Contra Todas As Probabilidades escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 11
Mônica e Felipe?




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Aquela cara de bobo alegre não deixava mais nenhuma dúvida. Ele estava aéreo, sorrindo de orelha a orelha e sempre se distraia pensando em alguma coisa. Luísa percebeu tudo e perguntou.

- Aconteceu alguma coisa diferente entre você e a Mônica?

Ele deu um suspiro e contou o que havia acontecido entre eles no dia anterior, relembrando cada momento sentindo um calor gostoso no corpo inteiro. Quem ia imaginar que uma garota seria capaz de deixá-lo daquele jeito, tão bobo e apaixonado?

- Então vocês estão namorando?

- Bem... ainda não...

- Ué, eu achei que você gostasse mesmo dela.

- E gosto! Pra caramba! Acontece que ela quer esperar o Cebola chegar de viagem pra resolver as coisas com ele primeiro.

- Ah, bom. Ih, não vou querer estar perto quando isso vai acontecer. Ele vai dar um chilique danado!

Felipe deu de ombros.

- Problema dele, ué! Quem mandou deixar a Mônica esperando? Se ele não foi capaz, eu fui. Ele que fique chupando o dedo! 

Luísa concordou abanando a cabeça, feliz em saber que as coisas estavam dando certo entre eles. E pensando bem, o que a Mônica tinha visto naquele sujeito sem graça e magricelo? Além de não ser tão bonito quanto seu irmão, ele também era cheio de complicações e neuras, sempre impondo condições e obstáculos ao namoro dele com a Mônica. Felipe era mais tranqüilo e desencanado. Se ele queria ficar com a menina e ela também quisesse, era suficiente. Sem choro, sem vela e sem complicações.

- Ainda bem que você conseguiu fazer a Mônica desencanar dele um pouco. Tava dando até pena ver ela esperando por ele sem decidir a própria vida.

- Pois é. E isso é só o começo.

- É?

- É.

Ele pretendia fazer de tudo para conquistá-la de vez e fazê-la esquecer o Cebola. E ele ia fazer isso dando a ela tudo o que o imbecil do Cebola não dava. Felipe estava disposto a dar tudo de si e não ia desistir dela por nada no mundo. Finalmente sua chance tinha chegado e ele não pretendia desperdiçar.

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Ela se lembrava de cada instante, cada gesto e especialmente, cada beijo. Até então, ela pensava que estar com o Cebola era a melhor coisa que existia, que seus beijos eram os mais saborosos e faziam seu coração bater mais forte. Quanta ingenuidade... ela apenas não tinha com quem comparar, por isso pensava que ele era tão bom assim. Mas não era.

Quando Felipe lhe beijou, ela pode ver pela primeira vez o que era um beijo de verdade, dado com paixão, coisa que ela nunca tinha experimentado com aquele boca murcha do Cebola. Comparado com o Felipe, os beijos dele eram sempre frios, chochos e com gosto de chuchu sem tempero. Era aquela coisa e apenas fazer leve contato com os lábios, muitas vezes mal abrindo a boca. Diferente dele, Felipe realmente beijava com vontade de beijar. Eram beijos intensos, com troca sem saliva, língua e abraços bem apertados que a faziam se sentir protegida. Droga, por que ela não reparou nele antes? Claro, ela estava ocupada demais esperando pelo Cebola feito uma idiota retardada. Bem, antes tarde do que nunca.

- Ué, que cara é essa? Você tá aí rindo a toa!

- Nada não, só tô feliz!

- Aham.

Era dia de festa do pijama na casa da Magali. Todas as meninas estavam lá, fofocando e cuidando da aparência. Era dia de manicure, pedicure, arrumar os cabelos, fazer limpeza de pele, máscaras de beleza e fofocar bastante. Magali não pode deixar de notar que Mônica parecia mais feliz do que era esperado.

Desde que começara a sair com o Felipe para ter aulas de patinação, ela não viu Mônica mais triste e deprimida pro causa do Cebola. Na verdade, ela nem parecia se lembrar dele. E agora ela estava com aquela cara de boba.

Denise também reparou que Mônica estava rindo a toa e não conseguiu segurar a língua.

- Amore, conta aí pra tia Dê! O Cebola deu alguma notícia?

- Sim, ele ligou pelo Skype no dia 25 de dezembro e a gente conversou.

As meninas pararam o que estavam fazendo e se puseram a ouvir, interessadas.

- Vocês falaram sobre o que? – Aninha perguntou, ansiosa.

- Sobre a estadia dele lá nos EUA. Parece que ele está indo bem.

- E?

- E o quê?

Elas olharam para a Mônica, abobadas. Era muito estranho ela não demonstrar nenhuma emoção ao falar do Cebola. Ela nem parecia interessada em falar dele!

- Parece que você tá com a cabeça tão virada por causa do Felipe que nem lembra mais do Cebola, né?

- Que é isso, Cascuda?

- É mesmo! Você anda com ele pra baixo e pra cima fazendo sabe-se lá o quê e esqueceu do seu compromisso com o Cebola.

- Que compromisso? A gente não tem compromisso nenhum não! Não somos namorados!

Mais olhares espantados foram lançados em sua direção. Por acaso elas tinham ouvido direito? A Mônica falou mesmo que não havia compromisso entre ela e o Cebola? Falou mesmo que eles não eram namorados? Claro, eles realmente não namoravam, mas ouvir aquilo da boca dela, com tanta convicção, era surreal demais para elas acreditarem.

- Gente, que cara é essa? Eu heim! Vocês viviam falando pra eu desencanar do Cebola e agora ficam desse jeito?

As moças saíram do susto e Marina resolveu falar por elas.

- Sabe como é, Mônica... a gente falava mesmo, mas no fundo ninguém acreditava que você ia fazer isso. E sei lá... acho que você não devia ficar inventando muita moda. Você conhece o Cebola desde pequeno, está acostumada com ele...

- E daí?

- Daí que não sei se vale a pena trocar o certo pelo duvidoso. Pelo menos ele quer mesmo namorar com você, sabe? É só ter paciência que um dia vocês chegam lá. Seria boa idéia deixar ele de lado por causa de alguém que você nem conhece direito?

As outras concordaram. Apesar dos altos e baixos, das brigas, alfinetadas e trocas de farpas, todos estavam acostumados a verem os dois juntos e nunca pensaram que aquilo podia ser diferente.

- Eu não tô entendendo mais nada! Como vocês me dão um conselho se não querem que eu siga? E olha, o Cebola não me dá atenção, mal manda um e-mail, nem lembra que eu existo. Por que eu tenho que ficar aqui esperando por ele indefinidamente?

- Porque é isso que você vem fazendo, ora essa! – Maria falou enquanto penteava seus cabelos. – você sempre esperou por ele, por que vai desistir agora?

- Porque minha vida não gira ao redor dele! Será que eu não tenho o direito de tentar ser feliz com outra pessoa?

Silencio total. O clima ficou meio tenso. Embora reconhecessem que a Mônica tinha razão, ainda era difícil aceitar que ela estivesse colocando aquilo em prática. Mônica e Felipe? Ninguém esperava esse tipo de coisa. Com o DC talvez, mas com o Felipe jamais!

Carmen também ouvia a conversa, pensando em como seria estranho ver a Mônica namorando seu primo. Estava na cara que algo acontecia entre eles, embora ninguém lhe falasse abertamente. Ela podia até ser muito linda, mas de burra não tinha nada!

Denise só pensava em como aquela era a fofoca do século. Como o Cebola ia reagir ao saber que estava sendo passado para trás?

- Nem pense em ir soprar isso no ouvido dele, Denise!

- Eu? Imagina, fófis!

- Se ele tiver que ficar sabendo, vai ser pela minha boca. Isso é entre eu e ele, tá?

- Então você e o Felipe estão namorando...

- Ainda não. Quer dizer, a gente tá ficando, mas namorando não. Eu achei melhor esperar um pouco antes de começar algo sério com ele. Primeiro eu quero me entender o o Cebola.

Magali não achava aquilo certo. Tudo bem que eles não estavam namorando, mas ficar com o Felipe naquela situação, com o Cebola ainda acreditando que um dia eles iam namorar, era praticamente o mesmo que traição.

- É... mas parece que você já está se entendendo muito bem com o felipe, não? – ela falou, cinicamente.

- Estou e não vejo nada demais nisso. Como disse, eu não namoro com o Cebola. E se querem saber, eu cansei de esperar uma decisão dele. Antes eu não estava forte para me libertar. Agora estou.

- Então você vai desistir dele? Não, você não pode!!

- Mônica, pensa bem na loucura que você tá fazendo!

- Vocês se conhecem desde criança! Vai trocar ele por um cara que caiu de pára-quedas no nosso barro?

Todas começaram a falar ao mesmo tempo, deixando-a atordoada. O que tinha dado nas suas amigas para agirem daquele jeito? Antes, todas ficavam revoltadas com a indecisão do Cebola e lhe dizia para desencanar e seguir em frente. Então, justamente quando ela tinha feito aquilo, todas piraram ao mesmo tempo e lhe pedia para voltar atrás? Aquilo não fazia sentido nenhum!

- Gente, vocês enlouqueceram? Que coisa! Olha, deixa que eu cuido disso, tá bom? Quem sabe da minha vida sou eu. Por enquanto, eu só vou deixar as coisas rolarem numa boa. O que tiver que ser, será.

Ao verem que não tinha como mudar a cabeça da Mônica, elas resolveram não falar mais naquilo por enquanto. Depois, com mais calma, elas tentariam fazer a Mônica desistir daquela loucura.

A conversa, aos poucos, foi mudando de direção e ninguém mais tocou naquele assunto, para seu alivio. Só estava difícil de entender aquela mudança de opinião das suas amigas. Elas lhe aconselharam tanto a esquecer do Cebola e quando ela finalmente faz isso, vem toda aquela piração?

Por instantes, Mônica pensou que elas fossem ficar empolgadas com seu novo relacionamento, mas aquilo não aconteceu. Paciência. Ela estava muito feliz e não pretendia voltar atrás. Ela pegou o pingente do seu colar entre os dedos e ficou pensando em Felipe, sentindo saudade. Seus sentimentos pelo Cebola foram ficando cada vez mais confusos e ela não sabia mais o que seu coração sentia por ele. Com Felipe tudo era mais claro e definido.

Com isso ela percebeu que trocar o certo pelo duvidoso seria escolher o Cebola ao invés do Felipe.


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