Contra Todas As Probabilidades escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 34
Rebelião silenciosa




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Depois de terem esclarecido tudo, as meninas queriam montar um esquadrão de linchamento e ir até a casa do Cebola. DC conseguiu esfriar o ânimo delas, pedindo para que não fizessem nada precipitado.

- Vamos primeiro nos entender com a Mônica, depois a gente cuida do Cebola. Acho até que é melhor vocês nem deixarem ele saber que descobriram tudo. Depois a gente vê o que faz com ele.

E foi isso que elas fizeram. No dia seguinte, todas agiram normalmente e não cobraram nada dele. Os rapazes também foram instruídos para agirem da mesma forma, apesar de todos terem ficado furiosos e loucos para darem uma surra no Cebola.

Mesmo ninguém falando nada, todos estavam zangados com o Cebola e mal conseguiam disfarçar seu desagrado. Era difícil continuar tratando-o da mesma forma depois de terem descoberto toda a verdade. Apesar de ninguém ter falado nada, ele percebeu que havia algo estranho no ar e deduziu que todos deviam estar irritados com aquela demora. Muito tempo se passou e a Mônica ainda não tinha voltado para a turma e depois da conversa que eles tiveram no outro dia, ele não via possibilidade de isso acontecer tão cedo. Era preciso fazer alguma coisa para ganhar tempo.

Quando a Mônica entrou na sala, ela sequer olhou em sua direção e foi sentar-se em seu lugar para assistir a aula. Aquilo o irritou profundamente. Nos bons tempos, ela o cumprimentava com um beijo no rosto e ele estava sentindo falta daquilo.

No decorrer da aula, um bilhetinho corria aqui e ali de vez em quando e eles procuravam esconder aquilo mais do Cebola do que dos professores. Eles tinham que pensar em uma forma de fazer as pazes com a Mônica o quanto antes.

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Felipe foi para sua sala muito aborrecido ao ver que Mônica ainda não parecia disposta a conversar com ele. Se não era possível conversar ali na escola, depois da aula ele pretendia procurá-la para explicar tudo e pedir desculpas. Difícil mesmo foi resistir à vontade de triturar o Cebola. Se Luísa não estivesse com ele, lhe acalmando, aquele carequinha infeliz já estaria a caminho do hospital.

- Eu não vou arrebentar a cara dele agora, mas se a Mônica não quiser fazer as pazes comigo, alguém aqui vai ter que encomendar seu caixão! – ele falava depois que ela conseguia acalmá-lo um pouco.

- Beleza, mas por enquanto, segura sua onda aí. Depois da aula, você vai procurar a Mônica.

A aula começou e ele ficou pensando várias vezes no que ia falar para ela. Vários discursos eram ensaiados e nada parecia bom o suficiente.

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Ali era o único lugar onde elas sabiam que o Cebola não ia segui-las. E para garantir, Cascão se encarregou de mantê-lo distraído com alguma coisa.

Magali: - Então é isso, gente. Depois da aula vamos procurar a Mônica e falar com ela.

Cascuda: - E será que ela vai querer falar com a gente? Sei lá, nós aprontamos demais com ela...

Magali: - A Mônica nunca foi de guardar rancor (eu espero). E a gente tem que pedir desculpa, né?

Aninha: - Todas nós vamos de uma vez?

Magali: - Vai ser melhor pra ela ver que a gente se importa.

Marina: - E o Cebola? Se ele ficar sabendo, vai atrapalhar tudo.

Magali: - O Cascão chamou os meninos e eles planejam dar uma espécie de festinha de videogame na casa dele. Com isso, o Cebola vai ficar distraído a tarde toda e nem vai preocupar com a gente.

Maria: - Tomara que os rapazes não acabem estragando tudo deixando o Cebola saber. Vocês viram como eles ficaram furiosos e até queriam dar uma surra nele!

Cascuda: - Por mim, eles já teriam feito isso.

Magali: - O Quim já falou que na primeira oportunidade, vai dar bolo cheio de laxante pro Cebola.

Elas deram uma risada imaginando a cena do Cebola sentado no vaso sanitário o dia inteiro fazendo careta de dor por causa da diarréia. Mesmo sendo pouco, ainda assim seria um bom começo para o castigo dele.

Depois da aula, elas viram Cebola indo embora com os rapazes para a casa do Cascão. Cada uma seguiu seu caminho para que ele não desconfiasse de nada e tinham marcado de se encontrarem depois do almoço para procurarem a Mônica. Segundo informações de Denise, ou ela estaria no parque ou no shopping. Elas teriam que procurar nos dois lugares já que não havia como saber seu paradeiro com antecedência.

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Ela o acompanhava de longe e viu que ele levava o laptop amarrado a mochila. As fotos estariam guardadas ali? Era bem capaz que sim. O problema era conseguir colocar as mãos naquilo sem que o Cebola percebesse. Ele não desgrudava daquela coisa de jeito nenhum!

“Fala sério, o cara é nerd mesmo!” se ele estivesse apenas segurando, ela poderia passar por ele velozmente e pegar o laptop sem que ele percebesse. Aquilo era fácil e ela tinha feito várias vezes. Se ao menos desse para levar a mochila... não, era meio pesado para ela conseguir levar rapidamente. Cebola seguia com Cascão e junto com outros rapazes da turma, o que também dificultava sua ação.

- Não vai me dizer que você também quer participar da festinha!

- Heim?

Ela virou-se rapidamente e viu DC lhe olhando com uma cara de deboche.

- E aí? Tá olhando o quê?

- Nada, não é da sua conta. Eu já estava de saída.

- Calma, garota! Eu tô do seu lado.

- Como vou saber se é verdade e não um truque do Cebola?

- Eu sou Do Contra, esqueceu? Enquanto todo mundo segue o Cebola, eu vou na direção contrária.

- Vem com essa não que você também deixou a Mônica de lado como todo mundo!

- Tenho meus motivos que não vem ao caso agora. E aí, você vai ou não vão confiar em mim?

Felipe tinha lhe contado, por alto, a conversa que ele tivera com o DC no dia anterior e ela resolveu relaxar, contando para ele tudo o que sabia.

- Então Cebola tem mesmo fotos da Denise? Deve ser por isso que ela não fala nada...

- E enquanto ele tiver essas fotos, ela vai continuar não falando nada. A coitada tá morrendo de medo!

- Bom, eu não a chamaria de coitada, mas... tá bom, vou ver o que posso fazer. De repente o Franja dá um jeito nisso, ele manja bem dessas coisas.

- Se você conseguir alguma coisa, me avisa.

- Tá bom. Só evite que seu irmão trucide o Cebola. Por enquanto, a gente achou melhor ele não saber de nada do que está acontecendo.

- Pode deixar.

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- Você se sente melhor?

- Muito melhor, mãe. Obrigada por tudo...

- Imagina. Eu só não quero mais te ver triste. Aqui, tome. Deve dar para você treinar bem hoje.

- Ah, mãe... não precisa, eu posso treinar no parque...

- Treinar no chão de cimento não é a mesma coisa. Se é o seu sonho, seu pai e eu vamos dar um jeitinho.

Mônica levantou-se da mesa e deu um grande abraço na sua mãe seguido por um estalado beijo na bochecha. Eles eram os melhores pais do mundo.

- Bom, agora termine seu almoço que daqui a pouco eu tenho que voltar para o trabalho. E você pode ir patinar depois, só tente não exagerar, viu?

- Pode deixar!

Ela terminou rapidamente seu almoço e foi se arrumar, feliz por poder treinar no gelo naquele dia. Sua mãe tinha razão. Treinar com patins inline no chão de cimento não era a mesma coisa.

Chegando ao shopping, ela foi direto para o ringue de patinação. Primeiro, ela fez alguns alongamentos. Depois ela pagou o rapaz que tomava conta do ringue, calçou seus patins, colocou os fones de ouvido com a música que ela pretendia usar para sua apresentação e começou a patinar.

Por causa do dia e do horário, o ringue não estava muito cheio e ela pode fazer suas manobras com mais liberdade, sem se conter tanto. Na noite anterior, ela planejou a seqüência de movimentos, se inspirando nos vídeos que ela tinha visto no youtube

Deslizando no gelo, ela se sentia livre, feliz e realizada. Era como se ali ela pudesse liberar suas emoções sem medo de ser criticada. Mônica estava tão distraída, tão absorvida no que estava fazendo que sequer percebeu que estava sendo observada por vários pares de olhos ansiosos.

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Elas viam, mas não acreditavam. Aquela era mesmo a Mônica? Claro, elas a conheciam de longe. Mesmo tendo certeza de quem era aquela moça que deslizava no gelo, elas não conseguiam acreditar no que seus olhos estavam vendo.

- Nossa... a Mônica tá arrasando! – Magali foi a primeira a falar, sendo acompanhada por Cascuda.

- Eu não fazia idéia de que ela estava tão boa assim.

- Nem eu. Ai, que lindo! Ela tem mesmo alma de artista! Que música será que ela está ouvindo? – Marina quis saber ao perceber que ela estava com fones de ouvido.

- Não sei, mas deve ser muito bonita. Veja como ela está patinando! Uau, o rosto dela tá bonito demais! Dá até pra sentir a emoção dela!

Elas acompanhavam seus movimentos, levando um susto a cada salto e giro que ela dava no ar e tinham que fazer um esforço para não darem um gritinho a cada manobra mais arriscada que ela fazia.

Tanta coisa legal estava acontecendo e elas estavam perdendo tudo! Por causa da intolerância delas, todas ficaram de fora da vida da Mônica e não estavam participando de algo tão especial. Magali olhava para Mônica imaginando que ela não devia estar se alimentando bem. Ela estava mais magra e um tanto pálida. Se estivesse acompanhando seu treino, ela com certeza estaria cuidando da sua alimentação, fazendo com que ela comesse comida saudável.

Marina ficou imaginando como ela faria a sua roupa. As garotas que patinavam usavam roupas lindas, estilosas e super criativas! Em sua cabeça, foi se formando uma imagem da roupa que seria ideal para a Mônica.

Cascuda também pensava em como produzir a Mônica. Um bom tratamento de pele, cabelo, unhas... Keika podia fazer sua maquiagem, ela era ótima nisso. Aninha poderia arrumar seu cabelo, já que ela tinha feito curso de cabeleireiro e sabia fazer vários penteados.

E todos poderiam unir e encontrar uma forma de ajudar nos treinos da Mônica. Patinar no ringue custava dinheiro e eles precisavam pensar em outra opção. Ninguém ali queria continuar por fora da vida da Mônica.


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