Contra Todas As Probabilidades escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 37
O plano em ação




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Aquilo não tinha sido exatamente fácil. Conforme Franja imaginou, invadir o computador do Cebola foi complicado porque o amigo tinha conhecimentos avançados de informática e sabia como defender o computador de uma invasão. Mesmo assim, ele obteve sucesso graças a sua inteligência e o uso de tecnologia avançada. O próximo passo foi procura as fotos da Denise, que deviam estar bem escondidas para driblar a vigilância dos seus pais.


– Primeiro eu vou rastrear todos os arquivos de imagens do computador. Os da Denise devem estar por aqui.


Outra tarefa difícil já que Cebola tinha centenas de fotos no computador. A grande maioria era da Mônica e algumas pareciam ter sido tiradas sem ela perceber. Em uma pasta especial, havia muitas fotos da Mônica usando biquíni e havia até algumas dela deitada na cama com camisola. DC babava com uma foto onde ela dormia de bruços, com a camisola levemente levantada mostrando metade da sua calcinha. Foi difícil lutar contra a vontade de fazer Franja copiar aquela imagem para ele. Muito difícil.


– Rapaz... como ele fazia pra tirar essas fotos? Eu heim! Esse cara é doente! – Franja falou espantado com a quantidade de fotos e eles viram que a obsessão do Cebola pela Mônica era maior do que eles pensavam. O cara era totalmente louco!

– Você ouviu alguma coisa? – por um instante DC pensou ter ouvido a voz do Prof. Licurgo falando “eu não sou louco”. Devia ser só sua imaginação.


Levou bastante tempo até eles finalmente encontrarem as fotos da Denise, que estavam em uma pasta bem escondida sob o nome de “Material de matemática”. Dificilmente alguém iria se interessar em olhar uma pasta com aquele nome.


Ao verem as fotos da Denise com o namorado, ambos arregalaram os olhos. Franja não conseguiu conter o espanto.


– Onde foi que ela aprendeu isso?

– Caramba! Quanta elasticidade!

– Essa posição não deveria ser anatomicamente impossível?

– Rapaz! Eu imaginava que ela tinha a boca grande, mas aí já é demais!


Mesmo sabendo que era errado, eles olharam cada foto enquanto riam, ficavam boquiabertos com algumas coisas e faziam várias observações sobre o corpo da Denise e as coisas que ela estava fazendo com o namorado. Quando viram tudo, Franja achou que era hora de acabar com aquilo antes que Marina chegasse de repente e o pegasse vendo aquelas coisas.


– Você vai apagar tudo?

– Vou, DC. Não podemos deixar nada pro Cebola recuperar.

– Ele deve saber como restaurar arquivos deletados.

– Só que eu não vou deletar, vou mover. Assim não vai ficar nada para trás.

– Sério? Não sabia disso!

– Pois é. Primeiro, vou selecionar tudo... pronto. Agora é só mover para o meu computador. Beleza!

– Peraí... e se ele tiver copias em algum pendrive? Aí fodeu tudo!

– Se ele pegou essas fotos da câmera da Denise, então deve ter copiado para o computador mesmo. Não dá pra fazer isso com um pendrive. A gente vai ter que arriscar e ficar de olho. Se ele publicar alguma coisa, eu entro em ação e apago tudo.


Quando viu que não havia mais nenhuma foto comprometedora da Denise no computador do Cebola, Franja decidiu encerrar aquilo antes que o careca percebesse que estava sendo invadido.


– Pronto. Agora deixa eu apagar essas fotos para que a Marina não veja, senão ela arranca os meus olhos! E agora, o que a gente faz?

– Vou ligar para a Luísa e falar que as fotos foram apagadas. Aí ela vê o que faz.


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Quando o celular tocou, ele deu um sorriso ao ver o numero da Mônica no visor. No entanto, sua alegria não durou muito quando um grito furioso veio do outro lado da linha, fazendo-o afastar o aparelho do ouvido para não estourar seus tímpanos.


SEU CABEÇÃAAAAOOOO!!!! Como você pôde confundir essa garota comigo? Minha bunda não é desse tamanho!

– Foi mal, gata... eu nem olhei pra bunda dela, eu juro! Só prestei atenção nos cabelos...


Ele ainda teve que ouvir muita coisa antes que ela pudesse se acalmar.


– Afff! Tudo bem, eu entendo. O cabelo ficou mesmo parecido.

– Você ainda tá zangada comigo?

– Não, já passou. Desculpa eu ter gritado com você.

– Tem grilo não, linda.


Os dois conversaram mais um pouco antes de ela desligar um tanto arrependida por ter gritado com ele. Coitado, ficou com tanto medo! Ela precisava controlar um pouco seu gênio para não assustá-lo. E também não fazia sentido brigar com ele poucas horas depois de terem feito as pazes.


Mônica voltou a olhar para a foto mordendo o lábio inferior. Ela conhecia muito bem aqueles tênis cor de rosa e tudo pareceu fazer sentido. Faltava apenas pensar em quais providências tomar sobre aquele assunto. “Então era por isso que a Denise estava tentando passar mel em mim... humpt! Aquela ali não tem jeito. Depois eu cuido dela.”


Tantas emoções em um dia só a deixou cansada e ela resolveu dormir. No dia seguinte, seu plano seria colocado em ação e Cebola não perdia por esperar.


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No dia seguinte, conforme Mônica tinha instruído, ninguém lhe deu a menor confiança e continuaram agindo como estavam feito nos últimos dias. Risos, piadinhas, papeizinhos voando... Cebola assistia a tudo com um sorriso no rosto ao ver como ela estava pálida e deprimida sem saber que aquela palidez e olheiras eram apenas maquiagem feita pela Keika.


No intervalo entre uma aula e outra, Mônica saiu da sala para beber água e encontrou com Felipe, que lhe virou a cara e saiu apressadamente. Embora ele não gostasse de fazer isso, tudo era parte do plano e ele só tinha concordado porque a Mônica lhe prometeu que o castigo do Cebola ia ser pior do que uma surra. Do contrário, o careca já estaria agonizando numa cama de hospital.


Na hora do recreio, ela foi se sentar em uma mesa isolada para fazer seu lanche e não se importou com as piadas e provocações de ninguém. Tudo ali era temporário. Cebola desfilava de um lado para outro com Irene exibindo um sorriso de vitória no rosto. Era difícil de acreditar que ela estava vendo os dois juntos sem enlouquecer de raiva, mas aquilo também era parte do seu plano.


– Você tem certeza?

– Tenho sim. Eu preciso que o Cebola pense que está ganhando. Você não precisa fazer nada com ele não, é só pra vocês dois ficarem andando juntos na minha frente.

– Eu ainda não sei...

– Bem... sabe o Lucas? – ela perguntou agradecendo mentalmente a Denise pela informação. Se sua amiga estava mesmo certa, Irene não ia conseguir resistir aquela proposta.


O rosto da moça se iluminou instantaneamente. Há tempos ela estava de olho naquele gato, porém nunca teve coragem para se aproximar.


– Se você quiser, eu posso dar uns toques nele assim como quem não quer nada...

– Será que vai dar certo?

– Ué, de repente... é só uma aproximação básica para quebrar o gelo. Aí você dá conta do resto. Se quiser, eu sei até das coisas que ele gosta.

– Tá bom, eu vou fazer o que você me pede!


Aquela proposta foi tentadora demais para ela resistir e Irene não teve outra opção a não ser aceitar. Era sua chance de conseguir alguma coisa com o Lucas e talvez até entrar para a turma.


Após terminar seu lanche, Mônica saiu dali rapidamente para fazer outra coisa importante. Ela fingiu não perceber que Denise a estava seguindo por ordem do Cebola.


– Vai atrás dela e me fala tudo. Não esconde nada!


Assim que saiu do refeitório, ela foi até onde estavam sendo feitas as inscrições para o show de talentos. Naquele show ela pretendia cantar e até já tinha a música na cabeça.


– E aí? Fez a inscrição?

– Fiz. Agora você pode ir contar pro Cebola.

– Xá comigo, gatz!


Não precisava nenhuma ordem ou pedido para que ela saísse espalhando a novidade para todo mundo. De qualquer forma, ela ia fazer aquilo mesmo.


– Então ela vai participar do concurso de talentos, hã? Que interessante. – ele sorria malicioso já bolando um plano em sua cabeça. – Acho eu tenho um servicinho para o Franja.

– E qual vai ser o babado?

– Você vai ver no dia do show.

– Ah, qualé! Não vai me adiantar nadinha?

– Digamos que eu vou providenciar um grande final para o show da Mônica.

– Que final?

– Se quiser saber, espere como todo mundo. Agora eu tenho coisas importantes para fazer.


O sinal tocou e ele foi para a sala, deixando Denise parada no meio do refeitório apertando os lábios com raiva. Quando Luisa lhe telefonou falando que Franja e DC tinham apagado suas fotos do laptop do Cebola, ela chorou de alívio. Não havia mais o risco de o colégio inteiro saber o que ela tinha feito com o namorado. Ainda assim, ela se sentia humilhada ao saber que por causa do Cebola, certamente Franja e DC também viram suas fotos. Seus amigos eram discretos e não comentaram nada, mas e se fossem pessoas mal intencionadas e saíssem espalhando suas fotos de qualquer jeito?


“Esse carequinha filho duma quenga vai ser só uma coisa, ah, se vai!” ela foi para a sala e sentou-se no seu lugar enquanto pensava em como o Cebola ia se dar muito mal. E a melhor forma de se vingar dele era ajudando a Mônica. Como não podia falar diretamente, ela escreveu um bilhete, embolou e jogou na cabeça dela, lhe mostrando a língua logo em seguida para que Cebola não desconfiasse.


Mônica pegou o papel e leu o bilhete:


“Seguinte, o Cebola vai aprontar alguma coisa para estragar seu show, pode esperar. E tem algo a ver com o Franja, só que ele não explicou direito. Fica de olho aberto!”


Ao ler o recado, ela rasgou em pedacinhos e jogou na lixeira. Então o Cebola ia fazer algo para estragar seu show? Aquilo já era esperado. Surpresa era ele pedir ajuda ao Franja e ela ficou imaginando como o namorado da Marina ia participar daquele plano. Mais tarde ela ficaria sabendo das novidades já que Marina ia acabar lhe contando o que o Cebola fosse pedir ao Franja. Era só esperar.


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Durante o resto da aula, todos seguiram o plano da Mônica e fizeram de forma que Cebola não desconfiasse de nada. Conforme ela havia instruído, toda a farsa tinha que ser bem realista.


Na hora da saída, ele foi junto com Irene de mãos dadas e ela procurou fingir que aquilo lhe magoava. E seu fingimento foi tão bom que por um instante Felipe chegou a pensar que fosse verdade.


– Escuta, você não ficou bolada mesmo por causa do cabeça de cebola e da Irene, ficou? – ele perguntou assim que ficaram a sós e um olhar assassino dela fez com que ele pedisse desculpa. – foi mal, gata... é que eu...

– É tudo encenação, Felipe! Que coisa, você prometeu confiar em mim!

– Eu sei disso, é que... poxa, por que você não me deixa quebrar a cara dele?

– Porque o que é dele está guardado. Se você bater nele, vai perder a graça.

– Mas eu não posso quebrar nem um dentinho?

– Não, que coisa! Espera a gente dar uma lição nele primeiro.

– E depois, eu vou poder acertar as contas com ele?

– Depois sim. Agora não.

– Beleza! Eu tô doido pra amassar a cara daquele carequinha desgraçado!


Ela sorria, balançando a cabeça ao ver que Felipe também podia ser bem esquentado. Mais tarde ela teria que dar um jeito naquilo. Nem tudo se resolvia com violência. Ela aprendeu, ele também tinha que aprender. O toque do celular interrompeu a conversa.


– Oi?

– Sou eu, Mônica. O Cebola foi pra casa do Franja agora a pouco.

– Deve ser por causa do plano que ele tem pra estragar meu show. Depois você pergunta pro Franja o que ele queria, tá?

– Pode deixar. Beijo, tchau!

– Tchau!


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Franja ouvia em silêncio enquanto Cebola explicava sua idéia. Que sujeito mais ridículo! Aquela brincadeira era tão infantil que ele não sentia a menor vontade de tomar parte daquilo.


– E aí? O que achou da idéia?

– Simples de implementar. Eu posso instalar um dispositivo acima do palco que será acionado por controle remoto.

– Não esquece de que tem que ser melado e penas. Primeiro o melado, depois as penas. Você sabe!

– Claro. Não tem erro. Com isso, a Mônica vai ficar parecendo uma galinha gigante!

– É mesmo! hahaha! Quer saber? Eu acho que vou mandar o pessoal levar saquinhos de milho para jogar nela depois! E a Denise vai gravar tudo pra colocar no Youtube! Finalmente ela vai ser derrotada em grande estilo!

– Sim, vai. Agora eu tenho que fazer algumas coisas. O show de talentos é em poucos dias e eu preciso preparar o dispositivo.

– Claro, claro! Faça bem feito, viu?


Ele saiu dali dando risadas imaginando a cena da Mônica coberta de melado e penas. Depois daquela humilhação histórica, ela não ia conseguir manter aquela pose de poderosa e ele finalmente seria vencedor.


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– Aff! Então é isso que ele tá planejando? Que tosco!!!

– E não é? Quando o Franja falou, eu nem acreditei! E agora, o que você vai fazer?

– Vamos deixar seguir o plano dele, só que eu vou fazer uma pequena alteração. É o seguinte:


À medida que ela explicava, Marina dava risadas imaginando a cara do Cebola quando apertasse o botão para deixar a Mônica toda suja e coberta de penas e no entanto algo muito diferente acontecesse.


– Ai, Mônica, eu adorei esse plano, viu? Vou agora falar com o Franja.

– Então tá. Só tome cuidado pro Cebola não perceber, senão perde a graça.

– Pode deixar.


Elas fofocaram mais um pouco, Marina fez algumas perguntas sobre alguns detalhes da sua nova roupa de patinação e meia hora depois, Mônica desligou o celular satisfeita por tudo estar encaminhando bem. Como era tarde, ela resolveu dormir para recompor as energias. No dia seguinte, ela tinha mais treinos e o ritmo ia ficar bem puxado já que ela ia competir na categoria solo e em duplas. Para sua sorte, Felipe e Luisa deram um jeito de ajudá-la a usar o ringue do shopping sem que isso pesasse no bolso dela. Patinar inline quebrava o galho, mas o ideal era no gelo.


“Esse Cebola vai ver só uma coisa! Ah, se vai!” esse foi seu último pensamento antes de cair em um sono profundo e tranqüilo.


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