Real or not real? escrita por letter


Capítulo 15
Capítulo 14 - Estrategista


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo foi meio desafiante de escrever, vocês verão porque. Boa leitura tributos ((:



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         Acordar, vaguear a esmo pelos corredores, ouvir ladainhas alheias, comer, suportar draminhas desnecessários, se dopar com morfinaceos, atormentar alguém, ser atormentada por alguém, lutar contra as lembranças, passar por cima dos pesadelos, suportar a madrugada e finalmente dormir.

         Essa tinha se tornado a rotina, nada animadora e mortalmente entediante de Johanna Mason.  

         Os dias se arrastavam tão lentamente, que as vinte quatro horas diárias para Johanna haviam se dobrado, tornando sua estadia na Capital mais demorada, agonizante e insuportável se possivel.

         Estaria aprisionada há quantos meses lá? Apenas alguns dias. Johanna não gostava de ter de seguir outras ordens que não fossem as suas, e ter de ficar trancafiada em um maldito edifício por ordem de Paylor, era quase comparável a estar sob a custódia da presidenta. Que liberdade era essa onde não podia nem colocar os pés para fora?

         Paylor embora não demonstrasse estava temerosa com o fato de seus dois pupilos terem sido seqüestrados, não suportaria perder mais um, e quem pagava por isso tudo? Johanna.

         Johanna não dormiu aquela noite, mas só ousou por os pés para fora da cama quando teve certeza de que o sol já estaria em seu posto no céu.

         Não se preocupou em tirar o pijama, gostava de ver as caretas que Effie Trinket fazia ao ver seu estado deplorável no café da manhã. Mas Effie não estava à mesa do café do café da manhã. Na verdade, ninguém estava lá.

         Provavelmente estavam todos na sala de comando de Paylor, com as pupilas grudadas nos monitores de Beetee, acompanhando cada paço que o Tordo dava, na esperança de descobrir onde os “inimigos” se encontravam, e mandar aerosdeslizadores para atacar. Um plano que Johanna fora contra, e fazia questão de se alienar a qualquer coisa que estivesse acontecendo. Pelo menos sobraria mais torradas para ela.

         Pensou duas vezes antes de se levantar da cadeira, imaginando se deveria ver o que estava acontecendo. Antes que pudesse tomar qualquer decisão, sua cabeça começou a latejar. Tão forte quando era possivel aguentar.

         Johanna grunhiu, e dobrou-se sobre si, tamanha era dor.

         Esse era apenas um dos efeitos colaterais causados pela sua estadia na Capital, forçada pelo presidente Snow. Lançaram qualquer coisa em seu sistema, que até hoje nenhum curandeiro descobrira o que era, e os únicos que sabiam, desapareceram misteriosamente, provavelmente estavam mortos. O fato era, diariamente por alguns longos minutos, Johanna sentia horríveis dores em sua cabeça, que faziam a perder quase todos os sentidos, a dor era tão insuportável que às vezes Johanna pensava se tivesse morrido nas mãos de Snow em uma de suas sessões de tortura, teria sofrido bem menos e acolheria tudo novamente de bom gosto.

         Com as vistas embaraçadas, e as pernas bambas, desceu até o centro hospitalar que ficava no subterrâneo do edifício. Agradeceu por não ter qualquer curandeiro ali, para vê-la entrando em qualquer quarto e tirá-la de lá. Johanna adentrou uma das portas que selecionara aleatoriamente, e novamente agradeceu, havia alguém lá, com seus conhecidos morfinaceos sendo transmitidos para a pessoa por uma mascara.

         Johanna se aproximou e sentou na beirada da cama da pessoa, tirando a mascara do rosto dela e colocando sobre o seu, inspirando com prazer o analgésico que preenchia seu interior, fazendo a vista se desembaraçar, e diminuindo gradualmente o latejar em sua cabeça.  

         - Acho que chega – murmurou uma conhecida voz fazendo Johanna suspirar de frustração e olhar para o lado.

         - Talvez mais um pouco – respondeu ela ignorando-o, fechando os olhos e aproveitando o efeito anestésico que o morfinaceos lhe proporcionava.

         - Johanna – falou ele com a voz grave, e sério.

         - Gale – respondeu ela no mesmo tom. Abrindo novamente os olhos e os virando para ele, suas feições estavam duras e sérias, seu olhar parecia chamas fulminantes lançados a Johanna. Ela abriu um sorriso irônico – Por que tão sério?

         Os olhos de Gale se desviaram dos de Johanna, e se pousaram na pessoa que estava na cama. Johanna se virou para o lado e viu, uma garota, parecia familiar, dormia serenamente, os cabelos loiros mais curtos do que Johanna lembrava de vê-la.

         - A sim, é sua namoradinha – disse ela reconhecendo a garota – Já vou devolver – Johanna pressionou a mascara mais uma vez em seu rosto, antes de devolver a Hanna.

         Gale, andou até o outro lado da cama, sentando perto de sua garota, e pondo suas mãos sobre as dela.

         - Ensine ela – pediu Gale.

         - Me desculpe? – perguntou Johanna, sem entender.

         ­- Ensine ela a ser uma vitoriosa – Gale não desgrudava os olhos de Hanna, e agora Johanna já não via as chamas que a pouco ardiam neles. Gale olhou para Johanna – Você conseguiu, você lutou várias vezes, sabe como ser uma vitoriosa. Ensine ela a lutar, vencer essa doença, e sobreviver.

         Algo que raramente acontecia, aconteceu: Johanna não soube o que dizer.

         - O que há com ela? – perguntou, pela primeira vez, curiosa em relação a garota do Distrito 2, que fizera o garoto do Distrito 12, esquecer o tordo.

         Gale deu de ombros e balançou a cabeça, parecia agoniado com a situação.

         A porta abriu abruptamente.

         - Na sala de comando, agora – Axl, o carrapatinho de Paylor, parecia assustado, mal viu Johanna.

         - O que foi? – perguntou Gale se levantando, adquirindo um tom de soldado.

         - O tiro saiu pela culatra – foi tudo o que o garoto disse antes de se virar e sair a longos e apressados paços. Gale foi atrás, e por algum desconhecido motivo, Johanna o seguiu.

         Os dois garotos quase corriam, e em segundos já estavam na sala de comando.

         ­- O que foi? – repetiu Gale, mas dessa vez, mais alto e para mais pessoas.

         - Mandamos um aerodeslizador atrás de Katniss, ele foi parar no Distrito 12 – disse Beetee.

         - Nos enganaram – explicou Paylor – O rastreador foi retirado de Katniss, e o colocaram dentro de um aerodeslizador, estávamos monitorando uma pista falsa.

         - Peeta com certeza sabe está – Johanna disse – Eles pegaram ele primeiro, basta perguntar – era uma coisa tão obvia, que ela não sabia como eles não tinha pensado nisso antes.

         Por um momento todos ficaram calados, olhando-a.

         - Nunca viram ninguém de pijama, não? – perguntou ela ao ver os olhos postados em si.

         - Eles não entregaram Peeta – quem respondeu foi Enobaria – Como ela não sabe disso?

         - Johanna preferiu ficar por fora da situação – respondeu Paylor.

         - Como não? – ela perguntou.

         - Estão manipulando tudo, atacaram Axl e Katniss, antes que pudéssemos levá-la em segurança para a base. A levaram... Ela e Peeta...        

         - E agora você não faz ideia onde ela está – disse ela de forma acusadora olhando para Paylor.

         - Não – confessou ela – Mandei soldados para todos os distritos de Panem, vão achá-los.

         - Distritos? – perguntou Johanna antes de soltar uma fria gargalhada – Por favor, Paylor. O que infelizmente eu e você temos em comum?

         Paylor ficou em silencio, pensando, nada lhe viera à mente.

         - Somos vitoriosas. E Beetee, e Annie, e Enobaria. Pense Paylor. Onde está Trinket?

         Uma minúscula coisinha, trajada de rosa dos pés a cabeça, levantou a mão, olhando desconfiada para Johanna. Estava sentada em um canto, ao lado de Haymitch.

         - Effie, faça o favor de dizer a Paylor o que aconteceu com a arena para onde ela foi. Ou para qualquer outra arena.

         Effie piscou, confusa com a pergunta, cada vez que Johanna falava, as coisas faziam menos sentido ainda.

         - Elas... Elas viraram museus, para o pessoal da Capital visitar – respondeu ela incerta.

         - Exatamente. Já concordamos que quem está por trás disso, com certeza está ligado aos jogos, e você manda soldados para buscarem no Distrito. Pense Paylor. 

         Para ser uma vitoriosa, em sua primeira vez na arena, Johanna ganhou sendo subestimada, quem se preocuparia em dar um fim na garotinha que vivia encolhida e chorando? Mas Johanna sempre fora uma estrategista, as pessoas um dia teriam de aprender a parar de subestimá-la. 


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Notas finais do capítulo

Bom, eu queria mostrar as coisas na Capital, mas pensei: pelo ponto de vista de quem? E bom... Deu nisso, eu juro que me esforcei para permanecer fiel a personagem, mas... Bom, não sei se consegui isso bem, enfim, por favor, me digam o que acharam :3 mellarkisses.