The Best Thing Thats Ever Been Mine escrita por manupotter


Capítulo 51
Mine


Notas iniciais do capítulo

oooi, meninas! tudo bem? estou bem, tentando não pensar no fato de que é o último capítulo... :( não quero ficar depressiva, então quero que aproveitem muito esse capítulo que escrevi com bastante carinho. vou postar também um último capítulo de créditos!
se quiserem ouvir Mine para dar uma sensaçãozinha de nostalgia e ficar arrepiada até a alma como eu fiquei, fiquem à vontade. (http://www.youtube.com/watch?v=XPBwXKgDTdE)
então... uma boa leitura! nos vemos nos créditos, por review, MP ou o que desejarem. eu amo vocês! ;*



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Isto já acabou?

Posso abrir os meus olhos?

Isso é tão difícil quanto parece?

É isso o que a gente sente quando chora de verdade?

Kelly Clarkson, Cry.

Rony POV

– Eu prometi! PROMETI QUE SEMPRE ESTARIA COM ELA! –Gritei assim que os assistentes pararam na frente da porta para me impedirem de entrar mais uma vez.

– Senhor, não podemos fazer nada, sua presença só poderia atrapalhar. Prometemos notícias em breve. –Eles retornaram, fechando a porta na minha cara, me deixando lá sozinho, em choque.

Fiquei totalmente perdido naquele corredor, de frente para a porta pela qual entrando com o pensamento de que logo teria as três mulheres da minha vida perto de mim.

Se lágrimas escorriam pelo meu rosto ou não, eu não sabia responder, pois estava entorpecido.

Aquelas malditas palavras ecoavam em minha cabeça como uma sentença de morte.

Ou salvamos a mãe, ou os bebês.

A mãe, ou os bebês.

Como diabos eu poderia escolher entre minha mulher e minhas duas filhas? É a mesma coisa que escolher entre respirar ou possuir batimentos cardíacos, sem um dos dois você morre, não há escolha!

Sozinho, completamente sozinho e desesperado, arranquei a touca que cobria meus cabelos, jogando-a em um canto qualquer e senti quando minhas costas bateram na parede gelada do corredor e então, deslizando lentamente, fui parar sentado no chão.

Eu estava em estado de choque, não sentia mais nada, encarava a porta sem realmente olhá-la. Queria apenas poder fechar meus olhos, abri-los mais uma vez e ver que tudo não passava de um sonho, que eu tinha desmaiado na hora que vi o sangue durante o procedimento da cesárea e que Hermione estava puta da vida comigo porque não pude ver a hora em que nossas saudáveis garotinhas saíram dela.

Mas não. Após piscar com força algumas vezes, eu ainda me encontrava sentado no piso frio, a cabeça latejando, algo fazendo pressão em meu peito me impedindo de respirar sem fazer esforço.

Apenas a abertura da porta me fez despertar da minha semi-vida, me fazendo também levantar com rapidez e encarar a enfermeira a minha frente, porém uma tontura súbita fez com que eu tivesse que sentar novamente.

– Vai me falar logo que porra aconteceu? –Me controlei para não gritar, soluçando algumas vezes, a consciência voltando a medida que a dor e o desespero tomavam conta de mim. Agora eu finalmente sentia as lágrimas quentes que desciam sem controle dos meus olhos.

– Sr. Weasley, é muito comum terem problemas em partos de gravidez múltipla, só pedimos para o senhor não perder as esperanças. –Fechei minhas mãos em punho com força.

– Não enrola, caramba! É a vida da minha mulher e das minhas filhas que está em risco! –Falei exaltado, sentindo minhas unhas perfurarem a palma da minha mão.

– Talvez o procedimento demore, é de alto risco. Sua mulher terá que fazer transfusão de sangue, isto é, se o doutor conseguir pelo menos cessar a hemorragia, o que estava sendo difícil, visto que sai de lá agora, então a situação pode ter melhorado...

– Quais são as chances? –A interrompi, cansado daquela explicaçãozinha toda. Se fosse para dar a má notícia, que desse logo, torturar não iria ajudar.

– Não contamos com chances, Sr. Weasley. Há milagres na medicina também, basta acreditar...

– Estou perdendo minha mulher, não estou? –Tentei falar isso sem falhar minha voz, mas foi quase impossível. A enfermeira me olhou com pena e se abaixou para ficar na minha altura, acariciando meu ombro.

– Sempre fazemos o possível.

– E minhas meninas? Minhas filhas? –Perguntei, soluçando mais algumas vezes.

– Nasceram ao meio-dia em ponto. Uma delas nasceu saudável, a outra vai ter que ficar internada por alguns dias. Na posição que estavam, a gêmea A ficou por cima do cordão umbilical da gêmea B, fazendo assim com que a gêmea B perdesse a oxigenação necessária, então ela nasceu um pouco mais fraca, mas vai melhorar logo. Elas são lindas, idênticas. Cabelos ruivos, olhos de um tom parecido com mel... É muito diferente, por isso é lindo. Seriam os olhos de sua esposa? –Fechei meus olhos, tentando ignorar o nó que se formou em minha garganta.

– Sim. –Assenti minimamente, tendo que respirar fundo para não começar a chorar histericamente, não poderia entrar em pânico ou enlouqueceria. Teria que ter pensamentos positivos nessa hora. – Hermione vai ficar muito feliz quando souber que são ruivas, o sonho dela é ter filhos ruivos. –Sorri tristemente, um sorriso que a enfermeira devolveu com mais entusiasmo por saber que eu estava com pensamentos melhores agora. – Nosso primeiro filho tem os cabelos da cor do dela e meus olhos, agora foi ao contrário. –Me senti de repente mais vivo com a perspectiva de que minhas meninas estavam bem, porém a lembrança de que Hermione ainda lutava por sua vida, me fez desmanchar no chão mais uma vez, a dor retornando com o triplo da força.

– Ela certamente vai ficar muito feliz quando souber. –A enfermeira deu um sorriso reconfortante, se levantando. – Trago mais notícias em breve. Reze por ela, vai dar tudo certo. –Ela entrou novamente por aquela porta e senti vontade de segui-la, chamar pela menina pela qual era perdidamente apaixonado desde que pus os olhos nela e ver que estava bem.

Mas de certa forma, também sabia que lá dentro doutor Tyler tentava fazer de tudo para deixá-la bem.

Com esse pensamento, afundei meu rosto entre minhas pernas e chorei com vontade, com força, sem conseguir desatar o nó dolorido em meu peito.

Mas uma vez sozinho naquele corredor, sabendo que em algum canto do hospital estava meu filho ansioso para conhecer suas sonhadas irmãs.

Meus sogros e minha mãe também haviam vindo trazendo o neto e meu pai, Gina só não havia vindo porque tinha consulta no obstetra para ver como iam meus três sobrinhos, sendo dois deles meninos e uma menina. Meus outros amigos também tinham crianças para cuidar e viriam para visitar Mione depois que ela já estivesse recuperada da cesariana, mas... E se eu tivesse que ligar para ele e dar outras notícias?

Não, nada de pensamentos desses, Ronald Weasley.

Nunca fui um homem muito religioso, freqüentava a igreja quando pequeno porque minha mãe me obrigava, mas sempre agradecia ao homem lá de cima por tudo que tinha, pois sabia que era obra dele.

Não foi a toa que tomei coragem pra beijar Hermione, pedi-la em namoro, em casamento, tive filhos com ela... Ele não poderia tirá-la de mim agora, simplesmente não poderia. Depois de botá-la em minha vida, torná-la minha razão de viver, não poderia tirá-la de mim.

Eu precisava dela como mãe dos meus filhos, como mulher, amante, amiga, como meu tudo. Nós tínhamos que criar nossos filhos juntos, tornar aquilo para sempre como prometemos tantas vezes um para o outro. ELA NÃO PODIA ME DEIXAR!

Fechei meus olhos com força, a cabeça ainda presa entre os joelhos. Juntei desajeitadamente minhas mãos e foquei meus pensamentos no cara que sempre me guiou para os melhores caminhos, me deu as melhores coisas do mundo.

Apenas uma frase repercutia em minha mente enquanto eu soluçava de olhos fechados.

Não tire ela de mim.

Não tire ela de mim.

Não tire ela de mim.

Não poderia dizer por quanto tempo fiquei repetindo isso em minha cabeça, até que uma hora meus lábios se moviam em um sussurro silencioso, pedindo para Deus ou qual fosse a divindade que olha por cada um de nós, só sei que eu não me cansava de pedir, implorar, tirar a força que me restava e transformá-la em esperança.

O silêncio não me permitia ficar concentrado por muitos minutos, pois até o silêncio conseguia ser torturante naquele lugar.

Era um corredor isolado, por onde pessoas entravam somente para trazer mulheres grávidas e sair com elas, a entrada para a sala de parto. Existiam outras dezenas em outros cantos do hospital, então ninguém entraria por essa que estava ocupada.

Por mais que apurasse os ouvidos, não conseguia escutar nada que vinha de dentro da sala. A minha única companhia era o zumbido irritante do ar condicionado e o cheiro enjoativo de limpeza exagerada daquele lugar.

A necessidade de notícias cresceu dentro de mim. Será que Ele já tinha atendido minhas preces? Então... Por que diabos até agora ninguém veio me avisar?

Hermione ainda estaria agonizando? Perdendo sangue? Lutando inconsciente para se manter viva? Tantas perguntas, e nenhuma resposta.

Me concentrei na visão de seu lindo rosto sorrindo ao saber que suas filhas eram ruivas, como tanto havia desejado. Me concentrei nas nossas lembranças mais felizes, nas mais loucas e recentes como o desejo dela de comer ração do Tony, no quanto eu amava seus olhos, seu sorriso, suas manias, suas implicâncias...

E esses pensamentos de certa forma me confortaram, me fizeram companhia.

Respirando fundo, permiti que mais algumas lágrimas escorressem. Queria fazer com que a dor também descesse com elas.

Olhei em meu relógio e havia passado duas horas desde a última vez que a enfermeira havia vindo falar comigo, quase três da tarde. As horas pareciam não querer passar da forma que eu necessitava.

Escutei passos, passos rápidos e ansiosos. Abri meus olhos conforme o som se aproximava, e a porta se abriu trazendo doutor Tyler, quem eu mais queria ver.

Ele tirava a máscara que tampava sua boca, a expressão de seu rosto estava neutra, me deixando a beira da loucura por não possuir nenhuma emoção visível.

Nervoso, me levantei rapidamente mais uma vez, sentindo meus joelhos fraquejarem sobre o peso do meu corpo, minhas mãos incontrolavelmente trêmulas, meu coração palpitando.

– E então? Ela está bem, não está? –Indaguei nervoso. É óbvio que ela estava bem, óbvio que doutor Tyler havia conseguido salvá-la... Não é?

Esperançoso por uma resposta, encarei o doutor nos olhos em busca de qualquer sinal que indicasse qualquer coisa, porém justo nessa hora os segundos pareciam se tornar lentos demais para mim.

– Sim, nós conseguimos. –Aquela resposta fez meus joelhos fraquejarem mais uma vez, mas de alívio. Me abracei ao doutor com força, respirando fundo algumas vezes, contendo gritos de alegria. – Agora, fique calmo, Rony. Hermione não vai querer te ver mal quando acordar, vai querer te ver feliz com suas duas menininhas saudáveis nos braços. –Assenti, chorando desta vez de felicidade.

– Muito obrigado, doutor. Vou ser eternamente grato ao senhor, que conseguiu salvar a vida das minhas três preciosidades.

– Agradeça a Deus, isso sim. A gêmea B só sobreviveu porque a gêmea A rolou para o lado na hora certa, e sua mulher... Sua mulher lutou muito, e conseguiu.

Fui trocar de roupa com um sorriso no rosto, agradecendo a Ele com sussurros, da mesma forma que pedi que Hermione ficasse bem.

Antes de poder vê-la, Tyler insistiu que eu fosse avisar meus pais e meu filho do que havia acontecido, pois havia passado horas e eles deviam estar preocupados. Percorri aqueles corredores em passos rápidos, o peso que antes comprimia meus pulmões não mais lá, nem o nó em meu peito.

Ela estava bem, e minhas meninas também

Sorri e continuei minha caminhada, virando em outro corredor e dando de cara com minha mãe que parecia muito apreensiva, assim como meu pai e meus sogros. Hugo comia um lanche do hospital e balançava seus pés tristemente, que não tocavam o chão por conta de estar sentado.

– Ah, graças a Deus, meu filho! –Mamãe se levantou, acompanhada por Rachel.

– O que houve? Como está minha filhinha? E minhas netinhas? –Perguntou Rachel aos prantos, as duas agora me abraçando.

– Elas estão ótimas. –Dava uma sensação quase surreal de tão boa ao falar isso.

Sentei e contei para eles cada momento meu vivido, o medo que tive de perdê-las, o alívio que senti ao saber que ficariam bem... Minha mãe e minha sogra só choravam, Hugo ficou em meu colo abraçado comigo, meu pai e Robert pareciam bem mais tranqüilos.

Me despedi deles rapidamente porque precisava voltar para ver se poderia ver as três, e prometi para meu filho que ele logo as veria também.

Chegando na porta do quarto em que Hermione estava, senti meu coração acelerar.

– Rony... –Começou Tyler quando me viu parado com uma expressão ansiosa. – Ela está sedada e vai ficar assim por pelo menos até amanhã, perdeu muito sangue e agora está repondo, necessita de descanso total. Compreende que não poderá tocá-la, nem nada? –Assenti. – Ótimo. –Ele abriu a porta e tentei entrar o mais calmo o possível.

E lá estava ela. Cheia de tubos finos, com aparelhos de monitoração a sua volta soltando baixos bipes, a pele mais pálida do que o normal, os cabelos caindo em cascatas sobre o travesseiro, a respiração calma, os olhos fechados, as mãos repousadas em cada lado do corpo. Parecia frágil demais, mas era minha Hermione do mesmo jeito.

Acomodei-me ao lado de sua cama, contendo a vontade de tê-la em meus braços que me atingiu feito um soco. Quando o doutor nos deixou a sós e eu pude observar seu rosto sereno com mais calma, deixei que meus dedos migrassem até seu braço esquerdo, tocando brevemente a pele um pouco fria, porém sem perder a textura macia que eu tanto amava.

E sem perceber, eu estava chorando mais uma vez.

...

– Sr. Weasley? –Escutei um sussurro baixo e só dei o trabalho de resmungar, sem abrir meus olhos. – Sr. Weasley, acorde ou não poderá conhecer suas filhas.

– Hum...? –Tirei minha cabeça do braço da poltrona na qual cochilava e abri meus olhos, sentindo minhas costas doerem. Droga, já era de manhã, eu havia dormido muito e de mau jeito ainda.

Quando minha visão entrou em foco, recordei tudo que passei. Estava ainda no quarto de Hermione que ainda dormia, a mesma enfermeira que me consolou me olhava com expectativa e eu finalmente assimilei que iria conhecer minhas filhas.

– O que aconteceu? –Foi a única coisa que pude perguntar enquanto coçava meus olhos, pois não sabia o tempo que havia dormido.

– Seu filho não quis voltar para casa com os avós enquanto não visse a mãe, então trouxe ele um pouco aqui, depois disso ele não relutou mais em ir. Fizemos alguns exames básicos na sua mulher e notamos que você não soltou a mão dela enquanto dormia. –Ela sorriu e eu retribui, por mais que estivesse um pouco encabulado.

– Foi o medo de perdê-la que me deixou assim. –Confessei, mirando Hermione com um amor inexplicável. – Quando que ela vai acordar?

– Daqui a pouco. Estou com as gêmeas ali fora, quer conhecê-las? –Sorri animado com a ideia.

– Claro que quero! –A enfermeira saiu do quarto e voltou trazendo duas incubadoras móveis. Lembrei do parto de Hugo, e o mesmo sorriso bobo de pai estava presente ali.

– Quando falei que eram lindas, não menti. –E não havia mentido mesmo. Eram duas bonequinhas de fralda extremamente iguais. Pele clara feito porcelana, bochechas rosas, boquinhas avermelhadas entreabertas, alguns fios ruivos no topo da cabeça, olhos cor de mel me observando com curiosidade. Os olhos dela.

A única diferença entre elas era que a da direita possuía um minúsculo tubo de respiração em seu pequeno e delicado nariz.

– São lindas mesmo. –Sequei uma lágrima quando senti que ela havia escorrido. Minhas duas princesinhas eram lindas e saudáveis, eu não poderia estar mais feliz.

– Amor... –Escutei um sussurro fraco e surpreso, me virei abruptamente para trás, vendo que Hermione me observava com um leve sorriso em seu rosto. – São elas? Eu quero tanto vê-las...

– Ah, amor! –Agora foi praticamente impossível conter as lágrimas. – Você foi muito corajosa, eu te amo tanto por isso. –Dei um selinho calmo em seus lábios, enquanto acariciava seus cabelos.

– Desculpa... Por ter achado que deveria desistir. Desculpa por te fazer sofrer. –Disse ela, acariciando meu rosto com uma das mãos.

– Não foi sua culpa, amor. –Beijei ternamente a mão dela, entrelaçando nossos dedos. – O que importa é que agora você e nossas meninas estão bem. E adivinha? Elas são ruivas! E a partir de agora, você não é mais minha princesa. –Contei, sorrindo. Na primeira revelação, ela abriu um enorme sorriso que aqueceu meu coração, mas na segunda revelação, ela fechou a cara daquele jeito infantil que eu amava.

– Não sou? –Fez bico.

– Você teve uma hemorragia e ainda consegue discutir comigo? –Suspirei dramaticamente e ela riu, batendo de leve em meu braço. – Mas é, agora elas são minhas princesas, e você garantiu o posto de rainha. –Sorri docemente e Mione retribuiu.

– Já que sou sua rainha, exijo ver minhas princesas ruivas.

– Claro, majestade. –A enfermeira só ria de nós dois. – Aliás, ela foi quem me deu pensamentos bons para não fazer besteira quando eu quase... Te perdi. –Hermione sorriu para a enfermeira.

– Obrigada por não permitir que Ron se enforcasse com o vento.

– Por nada. –Ela riu, arrastando as duas incubadoras para mais perto de nós. – Vou chamar outra enfermeira e nós poderemos treinar a amamentação, tudo bem? –Hermione assentiu, contente.

Finalmente, tudo estava dando certo.

Hermione POV

Eu não me lembrava muito do que havia acontecido no parto, pois havia perdido a consciência assim que Ron deixou a sala. Era como ter dormido tempo demais, e agora eu me sentia fraca, mas estava viva, e era isso que importava.

E mesmo estando um pouquinho tonta por conta do choque que sofri mais cedo, conseguia enxergar nos olhos azuis de Ron a felicidade que ele sentia naquele momento.

Quando olhei para dentro da incubadora e visualizei aquelas duas bonequinhas ruivas idênticas, meus olhos automaticamente se inundaram de lágrimas.

– Tão lindas! E ruivas... –Passei meus dedos suavemente por entre os fios acobreados de uma das gêmeas, enquanto Ron dava atenção para a outra.

– Como você sempre sonhou... E com os olhos iguais aos seus, como eu sempre sonhei. –Sorri para o ruivo, chamando-o para mais perto e beijando calmamente seus lábios.

– Obrigada por ser o homem que você é. Por ter me dado três crianças tão lindas e maravilhosas. Eu te amo, Ron, por tudo que você é, por tudo que somos. –Ele sorriu, fechando os olhos enquanto eu acariciava seu rosto.

– Por tudo que somos e seremos. Eu também te amo, Mione. –Senti-o beijar minha testa carinhosamente.

– Agora... Elas precisam de um nome. –Falei, indicando as meninas que já tinham meu coração com elas.

– Você decide um e eu o outro, pode ser? –Assenti, sorridente. – Se fossem meninos seria mais fácil, tipo Tico e Teco...

– Ron, deixa de ser imbecil. –Ele se fingiu de magoado e logo riu junto comigo.

– Desculpe, estou tentando não imaginá-las com marmanjos no futuro... –O ruivo fez uma careta. – E eu tendo que botá-los para correr da minha casa. Mas... Voltando ao assunto principal, para essa... –Ele apontou a que parecia mais frágil, com o pequeno tubo em seu nariz.

– Pode ser Kate, não? Significa pura e casta, além de representar uma menina perseverante. Ela lutou para estar aqui. –Passei delicadamente meus dedos na bochecha rosada dela, que ficou interessada pelo contato.

– É lindo. Vai ser Kate. –Ron deu um sorriso doce para mim. Não pudemos escolher o nome para a outra porque as enfermeiras adentraram e a amamentação deu início.

Tê-las perto de mim, sentir o calor que emanava de suas peles macias e cheirosas, era tudo que eu precisava para recuperar as forças que perdi no parto. Por mais que as duas não tivessem tido um contato breve comigo, me reconheceram como sua mãe logo que começaram a sugar em meus seios. Eu me sentia flutuando de felicidade e tinha certeza que Ron se sentia assim também.

De brinde, ainda recebi a visita dos meus pais, sogros e meu filho, meus amigos viriam a tarde. Hugo chegou com um buquê lindo para mim e ficou extasiado quando conheceu as irmãs, exigindo dar nome a uma delas.

– Suri... Assim que ela vai se chamar. –Disse ele animado, de joelhos na minha cama para olhar melhor para as duas que dormiam nas incubadoras. Levantei minhas sobrancelhas para Ron, que retribuiu o gesto.

– Concorda com a decisão? –Perguntei para o ruivo, que sorriu.

– É um lindo nome e que significa “minha rocha é Deus”. –Respondeu ele, me mostrando na tela do seu celular o significado e a origem do nome. – Significa muito para mim, pois representa o meu dilema de ontem. Minha rocha foi definitivamente Deus. –Sorri emocionada com aquelas palavras.

– Vai ser Suri, então. Suri e Kate, nossas princesas.

– E eu sou o príncipe então, mãe? –Questionou meu garotão de olhos azuis, voltando a sentar do meu lado, me abraçando.

– É, meu príncipe. –Sorri, dando um selinho nele.

– Que vai cuidar das princesas quando o rei não puder ficar de olho. –Disse Ron sério, nos fazendo rir.

– Claro, pai. –Hugo disse, fazendo high-five com o pai. – Agora... Quando que vamos voltar pra casa? Tony e Bichento estão com saudades, e a tia Claire também!

– Muito em breve, pequeno. –Rony beijou o topo da cabeça do filho.

Passamos a tarde no hospital comendo aquelas comidas que não enchiam ninguém, mas eu sabia que teria que me recuperar antes de ir para casa, pois teria gêmeas para cuidar. Agora seriam fraldas em dobro, choros em dobro... Pobre Gina que vai ter três em uma pancada só.

Sorte que eu tinha minha família e amigos para me fazer companhia, agora que minhas ruivinhas tinham que ficar na supervisão para poderem ganhar alta, pois de qualquer forma haviam nascido prematuras.

E eu, graças a Deus, melhorava mais a cada minuto, ganhando alta no final do dia.

Agora seria eu, Ron e nossos três filhos voltando para nossa casa, juntos. Sorri com esse pensamento enquanto saía do hospital com Kate no colo e Suri no colo do pai, Hugo entre nós dois sorrindo radiante, dizendo para todos os funcionários do hospital que havia ganhado duas irmãs.

É, aquele sorriso em meu rosto nem uma cirurgia plástica removeria.

Três anos depois.

Rony POV

Era uma sexta-feira ensolarada de maio e eu estava sentado na minha poltrona de couro dentro da minha sala em meu escritório de arquitetura. Sim, eu já havia me formado e consegui construir meu escritório sem necessitar de ajuda, o que foi ótimo para mostrar que finalmente posso ser reconhecido como um homem maduro.

Passando os olhos rapidamente sobre um projeto que teria de desenvolver para um consultório médico, perdi ligeiramente o foco quando meu olhar caiu sobre um porta-retrato sobre minha mesa grande de madeira bem polida.

Dentro de uma moldura bonita estava uma foto minha com minha família. Hermione sorria abraçada comigo, Hugo já com seus seis anos brincava com um grande labrador que estava com as patas sobre os ombros do meu filho, ficando do seu tamanho. Hugo ria. Em um dos meus braços estava uma menininha mais semelhante a uma boneca do que qualquer outra coisa, possuía no máximo dois anos, o rosto era em formato de coração, suas lindas bochechas eram coradas, seus olhos eram exatamente iguais aos da bela mulher ao meu lado, seu adorável sorriso era de amolecer o coração da pessoa mais durona da face da terra, mas o que chamava atenção além de todo esse combo, eram os fios ruivos lisos de pontas cacheadas. Era Kate, minha princesinha manhosa. A mais próxima do jeito da Mione de ser, inteligente e astuta feito a mãe, sempre com uma resposta na ponta da língua.

Aos nossos pés estava o clone de Kate, tão adorável quanto a irmã, porém ficava na cara as diferenças. Enquanto uma era mimada em meu colo, a outra sorria sapeca e queria saber de ficar brincando com as orelhas felpudas do gato ruivo perto dela. Suri era minha princesinha arteira. Se assemelhava com Gina quando era pequena, preferia escalar árvores à brincar de bonecas.

Todos nós sorríamos ali, e inconscientemente, me peguei sorrindo também ao apenas admirar a fotografia.

Foram três anos incríveis desde que minhas meninas nasceram. Hugo era tão bobo quanto eu, o melhor irmão que se podia ter. E as ruivinhas gamaram nos olhos azuis do meu garotão assim que o viram melhor, depois disso os três não se desgrudavam.

Para dois pais, era maravilhoso assistir as duas balbuciando animadas para Hugo que conversava com elas no mesmo tom animado.

E então, logo que as duas completaram o primeiro ano de vida, eu me formei. Foi uma cerimônia incrível, minha esposa não parava de chorar de orgulho de mim, além de meus pais e todo o povo que sempre prestigiava nossas metas alcançadas.

Um ano depois, foi a vez de Hermione se formar, e foi minha vez de chorar de orgulho. Ela não demorou muito para conseguir seu sonhado emprego de pediatra em um dos melhores hospitais de Los Angeles.

E as conquistas não foram somente essas, acima de tudo éramos uma família muito unida e feliz. Hermione conseguia ser mãe, pai, amiga, amante, esposa, namorada, tudo ao mesmo tempo, e quem disse que casar era ruim, não teve a sorte de casar com a garota incrível com que casei. A cada dia eu tinha mais certeza que teria de passar meus últimos dias com ela.

E eu não cansava de agradecer todos os dias a Deus por tudo, sem Ele nós não estaríamos onde estamos hoje.

Imerso em pensamentos, nem notei quando houve uma movimentação na porta do meu escritório que era jateada, então cobria parcialmente o vidro, impossibilitando que uma criança pequena pudesse visualizar o interior da sala, por exemplo. Mas mesmo assim, eu conseguia ter uma visão meio embaçada de duas criaturas pequenas pulando e balançando seus cachos ruivos.

Sorrindo, me levantei para abrir a porta, porém logo ouvi a voz da minha secretária, que na verdade estava berrando.

– Calma, meninas! Ah meu Deus, o que o Sr. Weasley vai pensar... –A minha porta deslizou para o lado de as duas criaturas pequenas vieram ao meu encontro, dando gritinhos animados.

– Papai! –Disseram Suri e Kate em uníssono, tendo que abraçar minhas pernas pelo tamanho dela. Peguei minhas enormes meninas de três anos no colo e comecei a gargalhar quando senti seus beijos gostosos em minhas bochechas.

– Rony, desculpe, eu não pude evitar, elas são mais ágeis do que eu. –Ofegou Padma Patil e eu tive que rir mais uma vez. Sim, Padma havia virado minha secretária e era uma ótima pessoa, meus filhos a adoravam.

– Tudo bem, é ótimo receber uma visita inesperada dessas. –Sorri contente, sentando-me em um sofá e colocando cada gêmea em uma perna, ambas sorrindo adoravelmente para mim, aqueles olhinhos cor de mel reluzindo. Estavam tão fofas com uma touca de coruja colorida que quase cogitei a possibilidade de morder as duas.

(Aparência das gêmeas: http://data.whicdn.com/images/38453193/481956_339756339440404_106188188_n_large.jpg)

– Kate e Suri, mamãe disse para segurar na minha mão e não entrar na sala do papai sem bater. –Disse Hugo entrando na sala com uma pose de irmão mais velho responsável. Meu garotão já estava com quase sete anos, ainda possuía os olhos muito azuis, cabelos revoltados que herdou do pai, mas com aquele tom castanho claro da mãe. Ele só ficava com essa pose madura em relação às irmãs, esse sim levava a sério a tarefa de cuidar delas, então com relação a outras coisas, era inegavelmente o meu jeito de ser.

– “Mais” eu queria muito ver o papai. –Se explicou Kate, e eu só soube que era ela por causa da sua pulseirinha delicada de prata em seu minúsculo pulso que tinha um pingente de brilhante com a letra inicial do seu nome, assim como Suri também possuía a sua.

– E eu queria desenhar aqui no papai também. –Suri, a sapequinha sempre pensando nas vantagens. Amava passar horas fazendo seus “projetos” de arquitetura coloridos no chão do meu escritório, já Kate preferia ficar no meu colo me vendo mexer no notebook.

– Mas mesmo assim. –Hugo bufou baixinho, se aproximando de mim e abrindo um grande sorriso. – Oi pai! –Quando foi me abraçar, deixou cair vários doces de dentro dos seus bolsos que provavelmente foram dados pela morena sorridente na porta. Ele olhou com cara de “vish” para os doces no chão e as suas irmãs não demoraram para pular do meu colo e irem correndo juntar. – Manas, vocês não vão almoçar se comerem tudo! –Fez bico e eu ri, levantando e ajudando-as a pegar os doces.

– É verdade, gatinhas. Deixem para depois. –As ruivinhas se entreolharam como se conversassem mentalmente e pude ver um traço de Fred e Jorge naquilo, o que me deu uma baita saudade. E então, me entregaram os doces.

– Vem cá com a tia que eu arrumo as coisas para vocês desenharem, meninas. –As duas sorriram animadas e foram até com Padma, que buscava folhas e lápis sobre minha mesa. Sussurrei um “obrigado” para ela, pois era realmente difícil cuidar de três crianças sozinho.

– Pronto, depois vocês comem. –Guardei os doces em meus bolsos e Hugo assentiu. – Agora... Cadê meu abraço? –Ele sorriu e pulou em meus braços, me abraçando com força. – Você está cheirando a Tony, garotão. –Comentei e ele gargalhou.

– É que ele gosta de pular em mim, pai. –Me sentei e ele veio se ajeitar em meu colo.

– Cadê a sua mãe? –Perguntei, ansioso em ter contato com minha garota.

– Ela só vem na hora do almoço nos buscar. Pediu para te avisar sobre as Bodas de Ouro do vovô e da vovó. –Levantei minha sobrancelha de surpresa, havia esquecido que hoje seria a comemoração de cinqüenta anos de casado dos meus pais. – Pai, você esqueceu, né? Ela disse que se você esquecesse, ela ia te matar.

– Sua mãe tem formas engraçadas de demonstrar que me ama. –Hugo gargalhou comigo.

– É a mamãe, fazer o que. –Deu de ombros. – Tem refri ali? –Apontou para o frigobar.

– Claro, pode pegar. –Observei-o caminhar até o frigobar e tirar uma garrafa pequena de refrigerante, e então se sentou no sofá, assistindo minha televisão. Nessas horas eu sabia que teria que mudar meu ambiente de trabalho para não parecer entediante para três crianças, e por isso tirei do canal que passava apenas notícias do dia e coloquei em um canal infantil. Hugo deu aquele sorriso de canto que Mione insistia que era o meu sorriso, e voltou a olhar para a tv.

– Já posso ir? –Perguntou Padma e eu assenti.

– Sim. Muito obrigado mesmo, Padma. –Sorri ao ter a visão dos meus três filhos tranqüilos e entretidos. Trabalhar ficava muito melhor com eles por perto porque não eram crianças barulhentas e desobedientes, bem pelo contrário.

Voltei a calcular mais alguns ângulos para o exterior do projeto do consultório que estava fazendo antes, e passaram-se alguns minutos até que a primeira pessoa se manifestasse.

Era Suri engatinhando até minha mesa, se apoiando nela para ficar em pé e então colocou seu desenho sobre meu projeto, querendo ganhar o máximo de atenção.

– Pai, eu quero que você faça uma casa assim para mim. –Ergui o desenho na altura dos meus olhos e pude ver traços de uma casa grande rosa de dois andares, com vários desenhos de flores nas paredes.

– Eu que dei a ideia das florzinhas. –Kate logo apareceu, subindo toda carinhosa em meu colo. Ajeitei-a melhor em minha perna esquerda e coloquei Suri na direita.

– É uma linda casa, meninas! Parabéns. –Dei um beijo na bochecha de cada uma e elas abriram sorrisos iguais. – Pode deixar que papai vai dar uma dessas para vocês. –Sorri com uma ideia em mente. Contentes, a dupla ruiva saltou do meu colo e voltou aos desenhos. E eu, ao meu trabalho.

A manhã passou-se rápida e muito agradável. Hugo quando assistia seus desenhos preferidos mal piscava, minhas garotinhas só me chamavam de vez em quando para falarem sobre seus desenhos, e quando dei por mim a primeira parte do meu projeto estava concluída bem na hora do almoço, quando Mione chegou para me mimar.

A cada ano que se passava ela conseguia ficar mais e mais linda, nem de longe alguém diria que ela já havia dado a luz a três crianças. Possuía sempre o corpo esbelto e em forma, o rosto lindo de boneca, os cachos castanho claro reluzindo em suas costas, o sorriso perfeito, os olhos cor de mel que eu tanto amava... Um anjo que desceu do céu para guiar minha vida.

Conseguimos namorar um pouco na hora do almoço porque nossos filhos estavam mais interessados em brincar no playground que tinha na pizzaria em que nós fomos, por isso voltei bem relaxado para mais uma tarde de trabalho.

Hermione levou nossos pequenos que relutaram um pouco em ir, mas foram.

A tarde passou rápida, e logo eu me via pronto para voltar para casa e me arrumar para o cerimonial de Bodas de Ouro na igreja dos meus pais e para depois, uma comemoração na casa deles mesmo.

Chegando em casa, minha mulher arrumava nossos filhos com a ajuda de Claire, então só fui recebido entusiasmadamente por Tony, o enorme labrador de três anos que pulou em cima de mim, quase me derrubando, e por Bichento que estava sentado no sofá e miou desinteressado.

Subi até meu quarto e entrei debaixo do chuveiro, saindo mais rápido do que o normal e colocando meu melhor traje social, hoje é uma data muito especial para meus pais, e imaginar eu e Hermione comemorando Bodas até de diamante me fazia sorrir. Era isso que casamentos reais eram, o amor tem que ser literalmente para sempre.

Quando fiquei pronto, após esborrifar meu perfume e bagunçar mais meus cabelos molhados, Mione entrou no quarto sorrindo. Apreciei sua imagem por alguns bons segundos, ela estava linda. Vestia um vestido curto rosa claro tão delicado quanto ela, calçava uma sandália baixa de pedrinhas, os cabelos estavam semi presos com bonitos cachos, a maquiagem era leve e o perfume de baunilha me atingiu em cheio, me fazendo titubear.

– Você é definitivamente uma semideusa, e filha de Afrodite ainda por cima. –Ela gargalhou, me abraçando.

– Talvez de Atena, a deusa da sabedoria. –Ri, beijando a ponta do seu nariz.

– Essa é a Hermione convencida que eu conheço.

– Convencida não, realista. –Nós dois rimos e então Suri e Kate adentraram em nosso quarto, a primeira com um vestidinho rodado lilás e a outra com o mesmo vestido, porém rosa.

– Papai, mamãe disse que parecemos princesas. –Disse Kate dando uma voltinha e mostrando a mini coroa no topo da cabeça.

– Vocês não parecem, vocês são princesas. –Sorri, passando meus dedos entre os fios ruivos dela. Suri ficava ajeitando a coroa com uma careta.

– Parece eu quando criança... Odiava me emperiquitar para festas. –Disse Hermione, rindo. – Deixa que a mãe arruma, Suri. –Ela ajeitou carinhosamente a coroa na cabeça da filha e beijou a bochechinha dela. – Vamos? Ou vamos chegar atrasados. –Assenti, pegando Kate no colo enquanto observava Suri descer pelo escorregador que coloquei ao lado da escada para tornar mais divertido a tarefa de ir para o andar de baixo. Papai babão, sabe como é.

Chegando ao carro, Hugo já estava lá e não parava de se olhar no retrovisor.

– Você está lindo, meu amor, não se preocupa. –Falou Mione, sempre doce.

– Mas mãe... Você é suspeita em falar isso, é minha mãe, todas as mães acham os filhos bonitos. –O garotinho teimoso soltou um muxoxo.

– A Vic vai te achar um lindo, Hugo. Relaxa, garotão. –Pisquei para ele e ri junto com minha garota ao ver as bochechas dele ficando rubras.

Após todos estarem acomodados no carro, segui para a igreja e chegamos bem na hora que a cerimônia ia começar. Primeiro entrou cada família com seus respectivos filhos, para depois nos organizarmos nos bancos. Família do meu pai para um lado, da minha mãe para o outro, netos nos primeiros bancos, filhos no altar.

Era incrível como a família Weasley e Prewett conseguia encher uma igreja.

Uma música suave começou a tocar e meus pais entraram, sorrindo de uma orelha em outra.

A cerimônia foi linda, quase chorei junto com meus pais. Ter toda a família reunida daquele jeito era certamente emocionante.

Depois, partimos para a casa dos meus pais, a mesma que passei minha infância e morria de saudades. Continua esplendorosa e enorme, porém agora mais adaptada para acolher as crianças que não paravam de chegar. Meus pais amavam mimar os netos.

Nos reunimos no quintal que estava todo decorado para a ocasião, repleto de flores da época, fotos dos meus pais espalhadas pelo local, vários sofás confortáveis, música boa tocando e comida magnífica.

Estava cheio de gente mesmo. Até a dona Carmelita havia vindo junto com seu marido, um homem gentil que conheceu na fila do banco, história bem comovente de amor.

No local dos adultos, eu conversava animado com meus amigos, parentes que não via há tempos... E no canto das crianças, a mais velha do grupo era Sophia que já estava com quatorze anos, uma moça linda de longos cabelos castanhos e olhos claros. Podia ver meu sogro querendo matar com os olhos o irmão do Cedrico que conversava com ela. Não que eu fosse ter uma reação muito diferente se fosse minhas filhas no lugar dela...

Sem adentrar no assunto dos meus ciúmes, voltei a observar as crianças que cresciam diante dos nossos olhos. Victoire já com oito anos, brincava com Hugo que estava mega sorridente para a bela loirinha que era a cara da mãe. Dominique, de seis anos, era outra fofa que brincava com seu irmãozinho da idade das minhas meninas, o pequeno Louis. Fleur e Gui não eram fracos para fazer filhos, porém não conseguiram ter ruivos, e eu tirava com a cara deles até hoje por isso.

Fred II era o garotinho de seis anos mais arteiro da face da terra, para não se dizer encapetado. Sério, o menino era uma peste, e quando se juntava com os outros sabia fazer a cabeça de todos e quando parávamos para ver, eles fizeram alguma besteira. Mais uma vez. Era impossível controlá-lo, e Jorge se divertia com o comportamento do filho, deixando Angelina quase doida.

Já Roxanne, de cinco anos, não se deixava levar pelo irmão e era uma moreninha adorável que tinha um enorme interesse em se sujar, deixando mais uma vez Angelina quase doida.

Megan, a mini japinha do Diggory conseguia atazanar a vida dos outros com facilidade, porém era só nos olhar com aqueles olhinhos puxados e carinha redonda que esquecíamos porque iríamos repreendê-la.

Lorcan e Lysander, os gêmeos de Luna e Neville eram tão tranqüilos quanto os pais, mas era se juntar com os primos que pronto, dois segundos e a dupla estava coberta de lama, dando gostosas gargalhadas.

E minha irmã, a garota que conseguiu a proeza de dar a luz a três criaturas lindas e saudáveis, olhava orgulhosa para os trigêmeos. James, o trigêmeo mais velho possuía olhos castanhos esverdeados, cabelos escuros e revoltados feito os de Harry. Albus era a cara do pai, os mesmos olhos verdes e os cabelos que não se dá para pentear. Lily, a trigêmea caçula era uma ruivinha linda, outro motivo para tirarmos com a cara de Gui que não conseguiu ruivos.

Era tanta criança que eu até me perdia frequentemente. Porém, nessa busca rápida com o olhar notei uma criança estranha brincando com Suri. Era um garotinho da idade dela, possuía cabelos loiros, olhos acinzentados e... Ah, espera ai.

– Rony, suas garotinhas são muito lindas, parabéns! –Congelei ao ouvir aquela voz e me virei lentamente.

– Malfoy... –Minha voz sumiu e senti a mão de Hermione tocar a minha. A lembrança dela dizendo anos atrás que o filho dele poderia namorar com minhas meninas veio a tona, e eu senti meu sangue ferver de ciúmes. – Seu filho? –Apontei para o menino e ele assentiu, sorrindo e abraçando a cintura da morena ao seu lado.

– Ah, Ron... –Hermione suspirou, se levantando. – Bom ver vocês dois! O Scorpius é um garotinho lindo também. –Sorriu, abraçando Draco e Astoria.

– Scorpius, venha cá dar oi para a tia Mione! –Gritou Malfoy, e o Malfoy júnior veio correndo de mãos dadas com Suri, e eu cada vez mais inconfortável.

– Papai, olha o amiguinho que encontrei. –E o pior: minha ruivinha ABRAÇOU o loiro nanico ao falar aquilo! Ah, eu queria morrer.

– Ah, que fofos! –Hermione sorriu emocionada e eu só encarava a cena com cara de “que merda é essa?”.

– Relaxa, mano. Sua filha nem sabe ainda o que é namorar. –Disse Cedrico percebendo meu olhar, como se isso fosse me ajudar.

– Pai, mãe, olha o que eu e a Meg achamos! –Kate chegou sorridente, trazendo uma borboleta nas mãos, ao seu lado estava a pequena japinha. Pelo menos essas duas são decentes e não ficam brincando com meninos abusadinhos.

– É linda, princesa. –Sorri para ela.

– Quero uma também! –Cedrico fez bico.

– Tá bom, pai. –Megan revirou os olhos do jeitinho que Cho fazia e saiu atrás de outras borboletas.

– Deixa eu ver... –Scorpius, o loirinho abusado se aproximou de nós após ser mimado por Hermione e tentou roubar a borboleta das mãos de Kate, que fez uma expressão de gatinha brava.

– Não. É do meu pai. –Puxou a borboleta para si, empinando o narizinho. Essa é minha garota.

– Chata! –Malfoy júnior puxou uma mecha de cabelo ruivo da minha pequena, e quando eu ia encher ele de sopapos por ser tão impertinente, Kate cuidou disso sozinha, dando repetidos tapas nele. Eu assistia aquela cena com um sorriso enorme no rosto, enquanto Mione, Draco e Astoria se assustavam com os dois.

– Scorpius Hyperion Malfoy, pára já com isso! –A morena puxou o filho para longe e Mione puxava Kate.

– Filha, não foi isso que eu te ensinei! –Repreendeu, fazendo crescer um bico nos lábios da ruivinha.

– Ah, amor, tá deixando nossa garotinha triste. –Me encolhi com o olhar maligno que Mione me lançou.

– Ela fez coisa errada, tem que aprender o certo. –Colocou Kate no chão. – Vá lá procurar borboletas com Megan e nunca mais bata nos amiguinhos.

– Você também, Scorpius. Vá brincar com Suri e se comporte, ou vai ficar sem seus doces. –Revoltado, o loiro se retirou com minha filha e Kate foi correndo ao encontro da amiguinha.

– Hugo! –Gritei e meu filho tirou a atenção dos olhos azuis da Vic para olhar para mim. Chamei-o com o dedo e ele chegou correndo.

– O que foi, pai? –Percebi o olhar desconfiado Hermione sobre nós dois.

– Fica de olho nas suas irmãs. –Sussurrei, puxando-o para mais perto. – Se Kate bater no loirinho aguado, você ajuda. –Hugo assentiu rindo e se afastou.

– Eu escutei isso. –Recebi mais um olhar maligno e admito, mais uma vez estava morrendo de medo.

– Brincadeirinha, amor. –Lancei um olhar inocente, deitando minha cabeça no ombro dela e ela suspirou. Quando pensei que iria me empurrar, me socar ou algo assim, Mione na verdade começou a afagar meus cabelos.

– Papai idiota. –Murmurou estressada encostando o rosto na minha cabeça e eu ri.

– Papai idiota, amigo idiota, marido idiota, namorado idiota... E o principal, seu idiota. –Eu nem precisava olhar para saber que ela sorria.

...

Julho daquele ano.

Hermione POV

Eu e Ron havíamos decidido comemorar nosso sétimo ano de casamento de uma forma especial, que envolvesse nossos filhos também, pois eles eram o fruto mais puro do nosso amor, eles eram parte da nossa alma, do nosso corpo, do nosso coração.

Porém, como meu marido ama me deixar puta da vida e curiosa, não me contou o que estava preparando, só falou que tudo estava pronto.

Era um domingo, dia quinze, estávamos todos em casa só que não havia som algum, pois ainda era apenas sete da manhã.

Só que aprendi a amar e valorizar domingos, por ser um dos únicos dias que eu podia relaxar na companhia da minha família. Ter me tornado a pediatra Dra. Weasley ocupava bastante o meu tempo, porque quando eu não estava no hospital fazendo meu plantão, estava me especializando em novas técnicas, estudando... Doutores nunca param.

E Ron, por ser um conceituado arquiteto e muito procurado para construções enormes e importantes, muitas vezes trazia trabalhos para concluir em casa, pois o tempo que passava no escritório não era o bastante, então domingo era um dia para fazermos o que queríamos fazer nos dias de semanas e não tínhamos tempo.

Fiquei de barriga para cima encarando o teto. Com uma olhadinha discreta para o lado estava meu marido dormindo de bruços com suas costas nuas descobertas, os cabelos ruivos desgrenhados, o lençol cobrindo o que não deveria ficar a mostra pra mais ninguém além de mim. Sim, fizemos amor até desfalecermos na noite anterior. Ai, ai...

Uma batida na porta me fez sair dos meus devaneios. Então, me levantei arrumando minha camisola de seda que havia parado acima da minha barriga após me mexer muito durante o sono e abri a porta. Era Claire.

– Bom dia, Mi! –Sorri, me espreguiçando.

– Bom dia, linda. –Bocejei e foi a vez dela sorrir.

– Chegou um cara ali na frente dizendo que tem uma entrega para fazer ao Ron. –Fiz uma expressão confusa.

– Amor... –Falei um pouco alto e Ron resmungou, se virando para o outro lado. – Ron, bebê, acorda. –Quando ia ir até ele, ele foi mais rápido e sentou-se na cama, bocejando.

– O que foi? –Perguntou com os olhos fechados, Claire deu uma risadinha.

– Chegou uma entrega pra você. –De repente o ruivo levantou bruscamente, derrubando o lençol no chão e deixando a mostra seu corpo definido e sua boxer preta, Claire tampou os olhos e eu comecei a gargalhar.

– Rony, você tem um corpo muito bonito, com todo respeito, Mione... Mas me recuso a vê-lo, sou uma mulher casada. –Envergonhado e rindo, Ron vestiu rapidamente uma camiseta e uma calça de moletom.

– O que você pediu para entregar? –Perguntei curiosa.

– Vem ver, mas fica quietinha. –Ele sorriu entusiasmado, pegando na minha mão e me levando até no andar de baixo, Claire nos acompanhando.

Chegando a porta, um senhor de idade baixinho fez meu marido assinar algumas coisas, eles conversaram um pouco e logo foram para o quintal. Os segui ansiosa e quando cheguei ao espaço do playground das crianças, ao lado da estrondosa árvore frutífera que possuía um balanço, estava uma casinha de criança que era a coisa mais linda do mundo.

– Ah meu Deus, meu sonho sempre foi ter uma dessa! –Confessei emocionada, indo até a casa que era bem grandinha, na verdade. Toda rosa, de dois andares, janelinhas fofas em forma de coração, desenhos de flores pela pintura, uma varandinha, porta com campainha...

– As meninas pediram uma dessas para mim... –Ele me mostrou o desenho de uma casa muito similar a essa, porém era um desenho de criança. - E eu como sou um grande pai, vou fazer essa surpresa.

– Que coisa mais linda, Ron! –O abracei, sorridente. – Kate e Suri vão amar! –Bem na hora que falei isso, escutei gritinhos animados vindo do lado de dentro de casa. Os caras que trouxeram a casinha até se assustaram.

– Droga, era pra ser uma surpresa! –Murmurou o ruivo, observando as gêmeas vindo na nossa direção, ambas com toucas com orelhas de gatinho, as pontinhas cacheadas ruivas ao vento, as pantufas de coelho tocando a grama coberta de orvalho, Tony correndo atrás delas com a língua de fora.

– Papai, é a nossa casinha! –Gritou Kate, se jogando nos braços de Ron enquanto Suri foi logo entrando na casa, empolgada.

– É sim, minha florzinha. Gostou? –Perguntou Ron sorrindo.

– Amei! –Pulou do colo do pai e correu para a casa junto com a irmã. Olhei aquela cena com um sorriso no rosto.

– Você pode ser um pai idiota, mas é o melhor pai idiota do mundo. –Beijei-o ternamente e ele retribuiu.

– Também te amo, minha rainha. –Sorri feliz quando ele me abraçou carinhosamente.

O dia foi intensamente incrível. Almoçamos juntos, a tarde enquanto eu brincava na casinha com minhas meninas ruivinhas, Hugo jogava futebol americano com o pai e o labrador da família participava, doido para mastigar a bola.

Bichento também participou da nossa brincadeira, porém ele só ficou sentadinho em cima do mini sofá que tinha dentro da casinha das gêmeas e Suri ficou mimando-o, dando biscoito com leite na boca dele, enquanto eu ajudava Kate a preparar achocolatado.

Quando todos ficaram cansados de brincar, cada um foi para o banho que quando voltamos, nos reunimos na sala para assistir um filme infantil escolhido pelos três irmãos que incrivelmente entraram em um consenso bem rápido. Hugo era do tipo que sugeria, Suri escolhia e Kate exigia, persistente feito a mãe.

Depois, colocamos colchões e almofadas no chão, fizemos pipoca e até Claire se juntou na noite da família.

Quando o filme acabou, Kate dormia deitada no peito do pai, que também havia pegado no sono. Tão adorável de se ver.

Suri dormia com a cabeça em meu peito e Hugo dormia em meu colo. Eu utilizava minhas mãos para acariciar os fios ruivos de uma e os fios castanho claro de outro.

Estava com dó de ter que acordá-los, os quatro estavam com expressões tão tranqüilas, como se todos sonhassem a mesma coisa, e fosse um sonho bom.

Com o coração derretido, me ajeitei melhor entre as almofadas, Hugo resmungou algo e ficou mais confortável em meu colo, Suri suspirou adoravelmente de olhinhos fechados, se ajeitando sobre meu peito. Do outro lado, Ron abriu os olhos preguiçosamente enquanto arrumava melhor Kate sobre seu peito.

– Quer levar eles lá para cima? –Sussurrou ele.

– Não, vamos passar está noite aqui. –Sussurrei de volta, sorrindo, e ele retribuiu.

– Tudo bem. –Me deu um selinho. – Obrigado por ser essa mulher maravilhosa, e por ter me dado esses três lindos presentes. Amo você, bons sonhos. –Sorri mais.

– Eu que agradeço por tudo que você é. Também te amo, dorme bem. –Fechei meus olhos ao sentir uma das mãos dele afagarem meus cabelos.

E assim, nós cinco passamos uma ótima noite juntos, tendo o mundo inconsciente e consciente da forma que queríamos.

...

Na manhã de segunda fui praticamente rebocada até o carro, onde malas que não sei de onde surgiram estavam. Iríamos para a surpresa de aniversário de casamento, até Tony estava com nós, Bichento ficaria em casa.

Quando chegamos ao aeroporto e Josh nos recebeu (sim, o piloto que nos levou para a lua-de-mel) foi uma emoção total para ele estar conhecendo agora meus filhos, após anos sem nos ver.

Hugo e as gêmeas estavam super animados com a oportunidade de viajar em um jato, e eu sabia que Ron não havia feito essa escolha somente pelo luxo, mas viajar na classe econômica com três crianças pequenas e hiperativas sempre deixa os pais estressados e todos os que estão em volta.

Eu já imaginava o que seria a surpresa, por mais que o ruivo tenha ficado quieto a viagem inteira. Minhas meninas dormiram boa parte da viagem, Hugo ficou assistindo tv, depois quis ir à sala do piloto ver como era e se apaixonou pela visão das nuvens tão próxima.

Quando o jato tocou suas rodinhas em território brasileiro, senti uma nostalgia incrível. O meu primeiro beijo com o ruivo, as vezes que senti Hugo se mexer em minha barriga aqui em nossa lua-de-mel... Terceira vez no Rio, desta vez trazendo meus filhos junto com meu marido.

Foi a vez de Jordan nos receber, já com os cabelos grisalhos, porém com um enorme e bondoso sorriso no rosto que atraiu as gêmeas ruivas, que logo se jogaram nos braços do gentil senhor.

Eu só conseguia sorrir para Ron, pensar no quanto ele era perfeito e na sorte grande que tirei para poder tê-lo só para mim.

Parando em frente ao hotel que me dava tantas lembranças, pude ver os olhos dos meus pequenos cintilando pela visão da belíssima praia de Copacabana.

Não conseguimos ficar muito tempo no hotel porque Hugo e a dupla ruiva estavam muito animados, querendo ir para a praia. E atendemos ao pedido porque também estávamos querendo aproveitar ao máximo.

Já era de noite no Brasil, então a praia estava quase vazia, além de que não estava tão quente e ventava um pouco. Porém, nada estragaria minha felicidade em estar ali de novo, mais ainda com uma paisagem de tirar o fôlego. O mar, o céu azul marinho salpicado de milhares de estrelas cintilantes e a lua cheia marcando presença.

Agora eu caminhava de mãos dadas com Ron, ele vestia um conjunto preto que contrastava com sua pele branca, cabelos ruivos e olhos azuis. Eu sabia que as mulheres que passavam nos olhando sentiam muita inveja de mim por estar com um cara tão lindo.

Já eu estava com um vestido leve e simples, uma coroa de flores enfeitava meus cabelos cacheados. Era como um casal jovem passeando, e o que mais deixava bonito de se ver era as três crianças gargalhando gostosamente e correndo em volta do casal, junto de um cachorro que também fazia parte daquela família.

Hugo brincava de pega-pega com Kate e Suri pela areia, Tony também participava da brincadeira latindo feito doido, enquanto eu e meu marido andávamos com água do mar até os tornozelos, sorrindo e trocando olhares de vez em quando.

Com o barulho das ondas e o vento que serpenteava em nossos cabelos, passei um bom tempo pensando em tudo... Como tudo começou, como tudo mudou... Há uns anos atrás eu estava com dezessete anos e havia tido meu primeiro beijo com Ron aqui, e agora eu estava casada com ele com nossos filhos por perto. Como o destino é... Incrível, não?

Apesar de todas as dificuldades, as tempestades pela qual nosso barco passou, estávamos juntos e somente no começo do nosso “felizes para sempre” ainda.

– Foi como o mar... –Comecei de repente com a voz suave, soltando da mão de Ron e caminhando na sua frente lentamente, seus olhos acompanhando minhas passadas calmas. – A maré nos trouxe coisas e também as levou. Abriu feridas com a força das ondas quebrando e as curou com o recuo das águas. A maré, muitas vezes subiu e quase nos afogou, mas aprendemos muito com os momentos que passamos lutando para voltar a superfície, porém alguns dos momentos que passamos também nos incentivaram não a nadar para a borda, para o seguro, mas a adentrar cada vez mais no oceano, nadar o mar aberto, encontrar o novo... Muitas vezes perdemos a vontade de respirar e outras simplesmente não conseguíamos de pura alegria. Você... –Estiquei minha mão, entrelaçando com a sua mais uma vez. – É como um oásis no deserto, e eu uma pessoa que vagou muito tempo, sedenta. Ou simplesmente meu porto seguro no meio do oceano, você foi a pessoa que me incentivou a nadar contra a correnteza, a não ser levada pelas águas turbulentas, que me levou para o seguro, que me deu três lindos presentes, quando na verdade já era a minha maior realização.

Você é meu sonho que se tornou realidade. Você é a correnteza que lavou minhas feridas, curando-as. Você não me mostrou o que era a vida, você me mostrou o que é viver e agora finalmente nadamos, procuramos e desfrutamos de tudo que a maré da vida nos traz. Eu sou como a lua, que necessita do sol para brilhar, e você é meu sol. E juntos assim, seremos eternos. –Finalizei, com uma lágrima tímida escorrendo no canto do meu olho. Ron secou-a carinhosamente e sorriu, emocionado. Me abraçou carinhosamente e me beijou com toda a calma do mundo, com todo o amor do mundo.

– Eu te amo. –Ele disse olhando em meus olhos. Fitando aquelas orbes azuis eu encontrei o que precisava para viver eternamente: seu amor. Isso pra mim já basta.

À noite, voltamos para o hotel e enquanto nossos filhos se divertiam juntos, Ron pegou seu violão e cantou para mim com aquela voz suave e levemente rouca que eu tanto amava. Quando Mine da Taylor Swift começou a soar lindamente, senti meus olhos ficando úmidos. Aquela letra nunca havia feito tanto sentido na minha vida.

E antes de adormecer abraçada com Ron, com nossos três filhos aninhados na cama com nós dois, suspirei enquanto repetia uma frase da música em minha cabeça.

“Você é a melhor coisa que já foi minha...”

Era isso. Eu tinha tudo, amava tudo o que tinha e isso bastava. O futuro já não me assustava mais, só me instigava. Eu amava cada segundo que se passava, e eu tinha certeza de que seria assim sempre.

E o principal...

Tudo estava bem.


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