The Best Thing Thats Ever Been Mine escrita por manupotter


Capítulo 17
There's always someone to ruin my life


Notas iniciais do capítulo

oooooi minhas lindas :3 Primeiramente queria agradecer a recomendação da fofa da Bee Weasley, obrigada mesmo flor, eu amei ♥
eeeenfim, está ai mais um capítulo. Caso não perceberam, estou postando de cinco em cinco dias, é. Não garanto que vai ser sempre assim, talvez eu demore menos de cinco dias algum dia desses, ou até demore mais... Não sei, só sei que a espera vai valer a pena :D
Obrigada por todo apoio desde já, e boa leitura :*



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Hermione POV


– Gatinha, acorde... –Escutei uma voz falando baixinho no meu ouvido, mantive meus olhos fechados e resmunguei, estava tão bom debaixo das cobertas. – Não quer ir para a aula hoje? –Droga, esqueci que tinha aula.

– Estou acordando... –Abri as pálpebras com dificuldade e visualizei um ruivo sorridente. – Agora se manda daqui, você sabe que odeio que me vejam quando acabo de acordar. –Me cobri até a cabeça e Rony gargalhou.

– Tudo bem, seu uniforme está em cima da cadeira. Depois desce para o café. –Assenti discretamente e escutei seus passos se afastando. Levantei cambaleando e catei minhas roupas, indo direto para o banheiro.

Pelo meu reflexo no espelho, percebi meus olhos inchados e abaixo deles uma leve olheira. Argh, odeio cara de doente. Lavei meu rosto e passei um pente nos meus cabelos revoltados. Fiz minha higiene matinal e coloquei meu uniforme de cheerleader, calcei meu all star e observei no meu pulso um amarrador de cabelo como se fosse uma pulseira.

Fiz um coque mais ou menos ajeitadinho e deixei algumas mechas soltas, depois de estar pronta desci até o andar de baixo e os membros da família Weasley conversavam descontraidamente sentados a mesa.


– Bom dia, Mione. Dormiu bem? –Arthur perguntou me avistando enquanto eu caminhava feito um zumbi até a sala, deixando minha mochila em cima do sofá, perto da mochila de Gina.

– Dormi sim, -Sorri recordando do calor dos braços do meu namorado me envolvendo enquanto me ninava na noite anterior. Voltei à cozinha e me sentei a mesa. – E vocês? Dormiram? –Questionei.

– Eu não, Fred se transforma em um trator quando dorme. –Jorge reclamou, fazendo todos rirem.

– Bem eu que ronco mesmo, Jorginho Motosserra. –Os clones começaram a se bater, fazendo Molly estralar a língua raivosa.

– Dormimos muito bem, obrigada por perguntar Mione. –A Weasley mãe sorriu para mim e deixou uma travessa com panquecas americanas em cima da mesa. – Podem se servir, crianças.

O café da manhã foi realmente aconchegante. Enquanto eu me deliciava com panquecas quentinhas cheias de calda de morango, conversas animadas rolavam pela casa. Eu não me incomodaria de passar mais alguns meses aqui. Me lembrar que eu tinha contas para acertar com meus pais me deixava com náuseas, eu não queria sair desse ambiente familiar tão bom que era a casa dos Weasleys.

Os gêmeos saíram para sua faculdade, Arthur se despediu indo para o trabalho e logo após escovar os dentes, verificar se estava tudo nos eixos, me dei conta que já era hora de ir para o colégio.


– Tchau Mi, quando voltar para casa converse com seus pais, como eu te falei, tente não se alterar. Qualquer coisa nos ligue. –Sorri abraçando Molly carinhosamente.

– Obrigada pela hospitalidade, Molly.

– Ah, não precisa agradecer, querida. Sempre nossa casa estará aqui para te acolher. –Abri um sorriso maior ainda demonstrando meu agradecimento e acenei para ela enquanto caminhava para fora da porta. Entrei no carro do Ron e fomos a caminho da escola.

– Por que estava chorando ontem, Mi? –O ruivo perguntou, quebrando o silêncio.

– Um medo bobo, só isso... –Suspirei.

– Medo do que?

– De te perder. –Falei com um fio de voz, mas foi alto suficiente para ele ouvir. Sua mão direita foi parar na minha coxa, fazendo um carinho suave.

– Você sabe que não vai.

– Mas meus pais... –Senti o carro frear e isso fez com que eu interrompesse o que estava dizendo, ergui meus olhos e o sinal do semáforo havia ficado vermelho.

– Nós nunca vamos cometer os erros dos seus pais. –Finalizamos o assunto com um beijo apaixonado, dado antes de o sinal ficar verde novamente.

Chegamos ao estacionamento do colégio e vi as meninas me esperando, Gina já devia ter contado o drama da minha família. Desci do carro e elas correram e minha direção.


– Mi, não fique abalada com tudo isso. Poderia ser algo pior. –Cho me abraçou. - E esse negócio deles arrumarem outro parceiro, relaxa. Meus pais são separados desde que eu tinha quatorze anos, durante essa época fiquei mais rebelde do que já sou hoje em dia. Meu pai teve três namoradas, duas delas eu tratei mal até terminarem com meu pai porque simplesmente a filha dele era um diabo, mas uma delas eu decidi entender seu lado e percebi que ela seria uma boa madrasta. –Sinceramente, ainda estava tentando entender como que a japonesa conseguiria ser mais rebelde do que já é.

– Minha mãe morreu quando eu tinha oito anos, meu pai não quis ter nenhuma namorada porque realmente a amava, mas eu o apoiei porque ele estava muito solitário. –Eu já estava meio sensível com toda essa situação e a Luna ainda me diz isso. Realmente, meus problemas eram mínimos e eu não podia dar tanta importância.

– Obrigada por todo apoio, lindas. –Sorri e abracei cada uma.

– Hey pessoal, que tal para esquecer toda essa tensão, uma festinha lá em casa no sábado? –Cedrico sugeriu.

– Ótima ideia, Ced. –Cho deu pulinhos no lugar.

– Então está marcado. Sábado, na minha casa, às sete horas. O quarteirão todo vai tremer. –Os outros comemoraram e eu só dei um sorriso animado. O sinal bateu e sai na frente com as minhas amigas pelo corredor.

– Mas Cho... Nesse final de semana você não iria ter a sua noite com o Diggory? –Perguntei em um tom baixo.

– A festa não vai me impedir, só vai me ajudar, menina ingênua. –Com um sorriso malicioso, a japinha passou na nossa frente adentrando na sala.

– É uma safada essa japa. Vejo vocês depois! –Gina acenou e foi em outra direção. Eu e Luna entramos na sala e sentamos em nossos respectivos lugares.

Hoje foi o dia em que todos os professores acordaram de TPM, segundo Cho as mulheres com Tensão Pré Menstrual, e os homens com Tensão do Pinto Mole mesmo. Várias vezes minha vontade foi gritar um “vai tomar no cu” bem alto para a sala toda, mais ainda quando Lilá pegou o bilhete que eu havia mandado para Luna.


– Professor, pode ficar fazendo msn de papel na sala? –A loira azeda perguntou ao professor Lupin com a sua voz irritante.

– Não senhorita Brown.

– Então posso ler para a sala toda o que está escrito aqui para servir de castigo para a Granger? –Dei de ombros pela provocação, não tinha nada importante escrito mesmo.

– Não, não pode. –Ele arrancou a folha das mãos dela. - Sabia que é feio ficar se metendo na vida dos outros, senhorita Brown? –Muitos alunos fizeram barulho de tapa logo após o lindíssimo corte que havia acabado de ganhar. A piranha bufou do mesmo jeito que uma égua faria e isso arrancou risos até do professor.

Enquanto eu escrevia atentamente as anotações que Lupin passava na lousa, senti algo bater no meu braço. Me virei e era um bilhete vindo das gêmeas indianas escravas. Abri o bilhete e tudo que eu fiz foi escrever um “LOL” enorme na folha e mostrar para Lilá.


Não esqueci do tapa que me deu, a vingança virá. Me aguarde querida.


– Professor, pode ficar fazendo msn de papel na sala? –Imitei sua voz fanha e ela me fuzilou com os olhos.

– Vou ter que repetir que não? –Quando o professor se virou com um olhar furioso e percebeu que havia sido eu que havia dito, ele me pediu desculpas. – Me perdoe senhorita Granger, não sabia que era você.

– Brown me enviou um bilhetinho, “fessor”. –Entreguei o papel para ele.

– Ótimo, o diretor vai ficar super contente quando souber dessa ameaça. –Zuaram com a piranha oxigenada a aula toda, quanto mais ela tentava tirar o pé da cova, mais ela afundava. Sua popularidade realmente havia ido para o saco e isso me deixava mais do que feliz.

Quando o almoço chegou, sai da sala dando graças. Deus, como o professor Brad estava chato hoje. O que ele tem de lindo, tem de extremamente irritante.

Nos encontramos com a ruivinha infernal no refeitório e contamos os “babados” da manhã, Gina cuspiu todo o suco na mesa quando Cho disse que ia dar um pênis de borracha de presente para o professor Brad para ver se assim ele relaxava um pouco.

Bem na hora que terminei de comer, Lilá e suas escravas chegaram na nossa mesa e quando eu menos esperava uma bandeja com pudim de chocolate quase que voou na minha cara, sorte que Rony a segurou, que reflexos maravilhosos, hey, olha esse bíceps, tão lindos... ENFIM, não é hora para pensar nisso, é hora para acertar as contas com uma loira fedida e muito folgada.


– Querida, acho que deixou cair isso aqui. –Tirei a bandeja das mãos do ruivo que encarava a piranha com raiva e taquei pudim em toda sua cara terrivelmente maquiada.

– SUA VADIA! –Graças aos treinos de cheerleading meus reflexos estavam ótimos, por isso pude desviar de uma boa quantidade de pudim.

– Bem eu mesmo a vadia daqui. Agora, vai se lavar Lilá, se suja mais com comida do que uma criança. Que vergonha, está todo mundo olhando. –Fiz minha melhor cara de inocente e ela se retirou bufando de raiva.

– Deus, essa menina é louca. –McLaggen estava de olhos arregalados.

– Ela nunca vai desistir, não? –Cho gargalhava, não muito diferente do refeitório todo.

– Essa daí? Não muito cedo, para a nossa diversão. –Gina secava as lágrimas.

– Hey, tem um pouco de pudim aqui. –Rony lambeu minha bochecha enquanto ria e eu me encolhi, fazendo uma cara de nojo.

– Ron, vai que a Lilá escondeu veneno nesse pudim? Cospe, agora. –Todos gargalharam mais ainda.

Fomos para a educação física e já demos de cara com uma vagabunda loira com o uniforme manchado, cabelos colados na cara e uma expressão de choro. E pela primeira vez não senti dó de alguém, essa vadia merecia cada pudim grudado em seu corpo. Ela vai aprender a nunca mais tentar roubar o namorado dos outros.


– Vamos matar a aula de educação física? –A japonesa sugeriu.

– Mas como?

– Vamos nos esconder perto da quadra, simples assim.

– Ah é, simples assim. –Falei sarcasticamente.

– Ok, não é simples. Mas ganharemos um prêmio, ver nossos meninos deliciosamente suados e se refrescando jogando água nas suas camisetas brancas. –Imaginar a cena fez meu coração palpitar.

– Vamos agora matar aula.

Safadenha. Só a Luna falta se soltar. –Gina falou.

– Ela é safada, só faz as coisas escondidas. –A ruiva e a japa concordaram comigo, a loirinha não negou, só começou a rir. É, realmente somos má influenciadas.

Fomos seguindo Cho até a quadra, durante o trajeto tivemos que desviar de pelo menos quatro professores, ótimo dia para eles ficarem tomando um arzinho ao ar livre. Seguimos sorrateiramente até chegarmos atrás de uma moita que ficava próxima as grades da quadra, dava uma bela visão dos garotos jogando basquete, e o melhor é que ninguém nos via.

Os meninos do primeiro ano pareciam ter medo dos nossos garotos, porque sempre Rony ou qualquer outro avançava para cesta, os outros recuavam. Pela primeira vez vi meu ruivo sendo extremamente ameaçador, ele gritava, empurrava, batia, tudo para acertar a bola na maldita cesta. E eu poderia dizer que ele era um ótimo jogador de basquete, e aquela camiseta branca levemente suava dava uma deliciosa vista para seu corpo definido.


– Pausa! –Cedrico gritou secando o suor da testa. Todos se retiraram para os bancos laterais e cada um pegou sua garrafinha de água.

– Meninas, se segurem para não pegarem fogo. –Nós três rimos do aviso de Cho, mas quando eles começaram refrescar seus corpos quentes e suados jogando toda a água em cima das suas camisetas brancas que ficavam cada vez mais transparentes, percebi que o aviso era sério. Escutei as três ao meu lado arfando, comigo não foi diferente.

– Viu, eu falei sério. –A japa começou a se abanar quando Diggory tirou a camisa. Os outros três meninos fizeram a mesma coisa. Era incrível como os quatro eram perfeitamente em forma, tinham a “saúde” toda em cima. Tudo bem que Harry era o mais baixinho, mas não deixava de ter um corpão, com todo respeito à Gina, é óbvio.

Ficamos tão quietas observando os pedaços do paraíso se exibindo na quadra que nem nossas respirações eram audíveis. Olhei em volta para ver se elas estavam respirando porque estava silencioso demais, só que por sorte elas ainda não tinham morrido de asfixia por beleza.


– Bora jogar seus molengas! –Rony jogou a camiseta molhada no banco e começou a bater palmas para acordar os preguiçosos do primeiro ano.


Ele pegou a bola de basquete e começou a girá-la no dedo, Diggory correu para pegar a bola e o ruivo passou a driblá-la passando-a no meio das pernas, de repente o jogo sério virou uma brincadeira de bobinho.


– Gente, desculpe, não agüento mais ver nossos namorados gostosos, com todo respeito, é claro. Isso é demais para mim, preciso de um banho gelado. –Gargalhamos enquanto Cho continuou a se abanar.

– Concordo plenamente, japinha. Por um lado, temos sorte de termos garotos gostosos. –Concordamos com Gina.

– Que tal uma ducha para matarmos mais aula? –Luna sugeriu com um sorriso travesso na cara. Cadê aquela loira santinha do meu primeiro dia nessa escola?

– Boa ideia, Luninha. Vamos! –Cho saiu saltitando na frente e nós a seguimos até o vestiário. Ficamos debaixo do chuveiro até o sinal bater avisando a pausa, mais corretamente trinta minutos. Durante o banho ficamos escutando Britney Spears e cantarolando as músicas.

– Esse dia está mara, só eu acho isso? –A loirinha questionou enquanto tirava o excesso de água do cabelo com ajuda da toalha.

– Também acho. –Respondemos em um uníssono e começamos a rir. Vesti meu uniforme, amassei meus cabelos molhados com a mão para as ondas se formarem, calcei meu all star novamente e pronto, estava devidamente arrumada.

– Acho que é bom irmos para a pausa. –Cho comentou, arrumando seu tênis.

– É bom né. –Rimos e se mandamos para o refeitório. Chegando lá os meninos estavam deliciosamente cheirosos sentados em uma mesa.

– Oi meninos, como foi a aula de vocês? –Gina perguntou se fazendo de desinformada, dando um selinho em Harry.

– Foi ótima, mais ainda quando quatro gatinhas safadas ficaram nos vendo jogar. –Nos olhamos por um momento e quando Cho ia começar a negar, Cedrico interferiu.

– A gente viu vocês meninas, mas não precisam ficar com vergonha. Também já vimos o treino de vocês. –Com um sorriso maroto no rosto, Diggory olhou para os outros que compartilharam o mesmo sorriso.

– COMO ASSIM NOS VIRAM? Argh, metidos. –Bufei me sentando a mesa.

– Nós nos escondemos amor, que nem vocês só que com mais sucesso, é claro. –Rolei meus olhos e Ron riu me puxando para um abraço de quebrar as costelas. – Hey brabinha, só queria te dizer uma coisa, você fica uma delícia com aquele shortinho de treino. –Ele sussurrou em meu ouvido, me fazendo arrepiar por inteira e parar de tentar espancá-lo por causa da raiva momentânea.

– Pervertido. –Sussurrei de volta.

– Linda. –Rosnei e ele apenas riu e mordeu minha orelha de leve, resisti às suas provocações e o empurrei para longe.

– Tem pessoas aqui, seu safado. –Falei em um tom bravo.

– Safado que você gosta. –Com uma piscadinha ele se levantou e os outros meninos o seguiram rindo. Bufei alto e deitei minha cabeça na mesa.

– Provoca ele de volta, Mi. –Levantei meu olhar para uma ruiva que sorria.

– Como assim?

– Quando ele voltar e sentar ao seu lado, leve a mão para a perna dele, vá subindo e quando achar que chegou perto demais, suba para o abdômen dele, passei as unhas ali e veja a reação. É engraçado, já fiz isso com o Harry, eles ficam para morrer mais ainda em um lugar cheio de gente.

– Que ideia linda Gi, vou fazer isso com o Ced. –Cho deu um sorriso malicioso.

– Ah, já que as duas vão fazer, eu vou também. –Essa Luna, cada vez mais safadinha.

– Então tá, vamos nós quatro provocá-los. Primeiro a Mi, depois a Cho, depois a Luninha e por final, eu. Agora quietinhas que eles estão chegando. –Voltamos a ficar com nossas carinhas inocentes e Rony deixou a bandeja com lanche na minha frente.

Começamos a comer o bolo de cenoura com cobertura de chocolate em silêncio, ótima hora para agir. Levei minha mão esquerda até o joelho do ruivo, que pelo visto não havia percebido o toque por causa da sua calça jeans. Subi minha mão lentamente enquanto dava garfadas no bolo, quando cheguei na sua coxa ele me olhou com uma expressão confusa.


– Provocou, vai ser provocado. –Falei só com os lábios, para ninguém ouvir. Subi minha mão até seu abdômen e entrei por debaixo da sua camiseta, passando minhas unhas vagarosamente por toda a extensão dos seus músculos que se contraiam a cada toque meu, percebi ele arfando do meu lado.

– O que está te dando, Weasley? Um ataque epilético? –Cedrico perguntou rindo, mas quando a mão de Cho entrou por debaixo da mesa eu sabia exatamente o que ela iria fazer. Diggory deu um olhar assustado para a japa, que sorriu se fazendo de desentendida.

– Se você não tirar sua mão daí agora, você vai ter as conseqüências depois e vai descobrir como se provoca de verdade. –Rony sussurrou no meu ouvido.

– Ah é? E como seria? –Sussurrei de volta.

– Quer pagar pra ver? –Fiz uma expressão pensativa e neguei, para o descontentamento do ruivo. Voltei a comer como se nada tivesse acontecido e percebi três meninos sem ar lançando olhares confusos para suas respectivas namoradas. O mais engraçado é que eles não pediam para tirarmos a mão na hora que eles percebiam o toque, eles simplesmente aguardavam acabar. Tadinhos, tão necessitados.

O sinal estridente soou e as meninas deixaram seus namorados em paz, dando a chance a eles de poder respirar normalmente sem a chance de um gemido escapar das suas boquinhas. Nos despedimos com um beijo soprado e fomos para a aula de desenho. O professor, por incrível que pareça, aceitou a ideia de Luna sobre desenhar fadas e eu achei super legal desenhar asinhas, vestidinhos cheios de glitter, cabelos longos com lindas tranças cor de rosas e finalmente percebi que sou mais infantil que minha própria irmã de seis anos.

O professor me parabenizou pelo meu desenho de uma fada de vestido preto e asas roxas que admirava a lua, tirei um A bem lindo com uma estrelinha do lado. Já Gina desenhou uma fada vestida com o uniforme do exército segurando uma metralhadora, Cho desenhou uma fada diabo, se é que existe, Luna desenhou uma linda fada loira com vestes azuis. E todas elas tiraram A, a ruiva e a japa por causa da criatividade, a loira porque ela desenhou muito bem.

O sinal avisou mais uma vez que a aula acabara, e agora tínhamos que seguir para outra aula de nossa escola. Nas terças e quintas como não tinha treino de cheerleading, éramos obrigadas a irmos para a aula de japonês. Eu sempre morria de rir quando minhas amigas misturavam palavras em inglês e japonês, dando outro sentido a frase, muitas vezes sentidos que davam de maliciar. Sim, nós somos um bando de pervertidas que riem a cada dois segundos.

Quando a aula acabou saímos ainda rindo por causa da discussão que Cho teve com a professora de japonês, ela falou algo como “Sabe qual é meu nome? Cho Chang. Sabia que eu sou japonesa? É, então não tente me ensinar a falar ‘obrigado’ em japonês que eu creio que sei falar melhor do que você.” Eu não sei da onde ela tira tanta coragem para enfrentar os professores.

A escola esvaziava e já tínhamos dado várias voltar nos corredores procurando pelos meninos, até que sem nenhum aviso breve os idiotas nos agarraram por trás.


– Algum dia desses vocês vão nos pagar por ter feito aquilo com a gente no refeitório. –Rony disse roçando os dentes na minha nuca exposta por causa do coque que eu havia feito em meus cabelos durante a aula de japonês. Tremi levemente e me encolhi, tentando fugir dos seus toques provocantes.

– É, aguardem pela nossa vingança, meninas. –Cedrico disse com uma voz diabólica, McLaggen e Harry fizeram a típica risada malvada que os vilões dão em filmes.

– Se nós não se mandarmos dessa escola agora, meninos vingadores, eu juro que decepo a cabeça de cada um. –Com a ameaça da japonesa, os meninos começaram a rir e nos soltaram, indo com a gente para o estacionamento.

– Hey Mi, não esquece que sábado tem festa, hein. –Diggory me lembrou enquanto eu entrava no carro do Ron.

– Beleza. –Sorri e acenei aos outros. Seguimos em silêncio para minha casa, mas quando o ruivo estacionou na frente da moradia vi que ele iria começar a falar.

– Amor, promete que não vai surtar com seus pais? –Dei um longo suspiro.

– Vou tentar...

– Hey, é sério. –Ele segurou minha mão e a acariciou. – Escute a versão deles, dê sua opinião calmamente e eles finalizarão o assunto. Ok? –Assenti e ele me deu um beijo doce. – Qualquer coisa me liga.

– Ok. –Sai do carro e acenei para ele. Adentrei em casa e corri para meu quarto com o objetivo de me jogar na cama e relaxar antes que meus pais chegassem em casa. Droga, eu preferia estar na casa dos Weasleys.

Coloquei uma regata de cor lisa com um shorts desgastado, penteei meus cabelos deixando-os presos em um rabo de cavalo e coloquei um chinelo nos pés. A temperatura estava realmente agradável para uma tarde de primavera. Escutei o barulho da porta da garagem se fechando e desci das escadas levemente nervosa, vi Sophia aparecer correndo de algum lugar me dando um oi animado e Bichento a seguindo até eles chegarem na sala e começarem a brincar no tapete felpudo.

Papai entrou com uma carranca, mas quando me viu, abriu um grande sorriso.


– Que bom te ver, filha! –Ele me abraçou com entusiasmo, já eu dei um abraço sem vontade.

– Bebê, oi! –Minha mãe me abraçou sorrindo e beijou minha bochecha. – Como vai?

– Bem. E vocês?

– Bem. –Ela respondeu e meu pai só assentiu.

– Quero que me esclareçam as coisas hoje, ok?

– Tudo bem, só vamos tomar um banho rápido e depois conversamos contigo, pequena. –Robert me puxou para beijar minha testa e subiu as escadas, minha mãe logo após dar oi para Sophia subiu também.

Suspirei e fui para a sala me distrair um pouco com minha irmã e meu gatinho. Quando me sentei sobre o tapete felpudo, Bichento veio miando alegremente até a mim.


– Mana, a fada do dente me deu cinco dólares. –Sophia comentou animada.

– Sério? Que legal. O que você vai fazer com esse dinheiro?

– Economizar, ué. –Menina esperta essa. Na idade dela, qualquer dólar que eu ganhava, gastava em doces.

Fiquei brincando com Bichento e com a minha irmã durante mais ou menos vinte minutos, quando meus pais desceram as escadas me levantei indo me sentar a mesa. Os dois copiaram meus movimentos, sentando de frente para mim.


– Ahn... Por onde começamos... –Minha mãe fez uma expressão pensativa.

– Por que começaram a brigar? –Perguntei em um tom autoritário, como se eu estivesse falando com crianças.

– Tudo que eu falava, seu pai discordava e uma briga começava.

– E vice-versa. –Meu pai continuou.

– E porque não conseguíamos chegar a um acordo de paz, decidimos nos “separar”. –Minha mãe fez aspas no ar o que me fez ficar confusa.

– Como assim se “separar”? –Imitei as aspas com os dedos.

– Como você já disse, não queremos jogar esses anos de casado fora e nem brigar por você e sua irmã em um tribunal. Vamos só guardar as alianças e imaginar como seria a vida sozinhos, para ver se é isso o que a gente realmente quer. –Dei um longo suspiro, apoiando meu rosto na palma da minha mão.

– Vocês vão namorar com outra pessoa?

– Nós não nos separamos definitivamente, meu amor. Mas se um dia aparecer alguém especial, nunca se sabe, não é?

– Argh, sinceramente, isso é demais para meus ouvidos. –Rolei meus olhos e me levantei. De jeito nenhum que eu iria ter um padrasto ou uma madrasta.

– Filha, não terminamos a conversa! –Meu pai me seguiu escada acima.

– Por mim, sim. Esclareceram tudo que eu tinha dúvidas, obrigada pela conversa e espero que resolvam esse conflito sozinhos feito dois adultos. –Continuei subindo os degraus sem dar a mínima importância à pessoa que havia acabado de bufar logo atrás de mim. Escutei minha mãe mandando meu pai me deixar em paz, ela sempre foi a que passava a mão na minha cabeça e numa hora dessa eu precisava mesmo ficar sozinha.


Fui até meu quarto e tomei um banho longo, minha cabeça não estava com tempo de pensar sobre o quanto a água doce desperdiçada que corria pelo ralo ia fazer falta no mundo. Coloquei meu pijama curto, passei mais um tempão arrumando meus cabelos, deixando-os brilhantes e sedosos, depois fiquei assistindo desenho na tv. Estava passando Bob Esponja e eu ainda pensava na ironia de ter uma praia dentro do mar quando Dona Carmelita me chamou para o jantar.

Aaaah, a deliciosa comida da empregada mais linda do universo realmente me deixa feliz. Durante a janta fiquei quieta o tempo todo, apenas o som da minha mastigação e das conversas animadas da minha irmã eram audíveis na mesa.

Logo após de dar um “boa noite” por entre dentes para meus pais, só por respeito, subi novamente para meu quarto. Lá fiquei assistindo as minhas séries preferidas até dez e meia da noite, depois desse horário meu filhote ruivo subiu em minha cama e dormiu ao meu lado, enquanto me ninava com seu ronronar fofo.

A semana se passou bem tediosa, a única alegria que eu e minhas amigas tínhamos na escola era de dar cortes na rainha das piranhas e suas piranhetes. Ah, sem esquecer se sermos agarradas pelos meninos sem nem esperarmos por isso. É sério, eles estavam bem mais fogosos do que o costume, era amasso no começo da aula, no meio e no fim. Deus, eu estava ficando cansada. Mentira, nunca me cansaria disso.

Com meus pais a relação se manteve a mesma, mal dava “oi” e “tchau” para os dois. Eu sempre ficava indiferente quando eles vinham falar comigo, os momentos lindos de pai e filha cessaram, pois eu dizia que preferia levar minha irmã sozinha ao parque do que trazer meu pai junto para ele olhar para outras mulheres. Eu sei, estava realmente sendo chata, mas até eles se decidirem eu não ia tratá-los de uma maneira diferente. Amo os dois, porém desse jeito não dá.

Na quinta-feira fui fazer um trabalho em trio na casa da Cho. Luna fazia parte do nosso trio, Gina só foi para zuar e nos atrapalhar durante o desenvolvimento do trabalho. E eu pensando que pela primeira vez a japonesa iria dar uma de inteligente e fazer todas as pesquisas na internet do jeito certo, fui olhar na tela do seu notebook e ela estava olhando foto de gatos. Sinceramente, foi besteira achar que alguém iria levar a sério o trabalho chato de história. Fizemos de tudo, comemos porcaria, fofocamos, assistimos filmes, entramos no msn da prima da Cho e inventamos mentiras sobre ela para todos os contatos online, estragamos uma panela por causa do brigadeiro queimado e levamos uma baita bronca da madrasta de Cho. Quando me dei conta já se passavam das oito horas da noite, e resolvi dormir lá, sem pedir permissão para meus pais. No que resultou? Em merda, é claro.

Meus pais surtaram, fiquei de castigo a sexta feira inteira, sem poder ter nenhum contato com minhas amigas, amigos ou meu namorado. Só que por ironia do destino eu tinha aula na sexta e passei metade do meu dia com eles, um baita castigo que falhou.


– Mas então né mãe, eu vou poder ir na casa do Cedrico amanhã não é? –Já era de noite e eu estava sentada na mesa com a minha família espetando meu hambúrguer com o garfo. Minha mãe me encarava indiferente, depois de eu ter sumido para a casa da Cho sem dar notícias ela simplesmente começou a me odiar.

– Não sei, o que você acha disso, Robert? –Ah, pedir sugestão logo para meu pai? Agora mesmo que eu não vou mais para a festa.

– Você andou nos desrespeitando muito essa semana, nós agüentamos de bico fechado esse tempo todo, mas dormir na casa da amiga sem nem nos avisar? Passou dos limites, Mione.

– Mas pai...! –Fiz minha melhor cara de cadelinha abandonada que caiu da mudança em um dia de chuva.

– Eu não terminei de falar, não se intrometa. –Após a carranca que meu pai fez, abaixei a cabeça com uma expressão triste. – Por mim pode ir, -Quando eu estava prestes a comemorar, ele fez um sinal para eu ficar quieta. – Sei como é para um filho quando os pais brigam, seus avós são separados, se lembra? Fiquei até pior que você quando soube da separação dos dois. Agora falta o veredicto final da sua mãe.

– Mãe... Eu prometo que vou me comportar mais. É besteira agir assim. –Por mais que minhas palavras saíssem com um pouquinho de mentira nelas, eu queria muito ir a festa então, parti para a imploração. Minha mãe deu um longo suspiro e me encarou nos olhos.

– Pode ir, mas se houve mais um deslize, você não sai de casa por um ano. –Minha boca se escancarou. – Ok, exagerei. Cinco meses, e se me ajudar em casa ainda.

– Tudo bem. Aceito a proposta. –Bufei discretamente e meus pais sorriram, não percebendo minha leve irritação.

– Fizemos as pazes, então? –Papai estendeu a mão, olhei-a por um momento e estendi a minha, indo apertá-la.

– Sim. –E mais uma vez as palavras saíram cuspidas com uma mísera quantidade do veneno da mentira. Depois do acordo feito, sai feliz indo descansar no meu quarto para o sábado de festa.


Dormi graciosamente com a consciência um pouco pesada por jurar que iria me comportar. E se eu explodisse? O que eu menos queria agora seria cinco meses de castigo e de brinde serviço comunitário feito em casa para pagar a pena.

Fui acordar depois das nove e meia da manhã com meu celular apitando ao meu lado. Tinha uma mensagem nova vinda da Cho me perguntando se eu iria à festa. Digitei com um sorriso no rosto que eu iria, ela respondeu segundos depois da mensagem ser enviada com um “Vou avisar à todos, beijos” escrito em capslock.

Levantei bem disposta com as costas um pouquinho doídas pelo treino de cheerleading do dia anterior que foi muito puxado, a apresentação iria ser daqui a duas semanas só que a treinadora nos queria perfeitamente coreografadas até em uma semana antes da apresentação. Enquanto buscava algumas roupas confortáveis, passei pelo meu calendário e sorri comigo mesma lembrando que amanhã seria o aniversário dos clones ruivos, dia 1 de abril. Seria coincidência gêmeos travessos e conseqüentemente, mentirosos para pregarem suas peças, nascerem no dia da mentira? Fiquei pensando nisso durante minha higiene matinal.

Desci as escadas vestindo uma saia de pregas e uma t-shirt com estampa fofa de um panda comendo cupcakes, cabelos presos em um coque folgado e chinelo todo estiloso nos pés.

Peguei uma maça na fruteira e fui na sala, onde Sophia estava amarrotada com uma coberta e travesseiros em cima do tapete assistindo Backyardigans, e eu incrivelmente sabia a música tema da abertura e cantei alto enquanto me arrumava no sofá. Por mais que eu soubesse a musiquinha da abertura, eu odiava o desenho e implorei para minha irmã mudar de canal, ela colocou no Animal Planet onde passava algo sobre filhotes, tão adorável.

Passei o resto da manhã conversando com Sophia sobre o que ela fazia na escola, senti uma enorme falta de estudar na primeira série. Mostrei minhas contas de álgebra e ela quase enfartou quando soube que no futuro teria que fazer aquelas contas difíceis. Bom mesmo era quando tudo que eu tinha que fazer era equações de adição, subtração, multiplicação e divisão.

Dona Carmelita chegou para fazer o almoço e já veio me dando uma bronca por deixar o caroço da maçã em cima da mesinha de centro da sala. Eu apenas fiz posição de sentido, falei “desculpe, sargento” e fui jogar a maçã no lixo.

O almoço de sábado foi uma delícia, macarronada com queijo e bastante salada, de sobremesa uma torta de bolacha incrível. Se eu não fosse cheerleader e treinasse três dias por semana durante noventa minutos, acredito que estaria em obesidade mórbida uma hora dessas.

A tarde toda foi um tédio total, e sabe o que eu faço quando estou com tédio? Eu como. Pedi permissão para usar a cozinha para a Dona Carmelita, a dona da cozinha por hoje. Ela fez o maior do questionário perguntando que gororoba eu queria fazer e eu expliquei que ainda iria ver nos livros de receita.

Decidi fazer bolinhas de queijo fritas com a ajuda da minha irmã, o maior tempo que passamos cozinhando, ficamos brincando de guerra de comida. Ficamos coberta de farinha rindo até a barriga doer, depois formamos as bolinhas com a massa e começamos a fritar. Quando Dona Carmelita veio ver se não tínhamos explodido a cozinha ainda, ela quase surtou nos vendo sujas de ingredientes. A doce empregadinha começou a berrar xingamentos em espanhol e antes que ela nos matasse, sai correndo com Sophia nas minhas costas para fora da casa.


– Mana, e as bolinhas? –Sophia ria sentada ao meu lado na grama.

– Dona Carmelita vai tirá-las do fogo, daí depois a gente só come. –Pisquei, minha irmã riu e veio se sentar no meu colo.

– Você é a melhor irmã do mundo. –Ai que vontade de esmagar essas bochechas lindas.

– Você também, maninha. –Sorri e beijei o rosto dela. Desde que Sophia começou a andar e a falar, perdi o jeito de tratá-la bem. Comecei a tratá-la como a pirralha mais insuportável do mundo, mas me enganei, até que ela era legal.

– Vamos lá comer? Pelo jeito a Dona Carmelita já parou de surtar. –Minha irmã saltou do meu colo com um sorriso animado e correu para dentro de casa. A segui e quando cheguei na cozinha uma travessa com as bolinhas de queijo estava em cima da bancada, o chão estava impecável sem nem mais um mísero grão de trigo, e a farinha branca que caía da minha cabeça estava sujando tudo novamente. Dona Carmelita iria me matar.


Servi dois copos com refrigerante e fiquei me deliciando com as bolinhas de queijo e a companhia de Sophia, quando olhei no relógio já se passavam das cinco horas da tarde, me restavam duas horas para me arrumar.


– So, a mana vai se arrumar para ir na casa de um amigo. Cuida do Bichento para mim? –Ela assentiu, sorrindo.

– Não vou deixar ele aprontar, mana. –Ri baixo e subi as escadas correndo para evitar de mais farinha cair de mim e sujar a casa toda.

Fui tomar banho no banheiro do meu quarto e me esfreguei bastante com um sabonete líquido com cheiro de baunilha, tão delicioso. Nos cabelos passei um shampoo de morango silvestre que promete deixar os cabelos macios e brilhantes, vamos ver se o resultado se comprova. Depois do banho, me sequei e vesti um roupão pendurado atrás da porta do banheiro.

Fiz minha maquiagem e meus cabelos antes de me vestir. No rosto me inspirei na Lily Collins com bastante rímel, sombra dourada, blush pêssego e batom cremoso. Coloquei um vestido rosa claro com um cinto cobre marcando minha cintura, uma jaqueta de couro e para meus pés, salto alto de onçinha.


(Maquiagem: http://capricho.abril.com.br/imagem/276x468/make-dia-19-marco-2012-lilly-collins26366.jpg?v=120319115241)

Roupa: http://cdn4.lbstatic.nu/files/looks/medium/2012/03/24/2053166_IMG_7969.JPG_effected.jpg?1332601307)

Depois de pronta, arrumei a minha linda aliança no dedo novamente e dei uma volta de frente ao meu espelho, realmente gostei do que vi. Olhei no relógio e eram seis e meia da tarde ainda, trinta minutos para a minha carona chegar.

Quando fui descer as escadas escutei uma voz diferente vinda do andar de baixo. Era uma voz masculina, tentei relacioná-la a qualquer homem que eu conheço, me passou na cabeça o senhor Weasley, algum parente vindo de outra cidade que veio nos visitar, mas nenhuma voz se encaixava com aquela. Eu sabia que já tinha ouvido a voz, só não relacionava com ninguém.

Desci os degraus lentamente, sorte que não estava com os saltos no pé ainda se não iria fazer um barulhão. Quando finalmente cheguei em uma superfície plana me assustei com o que vi. Por que diabos Lúcio Malfoy estava na minha casa?


(N/A: gente, só para avisar, na minha fic ele não tem cabelo branco comprido, ele é igual ao Jason Isaacs, o ator que faz o Lúcio Malfoy nos filmes, só que com os cabelos mais claros :D)


– Hermione? –Aquela maldita voz, finalmente descobri de quem era.


Digamos que esse Malfoy idiota foi quem mais acabou com a minha vida escolar no ensino fundamental. Desde a primeira série ele defende seu filhinho querido, aquele loiro azedo que me irritava profundamente me chamando de coisas que degredaram a minha imagem, mais conhecido como Draco Malfoy. Ele irritava a sala toda na verdade, mas eu, Harry e Ron éramos o alvo do loiro. Ninguém gostava dele, só seus companheiros gordos, Crabbe e Goyle.

Muitas vezes fui chamada na diretoria porque meti a mão na cara do filhinho de papai seboso, e sempre Lúcio estava lá para me humilhar defendendo seu querido filho.


– O que você faz aqui? –Falei baixo, me contendo para não berrar de raiva comprimida dentro do meu peito e ir socar aquela cara feia. Quando Malfoy ia abrir a boca para me dar explicações, minha mãe chegou.

– Ah querida, esse é Lúcio Malfoy! –Ela deu um grande sorriso, eu continuei de cara amarrada.

– Eu sei quem ele é, o que ele faz aqui? Na minha casa? –Cuspi as palavras como se eu quisesse que ele se mandasse dali agora, e dar ênfase na palavra “minha” o fez ficar constrangido. Ótimo, estava funcionando.

– Ele é meu amigo desde a faculdade, só que não achou o seu caminho em odontologia e nunca mais nos vimos. Agora que nos reencontramos, quis que ele ficasse um pouco aqui em casa! –O pai do meu pior inimigo era amigo da minha mãe? Ah não, essa amizade teria que acabar, e seria hoje.

– Ok, vou fingir que nada disso aconteceu para eu não surtar e vou para a sala. –Passei direto sem olhar na cara do Malfoy e me sentei no sofá. Escutei passos se aproximando atrás de mim e não olhei para trás.

– Hermione, eu sei o maus bocados que nossa relação teve por causa do meu filho, mas foram águas passadas, não foram?

– Sinceramente, não fala comigo. –Sophia, que estava entretida com Bichento em cima do tapete, parecia nem escutar a conversa.

– Os tempos mudaram, agora meu filho é um bom garoto. Eu posso tentar dar um empurrãozinho em vocês dois porque ele precisa de uma namorada certa, assim como você e...

– O QUÊ? –Gritei, me virando em direção a ele. - Eu? Virar namorada do Malfoy? Mas nem que ele fosse o último menino da terra. –A boca dele se escancarou.

– Primeiro, estou namorando Ron Weasley e estou muito feliz com ele. –Fiz questão de falar quem era meu namorado porque Lúcio nunca foi amigo dos Weasleys. – E segundo, se Draco não tem a mínima decência de conseguir uma namorada sozinho e precisa do papai dando uma de cupido, o problema não é meu. E com licença que preciso calçar meus saltos. –Dei um sorriso falso e me levantei, indo em direção ao pé da escada, onde meus sapatos estavam localizados. Enquanto eu os colocava sentada em um degrau, vi minha mãe se aproximar.

– Filha, por que você tratou Lúcio daquela maneira?

– Porque eu simplesmente odeio ele e seu filho boboca, mãe.

– Eu sei o que Draco já fez para você e já cobrei muito do Lúcio sobre dar um jeito no filho dele. Isso já passou, dê uma chance à ele.

– Nunca.

– Filha, Lúcio é um homem bom, um ótimo amigo. Ele é apaixonado por mim desde os tempos da faculdade e...

– O QUÊ? –Berrei. Estava virando minha especialidade gritar coisas quando fico irritada. – Você não vê que ele só te procurou porque está “solteira” agora? –Fiz aspas com os dedos. – Ele quer é te roubar do papai, mãe.

– E se um dia eu e ele namorarmos?

– Vou embora de casa, simples assim. –Escutei uma buzina vinda do lado de fora. – Se não se incomoda, tenho uma festa para ir. –Levantei e minha mãe me parou no meio do caminho.

– Não terminamos a conversa ainda. –Bufei discretamente. – Escuta bem o que eu tenho para te dizer, eu e seu pai somos adultos, você não é nossa mãe ou nosso pai para dizer o que temos que fazer ou deixar de fazer. Nós tomamos as decisões por aqui, você só dá sua opinião. Entendeu?

– Entendi. –Falei por entre dentes. – Cadê meu pai?

– Saiu.

– Onde ele foi?

– Para um... –Ela parou de falar como se o que fosse dizer fosse uma notícia horrível. – Um jantar. Com uma colega de trabalho.

– Uma? –Agora os dois estavam tentando arrumar outro parceiro só porque eu achava a ideia absurda? O que eles queriam? Me torturar?

– Sim, uma. E repito, as decisões são nossas. Agora vai para a festa e se divirta. –Virei as costas sem nem dar um mísero tchau, peguei minha bolsa em cima da mesa e acenei para Sophia, a única que parecia me amar naquela casa.

Fechei a porta com força e dei de cara com o meu namorado encostado no carro vestindo uma jaqueta de moletom, camiseta, calça jeans e tênis da Nike, tão sutilmente lindo. Mas eu estava no momento muito irritada, não estava com tempo para pensar coisas obscenas sobre ele.


– Oi Ron, desculpe a demora.

– Tudo bem. Você está linda demais, meu amor. –O ruivo sorriu e me puxou para um abraço. – O que houve? Parece chateada. –Seu polegar fez carinho na minha bochecha.

– Obrigada pelo elogio, você está lindo também. Ah, no caminho eu te conto. –Dei um sorriso leve e suspirei, adentrando no carro. Quando o automóvel começou a andar, dei início na conversa.

– Se lembra do Lúcio Malfoy, não é? –Perguntei, balançando minhas pernas nervosamente.

– Sim, o pai do loiro seboso.

– Correto. Ele está lá em casa, ele é amigo da minha mãe, além de ser afim dela e ela me perguntou o que daria se os dois namorassem. –A boca de Rony se escancarou, tamanha sua perplexidade e eu apoiei meu rosto entre minhas mãos.

– Isso é terrível. O que você disse?

– Depois de tratar Malfoy como se ele fosse um inseto qualquer e minha mãe brigar comigo, falei que ia fugir de casa.

– Sinceramente, não sei o que dizer, é informação demais para minha cabeça. Mas qualquer coisa, minha casa estará lá para te receber.

– Imagina como minha cabeça está agora. –Dei um longo suspiro e Rony ficou acariciando minha coxa.

– Vamos esquecer isso por enquanto meu amor, hoje a noite só vamos nos divertir, certo? –Ele deu um grande sorriso.

– Certo. –Sorri, mais animada do que antes. Eu poderia esquecer isso por um momento, mas minha mãe jamais iria namorar com Malfoy, nem que eu tivesse que infernizar a vida dele para se afastar dela.



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Notas finais do capítulo

elogios? críticas? sugestões? deixem suas opiniões se quiserem, fofas :D
geeeente e esse Lúcio? é um fpd né? aparece para arruinar tudo :@ O que será que os pais da Mione vão fazer? Podem chutar a vontade HAHAHAHAH
e esses meninos e meninas? safadenhos hein? :9
até o próximo capítulo, beijinhos :*