Real or not real? escrita por letter


Capítulo 19
Capítulo 18 - O tempo está passando


Notas iniciais do capítulo

Oie seus lindos, o capitulo estava bem gordinho, por isso eu dividi ele em dois, aqui vai a primeira parte :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/200437/chapter/19

          - Faísca, assim não! – exclamou Johanna exasperada, andando até Beetee e forçando um boné a parar sobre sua cabeça – Você sabe como destruir uma arena, mas não sabe como colocar um boné? Por favor!

          Gale que estava de braços cruzados, encostado em um poste ao lado da loira pigarreou levando uma mão a boca e arqueando uma das sobrancelhas para Johanna.

          A loira estreitou os olhos de Gale para Beetee, sabia bem o que aquilo significava. Johanna soltou um pesado suspiro e apertou a ponte do nariz em gesto de frustração:

          ­- Não é assim que se faz Beetee – disse ela com a voz mais branda.

          Gale fez um gesto de jóia, enquanto abria um sorriso em aprovação. Passou suas mãos pelos braços da Annie, e saiu andando com a morena à frente, deixando que Johanna arrumasse em Beetee um boné onde bem poderiam caber duas cabeças a mais do sua própria.

          - Não quero usar isso – contestou o homem, igual uma criança – Fico com cara de palerma.

          - Não mais do que o normal, querido – respondeu Johanna, imaginando estar sendo gentil, do modo como Gale estava se esforçando para lhe ensinar.

          Depois de ajeitar o boné tamanho família em Beetee, Johanna tirou outro de dentro da bolsa de compras, e ajeito em si, se auto visualizando em uma vitrine do lado de fora da loja que acabaram de sair, onde se diziam vender os maios variados acessórias para disfarce, em uma movimentada Avenida da Capital.

          - Com sorte irão nos confundir com esses pombos e nos deixarão em paz – murmurou ela, se referindo aos cidadãos da Capital.  

          - Pombos? – indagou Beetee, tentando acompanhar os apressados passos de Johanna pela larga calçada.

          - É, é. Esse pessoal que saí dos Distritos e vêem migalha na Capital. Onde está Gale? – Johanna agarrou o braço do Beetee, enquanto virava a cabeça freneticamente para os lados, a procura de um Gale e uma Annie.

          Uma enxurrada de cores florescentes atingia seus olhos violentamente, provinda de cabelos, roupas, tatuagens e acessórios das pessoas naturais da Capital. A crise poderia estar forte, mas os habitantes da Capital, sempre seriam habitantes da Capital. Embora estivessem menos escandalosos do que estariam há alguns meses, continuavam facilmente reconhecidos como cidadãos de lá.

          - Enobaria não vai gostar de saber que eu perdi o seu mascote preferido – murmurou Johanna se referindo a Gale.  

          - E a Annie – acrescenteu Beetee.

          ­- E a Annie – confirmou Johanna – Droga, Faísca – murmurou a loira por força do hábito – É por isso que eu odeio dar uma de babá, e não é a primeira vez. Eu disse que não deviríamos vir – murmurou Johanna mais para si do que para Beetee, continuando a puxá-lo pela calçada – Mas Gale insistiu que precisávamos sair. E eu em um momento de boa ação anual, resolvi trazer Faísca e Annie – Beetee mal ouvia Johanna, com a mão livre ajeitou os óculos na ponte do nariz e se pôs a fitar o céu – Ano passado em meu momento de boa ação anual ajudei Faísca e Pancada, e não resolveu muita coisa, deixei Pancada morrer. E agora, Annie e Gale devem estar servindo de alimento para esses malditos pombos, não que eles comam pessoas ou tenha gosto bom, quer dizer, não sei se o gosto é bom... Mas você entendeu não é Faísca?

          ­Beetee não respondeu, fitava o céu com a boca levemente aberta.

          ­- Não é Faísca? – repetiu ela se dando ao luxo de olhar para ele – O que foi dessa vez?

          ­- Não é uma tempestade – murmurou Beetee, e só então Johanna percebeu que não só Beetee pendia o pescoço para trás, e fitava o céu com a boca aberta. Todos em ambas calçadas e pelas ruas fitavam o céu, murmurando a palavra “tempestade”.

          ­Johanna olhou para cima, e constatou o que Bette dissera. Com certeza aquilo não era uma tempestade. Mal se ouvia relatos de tempo ruim na Capital, pois era ao extremo sul de Panem, e o clima já não era estruturado como já fora a muitos anos, antes da antiga civilização destruir o potencial do planeta.

          ­Chuva ao sul era tão raro com sol brilhante no Distrito 13.

          ­Mas Johanna esteve na arena, duas vezes, assim como Beetee, e ambos foram orientadores, sabiam bem como era fácil para idealizadores alterarem o clima, não era algo natural.

           Na arena os tributos percebiam isso vendo as linhas gráficas e quase transparentes que se fixavam no céu, segundos antes da alteração climática, ou antes de se cantar o antigo hino e mostrar as imagens dos tributos mortos no fim do dia. Essa era a mesma linha tênue que se fixava no céu nesse momento.

          - Não – murmurou Johanna, em concordância a Beetee – Não é tempestade.

          Como se os anos tivesse regredido em segundos, a insígnia da Capital se projetou ao céu, e o antigo hino inundou os ouvidos de Johanna e Beetee. Exclamações de todos os lados eram audíveis, alguns até murmuravam a letra da música com a mão levada ao coração.

          Logo, o céu se escureceu, e um clarão repentino forçou que Johanna semicerrasse as vistas, levando alguns segundos para a imagem que aparecia sobre sua cabeça ficasse visível, ou melhor, fizesse sentido.

         - O maior temor de quem via a rebelião com outros olhos, se tornou realidade – não, não, não, Johanna não estava vendo aqui – A grande parte se preocupava em afrontar o poder da Capital, a outra parte se preocupava em se manter vivo. Mas havia uma parte, uma pequena e mínima parte, que se preocupava com a forma que isso acabaria.

          - É o Peeta – sussurrou Beetee aos ouvidos Johanna.

          - Sei quem é ele – rebateu ela fitando o céu, ou melhor, o rosto de Peeta perfeitamente desenhado, sem qualquer arranhão, ou falha, uma visível obra de uma equipe de preparação, o que bem explicaria as vestes que ele trajava. Mas pelo que Johanna se lembrava, não havia mais equipes de preparação.

          - Independente de qual lado ganhasse, haveria suas conseqüências, todos sabiam, caberia ao vencedor saber lhe dar com elas. Panem ruiu. É bem visível a todos os Distritos os efeitos colaterais acarretados pela rebelião, e mais visível que isso é o fato de que sua Presidenta não conseguir arcar com o peso que tem de carregar. Mas dependemos dela, precisamos dela, ou ao menos precisamos de alguém maior que nós, para conduzir a harmonia, manter a economia, distribuir sentimento de paz, e nos dar a certeza que ao dormir, poderemos acordar sem medo. Sem medo de que falte água, alimento, saúde. Sem medo de que tenhamos de regredir, e voltar a viver cada um por si. Precisamos dessa segurança, e eu garanto Panem, não será sua Presidenta que poderá garantir isso.

          Peeta fitava diretamente a câmera, o que fazia parecer que ele olhava todos e cada um que o via sobre o céu, diretamente nos próprios olhos. Parecia abatido com o que falava, como se realmente acreditasse nisso, mas Johanna sabia que ele não acreditava. Ele não podia acreditar.

          - Obrigado Peeta – agradeceu uma voz, e a imagem se transformou.

          Já não era Peeta quem falava, e sim um homem grisalho, de barba feita e olhos claros.

          - Não preciso dizer muito mais a vocês, habitantes de Panem. Peço apenas que me acolham de braços abertos, e aceitem o que e tenho a oferecer. Ofereço rios e vales, água doce e salgada, montanhas e florestas, terras e plantações. Ofereço saúde, educação, segurança, bem estar e qualidade de vida. Alimento e moradia. Em suma ofereço a vocês uma nova nação, que para ser finalizada apenas necessita da aprovação de vocês, e de apoio para mantê-la. Panem ruiu. Ofereço há vocês um tempo para pensar, e lhes dou a liberdade de uma escolha a tomar. Panem e Paylor, ou um novo lugar e um novo Imperador, que lhes garantira tudo que mais desejam.  

          - Pensem bem, isso não é um jogo, a vida não é mais uma peça, e o tempo está passando – disse a voz de Peeta, já quando o céu voltara à tonalidade normal, e as pessoas caíam em si.

          - É o Peeta – repetiu Beetee ainda olhando para cima.

          ­- Eu sei – Johanna apertou sua mão ao braço de Beetee – Temos de...

          - Voltar ao edifício – completou Gale se materializando ali do lado com as feições fechadas, segurando Annie pelo braço – Agora mesmo. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Prometo não demorar com a segunda parte do capitulo, certo? Por favor, não deixem de dizer o que acharam ou ao menos dizer que leram. Muito obrigada. Mellarkisses *-*