- Vai dar tudo certo – sussurrou Peeta entrelaçando seus dedos com os de Katniss.

           - Como você pode dizer isso? Como pode estar tão certo disso? – perguntou ela olhando sua mão se encaixar com a dele.

           - Estamos juntos – respondeu Peeta, levando a mão livre ao rosto de Katniss e apoiando-a em seu queixo, levantando o resto dela ao nível do seu – Desde que estejamos juntos tudo dará certo.

           - Vidas não serão salvas, independente de estarmos juntos ou não Peeta – Katniss respondeu fixando seus olhos nos olhos de Peeta.

           - Entram aí – A porta de correr escorregou-se suavemente para o lado revelando a índole figura de Noel, parado de forma descontraída, com um frio sorriso aos lábios que se refletiam em seus olhos azuis.

           Os guardas a serviço de Snow que foram colocados ao lado de Katniss e Peeta para evitarem que ambos fizessem qualquer coisa que não estava nos planos fizeram uma mesura a Noel antes de se viraram e saírem. Noel mal reparou no gesto.

           Ainda de mãos dadas, o casal entrou na sala e sem demora notaram que sem a menor sombra de dúvidas que a sala de comando de Snow sofrera alterações.

           ­- Vocês parecem bem – comentou Snow, ignorando o fato de estar de costa para o casal e não tê-los visto – Andem, se aproximem.

           Katniss e Peeta se entre olharam antes de darem mais uma dúzia de passos à frente, parando bem atrás da poltrona de Snow, que o colocava de frente a diferentes monitores, que mostravam diferentes imagens e de diferentes lugares.

           ­- Isso não é excitante? – indagou Snow retoricamente – Quantas vezes meu irmão desejou dar um fim a Panem? Construir bases de suprimentos necessários ao redor da Capital, com tudo que seria necessário para sobreviver, e explodir, simplesmente explodir os Distritos que mais davam prejuízo do que lucro. Até o cinco anexaríamos, formando uma única e grandiosa Capital. E o resto... Bom o resto é resto.

           Os olhos de Snow corriam freneticamente pelos monitores, fuzilando e absorvendo cada imagem à medida que era possivel.

           - Por que não detona de uma vez? – Katniss perguntou sem se controlar – O que está esperando afinal de contas?

           - Não! – Peeta exclamou soltando a mão de Katniss – Você não pode matar inocentes pelo mero fato de não quererem uma nova vida, você não pode os obrigar a viver de uma forma que não querem. Ninguém tem o direito de ditar ou tirar a vida do outro, você não precisa fazer isso. Controle quem quer ser controlado, apenas eles.

           ­- E o que eu ganharia com isso Peeta? – Indagou Snow.

           - O que você ganharia os matando? – rebateu Katniss – Sangue em suas mãos lhe da prazer?

           Snow soltou uma risada fria e balançou a cabeça enquanto diziam.

           - Apenas aproveitem o espetáculo.

           - Senhor? – chamou Noel – O 12 e 11 já foram evacuados.

           - Quantas pessoas foram espertas, Noel? – perguntou Snow.

           Noel soltou um pesado suspiro antes de falar:

           - Menos de uma vintena somando os dois.

           Snow não respondeu, pareceu contar em sua cabeça esse numero. Peeta notou o brilho que sumira de seu olhar ao ouvir Noel, Snow não estava nada satisfeito. Menos vinte pessoas não seriam suficiente para construir uma nova nação.

           - É uma lastima perder tantas pessoas – sussurrou ele para si mesmo – Esperamos que os outros Distritos sejam mais espertos.

           Katniss via o botão redondo, escandaloso e vermelho próximo aos monitores, e sabia que aquele botão significava a vida não só de seu Distrito, mas também á vida de Panem. De alguma forma Katniss não poderia deixar que Snow se aproximasse do escandaloso botão.

           Peeta olhava fixamente para os monitores, e sem dificuldades conseguia detectar o que cada um mostrava. Era cada distrito. Não foi difícil identificar qual seria o monitor que mostrava seu Distrito natal, ele conhecia muito bem o Distrito 12 para reconhecer as instalações reconstruídas, ver rostos conhecidos e imaginar o motivo de alguém ser capaz de acabar com aquilo tudo.

           - Eu não vou deixar você fazer isso – murmurou Katniss ao ver Snow levantar o punho em direção ao botão. E num piscar de olhos a garota se lançou em cima de Snow, o pegando de surpresa, assim como pegara Peeta e Noel, os únicos presentes na sala – Não vou deixar – grunhiu Katniss o empurrando da cadeira e forçando-o contra o chão.

           - Noel! – sibilou Snow com dificuldades.

           ­Katniss sentiu algo dolorido em suas costas, mas não teve tempo de discernir o que era, apenas sabia que era Noel tentando alguma forma de tirá-la de cima de Snow.

           - Não, não. O... O botão! – grunhiu Snow antes de receber o punho de Katniss em sua cara e ouvir o estralo que fizera o osso de seu nariz.

           - Peeta, não deixe! – berrou Katniss sem ousar sair de cima de Snow.

           Peeta que até o momento assistia tudo sem reação, pareceu sair de um transe ao ouvir seu nome, olhava de Noel para Katniss alternadamente, mas não saía do lugar.

           - Peeta! – berrou Katniss para apressá-lo.

           - Não ouse – cuspiu Noel olhando de relance para Peeta antes de se postar de frente aos monitores – Qual deles?

           ­- O ver... – Katniss pressionou sua mão contra a boca de Snow.

           - Peeta, ande! – berrou ela.

           ­Peeta não andou, permaneceu no lugar, como se algo o prendesse e o impedisse de sair dali. Eram os monitores. Quantas vezes Peeta fora obrigado assistir por monitores imagens desfiguradas de Katniss, ou mesmo ver os Distritos sendo destruídos pela Capital? Katniss sabia que as lembranças vinham contra a vontade de Peeta a sua cabeça.

           - Não é real – Peeta falou para si mesmo.

           Noel soltou uma gargalhada enquanto analisava os botões.

           Katniss, incrédula com a situação, saiu de Snow e num instante já se jogava contra Noel que se esquivara dela sem dificuldades.

           ­- Não tente me enfrentar garota em chamas – avisou Noel.

           - É o vermelho! – berrou Snow se recompondo – O vermelho!

           Noel abriu um sorriso frio e cínico antes de posicionar sua mão contra o botão vermelho.

           Mas antes de Noel pressionar o botão, uma explosão foi ouvida, e a sala tremeu antes de tudo escurecer e todos serem arremessados.