Incompreensão escrita por GabrielMachado


Capítulo 2
Dificuldades




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Logo depois de ter removido de meu quarto – e de meu caminho – tudo que me fazia lembrar de Cebola, olhei para o relógio e notei que já era bastante tarde – meia noite e meia. Senti minha barriga revolver-se ferozmente, pelo fato de que a última refeição que havia feito era o almoço – este que foi feito muito bem, pois estava me preparando para o encontro com Cebola – este encontro onde Cebola terminou com nosso namoro.

Abri a porta de meu quarto e, no caminho para a cozinha, vi papai dormindo no sofá. Ele possivelmente estava esperando eu destrancar a porta do meu quarto e acabou caindo no sono. Parei por um instante e o observei. Logo depois prossegui com meu caminho até a cozinha. Agarrei duas fatias de pão com tamanha força, que simulavam a minha fome e, ao mesmo tempo, minha tristeza.

Passei manteiga nas fatias de pão e logo os devorei ferozmente. Minha fome havia acabado, mas eu ainda me encontrava sedenta. Enchi um grande copo de água e bebi sem hesitar. Logo pensei: “Já é tarde, vou dormir, amanhã tem aula”. Mas ao olhar para o calendário preso por um pequeno gancho na parede, notei que havia perdido a noção do tempo – era sexta-feira.Logo fui para o meu quarto, tomei um longo banho quente e me cobri com um longo roupão. Sentei no sofá da sala e liguei a televisão, o que fez papai acordar de seu sono.

– Filhota? Finalmente! Filha, o que foi que aconteceu?

E então cansei de me esconder e resolvi me abrir para o meu pai. Expliquei que meu namoro e do Cebola havia acabado, expliquei o motivo por ter ficado trancada no quarto por tanto tempo e contei que eu estava arrasada. Logo depois, esse assunto me fez cair aos prantos novamente. Papai pedia desculpas por ter feito eu chorar mais, e eu só dizia que não era culpa dele.

Então, ele se levantou e se dirigiu até seu quarto, onde mamãe estava dormindo fazia muito tempo. Continuei assistindo televisão para tentar apartar a tristeza, mas nada adiantava – Então depois de horas deitada no sofá, me levantei e fui dormir.

Já era bem tarde da madrugada, mais de quatro da manhã. Eu realmente não havia sentido o tempo passar, e então pensei em como estaria Cebola. Não me importei com o fato de estar apenas de roupão, deitei-me, me cobri com o lençol e tentei dormir, sem sucesso. Dei várias viradas na cama, não conseguia nem sequer fechar os olhos. De tanto eu me esforçar para dormir, me cansei e voltei à assistir televisão. Mas parece que o problema era na minha cama, pois ao sentar no sofá da sala, senti um repentino sono e dormi.

Acordei pela manhã com uma ligação de Magali – Eram exatamente sete horas da manhã, e então eu atendi a ligação, me espreguiçando de uma longa noite de sono.

– Mônica! Olha, amiga, desculpa por não ter te ligado ontem! Na verdade, eu liguei no telefone da sua casa, mas seu pai disse que você estava arrasada! O que aconteceu?

E eu caí aos prantos novamente. Dizia, em soluços para Magali, que meu namoro com o Cebola havia acabado, que eu estava arrasada e tudo mais – praticamente a mesma coisa que falei para o papai.

– Ai, amiga! Que horrível! Olha, eu vou me arrumar, tomar café da manhã e já estou indo até aí!

Magali não me deixou nem falar algo e já desligou o telefone. Mas eu acho ótimo que ela venha me fazer companhia. Tentava parar de chorar, e no meio à esses soluços, acordei mamãe. Ela disse que papai havia dito à ela tudo que aconteceu, e disse que se eu precisasse de algo, era só dizer. Logo depois ela me indagou, perguntando se eu estava com fome. Eu balancei positivamente a cabeça. Então ela se levantou e foi preparar o café. Alguns minutos depois, ouvi a campainha tocar. Notei que era Magali, que pelo visto havia saído correndo de casa, pois nem tinha penteado seus cabelos.

–Ai, Mô, desculpa a demora! Tive que correr e nem penteei os cabelos!

–Você não demorou, Magá... Eu preciso de consolo!!! – Dizia, gritando e chorando.

Logo depois, ela me abraçou, me confortando. Disse que iria passar a noite em casa, e eu logo abri um sorriso no rosto, com meus lábios úmidos pelo pranto salgado que eu chorava. Logo depois, ela me levou ao banheiro, lavou meu rosto e penteou meus cabelos e os dela. A seguir, foi até meu quarto e preparou um conjunto de roupas. Depois me disse para tomar banho, que iríamos sair.

Eu não entendi bem o que ela queria dizer, mas achei ótimo. Precisava mesmo arejar a cabeça, me acalmar. Tomei um longo banho e me vesti. Logo depois, tomamos café da manhã e saímos.

–Magá, aonde vamos? – Perguntei, virando meu rosto até ela.

–Vamos dar uma volta pela cidade. – Não entendi bem o que ela quis dizer com aquilo. Ela não havia definido um lugar certo, apenas disse que iríamos “dar uma volta”. Mesmo confusa, prossegui o caminho com ela, sem indagá-la novamente.

Nossa primeira parada foi no campinho. Ele estava molhado pela chuva que havia caído pela madrugada. Eu nem havia notado que tinha chovido antes de observar o lamaçal do campinho. De repente, o sorriso que estava estampado em meu rosto se transformou em uma expressão fechada: Foi lá que Cebola havia terminado comigo.

Flashback:

– Anos e anos tentando derrotar você com meus planos infalíveis... E acabei derrotado por um plano seu! Você me venceu de novo!

–Cê... Me perdoa! Só fiz tudo isso porque... Eu amo você!

–Sabe o que tudo isso quer dizer, Mônica? Nosso namoro acabou!

___

Comecei a chorar de novo. Magali me indagou o motivo daquilo, e eu disse: “Foi aqui que a gente terminou”, gaguejando a cada palavra e soluçando. Magali logo se desculpou e correu comigo para longe dali.

Quando o campinho finalmente sumiu no horizonte, resolvemos dar uma volta pelo shopping. Eu topei a idéia, afinal, lazer poderia me fazer esquecer o Cebola...

Entramos no shopping. Ele estava parcialmente vazio – Talvez pelo fato de que era nove e meia da manhã – mas alguns funcionários arrumavam suas lojas, limpavam mesas e se preparavam para abrir ao público. Senti um pouco de vergonha por sermos – aparentemente – as únicas visitas do shopping naquela hora. Os olhares viraram para nós duas durante alguns instantes, mas não hesitamos e continuamos andando. Enquanto Magali olhava um cartaz de promoção de lanches em um restaurante, observei o resto do shopping, mas tudo mudou quando vi Cebola sentado em uma sorveteria, olhando para o chão.

Puxei o braço de Magali na hora para o banheiro feminino mais próximo. Ela, sem entender nada, logo passou a compreender algo quando voltei a chorar.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram desse capítulo? Fiz maior do que o primeiro, acho que o primeiro vai ser o único capítulo pequeno, vou tentar fazer sempre capítulos superiores à 1000 palavras ;) E então, mereço reviews? =D