
O inicio da redenção


Notas iniciais do capítulo

Só espero que não tenha ficado muito açucarado... E não se esqueçam dos reviews, tá?



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Ah ! Eu vim aqui amor só pra me despedir

E as últimas palavras desse nosso amor, você vai ter que ouvir

Me perdi de tanto amor, ah, eu enlouqueci

Ninguém podia amar assim e eu amei

E devo confessar, aí foi que eu errei

Vou te olhar mais uma vez, na hora de dizer adeus

Vou chorar mais uma vez quando olhar nos olhos seus, nos olhos seus

A saudade vai chegar e por favor meu bem

Me deixe pelo menos só te ver passar

Eu nada vou dizer perdoa se eu chorar


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Denise fazia as filmagens dos treinos para que ambos pudessem assistir depois e avaliar. Magali tinha levado um lanche saudável e Luisa continuava dando as instruções aos dois após planejar bem a coreografia junto com Isa.


Mônica e Felipe patinavam no gelo, mostrando que tinham evoluído muito. Os treinos eram alternados. Um dia Mônica treinava com ele, no outro treinava sozinha para sua apresentação solo.


As outras garotas estavam assistindo ao treino, impressionadas com a melhoria da Mônica. Ela dava saltos, giros e fazia manobras arriscadas que nenhuma delas tentaria fazer. Nem mesmo Magali que já tinha alguma experiência com patins. De vez em quando algum rapaz da turma aparecia para dar uma olhada também, especialmente DC e Toni que adoravam ver Mônica usando aqueles shorts curtos. Tudo, claro, escondido de Felipe que tinha tendência a ser ciumento e encrenqueiro.


– Eu acho que isso é masoquismo.

– Também acho, mas não consigo evitar... ela está tão linda...


Cascão não pode deixar de sentir pena do amigo. Devia ser difícil ver a garota de quem ele gostava feliz com outro. Os dois estavam olhando o treino a uma distância segura depois de terem tido uma longa conversa onde Cebola se desculpou com o amigo por tudo o que tinha feito, para a surpresa do Cascão que mal acreditou no que estava vendo e ouvindo. Cebola não tinha mais aquela fisionomia endurecida e nem aquele olhar frio e cortante.


– E aí, careca? Qual vai ser o próximo plano?

– Não tem mais plano, Cascão. Acabou.


O sujinho quase caiu de susto ao ouvir as palavras que ele nunca pensou ouvir um dia. Ele olhou para o amigo como se não o reconhecesse e de fato Cebola estava muito diferente. Ele só não sabia se gostava ou não daquela mudança.


– Olha, você também não pode ficar assim, cara!

– Não tem jeito. Sem a Mônica, eu não tenho mais nada pelo que lutar.

– Ué, ainda tem o mundo pra conquistar.

– Pra quê? De que adianta ter o mundo se eu não terei a Mônica comigo?


Ele ficou preocupado com aquela depressão do Cebola. Durante anos ele lutou por um objetivo e sem esse objetivo, o seu amigo ficou perdido e sem rumo. Aquilo parecia ser tão triste!


– Escuta, por que você não tenta ficar bem com a turma de novo? Ficar sem namorada já é ruim, mas ficar sem os amigos é pior ainda.


Cebola deu de ombros e acabou concordando. Seu ego já estava totalmente destroçado mesmo, então pedir desculpas não ia fazer mal algum. E Cascão estava certo. Se ele conseguisse seus amigos de volta, poderia ter alguma ajuda para superar aquela fase difícil. Só que antes de conversar com o resto da turma, ele tinha que conversar com alguém muito especial primeiro.


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Os dois caminhavam no parque em silêncio a procura de um lugar para sentar e conversar. Eles não se olhavam e ambos pareciam tensos. Assim que encontraram um banco, Mônica e Cebola se acomodaram, sentando-se a uma boa distância um do outro mesmo o rapaz querendo ficar mais perto dela para poder abraçá-la. Aquilo não ia mais acontecer.


– Mônica, eu nem sei por onde começar...

– Talvez você devesse esperar mais até se sentir preparado...

– Se eu for esperar por isso, nunca vou poder falar nada. E eu tenho muita coisa pra falar.

– Cebola...


Ele deu um longo suspiro e assim que tomou coragem, começou.


– Olha, eu queria pedir desculpas. Não só pelo que eu aprontei durante esses meses, mas também por todos esses anos, desde que a gente era criança.


Aquilo para ela foi uma surpresa, já que em momento algum ele nunca tinha se desculpado por suas travessuras. E o mais surpreendente foi ver que ele estava mesmo sendo sincero.


– Cebola, a gente se conhece desde pequeno e há muito tempo eu te perdoei pelo que você aprontava quando criança.

– E pelo que eu aprontei depois de crescido?


Ela deu um sorriso.


– Também. Isso já passou.

– E agora você gosta de outro, não é?

– Sim...

– Poxa, Mônica... se eu pudesse voltar no tempo, jamais teria terminado o namoro com você...

– Você fez o que achou certo na época.

– Só que agora não tem mais jeito... tem?

– Sinto muito. Não. Eu gosto do Felipe de verdade e quero ficar com ele.

– Entendo. – então era isso. Ele a tinha perdido para sempre.

– Saiba que eu ainda gosto de você, mas como amigo. A gente cresceu junto, passamos por muita coisa, tivemos muitas aventuras...

– É verdade. – apesar de tudo, ele se consolava em saber que os dois ainda tinham uma história juntos. Uma história que Felipe não tinha.

– É por isso que eu não quero perder sua amizade.

– Depois de tudo, você ainda quer ser minha amiga?

– Às vezes a gente erra, mas se você arrependeu, então tudo bem.

– Ainda assim, eu queria muito poder voltar no tempo... – ele sussurrou mais para si mesmo sentindo um nó na garganta. – Mônica, se você está mesmo feliz com o maloqueiro, então eu não vou fazer mais nada. Seja feliz com ele então.

– Obrigada, Cê. Eu também desejo que você seja feliz um dia com alguém que te ame.


Ele só acenou afirmativamente com a cabeça sem poder falar mais nada porque as lágrimas estavam rolando pelo seu rosto. E daquela vez eram lágrimas sinceras.


– Ah, Ce... vem cá... – Mônica deu nele um abraço afetuoso, que ele aceitou de bom grado e deixou as lágrimas fluírem livremente. Seu corpo tremia levemente com seus soluços e ele procurava aspirar pela última vez o perfume dos cabelos dela imaginando que nunca mais iria ter outra oportunidade novamente.


Quando eles se separaram, também havia algumas lágrimas nos olhos dela, que se sentia triste por vê-lo chorar.


– Ce, você ainda tem uma coisa para fazer que é importante.

– Me desculpar com o resto do pessoal?

– É. Principalmente com a Denise.

– Ela já teve a desforra dela.

– Não se preocupe. Eu pedi que ela tirasse o vídeo do youtube e ela tirou. O pessoal da escola ainda vai te zoar, mas a gente dá um jeito nisso.

– Obrigado... você tá certa. Eu não quero perder meus amigos.


Mônica enxugou as lágrimas e levantou-se.


– Então vamos. A turma nos espera.

– Agora?

– Sim, agora. Quanto antes melhor. Além do mais, o pessoal tá vindo aí. Vamos, coragem! – a moça o pegou pelo braço e o levou até o grupo que se aproximava junto com Felipe.


Ele tentou se controlar para não brigar com o Cebola. O coitado já estava no fundo do poço mesmo e ele não era de chutar cachorro morto.


Inicialmente todos olhavam para o Cebola zangados e aos poucos foram abrandando ao vê-lo triste, cabisbaixo, abatido e com lágrimas nos olhos.


– Gente, o Cebola tem algo pra falar. Vai, fala!

– Eu... eu queria pedir desculpas pra todo mundo. Foi mal, gente... e desculpe também Denise. Sinto muito...


O pessoal ainda ficou em silêncio olhando para ele e Mônica tomou a palavra.


– Gente, ele está sendo sincero. Eu sei que ele pisou na bola, mas eu acho que todo mundo merece uma segunda chance, né?


Denise colocou as mãos na cintura e virou os olhos.


– Ai meu santo! Eu e esse meu coração mole! Está bem, eu te perdôo porque sou a Denise absoluta! Mas em troca você vai criar um visual bem bonito pro meu blog porque o antigo já tá fora de moda e cafona.


Cebola não pode evitar um sorriso e o resto da turma acabou rindo também. Titi aproximou-se lhe dando fortes tapas nas costas.


– Você vai ter que carregar o equipamento de ginástica do time por pelo menos um mês, rapaz.

Quim: - Pensando bem, o depósito lá da pararia tá meio sujo...

Xaveco – E eu quero aprender como se passa de fase naquele jogo!

– Pode deixar. Valeu, gente.


Cascão mostrou a bola que ele tinha trazido e convidou.


– E aí, vamos parar logo com essa melação toda e bater bola lá no campinho? Como nos velhos tempos!

– Aê!

– Demorou!

– Tô dentro, véi!

– Vamos lá, careca. Quero ver se você ainda é bom de bola!


Os rapazes foram seguindo para o campo e Cebola foi com eles, passando perto de Felipe. Quando ficou lado a lado com o rapaz, cada um olhando em uma direção diferente, ele parou. Felipe se manteve firme no mesmo lugar e Cebola apenas falou para ele.


– Cuide muito bem dela, ouviu?

– Com certeza!

– Vou ficar de olho!

– Humpt! Eu me garanto, seu mané!


Por instantes todos acharam que ia acontecer uma briga ali mesmo, mas Cebola apenas continuou seu caminho e junto com os amigos, ele foi para o campo jogar um pouco de bola. Mesmo sentindo o coração em pedaços, sua alma parecia mais leve.


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