Real or not real? escrita por letter


Capítulo 9
Capítulo 8 - Mudanças


Notas iniciais do capítulo

Tributos, perdões pela demora, a semana foi corrida, vou me apressar com o próximo, prometo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/200437/chapter/9

– E ação! – a voz que berrou foi o que despertou Peeta, mas junto com a voz, veio uma forte e penetrante luz branca que o impediu de abrir os olhos.

A mente de Peeta vagueava, grogue devido ao sono, ou era ao menos isso que ele achava. Tentou abrir os olhos, uma ou duas vezes depois, mas a luz era tanta, que não conseguia, virava o rosto para o lado e forçava as pálpebras uma sob a outra.

Vozes e vozes falavam, ao mesmo tempo ou sozinhas, não faziam diferença, e embora continuassem a falar, Peeta não conseguiu sequer discernir alguma das palavras que eram pronunciadas.

Aos poucos e lentamente, sua mente foi ficando mais e mais lúcida. Já não vagueava como antes, agora Peeta podia sentir o latejar de sua perna mecânica, o que quase nunca acontecera, podia sentir também o latejar das têmporas, havia também algo pastoso grudado ao seu rosto. Cheiro de sal penetrou suas narinas.

Peeta tentou se recordar do que estava acontecendo, mas nada lhe vinha à mente, suas ultimas lembranças não se encaixavam com aquilo, e quanto mais forçava, mas suas têmporas latejavam.

– E corta! – exclamou a mesma voz que o acordara.

As luzes desligaram, e o silêncio fez eco no ambiente.

Lentamente Peeta abriu os olhos.

Continuou tão sem visão, quanto estava com os olhos fechados devido ao escuro, mas agora ao menos tomara a consciência de que estava em uma desconfortável cadeira de madeira, em qualquer lugar fechado, com os pulsos e tornozelos amarrados.

Seria outro sonho?

Uma sensação de deja-vú lhe veio à mente.

Por experiência própria, sabia que não adiantaria se debater, berrar, tentar em vão fugir ou o que quer que fosse. Por experiência própria sabia que teria de esperar.

Mas não esperou muito.

Luzes se acenderam, não tão forte como antes, e agora Peeta podia ver perfeitamente onde estava.

Câmeras, microfones, televisores, poltronas, paredes acústicas, caixas de som.

- Um estúdio – murmurou Peeta para si mesmo, ainda sem entender muita coisa.

- Exatamente – respondeu uma voz. De frente a Peeta, um homem trajado de terno negro e sapatos lustrados, vinha andando até ele com as mãos para trás. Era alto, dono de cabelos grisalhos penteados para trás e um par de olhos azuis. Deveria ser mais velho do que aparentava, mas estava em boa forma – Acreditaria se eu dissesse que esse estúdio é de antes da Terceira Guerra? Antes de nossos antepassados ter destruído tudo? Antes de a Capital, conseguir dar a volta por cima, e devolver a paz para toda a Panem, o último país, a última população? Antes de seu amado Tordo destruir tudo que conquistamos e fazer a Panem retroceder em todo o seu processo, fazendo voltar ao que infelizmente já fomos?

- Acredito – respondeu Peeta calmamente assentindo.

O homem grisalho sorriu.

- É tamanha tecnologia que faria grande diferença em Panem. Lá, as pessoas dariam mais valor nisso, do que deram nossos antepassados.

O homem abriu os braços, como para se indicar tudo aquilo que estava falando.

- Estava nos planos de Snow, levar para Panem, tudo o que fizera nossa civilização ser a mais desenvolvida há alguns séculos. Tecnologia perdida através do tempo.

- Desculpas interromper, mas... Eu fui... Seqüestrado? – perguntou Peeta sem saber como fazer aquilo sem ofender o homem, Peeta já tivera boa experiência em ser seqüestrado, e a ultima coisa que se deveria fazer, era ofender seu seqüestrador, e ele bem sabia disso.

- Que rude eu fui – o homem se aproximou – Peeta, eu sinto como se já nos conhecêssemos. Não o seqüestramos, apenas lhe oferecemos um tour em que você não pôde recusar.

- Como? – perguntou ele.

- Não é difícil influenciar um empregado ou dois a colocar Lexotan na bebida de alguém. Com os salários que Paylor oferece a eles, eles matariam por míseros trocados.

Peeta não entendera bulhufas do que o homem falou, imaginou que sua cara devia transmitir isso, pois o homem começou a explicar:

- Lexotan é um medicamento que encontramos aqui, faria um bestante dormir se ele ingerisse.

Peeta olhou novamente para os lados. Havia mais pessoas por ali, o fuzilando com o olhar. Ele não reconhecia ninguém.

- E como me trouxeram? – perguntou Peeta.

- Noel? – chamou o homem.

A pessoa, chamada Noel, veio andando de vagar, um sorriso de prazer brincava em seus lábios.

Até aquele momento, Peeta não tentara reagir de qualquer que fosse a forma, mas antes mesmo que pensasse suas mãos começaram a se debater com a corda que as prendiam, assim como seus pés. Queria estar com as mãos livres e através delas colocar todo o ódio que nutria por aquele ser em sua frente bem na cara dele.

Noel, esse era seu nome.

A imagem do homem, Noel, vestido de branco, injetando veneno de teleguiadas apareceu em sua mente. Flashbacks de uma época que Peeta tentara enterrar vieram todos á tona em sua mente. Noel, o que decidia o que deveria ser feito a Peeta para ele falar o que sabia sobre o Distrito 13 e a Revolução. Noel, o que distorcera a imagem de Katniss na mente de Peeta.

Noel, o que aparecera no meio do baile, fazendo Peeta ficar tenso ao vê-lo, fazendo Peeta tirar Katniss dali.

- Você fez um bom trabalho em nos trazer ele – disse o homem a Noel.

- Calminho aê, garoto do pão – disse Noel, ainda sorrindo, e alargando mais seu sorriso ao ver a fúria que causava em Peeta.

- Não vamos lhe machucar – disse o outro homem.

- O que querem? – perguntou Peeta com os dentes cerrados.

- Não muito, apenas pegar o que é meu por direito, e isso não será fácil. Mas claro, Peeta, você vai nos ajudar – respondeu o homem.

Peeta achou que não deveria responder, seu pai lhe ensinara quando mais novo, que sempre que não tiver algo a dizer que querem ouvir, era melhor ficar calado.

- Eu poderia fazê-lo mudar de ideia – disse Noel.

- Não – o homem falou levantando a mão – Ele é nosso convidado, e vai ser tratado como tal. Levem-no para o quarto.

Convidado. Essa palavra causava um gosto amargo na boca de Peeta, quando a Capital o seqüestrara, dissera a mesma coisa. Por uma semana fora tratado como um vitorioso, mas um dia o acordaram violentamente e o arrastaram para o subterrâneo, o jogaram em uma cela. E apenas quando ouvira os gritos agonizantes de Johanna entendera o que estava acontecendo.

Dois homens o arrastaram, um de cada lado, Peeta não conseguia manter a perna tão firme, e não fazia ideia de o porquê disso.

Entraram em um elevador, e esse parecia não parar de subir.

Quando parou, jogaram Peeta em uma suíte. Um closet com vestes limpas o aguardava, e uma banheira já com água o esperava.

Peeta por um tempo olhou onde as cordas deixaram marcas em seus pulsos.

Nada fazia sentido. Aquilo não estava certo.

Antes de entrar na banheira olhou-se no espelho, e viu que o que estava pastoso no seu rosto, era sangue coagulado. Depois de lavar o rosto não viu quais quer marca de machucado ali, para que pudesse explicar o sangue.

A roupa de Peeta parecia ter ido para a guerra e voltado viva, tamanho era o estrago. Estava chamuscada, rasgada, amassada e manchada; Como aquilo aconteceu ele não fazia ideia, a única coisa que sabia é que decidira não iria tirar a roupa para ter de vestir algo feito por aquele pessoal.

O elevador voltou a se abrir, e dessa vez um homem jovem, de cabelos ruivos e olhos claros saiu de lá com uma pequena maleta.

- Olá Peeta – disse o homem – Vim fazer uma avaliação para ver como você está.

Um curandeiro, supôs Peeta.

- Você parece saudável, aparentemente – disse o ruivo indicando a cama para Peeta se sentar.

- O que querem de mim? – perguntou Peeta, sentando relutante na cama.

- Eu quero apenas ver como seu corpo reagiu ao tal medicamento. Pedi para não usarem algo do qual não temos conhecimento como funciona. Abra a boca, por favor?

Peeta fez tudo que o curandeiro ruivo lhe pediu. Abriu a boca, seguiu a luz da lanterna com os olhos, deixou ele medir sua pressão, seus batimentos cardíacos, deixou ele passar pomada em seus pulsos e lhe dar um qualquer coisa para a perna, e enquanto deixava o curandeiro tratar de si, notou o quanto ele lhe era familiar.

- Onde estamos? – perguntou Peeta enquanto o curandeiro fazia suas anotações.

- Perdão?

­- O homem... Não sei o nome dele. Ele se referia a Panem e a Capital como um lugar longe, ele dizia “lá em Panem” repetidas vezes.

­- Você presta bastante atenção – falou o curandeiro como se fosse algum tipo de elogio.

- Quem é ele? O que querem?

- Peeta, nada de ruim vai te acontecer, posso te assegurar disso – disse o curandeiro em um tom fraternal – Ele... Bom, não sei se sou a pessoa certa para te falar, mas uma hora você irá saber de qualquer forma. Ele seria o próximo presidente de Panem, assim que Snow se aposentasse devido á idade. Snow não deixaria qualquer um se eleger, de forma que colocaria o próprio irmão no poder. E quanto a onde estamos... Bom, a história antiga nos revela que o solo onde estamos pisando, é um lugar, habitado pelos primeiros homens das primeiras civilizações. Improdutível e inabitável depois da terceira guerra, e antes de Panem nascer, chamavam aqui de berço da civilização.





Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O capitulo não ficou dos melhores, mas ele tem vários acontecimentos relevantes para os próximos, e eu pessoalmente acho que o próximo está melhorzinho. De qualquer forma, estou bem curiosa para saber o que acharam, então não deixem de dizer. Muito obrigada por tudo, por estarem, acompanhando comentando e tals, eu fico tão feliz com isso, de verdade, obrigada pessoal ♥ :**