Contra Todas As Probabilidades escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 13
Surge um novo interesse




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- Hã... oi, D. Luisa... a Mônica está? – ele perguntou sem jeito e logo foi relaxando ao ver que a mulher era simpática.

- Está sim. Entre, vou chamá-la.

Quando a Mônica entrou na sala, seu rosto se iluminou ao ver o Felipe e se não fosse o risco de ser flagrada por sua mãe, ela tinha dado um beijo nele.

- Oi, como vai?

- Tudo bem. Escuta, daqui a pouco eu vou treinar com a Luísa e fiquei pensando se você não gostaria de ir também.

- Claro! Será que não tem problema?

- Tem nada, ela não vai ligar. Vamos?

- Vamos. Espera só um pouco.

Ela correu para seu quarto a fim de se arrumar um pouco e minutos depois eles foram ao shopping.

- E a sua irmã? – ela perguntou quando chegaram lá e viram que Luísa não estava.

- Pfff! Atrasada como sempre! Daqui a meia hora ela aparece.

- Puxa, mal posso esperar pra ver vocês patinarem.

Ele ficou meio sem jeito ao dizer:

- Na verdade a gente nem tá indo tão bem assim. Ela já patina no gelo há um tempo, mas eu ainda estou com dificuldade.

- Por que não treina um pouco até ela chegar?

- Tive uma idéia melhor. – ele foi pegar um par de patins para ela. – você vem treinar uns passos comigo.

- Eeeeuu? Mas eu não sei patinar tão bem no gelo...

- Você não vai precisar fazer nada. Eu só quero treinar um movimento que tem me dado dor de cabeça, só isso.

Os dois entraram no ringue e ele a puxava pela mão para evitar que ela caísse. Não demorou muito e ela acabou se acostumando e conseguindo equilibrar sozinha.

- Que movimento você tá querendo treinar?

- Eu vou segurar você pela cintura e erguer no ar enquanto eu patino. Ei, calma! Vai dar tudo certo, prometo que não te deixo cair!

Mônica hesitou um pouco e acabou concordando. Estando com ele segurando sua mão, ela nunca caía, então não haveria problemas se ele também a carregasse.

- Então tá. Toma cuidado, viu?

- Está bem. Primeiro, a gente desliza assim:

Felipe fez com que ela ficasse ao seu lado e ambos foram patinando juntos. Ele segurava uma mão dela enquanto a sua outra mão pousou na cintura. Levou um tempo até que ele conseguisse esfriar a cabeça depois daquele contato. Tê-la tão perto assim era sempre perturbador.

Eles deslizaram assim durante um tempo e por mais incrível que pudesse parecer, tudo foi bem apesar de ela não ter nenhum treinamento. Com sua irmã, ele sempre tropeçava.

- Agora eu vou te levantar. Quando eu falar, tome um pouco de impulso.

- Pode deixar.

- Agora!

Ela tomou impulso e ele a levantou, segurando-a pela cintura e conseguiu deslizar assim sem problemas, para o seu espanto. Tudo tinha sido tão fácil! Ele também ficou surpreso ao ver como ela era leve e não entendeu por que as garotas faziam piadinhas com o seu peso. Algumas mulheres eram mesmo venenosas!

Quando concluiu o movimento, ele a colocou no chão suavemente e eles continuaram patinando.

- Cara, eu consegui! Nem acredito!

- Por quê?

- É que geralmente a Luísa e eu levamos o maior tombo quando tentamos fazer isso e...

- O que? Eu podia ter caído também!

- Ah, calma! Tudo deu certo, né? Eu não ia deixar você cair. Agora vem!

Felipe a puxou pela mão e aproveitando-se de que o ringue estava vazio, ele a levava velozmente e até arriscou a dançar com ela, seguindo o ritmo da musica que tocava no ambiente. Ele acabou se desligando de tudo e só conseguia prestar atenção na bela dentucinha que estava nos seus braços.

Ela tinha os olhos brilhantes, estava com o rosto corado e sorria alegremente enquanto o acompanhava na dança. Ele também podia sentir o seu perfume misturado com o cheiro da sua pele e dos seus cabelos. Aquilo entrou em suas narinas, foi até seus pulmões e pareceu espalhar por todo seu corpo. Era incrível o efeito que ela tinha sobre ele! Felipe não resistiu e acabou lhe dando um beijo suave na boca enquanto eles ainda dançavam. Ele não se cansava daqueles lábios que pareciam feitos de mel.

- Eu não sabia que você dançava! – ela falou enquanto era conduzida pelo rapaz.

- Pois é, nem eu! Que demais! – ele a segurou com uma mão só, fazendo com que ela girasse como se fazia em alguns passos de dança. E eles fizeram tudo sem cair no chão e nem tropeçar.

Tudo teria sido perfeito se uma voz estridente não tivesse ecoado pelo ar, quase fazendo com que ambos caíssem no gelo.

- Uauuuu! Que demais! Lindo vocês dois! – Luísa batia palmas do lado de fora do gelo, deixando os dois vermelhos de vergonha.

- Há quanto tempo você tava aí?

- O suficiente.

- Er... oi Luísa. A gente tava só... te esperando... – Mônica cumprimentou timidamente, bastante sem jeito.

- Aham. E esperaram muito bem, viu? Eu não sabia que você patinava no gelo...

- E não patino. Eu nem sei como consegui fazer isso sem cair no chão.

Ela ficou olhando para os dois e de repente achou que eles ficavam tão bem juntos... e como ele conseguiu erguer a Mônica do chão com tanta facilidade? E a forma como os dois deslizaram juntos dançando e girando daquele jeito a surpreendeu muito, já que a Mônica não sabia patinar no gelo muito bem e não tinha treinamento. Como ela tinha conseguido aprender em tão pouco tempo?

- Ô Luísa, você tá fazendo aquela cara de novo! E tá me assustando! – ele falou olhando para a irmã e vendo aquela expressão que geralmente significava alguma idéia maluca.

- É que eu tava pensando aqui com os meus botões... se com tão pouco treinamento a Mônica conseguiu patinar desse jeito, como seria se ela treinasse por, digamos, uns seis meses?

Os dois olharam para ela com os olhos arregalados, já entendendo onde ela queria chegar. Estranhamente, Mônica ficou mais assustada com aquilo do que Felipe, que acabou até gostando da idéia. Por que não?

- Você já sacou a parada, né Lipe?

- Saquei sim. – um sorriso malandro surgiu no rosto dele.

- Peraí, vocês dois estão pensando em...

- Exato! Olha, Mônica, comigo o meu irmão parece ter os dois pés esquerdos. Ele me derruba, me joga no chão e falta pouco pisar em mim. Mas com você ele vira um verdadeiro bailarino! Ele não te derrubou nenhuma vez!

- Epa, também não precisa queimar o meu filme!

- Fica quieto aí, cabeção! Pois é. Eu acho que se você treinar bem, poderá até participar desse concurso com ele. Por que não tenta?

- Porque eu não sei se vou ter condições de participar de um concurso desses! Eu não sou patinadora que nem você!

- E não precisa. Olha, esse concurso é pra caridade, então não é assim uma olimpíada ou uma competição oficial. A maioria dos concorrentes é amadora. E aí?

Elas não viram que ele colocou as mãos para trás das costas e cruzou os dedos com força, torcendo para que Mônica aceitasse o convite. Se ela aceitasse, eles poderiam passar mais tempo juntos, o que seria ótimo para ele.

Normalmente ela teria dito não. Aquilo não tinha o menor cabimento. No entanto, depois de ver que era capaz de fazer coisas diferentes, ela percebeu que não precisava ter medo de encarar aquele desafio. Por que não? Era preciso arriscar e perder o medo da crítica das suas amigas. Se perdesse, não seria o fim do mundo. Pelo menos ficaria a diversão e o aprendizado.

- Eu topo. Quando a gente começa?

Um sonoro “Yes!” ecoou no ar e ele logo tentou disfarçar, com o rosto vermelho.

- Agora, querida! Eu vou ajudar a te treinar e passar algumas noções básicas. Você precisa aprender a patinar no gelo sozinha sem ter que se apoiar em ninguém.

- Tá bom, só que eu não sei se vou conseguir dar aqueles saltos que eu vejo na televisão...

- E nem precisa. Pelo menos não agora. Isso não se aprende da noite pro dia, né? Nós vamos devagar e respeitando seu ritmo.

- E você? Não vai poder competir?

- Pensando bem, acho que vou ser a treinadora.

- Essa não... – ele choramingou.

- Essa sim, mocinho. Pro gelo, os dois, agora! Ai, que legal! Acho que vou arrumar um apito depois, hehehe!

Eles continuaram a treinar, com Luísa dando várias instruções a Mônica e ela não pode deixar de pensar em como suas amigas iam reagir quando soubessem da novidade. De alguma forma, aquilo não importava muito e ela não pretendia deixar que a crítica alheia acabasse com sua diversão.

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- Concurso de patinação no gelo? Com o Felipe? Você andou caindo e batendo com a cabeça no asfalto por acaso?

- Eu heim! Precisa falar assim? Não é nenhum concurso oficial. É só pra caridade.

- Sei. Você vai é passar a maior vergonha, isso sim! Mônica, você me prometeu que não ia mais sai com o Felipe!

- Prometi nada! Você falou em “lobo-mau”, coisa que o Felipe não é! Além do mais, você não manda em mim, tá bom? Nós não somos namorados, então pára de ficar me cobrando como se a gente fosse!

Ele apertou os lábios com força para se controlar. Gritar com ela não ia resolver nada.

- Escuta, por acaso está acontecendo mais alguma coisa que você ainda não me contou?

O olhar cortante dele a intimidou um pouco, mas ela logo recuperou a compostura.

- Sim, está e eu vou te falar tudo quando você voltar de viagem. Aí a gente conversa direito.

- Mônica, como você pode fazer isso comigo?

- Eu não fiz nada. Nós nem estamos namorando. Você não vive dizendo isso? Pois então?

- Era pra você me esperar, caramba!

- E eu esperei, Cebola. Esperei muito tempo. Acontece que eu não pretendo esperar mais. Chega! Eu não quero ver a vida passar enquanto espero você tomar uma decisão.

- Não é decisão minha, você sabe que eu preciso te derrotar pra gente poder namorar sério!

- Você já teve várias oportunidades e não aproveitou nenhuma.

- Eu já expliquei meus motivos.

- E eu estou explicando os meus. Olha, isso não é coisa pra ficar falando através de um computador, tá? Quando você chegar aqui, no primeiro dia de aula, me espera pra gente conversar.

- Tão cedo? Você deve estar doida pra se livrar de mim, não é mesmo?

- Cebola, eu te esperei por anos, então não me fale uma coisa dessas, ouviu? Eu só quero resolver isso o mais rápido possível para que você também possa seguir sua vida.

- Você está cometendo um grande erro, Mônica. Se fosse você, desistia dessa idéia enquanto é tempo. Depois não venha reclamar que eu não avisei!

- Tá bom, valeu pelo aviso. Tchau, a gente se fala quando você voltar.

Ela encerrou a ligação, sentindo um peso no estomago. Falar com ele tinha sido muito desgastante e ela mal podia esperar para resolver logo aquela situação e poder assumir seu namoro com o Felipe.

__________________________________________________________

Assim que a ligação foi encerrada, ele ligou para o Cascão.

- E aí, véi? Falou com a Mônica?

- Falei e parece que ela quer mesmo insistir nessa loucura.

- Ih... danou-se!

- Danou-se nada! Você acha mesmo que eu vou deixar essa palhaçada seguir adiante?

- E o que você pretende fazer? Sair no murro com o Felipe?

- Claro que não! Você sabe que eu não uso a força bruta, só a inteligência. Vou colocar meu plano de ação hoje mesmo. Mandarei emails para a turma falando da minha “surpresa” para a Mônica.

- Tem certeza de que quer fazer isso? A Mônica deixou bem claro que vai terminar tudo com você e ficar com o Felipe.

- Sei disso, só que ela não vai ter coragem de manter a decisão depois do pequeno show que eu pretendo fazer.

- Sei não... conhecendo a Mônica do jeito que eu conheço...

- E desde quando você conhece a Mônica? Eu a conheço muito melhor e sei que esse plano dará certo. Não há como falhar.

- Se você diz...

Alguma coisa lhe dizia que aquilo não ia acabar bem.


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