Real or not real? escrita por letter


Capítulo 5
Capítulo 4 - Tormenta


Notas iniciais do capítulo

Bom, o capitulo inteiro foi pelo ponto de vista do Mr. Mellark, então sejam bonzinhos comigo.



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Peeta se sentiu um forasteiro diante da cena, Gale e Katniss se fitavam cada um de um lado. Nenhum trazia qualquer sinal de felicidade diante do reencontro, um silêncio um tanto constrangedor caiu sobre eles, como um balde de gelo caí sobre uma pessoa.

- Não imaginei que te veria aqui – falou Katniss por fim em um tom seco.

- Bom... Era meio obvio que eu vinha – Peeta não gostava do tom de nenhum deles nessa conversa, mas sabia que não tinha o direito de intrometer ou falar o que quer que seja, ao que sabia, se não fosse por ele, os dois estariam sobre uma árvore no Distrito 2, brincando de atirar em esquilos.

- Eu vou rever alguns assuntos com Haymitch antes de chegarmos a Capital – disse Peeta passando por Katniss e saindo do quarto-vagão – Bom te ver Gale – cumprimentou ele amigavelmente.

- Peeta – Gale o lançou um aceno de cabeça, mas sem desviar os olhos de Katniss.

Peeta sabia que ambos mereciam esse momento a sós, nunca tiveram a oportunidade de fazer uma despedida decente, Gale deixou a Capital e foi morar no Distrito 2 enquanto Katniss ainda estava confinada em um quarto sendo monitorada após o assassinato de Coin. Peeta sabia que tinham muitos assuntos pendentes, e a última coisa que queria fazer, era tirar essa oportunidade deles. Ambos tinham o direito de ficar a sós, e enquanto Peeta seguia para o vagão que fora adotado como sala de jantar, sentiu que não era mais do que sua obrigação deixar os dois.

- Ótimo, você voltou Peeta, eu já ia mesmo atrás de você – disse Beetee um tanto quanto animado, antes que Peeta terminasse de entrar.

- Correu tudo bem com Katniss? – perguntou Haymitch o olhando desconfiado, Peeta abriu um sorriso, e da melhor maneira que poderia, fez que sim, o jeito como mentiu soou tão convincente que por um momento, quase que ele acredita que correra tudo bem.

- Você não viu Gale por aí, viu? – perguntou uma mulher afastada do grupo que ainda se mantinha em volta da mesa.

Peeta a olhou, e demorou um tempo para conseguir se lembrar de quem se tratava. Enobaria, reconheceu ele depois um momento. Enobaria não era mais velha que Haymitch, deveria ter seus trinta e poucos. Tinha a pela bronzeada e cabelos castanhos, as feições eram duras e rústicas, largos ombros e um corpo atlético. Uma vitoriosa, sem sombras de dúvida.

- Ele e Katniss estão matando a saudade – respondeu ele tão tranquilo, que o olhar desconfiado de Haymitch desapareceu.

Enobaria bufou.

- Ele devia estar aqui, tudo isso é mais importante do que reencontrar um antigo amor. A afirmação não soara bem aos ouvidos de Peeta.

Haymitch pigarreou.

- Vamos voltar ao que interessa?

­- Enobaria já sabe de tudo? – Peeta perguntou.

- Se eu sei? Garoto eu fui a primeira a receber a carta da presidenta – Peeta a fuzilou com os olhos, nunca tivera qualquer afeição pela mulher, mas de um segundo para o outro, o garoto sentiu como se gostasse menos ainda dela.

- Mas então – começou Beetee entusiasmado – Acho que estamos formando um plano.

- Por que essa coisa de plano sempre te deixa assim? É assustador, com todo o respeito – falou Johanna sentada próxima a Haymitch.

- É bom sentir que eu estou fazendo algo útil, e não só ocupando espaço – Beetee deu de ombros. Peeta imaginou ter visto Johanna se encolher no lugar – Todos nós concordamos que tem algo acontecendo na Capital, e Paylor não espera todos nós lá. Ir lá, será desrespeitar as ordens dela.

- Mas ela não nos mandou não ir – disse Peeta.

- Peeta, você tem de ler por trás das palavras – argumentou Haymitch.

- Quando Snow sorria, você via um sorriso de verdade em seu rosto? – perguntou Johanna.

- Exatamente – respondeu Beetee – Estava explicito que não somos bem vindos na Capital. Quando chegarmos lá, negaremos quais quer perguntas, dizendo que não recebemos tal carta.

- Não sei se me sinto feliz ou triste por não ter recebido – murmurou Haymitch se servindo de vinho.

- Ela não pode provar que tais cartas foram entregues. E quando você tem um inocente ao seu lado, você age com menos cautela perto dele. Será mais fácil assim encaixar todas as peças no quebra cabeça.

Peeta viu acenos de concordância pelo vagão, não era um plano de verdade, mas era algo.

- Longe de mim querer questionar – começou Peeta – Mas... Não estamos levando isso á sério de mais? Digo, conhecemos Paylor. Se ela não nos quer lá, ela tem seus motivos. Não precisamos começar uma nova guerra por isso, porque simplesmente não vamos para os nossos distritos e continuamos nossas vidas em paz?

Um silêncio mortal caiu sobre todos no vagão, apenas a respiração dos presentes era audível. Olhares recaíram sobre Peeta, questionadores e encabulados.

- Está nos mandando relevar? – indagou Enobaria carrancuda.

- Exatamente – respondeu Peeta.

- Olha as atitudes desse garoto! – exasperou ela, jogando os braços para cima – Alguém por favor me explica como alguém assim saiu vivo da arena? Duas vezes seguidas, ainda por cima!

- Vem garoto – chamou Haymitch – Vamos trocar uma palavrinha em particular.

Peeta deu uma última olhada antes de seguir Haymitch para fora do vagão, pelo que viu, ninguém ficou muito feliz em ouvir a verdade sair da sua boca, jurara que pelos olhos de Beetee ele se sentira profundamente ofendido com isso.

­- Você também não concorda com eles – afirmou Peeta fitando Haymitch.

- Não – concordou ele – Mas tente entender, eles estão com medo. Se eu tivesse juízo o suficiente, também estaria.

- Eu não entendo.

- Peeta, você é muito novo. Não teve a melhor vida de todos, mas se comparando a nós, teve sim. Depois que se é um vitorioso, sua vida piora. Johanna perdeu toda a família por se recusar a vender seu corpo para o pessoal da Capital. Eu perdi a minha família por isso.

- Não foram os únicos que perderam a família – retrucou ele firme.

­- Estou dizendo que sofremos anos e anos como bichinhos de estimação da Capital até você e Katniss aparecerem para mudar o jogo. Se Paylor diz para não irmos, ou parte de nós não ir, eles vêm isso como Paylor tentando os controlar novamente.

- Não faz sentido – argumentou Peeta balançando a cabeça.

­- Para eles fazem.

­Peeta soltou um pesado suspiro.

- Isso pode ser perigoso.

Haymitch assentiu.

- De uma maneira ou de outra, sempre vamos estar jogando – respondeu Haymitch.





“Você não precisa sofrer.” A conhecida voz de Snow ecoava pelos ouvidos de Peeta. “Sua família não precisa sofrer.” A voz fazia eco, como se proviesse de uma extremidade cavernosa. “Katniss precisa sofrer.” Disse Snow, por fim.

“Não” responde Peeta com os dentes trincados. Ele vira para os lados, mas não há luz, nem a mínima refração para denunciar a onde estava. Tinha quatro paredes, disso ele sabia, pois se encostava em cada uma delas quando bem entendia. Mas agora, ao centro da sala, Peeta se virava no lugar, “Não!” exclama ele em forma de berro.

Luzes e mais luzes brancas se acendem repentimanete, sem aviso prévio, forçando Peeta a semicerrar os olhos e os proteger com as mãos. Ele distingui com dificuldades televisores, as paredes eram feitas de televisores, eram vários e pequenos. Cada extremidade das quatro paredes tinha mais de uma centena de televisores.

O teto se abre, e uma avalanche de água se derrama sobre o centro da sala, molhando Peeta, o encharcando da cabeça aos pés.

Os televisores se ligam, no mesmo instante, todos mostrando a mesma cena.

“Não”diz Peeta, mas sua voz não passa de um sussurro agudo agora “Por favor, de novo não”. Por onde Peeta olha, ele vê Katniss, correndo, com um arco e flecha nas mãos, em meio a uma floresta. Era a arena, gravações feitas na arena.

“O que planejam?” pergunta a voz de Snow.

Eu. Não. Sei” responde Peeta pausadamente como se explicasse uma equação a uma criança.

“Você não precisa sofrer.” repete Snow. “Não por ela, tudo o que você passar, é por ela”

Os televisores se desligam. Peeta respira aliviado, mas é cedo de mais para alivio.

Uma carga elétrica começa a passar por seu corpo encharcado, fazendo-o sacudir da cabeça aos pés, e o forçando a cair sobre os próprios joelhos. Seus próprios gritos ferem seus ouvidos.

Ardia, queimava, dilacerava.

Eu não sei!” grita ele, em meio aos berros de dor.

Os televisores se ligam, Katniss volta aparecer, mas não é ela. Ou é? Peeta não saberia dizer.

“Tudo o que você passar, é por ela. Isso é por ela” soa novamente a voz de Snow.

A dor é tanta que Peeta sente seu estômago embrulhar. Ele prefere morrer onde está, nesse momento. A voz de Katniss soa pelos televisores, e ele somente deseja que ela se cale. A imagem do liquido verde sendo inserido em suas veias volta a sua cabeça, e Peeta finalmente entende o que está acontecendo. Ele estava sendo telesequestrado.

Não!” berra ele, sentindo sua visão embaçar devido ás lágrimas de dor que se acumulam em seus olhos. Peeta já não tem forças nas pernas, seu coração está a mil, com sorte, o seu coração para, seria melhor do que sentir tudo isso. Peeta desaba no chão.

A corrente elétrica some, mas a dor não. Os pensamento não.

Está tudo confuso. Peeta coloca a última refeição que fizera há dois dias para a fora, no lugar onde estava. Sua respiração esta ofegante. Ele não sente seu corpo. A voz de Katniss ainda soa pelos televisores, penetrando seus ouvidos como faca. Cale. Ele quer dizer, mas não tem força. É insuportável, ele não agüenta ouvi-la. Peeta fecha as pálpebras com força, como se para fugir dali.

Peeta” ela chama, com a voz doce e suave, mas Peeta sabe que é um truque. O bestante quer apenas enganá-lo.

O bestante repete seu nome várias vezes. Peeta abre os olhos.

O garoto piscou algumas vezes, e viu o bestante a sua frente. Sorrindo. Com os olhos calmos.

- Chagamos a Capital – anunciou... Katniss. Katniss era seu nome.

Katniss olhou por um momento o olhar enfurecido de Peeta, reparou também em suas mãos fechadas a punho próximo ao corpo.

- Peeta? – chamou ela de novo, mas com certa cautela.

- Não é real – sussurrou ele fechando os olhos, afastando a lembrança de muito tempo, dos momentos em que vivera a Capital – Não é real – mas já fora real.

Peeta se levantou e sentou na cama. Sua cabeça doía.

- Por favor, prometa que um dia isso vai acabar – pediu ele num sussurro. Era dessa forma que o coração de Katniss se dilacerava, vê-lo assim.

- Eu prometo – respondeu Katniss estendendo a mão para ajudá-lo a levantar.

Katniss encostou seus lábios de leve nos do de Peeta, e entrelaçando seus dedos nos dele, saíram do quarto-vagão, e andaram diretamente até saída.

Chagaram, um frio tomara conta da barriga de ambos.

- Quer me contar o que conversou com o Gale? – perguntou Peeta.

- Não acho que seja necessário – respondeu Katniss abaixando os olhos para os pés – Quer me contar o que sonhou?

- Não acho que seja necessário – respondeu ele frio.

Quando chegaram a saída, encontram Haymitch prostrado na porta. Haymitch olhava para ambos, era indecifrável qualquer emoção em seu rosto, mas seu olhar parecia perturbado.

- Não se preocupe – pediu ele.

Suas palavras só fizeram sentido quando chegaram a saída.

- Katniss Everdeen – diz um homem trajado de branco, se colocando de frente a saída, já na plataforma. Um pacificador – Temos um mandato para levá-la conosco.



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Notas finais do capítulo

Eu apaguei o cap uma boa vintena de vezes, tipo, eu ficava, "não, definitivamente, Peeta não pensaria isso" "o que? Peeta nunca falaria isso" e eu me esforcei muito com esse capítulo, para não fazer nada mal feito, mas assim, espero que vocês tenham gostado, viu? E por favor, não deixem de dizer o que acharam :D muito obrigada :)