The Best Thing Thats Ever Been Mine escrita por manupotter


Capítulo 37
Nobody gonna love me better...


Notas iniciais do capítulo

boa taaarde, fofas! tudo bem com vocês? eu vou bem, triste porque as férias estão acabando, né :/ mas tudo que é bom, dura pouco, fazer o que... e ainda semana que vem tem a entrega nos boletins eu acho, VISH vou rezar muito pra me manter viva.
eeenfim, antes de tudo queria dizer que fiquei muuuuuuito feliz em receber minha quinta recomendação, é sério, vibrei aqui *-* por isso dedico o capítulo a fofa da BeatrizAnjos que começou a acompanhar minha fic a pouco tempo e até deixou de ler outras fics para poder se adiantar na minha. obrigada muito pelo carinho, esse capítulo é pra você! ♥
então né, como sempre, tive uma ajudinha para desenvolver esse capítulo com minha bff. já falei tudo que precisava dela nos créditos que dei a ela, então, tenho certeza que ela sabe o quanto eu amo ela, que ela é a melhor amiga do mundo, minha sister de mãe diferente e além de tudo isso, uma genie que está sempre ali quando meu estoque de inspiração esgota e preciso das suas ideias. sem você, a fic não estaria no caminho maravilhoso que está agora. obrigada por tudo ♥
agora direto ao ponto, não vou dar spoilerzinhos antes do capítulo, só vou dizer que escrevi ele com muito carinho e pensando em vocês, acho que vão gostar, eu espero :D e para ter certeza, aguardo comentários de vocês! beijinhos e até semana que vem ;*



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"...I must stickwitu forever..." Stickwitu - The Pussycat Dolls

Hermione POV

Fomos embora quando já se passavam das nove horas, mas estava tão bom ficar apreciando a brisa morna da noite que eu poderia ficar dias daquele jeito, abraçada com Rony, sentindo o cheiro inebriante de sua pele, escutando as batidas aceleradas do seu coração e sua respiração batendo levemente em mim.

Só que ao chegar em casa, me deparo com uma triste conclusão. Agora eu voltaria para o mundo real. Pensar que eu tinha que achar alguma faculdade pra começar, enfrentar a fúria da Minerva para poder voltar a trabalhar, isso se ela não me proibir de pisar na biblioteca, pois fui muito irresponsável com meu trabalho.

Me despedi de Rony na frente da minha casa realmente desanimada, mas tentei esconder, pois o dia que eu havia passado com ele tinha sido um completo conto de fadas.

Foi só entrar na minha residência que fui recebida por uma mãe louca pra saber como havia sido meu dia e um pai morrendo de ciúmes e me interrogando sem parar sobre o porque que eu havia demorado tanto. Ah, pais...

– Filhinha, o que foi que vocês fizeram? –Perguntava minha mãe, com seus olhinhos brilhando, enquanto mexia uma panela com molho de macarrão.

– Um piquenique. –Dei um profundo suspiro e sorri, ela sorriu também como se tivesse ido com a gente e se divertido um monte.

– Que eu saiba... –Papai entrou na cozinha pigarreando. – Piqueniques não levam a noite toda. –Recebi um olhar desconfiado e tudo que eu fiz foi dar de ombros.

– Os nossos levavam, se lembra, amor? –Minha mãe disse, corando ligeiramente. Pude vê-la sussurrar “garanhão” quando meu pai voltou seu olhar para ela. Ó céus, eu não mereço.

– Lembro, ah se lembro... –Ele deu um sorriso satisfeito. – Mas nada me impede de arrancar explicações boas da minha filha de dezessete anos que chega depois das nove horas da noite e nem nos avisa direito.

– Ah, pobre papaizinho desinformado... –Fiz um bico e ele semicerrou seus olhos para mim, eu e minha mãe caímos na gargalhada.

– Ignore o ciumento ali, bebê. Enfim, se divertiu? –Mamãe perguntou.

– Mais do que nunca. –E lá estava o sorriso bobo novamente nos meus lábios. Meu pai deu uma grande bufada de reprovação e saiu pisando duro. – Santo deus, quando ele vai aprender que sua filha já não é mais um bebê? –Revirei os olhos e minha mãe riu.

– E olha que ele ainda acha que você é virgem. –Fiz um sonoro “SHHH” para ela se calar, se papai ouvisse iria me matar. Ou pior, iria transformar Sophia na sua filha preferida só porque ela é um anjo. – Desculpe, querida. –Mamãe deu uma risada abafada pelas costas da sua mão e voltou a mexer o molho.

Subi e fui direto para o banho, ainda tinha um pouco de lama endurecida no corpo. Depois, vesti um pijama curto, aproveitando a temperatura agradável da noite. Prendi meus cabelos em um rabo de cavalo e desci, o jantar já estava servido, um delicioso cheiro de macarronada se agarrou às minhas narinas.

Não que eu estivesse com muita fome, é óbvio, o piquenique foi mais que gratificante, mas eu não jamais diria um “não” para a macarronada com queijo ralado da minha mãe.

Sentei a mesa e fui me servindo, papai continuava me encarando como se eu fosse uma intrusa na casa. Se Rony for assim com a nossa filha – se não for pior, é claro – juro que arranco a cabeça dele.

– Mãe, a Minerva te disse alguma coisa sobre meu trabalho? –Perguntei receosa, tomando um gole de suco de limão. Minha mãe ergueu as sobrancelhas e enfiou mais uma garfada de macarrão na boca.

– Bom... Não falou nada. –Respondeu ela e eu suspirei.

– O que será que vai me acontecer se eu aparecer lá amanhã?

– Tenta, filha. A Minerva talvez possa te entender e deixar você voltar lá, se bem que ela é bem severa quando se trata da biblioteca... –A última parte ela sussurrou, mas eu pude escutar porque os únicos barulhos na sala de jantar era o tilintar dos talheres. Meu estômago deu voltas e senti que era hora de parar de comer.

Me despedi com um boa noite a todos e subi, pensando em ligar para as minhas amigas, que me confortariam e me dariam todo o apoio, e também contar como foi meu dia com Rony, mas não estava com disposição para falar, sentia que a qualquer hora poderia vomitar se abrisse a boca.

Além de ter perdido meu namorado por um tempo por causa do meu egoísmo quando Lilá retornou das cinzas, perdi meu emprego e minha única chance de trabalhar em algo que eu gostava, que ganhava bem e ainda poderia adequar o horário de trabalho com minha faculdade, pois a Sra. McGonagall estava disposta a me ajudar. E ainda tinha o resultado da minha prova para entrar em Harvard que sairia semana que vem, o que já era um caso perdido.

Mas agora não era hora de chorar pelo leite derramado, iria correr atrás dos meus objetivos sem olhar para trás.

Quando fui me deitar, meu celular vibrou alertando que uma nova mensagem havia chegado. Era de Gina, perguntando por que Rony estava tão sorridente quando chegou em casa, e no final do SMS ela ainda colocou um “safadinha”. Essa ruiva...

Antes de dormir, ou tentar, que era meu caso, resolvi escutar alguma música, assim relaxaria um pouco. E bem na hora que liguei o rádio, começou a tocar “Today Was a Fairytale”. Coincidência? Talvez, mas só pensei em aproveitar o embalo da música.

(Música: http://www.youtube.com/watch?v=wUqnrjSFXtE&feature=player_embedded#!)

Today was a fairytale, you've got a smile that takes me to another planet, every move you make everything you say is right
Hoje foi um conto de fadas, você tem um sorriso que me leva pra outro planeta, cada movimento que você faz, tudo que você diz está certo
Today was a fairytale
Hoje foi um conto de fadas...

Time slows down whenever you're around
O tempo desacelera sempre que você está por perto
But can you feel this magic in the air? It must have been the way you kissed me
Mas você pode sentir essa magia no ar? Deve ter sido o jeito como você me beijou
Fell in love when I saw you standing there, It must have been the way
Today was a fairytale
Me apaixonei quando te vi esperando lá, deve ter sido o jeito
Hoje foi um conto de fadas


Quando a música terminou, não pude deixar de soltar um suspiro. Realmente, muito mais relaxada. Antes que meu cérebro resolvesse me trair me lembrando do meu futuro incerto e assustador, deitei minha cabeça em meu travesseiro macio e adormeci acariciando o pelo laranja de um Bichento recém chegado em meu quarto.

...

Acordei com o som do meu despertador, tateei em busca do aparelho infernal que berrava em meu ouvido dizendo que era hora de acordar e tentei desativá-lo de olhos fechados, até que a impaciência me dominou e o arranquei da tomada mesmo.

Forcei minhas pálpebras a se abrirem e um pequeno feixe de luz do sol fraco adentrava em meu quarto, estava ainda amanhecendo, o amarelo brilhante subindo por entre as copas das árvores me informou isso.

Virei meu rosto para o relógio, quase sete horas. A biblioteca abria as oito, mas eu queria ser a primeira a chegar lá para mostrar como sou competente.

Levantei morrendo de preguiça, apenas jogando meu corpo de um lado para o outro, me despi de qualquer jeito e me enfiei debaixo do chuveiro de olhos fechados. Não sei como consegui tomar banho, só me recordo de sair enrolada na toalha já mais acordada e entrar no closet a procura de algo decente para vestir.

Depois de achar uma calça skinny bonita, uma t-shirt e jaqueta de couro azul, resolvi me trocar. Mas quando olhei minha imagem refletida no espelho grande do meu closet, quase cai para trás. Uma marca horrível de mordida estava muito visível em meu pescoço.


– Ótimo dia para você ter me mordido, Rony. –Murmurei brava para mim mesma, passando os dedos na mordida dolorida. Quase comecei a chorar, uma menina decente não apareceria no trabalho para pedir desculpas e implorar o emprego de volta, prometendo trabalhar melhor, com um hematoma tão óbvio daquele.

Se bem que fui eu quem começou com essa história de mordidas... Ah, foda-se, reclamar não vai adiantar.

Quando ia começar a me vestir, meu celular começou a tocar “Wannabe”, a música que tocava quando minhas amigas ligavam. Acionei o viva-voz e atendi.


– Bom dia, flores do meu jardim. –Falei em um tom doce, deixando o celular em cima da minha cama e pegando minhas roupas. Uma tempestade de vozes tentou me responder, mas eu não entendi uma palavra sequer.

Uma de cada vez, japa histérica. –Disse a voz imponente de Gina.

Tá, chata. –Reclamou Cho. – Como foi ontem, Mi?

– Perfeito, meninas. –Sorri involuntariamente, vestindo minha calça com um pouco de dificuldade, pois tinha que me inclinar na direção do aparelho para que elas me escutassem.

Outra hora você conta os detalhes. Ligamos para perguntar outra coisa. Você sabe onde a senhorita Luna foi? –Questionou a japonesa. Realmente, eu havia sentido falta da voz calma e sonhadora da loira no telefone.

– Não, por quê? Aconteceu alguma coisa? –Perguntei sentada no colchão, vestindo minha blusa.

É isso que queremos saber. –Confirmou a ruiva. - Ela não nos atende de jeito nenhum. O celular dela está desligado e a governanta da casa dela, a mulher mais chata e inconveniente da face da Terra nos disse que ela não está. –Franzi minha testa, pegando o celular e deixando-o em cima da minha penteadeira, enquanto me sentava para me maquiar.

– Tentaram entrar em contato com McLaggen? Sabe, ontem foi o aniversário de namoro dos dois também, eles podem estar no cinema agora ou algo assim. –Sugeri.

Celular desligado também, pode ser, mas... Isso está me cheirando mal. –Disse Gina em um tom desconfiado.

– Ai Gi, não pense no pior, ok? Se eu souber de alguma coisa, ligo para vocês. Agora, tenho que me arrumar, vou tentar pegar meu emprego de volta. Beijo! –As duas se despediram de mim e eu desliguei. Botei na minha cabeça que Luna devia ter saído com o namorado para poder terminar de me arrumar tranqüila.

Depois de já estar devidamente vestida, passei muita maquiagem no pescoço, mas descobri que somente se eu erguesse a gola da minha jaqueta é que a marca iria desaparecer. Ótimo, tem tu, vai tu mesmo.

Sequei meus cabelos e deixei-os soltos, mais uma ajuda para esconder a mordida. Passei uma maquiagem leve, calcei meu all star preto e desci para tomar café, dona Carmelita havia acabado de levantar, percebi isso por causa dos seus cabelos curtos revirados e seus olhinhos murchos.


– Bom dia! –Falei, fingindo uma falsa animação. Eu estava realmente tensa agora.

– Bom dia. –Dona Carmelita me olhou arqueando as sobrancelhas. – O que faz acordada a essa hora?

– Vou implorar pelo meu emprego. –Falei simplesmente, pegando um pão de queijo e começando a comer.

Quando dei por mim, já se passavam das sete e meia e meus pais estavam saindo para trabalhar. Escovei os dentes ligeiro e peguei carona com eles.

Chegando na frente da imponente construção que era a biblioteca, meu sangue congelou nas veias.


– Boa sorte. –Desejou minha mãe, me abraçando. – Qualquer coisa nos ligue! –Assenti e acenei para meu pai.

Dei a volta pelo lugar e cheguei à porta de trás, a porta dos funcionários. Mal entrei e já dei de cara com Minerva. Os mesmos cabelos presos em um coque firme, as mesmas roupas impecáveis e a pose sempre elegante.


– Olá, senhorita Granger. O que faz aqui? –Perguntou ela, me observando por cima dos óculos, seu olhar severo me avaliava.

– Oi... Ahn... –Comecei, suando frio. - Bom, sei que não comecei muito bem aqui, mas queria provar que posso sim ser uma funcionária excelente e me arrependo muito de ter abandonado esse ótimo emprego sem nem ter avisado a senhora, e...

– Esteja aqui depois do almoço, vai retornar no turno da tarde. Amanhã, aguardo a senhorita às oito horas, como sempre. –Uau, foi mais fácil do que eu imaginava. Um breve sorrisinho se crispou na boca fina de McGonagall e logo depois ela se retirou dos fundos da biblioteca e foi para seu posto.

Sai de lá boquiaberta, foi MUITO mais fácil do que eu imaginava. Certo, o primeiro passo deu tudo certo. Eu estava de volta no trabalho, agora teria que esperar até semana que vem para ver a linda palavra escrita em vermelho na minha carta da Harvard.

Já podia até enxergar naquela bela folha um “Reprovada” escrito em negrito. Só espero que Deus me de força para que eu não desmaie quando esse dia chegar.

Voltei para casa de táxi, completamente sorridente e animada. Como não pude resistir, me joguei no sofá da sala na primeira oportunidade, tirando uma boa soneca até as onze horas, sem nem me acordar com os gritos de Sophia que estava sendo perseguida pelo seu coelho.

Almocei rapidamente e já me mandei de volta para a biblioteca, onde dei de cara com Neville.


– Oi, o que faz aqu... –Pulei nele, abraçando-o com força.

– Sua amiga mais chata voltou! –Gritei, bagunçando os cabelos escuros dele, que só ria.

– Que bom! Mas fiquei sabendo que Minerva ficou furiosa quando você se foi. –Suspirei.

– É, fiquei furiosa comigo mesma também. Mas então, como vai a vida? –Perguntei sorrindo. Fiquei conversando com Neville enquanto ele comia, e quando finalmente a sineta alertando o recomeço do trabalho tocou, sai feliz a procura do meu crachá. Coloquei-o no meu peito e me dirigi até as prateleiras desarrumadas.

Por pelo menos uma hora, fiquei apenas passeando por entre as prateleiras que faziam o local parecer um labirinto, era bom estar de volta. Até que, de repente, meu celular começou a berrar em meu bolso. Atendi discretamente atrás de alguns livros.


– Alô?

Tem uma menina chamada Luna aqui em casa aos prantos dizendo que quer falar com você. –Arregalei meus olhos. Droga, droga, droga... O que eu faria? Partiria para casa sem mais nem menos para ver o que estava acontecendo com a minha amiga e ter a chance de perder o emprego, ou perder a amiga?

– Diga para ela vir para cá. –Me dividi entre as duas coisas. Dona Carmelita me obedeceu e desligou.

Preocupada com Luna, não consegui me concentrar muito bem em organizar os livros em ordem alfabética. Fiquei mais próxima da entrada, para ver sua chegada, e quando vi uma cabeleira loiro claro se aproximando, fui até ela.


– O que foi, Luna? –Perguntei, abraçando a menina que soluçava alto.

– McLaggen... Oxford... Terminou! –Disse ela pausadamente, chorando mais alto. Sumi atrás de uma prateleira para Minerva não me achar.

– Respira, Luninha, e me conta. –Pedi calmamente e ela inspirou, parando de soluçar um pouco.

– McLaggen vai embora para a Inglaterra... Conseguiu entrar em Oxford, vai me abandonar aqui, Mi!

– Como assim? –Levei-a até um canto mais isolado, próximo a um bebedouro. Peguei um copo descartável e o enchi de água gelada, dando para a loira em seguida.

– Já te falei... –Choramingou ela, tomando um gole da água. – Ele foi aprovado em Oxford e vai ter que se mudar para a Inglaterra junto com os pais! E eu achando que quando ele me ligou perguntando se poderia ir na minha casa, iria comemorar nosso aniversário de namoro... Mas não, McLaggen me enrolou por alguns minutos, até que eu cansei e pedi para ele ser honesto, então veio a bomba. Ele disse que não poderemos namorar a distância, que não vai dar certo... Ele jogou um ano de namoro no lixo, Mi!

Minha vontade agora? Matar McLaggen. Sim, um dia ele foi meu melhor amigo, há tempos atrás, agora ele havia se tornado meu pior inimigo. NINGUÉM machuca o coraçãozinho das minhas amigas. Quero só ver o que acontecer quando a ruiva e a japonesa descobrirem, vão planejar um assassinato.


– Não sei nem o que te dizer, Luna. Mas se o McLaggen trocou o amor de vocês por uma universidade, ele não merece suas lágrimas. –Entreguei a ela um lenço, me recordando de que quase fiz isso uma vez, quando meu pensamento só parava em ser aprovada pela Harvard. Tão tola...

– Eu sei, mas... Poxa, um ano, Mi! Eu gostava dele, será que ele não percebeu? –Luna secou as lágrimas, limpando seu rímel borrado. Neville, provavelmente não entendendo a situação, apareceu no local em que estávamos e a aparição dele fez a loirinha praticamente pirar. – SAI DAQUI! –Gritou ela descontrolada, pegando um vaso e tacando nele.

– Neville! –Berrei, assustada. O vaso havia pegado na testa dele em cheio, fazendo-o cair no chão e o vaso se espatifar ao lado dele.

– MEU DEUS! Desculpa, ai meu deus, eu estou ficando louca... –Murmurou Luna, me ajudando a por um Neville muito tonto em pé novamente.

– Eu... Eu limpo isso depois. –Falou ele, enrolando a língua.

– Neville? Neville Longbottom? É você mesmo? Me desculpe, é que estou muito nervosa e... –A loira se apressou em se desculpar, mas tudo que ele fez foi dar de ombros.

– Sem problemas. –Seu rosto formou uma careta horrível de dor.

– Vem cá, vamos colocar um gelo nisso. Luna, vá para casa, durma, relaxe. Mais tarde vejo você, tudo bem? –A abracei e ela retribuiu, soluçando um pouco.

– Certo. Foi besteira minha ter vindo para cá, mas é que Cho e Gina não iriam me entender como você entende, as duas nunca brigaram pra valer com Harry e com Cedrico, e você já. –Afaguei seus cabelos loiros ondulados e dei um sorriso de consolo.

– É... Mas não se preocupe, tudo vai melhorar. Fique bem! Amo você. –Acenei para ela com um pouco de remorso.

– Eu também. –Luna sumiu por entre as prateleiras e eu entrei com Neville nos fundos da biblioteca, em um tipo de cozinha para os funcionários. Peguei um saquinho de gelo e coloquei no galo da testa dele.

– Ai... –Gemeu ele, fazendo mais uma vez uma careta de dor. – O que aconteceu com ela? –Perguntou Neville, segurando o saquinho de gelo.

– Dor de amor, Neville. Dor de amor... –Suspirei, pegando uma pá e uma vassoura para tirar os pedaços do vaso do chão.

No resto do meu turno de trabalho passei impedindo uns moleques idiotas de irem para a sessão de livros adultos. Acredite, deu muita vontade de dar uns tapas nos garotos, mais ainda porque as mães não estavam presentes, mas tudo que eu fiz foi aguardar uma hora que eu perdesse a paciência e chamei Minerva, que bastou um olharzinho para eles sumirem da biblioteca.

Depois, fiquei limpando os livros da estante mais alta, com a ajuda do Longbottom que segurava a escada com uma das mãos enquanto a outra segurava o saco de gelo na testa.

Quando a sineta tocou, me senti aliviada, minhas costas já doíam por ficar tanto tempo esticada na escada. Era estranho, eu me sentia mais cansada do que o costume.

– Tchau, Nev. –Dei um beijo no rosto de Neville e entrei no carro do meu pai, que passou para me buscar.

– Tchau, te vejo amanhã e... Melhoras para a Luna! –Acenei para ele sorrindo.

– E ai, como foi de trabalho? –Perguntou meu pai, parando na sinaleira mais próxima e descansando as mãos no volante.

– Ótimo, só estou cansada... –Me alonguei o que pude dentro do carro e senti meu corpo estralar. – E você? –Deitei minha cabeça no banco e fechei meus olhos, aproveitando a brisa perfumada que entrava no carro pela janela.

– Ótimo também, uma menina de cinco anos fez escândalo quando liguei a broca e ela começou a fazer aquele barulhinho irritante. E ela me mordeu. –Meu pai mostrou a marca de dentinhos na mão e eu me rachei de tanto rir.

– Todo mundo se assusta com aquela paradinha, todo mundo. –Chegando em casa, fui direto para o banho, o cansaço estava me matando, era até estranho, pois desde que me tornei cheerleader no ano passado meu físico agüenta uma rotina pesada mais fácil, e hoje nem foi um dia tão movimentado. Devia ser isso, eu parei de me exercitar...

Depois de vestir meu pijama e minhas lindas pantufas de joaninha, decidi ligar para as minhas amigas e contar o que houve com Luna, e arranjar um jeito de ajudá-la também.


– Como assim o palhaço sem cérebro terminou com ela? –Gritou Cho no telefone minutos depois.

– Vai pra Inglaterra e não quer mais saber dela. –Falei, me jogando na cama com meu celular no viva-voz ao meu lado.

– Mas é muito idiota mesmo... –Disse Gina em um tom amargo.

– Eu sei... Também quero matá-lo, meninas, mas é melhor consolarmos a Luninha primeiro, não é? –As duas suspiraram.

– Você está certa. Mas o que vamos fazer? Enquanto ele existir, ela não vai ficar totalmente bem. McLaggen trocou ela por uma faculdade! –A ruiva falou.

– Que tal uma festa do pijama amanhã? Só nós quatro, sem meninos para encher o saco.

– Não é uma má ideia... –Comentou a japonesa. – Realmente, não é uma má ideia. Amanhã na casa de quem?

– É bom não termos pais para encher o nosso saco também...

– Na minha casa então, dou uma passada sem retorno para o Japão para meus pais e pronto. –Eu e Gina rimos. – É sério, dou um jeito de me livrar deles. Pago um motel de beira de estrada, sei lá. Mas podem vir, combinado?

– Combinado. –Confirmei depois terminar meu acesso de risos.

– É, combinado. –Respondeu a ruiva rouca, provavelmente no meio de uma crise de risos também.

Desliguei e fui jantar, Bichento que estava namorando em cima do muro com uma gata toda branca muito linda, resolveu abandonar a gandaia e voltou para dentro de casa quando me viu na sala de jantar.

Contei as novidades para minha mãe enquanto comia e depois resolvi assistir um pouco de TV, o noticiário até que estava interessante. Até que meus olhos foram pesando, pesando... E quando dei por mim, não era nem dez horas da noite e eu já estava quase dormindo sentada. Deus, o que está acontecendo comigo?

Desejei uma boa noite para meus pais e subi para meu quarto, meu gatinho ruivo na minha cola.


– Volta lá com sua namorada, ela não é melhor do que o colo da mamãe? –Bichento deu um miadinho que saiu mais como um “não” e eu ri baixo.

Já deitada escutando o ronronar do meu gato, peguei meu celular e não me contive em enviar uma mensagem para Rony.


Seu filho anda muito saidinho, vi ele hoje com uma gatinha em cima do muro. Ele está trocando a família pela saideira, Ron! O que eu faço?

Pensando no quão idiota foi minha mensagem, fiquei rezando para que não chegasse para Rony. Mas quando meu celular vibrou embaixo do meu travesseiro, ele já tinha até respondido.


Puxou o papai, é isso ai, garotão! Brincadeira, amor, não precisa me bater. Dá um jeito nesse moleque, e diz que se ele ferir os sentimentos da gatinha, vai se ver comigo. E não precisa dar essa desculpa enorme pra falar comigo, Mione.


Arqueei minhas sobrancelhas. Então ele pensou que eu estava dando uma desculpa pra falar com ele?


Convencido. Nem dei desculpa alguma.


E novamente o celular vibrou. Olhei para a tela e soltei uma risada.


Realista. Não precisa conter suas saudades, baby.

...

Tosco. Vou dormir, estou morrendo de sono, beijos.

...

Calminha ai, me encheu agora agüenta as conseqüências. Como foi seu dia?

...

Foi muito bom. Voltei ao trabalho, Luna apareceu desesperada lá porque McLaggen terminou com ela para ir para Oxford e Neville recebeu um vaso na testa por causa de um surto de nervosismo dela.

...

NOSSA! Que dia movimentado, amor. Ah, fiquei sabendo dessa do McLaggen, Gina me contou. Desde que ele tentou te beijar, esse moleque não me desce totalmente. Tenho permissão para matá-lo, senhorita?

...

Se alguém tiver que fazer isso vai ser eu e minhas amigas, senhor Ciúmes. Boa noite.

...

Boa noite, princesa. Dorme bem, amo você.

...


Você também. Eu também te amo meu princeso, muito, muito.


Dei o típico suspiro apaixonado que tomava conta de mim involuntariamente e muito frequentemente. Deitei minha cabeça em meu travesseiro e mergulhei nos meus sonhos quase que de imediato.


...

Na manhã seguinte o despertador começou a soar alto em meus ouvidos e me lembrei que agora chega de folga, tinha um trabalho para comparecer. Desejei voltar a ser criança, só me preocupar com minhas Barbies desaparecidas e depois sentir alívio em vê-las debaixo da minha cama.

Acordei pouco disposta achando que um banho adiantaria, só depois que mudei a temperatura para “porra, que gelado” foi que despertei de uma vez.

Pensei em colocar um vestido, calça skinny não me permite muita mobilidade e minhas pernas ficariam felizes em não doer hoje, mas me lembrei dos adolescentes tarados que vinham na biblioteca pra me ver colocar os livros na prateleira alta e ter uma boa visibilidade da minha bunda, babacas.

Coloquei a calça skinny mais confortável do meu closet, uma t-shirt com estampa divertida e prendi meu cabelo em um coque. Calcei meu all star e desci para comer algo antes de ir.

Meu pai me levou de carona como de costume antes das oito e minha mãe fez até um sanduíche saudável para eu comer no almoço, pois segundo ela eu estava com cara de doente. Mães...

A manhã de trabalho não foi nada exaustiva, pelo contrário, foi até boa. Fui recrutada para ler histórias infantis para crianças na metade da manhã, tudo que fiz foi sentar em cima de almofadas confortáveis e passar um bom tempo com crianças adoráveis e cheias de opinião. Percebi que consigo lidar bem com crianças, pediatria é um cargo que eu poderia pensar em cursar...

Durante a pausa para o almoço, me senti mais cansada do que nunca. Comi o sanduíche preparado pela minha mãe e me deitei no espaçinho em que estava lendo as historinhas, me acomodei na almofada e aproveitei a meia hora de intervalo para cochilar.


– Mione, acorda! A sineta já tocou. –Sussurrou uma voz distante, me remexi resmungando e me virei para o outro lado. – Mione! Acorda! –A voz se aproximou mais e alguém me chacoalhou levemente.

– Que foi? –Espiei, mal-humorada e a cara de Neville me observava. – Droga, esqueci do trabalho. –Murmurei me levantando em um pulo. – Mas estava tão bom dormir... –Me espreguicei e Neville riu.

– Creio que sim, pois você não acordou nem quando derrubei um livro pesado sem querer. –Ri, voltando ao meu posto em uma prateleira mais próxima.

A tarde foi mais cansativo, pois tive que me mover mais. Uma escola resolveu trazer uma turma da primeira série para a biblioteca, imagine crianças de seis anos em uma biblioteca. Silêncio, que é algo necessário para o local, foi algo completamente inexistente nessa visitinha deles, além de todos os livros que foram parar no chão quando os metidos resolviam mexer.


– Se eu pudesse voltar atrás e negar a visita deles... –Murmurava Minerva espumando de raiva já quando viu um menino pegar um livro, ler o título, se desinteressar e simplesmente jogá-lo no chão.

Quando tocou a sineta novamente, parece que uma âncora despencou das minhas costas. Fiquei muito feliz em ver o carro do meu pai estacionado na frente da biblioteca.

Voltando para casa, tudo que fiz foi arrumar uma mochila com coisas necessárias para uma festa do pijama e pude escutar uma buzina aguda já conhecida. Cho havia estacionado seu New Beetle na frente de casa.


– Tchau mãe, tchau pai, tchau So, estou indo! –Gritei, entrando no carro da japinha. Gina já estava sentada no banco de trás ao lado de uma Luna com uma carinha desanimada. Sentei ao lado de Cho, que dirigia. – Oi meninas! –Falei animadamente.

– Oi! –Cho beijou meu rosto e a ruiva também, sorrindo.

– Oi... –Disse a loirinha, fungando.

– O que eu disse, Luninha? Sem tristeza. –Luna levantou a cabeça e forçou um sorriso.

– Certo. –A japa ligou o rádio e deixou tocar David Guetta bem alto, tanto que fazia o carro tremer.

Depois de alguns sustos mínimos com a japonesa na direção, chegamos na casa dela.


– Me livrei dos meus velhos, paguei um motel para eles. –Disse Cho, rindo alto e colocando o carro na garagem.

– Que coisa mais nojenta! –Comentou Gina, rindo. Luna se mantinha quietinha, mas não conseguia deixar de rir.

Com a casa toda para nós, não nos limitamos em ficar só no quarto. Primeiro, ligamos música alta. Já começava a anoitecer e Cho encheu a casa de holofotes coloridos, almofadas pelo chão e tudo mais.

Enquanto “Man! I Feel Like A Woman” da “Shania Twain” tocava estridentemente pela casa, fazíamos bolo na cozinha. Ou melhor, fazíamos guerrinha de comida.


(Música: http://www.youtube.com/watch?v=ZJL4UGSbeFg)


Best thing about being a woman is the prerogative to have a little fun and...Oh, oh, oh, go totally crazy! –Berrava Cho, mexendo a massa do bolo coberta de farinha.

Forget I'm a lady, men's shirts, short skirts. Oh, oh, oh, really go wild, yeah! –Continuou Gina, quebrando mais um ovo e derramando clara para tudo quanto era lado. Eu e Luna nos ocupávamos com o brigadeiro, comendo a maior parte dos confeitos.

Finalizamos o bolo cobertas de ingredientes, gema de ovo escorria dos meus cabelos e eu não conseguia parar de rir.

Depois de um bom banho, vestimos nossos pijamas, cantamos no karaokê, fizemos guerra de travesseiro, brincamos até de gato-mia, finalizamos a noite vendo filmes de terror e comendo pizza.

Estávamos assistindo O Massacre da Serra Elétrica e agora os gritos da moçinha do filme ecoavam na sala escura em que nos encontrávamos, Cho esmagava minha mão, Gina estava tranqüila e Luna ria da reação da japonesa.


AND IIIIIIII, WILL AAAAAALWAYS LOVE YOOOOOU!–Gritou Cho com a voz esganiçada, provavelmente querendo cobrir os gritos da mulher. Minha barriga doía de tanto rir.

– Pára de escândalo, Cho! –Berrou Gina, se dobrando de tanto rir.

YOOOOU, my darling you... –Cantou ela mais baixo, quando os gritos cessaram. Luna chorava de rir ao meu lado.


...

Nossa festa do pijama terminou com as quatro desmontando nos colchões postos na sala, foi realmente uma noite ótima que rendeu boas risadas e felicidade de sobra para Luna, que era o objetivo.

Só que o problema é que no outro dia eu teria trabalho, e foi muito difícil acordar. Foi necessário Gina virar um balde com água gelada em mim. Xinguei-a por alguns minutos, para depois cair na gargalhada com as três.


A única coisa boa do meu dia foi descobrir que Minerva iria para o casamento da sobrinha dela semana que vem iria fechar a biblioteca durante uma semana. Era bom demais para ser verdade, até que Rony me convida de passar essa dias na casa de campo dos avós dele para comemorar o aniversário dele. Não podia ser mais perfeito.

Contente em ter essa semana de folga, meus próximos dias de trabalho foram totalmente tranqüilos, se bem que eu ainda me sentia muito exausta e estava quase recorrendo a ir ao médico. Mas os dias passaram tão correndo que nem tive tempo para respirar.


– Bebê, chegou a correspondência. –Era domingo, um dia realmente agradável e quente, mamãe preparava o almoço com a dona Carmelita, papai fazia churrasco, Sophia se divertia tomando banho de mangueira no quintal. Eu aproveitava meu dia de folga deitada no sofá macio, mandando mensagens alheias para minhas amigas.

– Vou pegar. –Me levantei dando um longo suspiro. Hoje minha carta dizendo o resultado da minha prova para entrar para a Harvard chegaria, e eu não estava nem um pouco ansiosa, e sim muito tensa. – Por favor, isso é muito importante para mim. Eu preciso ser aprovada. –Murmurei, juntando as correspondências de dentro da caixa do correio.

– E ai amorzinho, chegou? –Perguntou minha mãe ansiosa. Olhei entre as cartas e tinha sim uma com aparência formal com um selo vermelho com o brasão da Harvard.

– Chegou. –Falei sem emoção, puxando a carta.

– AMOR! Chegou! Abre filha. –Não queria decepcioná-la nem em sonho, e pelo jeito que ela estava animada, ficaria sim decepcionada.

– Ótimo. Abre! –Meu pai chegou ao lado dela, dando um grande sorriso. Eles haviam visto o tanto que eu estudei, mas... E se não foi o bastante?

Abri a correspondência com destreza, parando só para olhar a frase final.


– E ai? –Indagou meu pai, sorrindo radiante. Tudo que eu fiz foi balançar minha cabeça em sinal negativo, sentindo minha visão embaçar pelas lágrimas. Os sorrisos se desmancharam.

– Ah filha, não fique triste! –Minha mãe me abraçou e comecei a soluçar no ombro dela. Meu pai pegou a carta, seus olhos mirando o “Reprovada” escrito em negrito vermelho no final da folha, ele deu um grande suspiro e me abraçou também.


...


– Amor, não fica assim... –Já era segunda-feira de manhã e eu partia para a fazenda dos avós do Ron. Eu estava com ele na frente de casa, meus pais não iam porque tinham o compromisso com a clínica deles, e eu estava muito abalada emocionalmente. Outro sintoma para adicionar ao meu estado esquisito, exausta e em uma montanha russa de emoções.

– Nem sei porque estou assim... –Falei com a voz trêmula, sendo abraçada pelo ruivo. – Ando muito sensível, coisa de mulher, TPM, sei lá. Não se preocupe. –Funguei, recebendo um beijo no topo da minha cabeça.

– Mulheres... Tão incompreensíveis. –Comentou Harry, rindo.

– Já está a tempo demais comigo, já devia me compreender. –Falou Gina em um tom de acusação.

– Já falei, vocês são incompreensíveis. –Ri, secando uma lágrima que escorreu. Todos ficaram muito chocados por eu não ter passado na faculdade, pois botaram muita fé em mim. Mas ao invés de jogarem na minha cara que eu deveria ter passado, me deram o maior apoio falando que tem outras faculdades ótimas por ai e que eu sempre teria o apoio deles. Era tudo que eu necessitava.

– Vamos então? –Perguntou Rony, sorrindo.

– Vamos. –Me despedi dos meus pais e entrei no carro, Potter e a ruiva nos bancos de trás, como sempre. Essa viagem prometia animar meus ânimos e me dar o descanso que meu corpo tão implorava.

Alguns minutos de viagem tocando Mama Do no rádio, Gina cantando distraidamente, eu e Harry acompanhando a paisagem pela janela e Rony de olho na estrada, a ruiva se manifestou.


– Estou com fome. –Ron bufou.

– Baleia. –Murmurou ele baixinho, e infelizmente, ela escutou.

– RONALD SEU CABEÇA DE FÓSFORO IMPRESTÁVEL! –Gritou ela.

– Não esquece que você é ruiva também, orca! –Retrucou meu namorado, rindo feito doido. Harry olhou para mim confuso e desatou a rir também comigo.

– Chega, irmãos amorosos. Ali em frente tem um Starbucks, vamos parar ali. –Ron me obedeceu, rindo dos constantes xingamentos de Gina. – Depois nós que somos incompreensíveis, né Gi? Eles que provocam.

– Verdade, né? –Desci do carro acompanhando ela até o estabelecimento, os meninos logo atrás de nós.

– Vai querer o que para comer, Mi? –Perguntou Ron, abraçando minha cintura. Olhei em volta e vi várias pessoas com copos de café na mão. Café nunca me agradou, e quando digo nunca é que eu vomitava quando tomava mesmo. Só que o cheirinho de grão de café sendo torrado estava me fazendo salivar...

– Café. –Os três me olharam de olhos arregalados. Eles conheciam minha aversão de café, por isso estavam tão chocados. Era como se um padre resolvesse do nada vender a alma pro diabo.

– Certo... De que? –O ruivo questionou, desconfiado.

– Hum... –Olhei no cardápio. – Um Caramel Macchiato. –Falei, apontando para um café de descrição “Leite vaporizado com expresso e essência de baunilha, coberto com uma distinta calda de caramelo”.

– Isso é muito estranho... –Rony fez os pedidos, Gina comeu um croissant, Harry tomava um copo de cappuccino e meu namorado tomava um igual o meu, só que gelado. Tomei dois copos grandes sozinha, sem abrir a boca para reclamar do gosto do café uma só vez, estava muito mais delicioso que o normal. Outro sintoma estranho adicionado na minha lista.

– OK, vamos ignorar o fato de que a Mione vomitava toda vez que ousava colocar um gole de café na boca. –Os três ainda estavam abismados e eu, muito satisfeita, como se tivesse realizado um desejo enorme.

– Ai gente, ignora... Deve ser TPM, já falei. –O resto da viagem foi uma delícia só, risos, cantorias, e meu dia já estava melhor, comparado ao dia anterior com a maldita carta.

Chegando na magnífica casa, vô Timus e vó Ella já aguardavam na porta de entrada, parecíamos os primeiros a chegar, além de Molly, Arthur, os gêmeos, Gui, Fleur e a pequena Victoire. Rony estacionou na garagem e eu fui a primeira a descer, morrendo de saudades de todos. Nessas semanas que iniciaram fevereiro, não tive muito tempo para curtir a família, e abusaria dessa semana.


– Oi gente! –Os cumprimentei, animada, abraçando cada um. Molly e o marido me deram abraços carinhosos, os gêmeos que não perdem uma oportunidade de me irritar me fizeram as típicas cócegas e cutucões na cintura, além do meu rabo de cavalo tão bonitinho virar um amontoado de cabelo bagunçado. Gui e Fleur me abraçaram também, Victoire já com quase cinco meses sorria para mim. – Olá, princesinha. –Acariciei sua bochecha rosada e Rony se aproximou, para babar na sobrinha.

– Oi lindeza do tio! –O ruivo pegou a bebezinha de lindos cabelinhos loiros que refulgiam a luz do sol e olhos azuis no colo, fazendo cócegas nela, que ria da forma mais fofa do mundo.

Tentando me controlar para não babar da cena terrivelmente adorável, abracei Timus e Ella.


– Senti muito a falta de vocês! –Falei sorrindo e dando um beijo no rosto da vó Ella.

– Nós também, querida. Os outros chegam no último dia de fevereiro, estão ocupados demais para passarem a semana, mas pelo menos passarão uma noite e ficarão no aniversário de Rony. –Disse ela, retribuindo meu beijo.

– Vamos entrar então, crianças? O almoço está quase pronto. –Entramos em casa sentindo um delicioso cheiro vindo da cozinha. Não demorou muito para que uma das simpáticas cozinheiras anunciasse a refeição.

Como sempre, não faltava comida gostosa em cima da mesa e risadas enchiam o cômodo, a carta vinda de Harvard tinha sumido completamente dos meus devaneios.


– Vô, aquela coisa lá... Já está... Pronta? –Perguntou Rony, no meio das conversas. Todos, menos Timus, encararam o ruivo completamente confusos.

– Ah... –Vô Timus sorriu em compreensão. – Claro que está, filho. –Confirmou ele, ainda sorrindo.

– OK... Vamos fingir que entendemos tudo... –Disse Gina, colocando mais uma garfada de macarrão com queijo na boca.

– Nem é pra entender, maninha. Baby, quer passear no lago mais tarde? Para ver o sol se pôr? –Molly e Ella deram suspiros apaixonados e sorriram.

– Ah... Quero sim. –Dei um sorriso tímido. – Mas só se você me contar o que você e o senhor Timus estão aprontando. –Falei, cruzando os braços e Ron gargalhou. Mesmo depois de muita chantagem, me rendi, pois nem ele, nem o vô dele iriam me dar alguma dica do segredinho deles, e parecia que nem vó Ella estava sabendo.

Me contentei em passar a tarde na varanda com a família, os meninos jogando futebol americano até caírem cansados na grama, eu e Gina mimando a pequena Vic que ficou deitada entre as almofadas do chão mexendo os braçinhos nos olhando curiosa.


– Amor, vou lá tomar um banho e depois vamos no lago, ok? Se quiser trocar de roupa também... –Disse um Rony todo suado e ofegante.

– Certo. –Depositei um beijo no rostinho macio e cheiroso de Victoire e subi com meu namorado até no nosso quarto.

Chegando lá, ele pegou algumas roupas e foi para o banheiro do corredor, enquanto eu buscava algo bom na minha mala. Achei um lindo vestido florido com a cintura marcada em cores candy, muito meigo. Se Rony queria fazer esse passeio de barco romântico, seria a roupa ideal.

Tomei um longo e delicioso banho, já de roupão e toalha enrolada no cabelo, me sentei para passar uma maquiagem leve. Sequei meus cabelos, reforcei os cachos e calcei um oxford rosa bebê.

Sai do quarto a procura de Rony, ele não parecia estar no segundo andar. Desci as escadas e as pessoas ainda estavam na varanda curtindo o fim de tarde, Victoire balbuciava animada do colo da vovó Molly, as outras mulheres riam e os meninos ficavam fazendo passes com a bola de futebol americano.


– Oi, viram o Ron? –Perguntei, chegando na varanda.

– Que moça mais bonita. –Molly disse sorrindo e balançando Vic no braços. – Ele passou rapidinho por aqui, disse para você encontrá-lo no lago.

– Leve uma sombrinha, para o sol não te incomodar. –Ella me entregou uma bela sombrinha japonesa florida.

– Obrigada. –Sorri. – Bom, vou indo então. Vejo vocês depois. –Acenei, saindo pelo campo aberto coberto de bela grama verde e bem aparada, que na minha última visita estava coberta de neve branquíssima. O delicioso aroma das flores que agora se espalhavam pelo espaço do gramado adentrava em minhas narinas enquanto eu caminhava sentindo uma agradável brisa acariciar meus cabelos, girando a sombrinha acima da minha cabeça.

Chegando perto do lago, pude ver o sol refletido na água cristalina e um belo garoto próximo a um barco. Sua silhueta foi ficando mais próxima cada vez que me aproximava mais, consegui ouvir meu coração bater quando vi Rony tão lindo que arrancou meu fôlego. Ele vestia uma camisa social preta, calça jeans grafite e sapatênis, roupas simples que destacavam o azul intenso de seus olhos e seus cabelos ruivos despenteados que voavam ao vento. Ele abriu um lindo sorriso torto quando me aproximei mais.


– Como você consegue ser tão linda? Tem certeza que não tem nenhum parentesco com a Afrodite? -Sorri, abraçando-o e enterrando meu rosto na curvatura de seu pescoço, inspirando seu cheiro que me inebriava.

– Se for assim, acho que você é filho dela. –Fiz carinho no rosto dele e beijei seu rosto. Ele abriu mais seu sorriso.

– Vamos? –Assenti, aceitando a ajuda dele de entrar no barco. Logo depois, Ron entrou e começou a remar, indo para o meio do lago. Percebi que haviam velas sobre vitórias régias e magníficas flores de lótus que flutuavam na superfície da água. A luz do sol que já sumia atrás das copas das árvores, pintando o céu de cores incríveis. Um tom avermelhado que virava rosa e um dourado rico.

– Nossa, você arrumou tudo isso? –Indaguei, encantada com tudo.

– Tive uma ajudinha de fora... –Uma música começou a soar baixinho um pouco longe dali. O volume foi aumentando, deixando apenas um efeito sonoro de fundo, era Mine da Taylor Swift que tocava.

– O que... O que está acontecendo? –Perguntei entre um riso e uma exclamação de surpresa. Rony parou no meio do lago, olhei-o desconfiada e de repente ele se levantou do barco. – Ron, tá louco, o que você está fazendo? –Arregalei meus olhos, vendo que o barco balançou um pouco.

– Eu te amo, Hermione! –Ele berrou, seu grito ecoou pela paisagem.

– Ronald Weasley, você é louco! –Gritei de volta, rindo.

– Por você, sua boba. –Então ele se jogou na água, sem mais nem menos, me dando um baita susto.

– Ronald! RONALD! Volta aqui! –Bradei desesperada, procurando-o na superfície da água. Sua cabeça ruiva reapareceu, e ele sorria.

– Olha o que eu achei. –Ron pegou uma vitória régia diferente, no meio de uma linda flor de lótus branca uma caixinha de veludo preto em formato de coração. – Tem uma coisa ai que dependendo da sua resposta, me fará a pessoa mais feliz do mundo. –Ele entrou de volta no barco, as batidas do meu coração sendo sentidas na minha garganta por causa do susto e por causa do que eu achava, tinha quase certeza, do que viria a seguir.

E veio. Rony se ajoelhou na minha frente sorrindo de um jeito que fez meus olhos mergulharem em lágrimas instantaneamente, minhas mãos cobrindo minha boca, meu coração quase saindo pela boca.

– Hermione Jean Granger... –Ele começou, abrindo a caixinha e mostrando o anel mais lindo que eu já havia visto.


(Anel: http://img.alibaba.com/photo/125701371/2_carat_D_VVS1_heart_shape_diamonds_engagement_ring.jpg)


– Você é uma teimosa, birrenta, irritante, mas é minha e eu não conseguiria viver sem sua presença, seus olhos em mim todo tempo, seu jeito de menina que ao mesmo tempo consegue ser uma mulher uma mulher excepcional. Você mudou minha vida da água para o vinho, começou com nossas briguinhas estúpidas e infantis, depois você foi me encantando dia após dia, laçando meu coração e quando dei por mim, estava perdidamente apaixonado por você, e sem volta.

Por mais que de vez em quando as briguinhas idiotas venham à tona, quando estamos separados eu percebi que ficar em um mundo do qual você não esteja do meu lado é tolice, loucura... E eu simplesmente não suportaria. Você ilumina meus dias e habita meus sonhos a noite, é o anjo que veio cuidar da minha vida, me ajudar a voar quando esqueço de usar minhas próprias asas.


Além de ser a pessoa mais importante na minha vida, você é minha melhor amiga, minha companheira, você tem o dom de me fazer sorrir apenas com um olhar desses doces olhos cor de mel. Eu escolhi você para ser minha mulher, Hermione. Escolhi você para fazer parte da minha vida todos os dias até que estejamos velhinhos o bastante para irmos embora desse mundo, escolhi você para criar minha família, começar uma vida nova. Escolhi você para ser só minha, para sempre, minha namorada, minha melhor amiga, minha esposa, minha vida. Porque eu não preciso de mais nada se tiver você, porque você é o meu sonho que se tornou realidade.

Hermione, quer casar comigo?

Do you remember all the city lights on the water? You saw me start to believe for the first time;

Você se lembra de todas as luzes da cidade na água? Você me viu começar a acreditar pela primeira vez;

You made a rebel of a careless man's careful daughter; You are the best thing that's ever been mine.

Você fez a filha cuidadosa de um homem descuidado se rebelar; Você é a melhor coisa que já foi minha.


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Notas finais do capítulo

aaaaawn, que coisa mais fofa esses dois, não? *-* no próximo capítulo tem o POV do Ron sobre a resposta da Mione o/ e ai meninas, gostaram do capítulo?
só quero perguntar uma coisa, alguém está desconfiando desses cansaços excessivos da Mione, esse amor por uma bebida que ela odiava...? :B quem sabe pode ser uma doença, não é? e se for séria :O *manu maléfica dando sustos nas leitoras* HAHAHAHAH quem pegar todos os detalhes desse capítulo, vai sacar o que estou querendo dizer.
deixando esse clima de mistério no ar, agradeço o apoio e o carinho de vocês sempre nos reviews, pois é só com o apoio de vocês que eu ganho ânimo para escrever e além de tudo, escrever é minha paixão, mas com as palavras de carinho de vocês dá um grande impulso, não?
beijooooos, aguardo suas opiniões, e até sexta-feira que vem o/