“HARRY POTTER E A PAIXÃO INDESEJADA”

Capítulo 8- “Solidão na cabine”

Então foi isso. A manhã do caos. Todos correndo desesperados pela casa, embalando os sanduíches caseiros de atum da Sra.Weasley, alisando as vestes, conferindo os livros...

Harry e Gina nem se viram nesta manhã, pois decidiram que, para prevenir, iriam comportados até a estação, depois ficariam a viagem toda, dividindo uma cabine. Já que Rony e Hermione ficariam com os monitores, e Luna e Neville iriam dividir uma cabine, também sozinhos (eles estavam juntos).

Então, como todos, Harry chamou Hermione para ajudá-lo a checar os materiais. Depois ajudou Gina a guardar a vassoura, e pegou a capa de volta. Enfiou o mapa do maroto também em seu malão, e alguns galões que haviam sobrado da visita ao Beco Diagonal.

Então, depois de recusar o pedido da Sra.Weasley para fazer um lanche para ele, falando mil vezes que não gostava de atum, ela desistiu de tentar, e subiu as escadas, emburrada. Harry, esquecendo-se de Edwiges, seguiu-a. Chegou ao seu quarto, e viu Gina parada perto da janela, de costas para a porta, vendo a grama lá fora. Harry deu uma batidinha de leve na porta, e a garota deu um pulo. Se virou instantaneamente.

-Ah, Harry! Quer me matar de susto?

-Me desculpe... Só vim pegar Edwiges.

Ele se dirigiu à gaiola, e pegou-a. Se olhou no espelho por uma última vez, e fez menção de sair, mas a garota o interrompeu.

-Não precisa mais olhar no espelho... Está lindo... -disse Gina, passando a mão nos cabelos de Harry.

Ele não agüentou mais, e deu um selinho na menina. Ela retribuiu. Então, desceram juntos, dividindo o peso da gaiola. Sorrindo o tempo todo, chegaram ao Hall.

-Tudo pronto, cri...Ah, me desculpem. Moçada?-disse Sra.Weasley

-Mãe, se for nos chamar de moçada, é preferível que nem fale conosco. -disse Gina.

-Ah, Gina! Deixa de besteira, minha jovem.

-Piorou.

-Ah, então entra no carro, maluca! Quer dizer... Filha.

-Isso.

Depois de todos no carro do Ministério, partiram em direção da estação. Tipicamente, Harry não pode segurar a mão de Gina discretamente pois os gêmeos ficaram observando-os o tempo todo. Silenciosamente, chegaram lá. Entraram na grande construção de pedra, e como sempre, estava lotada de rostos conhecidos. Harry avistou Neville e Luna, Draco, Pansy, Zabini...e Cho.

Quando percebeu que a garota vinha em sua direção, fingiu rir das piadas dos gêmeos. Ela se aproximou, e cutucou-o nas costas.

-Ahn, Harry?

-Cho. Tudo bem?

-Bem... você?

-Sim...

-Podemos conversar... A sós?

Harry olhou para Gina, que lhe lançava um olhar raivoso. Mas Harry entendeu como um “Não demore.” Ele assentiu para Cho. Ela o puxou para um canto, longe dos Weasley, e disse:

-Bem, Harry. Eu queria só me desculpar pelo modo que te tratei ano passado... sabe, te trocando pelo Miguel Corner.

-Não, Cho, tudo bem. Eu já estou em outra mesmo.

-Quer... Em outra?

Ela fez cara de arrependimento e curiosidade, o que intrigou muito Harry, pois ela é quem havia o largado.

-Sim, Cho. E eu a amo. Agora, não é culpa minha se você me largou.

A menina corou, e estendeu a mão Ele deu a entender que ela queria paz entre os dois. Ele a apertou, deu as costas e se juntou novamente a família Weasley. Arrastou todos apressadamente para a barreira dos trouxas, pois queria ir logo a Hogwarts.

Embarcou no trem. Acenou para os Weasley da janela e viu a estação desaparecer ao longo dos segundos... Já estavam entrando no campo.

Harry ficou uns 2 minutos procurando uma cabine vazia, até que achou uma no fim do corredor. Ron e Hermione colocaram seus malões no suporte de cima, e foram para a cabine dos monitores. Gina sentou no assento ao lado da janela, e Harry fez o mesmo, só que do outro lado. Ela disse:

-Ah, qual é! Sente do meu lado!

Ele obedeceu, sentou-se ao lado da garota. Então ele segurou sua mão, e ela encostou sua cabeça no ombro de Harry. Ficaram olhando a paisagem... Aqueles campos eram tão verdes, limpos. Lindos! Até que a abertura repentina da porta fez os dois se assustarem.

-Ora ora... A traidora de sangue Weasley e o cicatriz Potter. Que casal bonitinho!

Draco Malfoy não havia mudado nada, exceto que estava uns 10 centímetros mais alto e seus cabelos empalideceram ainda mais.

-Vai embora, Malfoy.-disse Harry.

-Me obrigue Potter.

-Quer mesmo que eu te obrigue seboso?

-Eu só vou embora porque tenho reunião dos monitores. Só por isso. Mas na próxima você não escapa Potter.

Draco fechou os punhos ao final de sua fala, e recuou alguns passos. Virou-se, atordoado, e saiu andando estilosamente, como se nada tivesse acontecido.

 -É bom ele não voltar. Não quero mais ver esse otário hoje. -disse Gina.

Harry deu uma risadinha, e voltaram a posição inicial, vendo a paisagem. Alguém batera na porta de novo. Harry virou-se e teve um choque.

-Cho?

-Ah, só vim dizer um oi. Oi Harry... E Gina?

-Sim, meu nome é Gina. Se você não ficou sabendo ainda, eu e Harry estamos juntos. Já pode ir embora.

Gina fez uma cara desafiadora. Cho ficou meio surpresa. Harry teve a impressão de que a garota estivera procurando-o por todo o expresso, porque estava ofegante e com a respiração acelerada. Também passara a impressão de curiosidade. “Talvez quisesse ver com que eu estou...”, pensou Harry.

Então a japonesinha foi embora, meio que estupefata. Harry logo disse:

-Poxa Gi... Não precisava pegar tão pesado com ela...

-Ah é, Harry? Por quê?

-Porque ela veio me pedir desculpas hoje, querendo ser minha amiga...

-Então talvez você devesse ir lá, com ela, fazer coisas que amigos fazem.

-Talvez eu vá mesmo!

-Ótimo!

-Ótimo!

Então Gina levantou-se, pegou seu malão, que estava no suporte superior e deixou a cabine. Harry ficou lá, refletindo sobre seus atos. “Nem somos namorados ainda e já tivemos uma briga... mulheres” pensou Harry.

Logo Neville e Luna entraram na cabine. Luna disse em um tom de voz muito acalmado:

-Ouvimos gritos vindos daqui, Harry. Estávamos na cabine do lado, e... Vocês brigaram...?

-Está tudo bem, Luna, podem voltar para sua cabine.

-Ah, se é assim... -disse Neville,num tom desesperado.

-Calma Nev! Já voltamos para o que estávamos fazendo. Mas primeiro vamos ficar um pouco com Harry.

Luna foi até a cabine vizinha e trouxe seu malão consigo. Colocou-o no suporte de cima e sentou-se de frente para Harry, que logo disse:

-Não, Luna, pode voltar para a cabine onde estavam! Eu estou bem, sério...

-Você não quer falar conosco agora. Só é muito educado para nos dizer isso.

Então, do mesmo modo que entrou, Luna saiu, cantarolando com sua mala na mão e toda feliz e sonhadora. Neville sussurrou para Harry:

-Ela não é demais? Luna me enlouquece!

-Ah, certo...

Então ele saiu correndo da cabine e deixou Harry sozinho lá. Logo Rony e Hermione chegaram. Ela disse:

-Coloque suas vestes, estamos quase chegando!

***

Harry avistou uma enorme construção rústica. Hogwarts. Constituída de várias torres, e janelas, Hogwarts estava do jeitinho de sempre. Harry pegou seu malão e saiu para o corredor. Deu de cara com Gina, saindo duas cabines a sua frente. Ela o avistou, virou como se nada tivesse acontecido e seguiu seu caminho.

Desapontado, Harry fez o mesmo. Já avistara seus amigos lá fora, guiando os alunos do primeiro ano. Harry desembarcou do expresso de Hogwarts, e foi em direção as carruagens. Tinha uma desocupada, com Luna, Neville, Cho e Marieta. Ele sentou-se nessa mesma.

-E a Gina, Harry?

Neville dissera aquilo com um quê de desapontamento. Harry fitou-o por instantes e disse:

-Não sei Neville.

Ficaram em silêncio até o castelo. Harry fez sinal para Cho descer na frente, o que fez sua cara pálida corar, dando um enorme contraste com seus cabelos pretos e olhos puxados. Harry fora o último a sair. Avistou Hermione e Gina entrando no castelo. Quis correr e pedir desculpas lá mesmo, mas não ia dar o braço a torcer. Harry desacelerou um pouco os passos, não queria alcançar elas. Deixou suas malas na entrada, como sempre, e seguiu para o Salão Principal. Juntou-se a mesa da Grifinória. Ocasionalmente, de frente para Gina.

-Oi.

-Oi. -disse Harry.

-Tudo bom?

-Sim, e com você?

-Claro...

-Hm.

Esse foi à única coisa que falaram durante o jantar todo. Então Dumbledore levantou-se, para fazer seu discurso de sempre.

-Bem vindos alunos, bem vindos! Este ano, iremos inovar as coisas! Devido aos recentes acontecimentos, e a volta definitiva e confirmada do Lorde das Trevas, decidimos aproveitar antes que seja tarde! No mês de dezembro, dia 16, para ser mais exato, iremos realizar, aqui mesmo em Hogwarts, o tradicional Baile de Natal!

Murmúrios irromperam por todo o salão. Dumbledore apontou a varinha para a própria garganta, murmurou “Sonorus”, e disse:

-SILÊNCIO!-e a sua voz saiu em um tom extremamente alterado, muito alta.

Desta vez foi o silêncio que tomou conta de todos. Dumbledore continuou:

-Então, como sabem, é um baile igual ao de Inverno, que tivemos dois anos atrás. São de pares, é claro, e todos têm de usar vestes a rigor. No último baile sediado por Hogwarts, todos se comportaram muito bem. Queremos que repitam este comportamento este ano, mas não queremos passar a vergonha de achar alunos SONSERINOS escondidos em carruagens, nada inocentes. Outro detalhe: Madame Maxine concordou em trazer as alunas de sua escola, Beauxbatons novamente. E o novo diretor da escola búlgara Drumstrang, o ilustre Peter Lange, ex-auror aposentado, também trará os alunos! Bem, acho que disse tudo que já tinha pra dizer... Então, direto para as camas! BIP BIP!

Harry levantou-se o mais rápido possível e foi direto para o salão comunal. Chegou ao retrato da mulher gorda antes de todos, e ela disse:

-Bem vindo! A partir de amanhã, a senha é Quibe de Limão!

-Obrigado-respondeu Harry com amargura.

O retrato se abriu e Harry entrou. Estava como sempre... As poltronas perto da lareira, as escrivaninhas com cadeiras acolchoadas vermelhas, os sofás fofos...Harry também reparou o aviso no quadro de avisos: “TESTES PARA O TIME DE QUADRIBOL DA GRIFINÓRIA! CAPITÃO: HARRY POTTER. OS TESTES SERÃO DIA 10/09, ÁS 9H DA MANHÃ, NO CAMPO DE QUADRIBOL! SE INSCREVA ABAIXO!”. E abaixo havia um canhoto para os interessados preencherem. Harry resistiu à tentação de deitar na poltrona, e se aquecer na lareira e subiu direto para o dormitório masculino. Como sempre, suas malas já estavam ao lado de sua cama, junto com os uniformes. Ele tomou um banho, vestiu seu pijama e se jogou na cama, embora ainda fossem 21h. Ele fechou a cortina de sua cama, sem se importar em se despedir de ninguém. Seu dia já estava cheio demais, ele não queria mais nada... Então, dormiu como uma pedra.