Real or not real? escrita por letter


Capítulo 11
Capítulo 10 - Ele por ela




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         “Ele, por ela”

         Três e simples palavras que grudaram na mente de Katniss e de lá já não saía.

         O vídeo de Peeta passava repetidas vezes por sua mente, e Katniss nem conseguia imaginar o que lhe aconteceu para ficar naquele estado. Tão maltratado... Ele não merecia isso. Ele por ela. Sangue escorria pelo seu rosto, suas mãos e pés atados, suas roupas em um estado lamentável. Ele por ela. Katniss via que Peeta estava desacordado no vídeo, lutando em vão para manter a consciência e abrir os olhos. Ele por ela. Vê-lo naquele estado fazia Katniss se lembrar dos momentos sombrios pelo qual passou tentando fazer Peeta voltar a ser o que um dia fora, depois do telesequestro. E imaginar que estava passando por tudo aquilo de novo fazia nascer dentro de Katniss um desejo insano de querer salvá-lo, de alguma forma.

         E ele sabia qual forma era essa.

         Ele por ela.

         Uma voz, desconhecida aos ouvidos de Katniss, dissera ao final do vídeo, “Ele por ela” não foi preciso mais quaisquer palavras depois disso, o significado era tão claro quanto ás palavras. Para salvar Peeta, Katniss teria de se entregar.

         Logo depois do vídeo se auto destruir, Gale, Haymitch e Paylor fizeram questão de fingir que não ouviram aquilo. Mas Beetee foi que teve a decência de falar em voz alta o que estava na mente de todos:

         - Apenas quando Katniss se entregar teremos Peeta de volta, vivo... Espero.

         Ninguém tentou impedir Katniss de sair abruptamente daquela sala. Ela não sabia para onde ir, apenas sabia que queria ficar longe de vídeos, fosse de monitores de segurança, ou fosse de tortura sobre Peeta.

         Quando deu por si, estava no telhado, procurando Peeta. Talvez ele estivesse lá.

         Gritou seu nome e tornou a gritar, mas não recebeu resposta.

         - Ele não vai responder – a voz de Haymitch chegou antes dele, ele parecia cansado e ofegava. A idade, a bebida e a falta de forma já não estavam ajudando – Não precisa estourar suas cordas vocais para descobrir isso.

         - Porque Haymitch? – perguntou Katniss quase berrando contra o vento que chicoteava violentamente a ambos – Se queriam a mim, desde o começo, porque pegaram ele?

         - Por que você acha Katniss? Não custa pensar um pouquinho. Eles querem atormentar sua vida.

         - Pois que atormentem, mas deixem Peeta em paz! Ele não vai aguentar Haymitch, não de novo, ele não vai... não vai – as palavras começaram a entalar na garganta de Katniss, abafando um soluço.

         - Até um cego pode ver Katniss. Eles querem atormentar sua vida, e sejam quem for, sabe que você daria sua vida de bom grado no lugar da de Peeta. Assim como fez por sua irmã. Estão te atormentando através dele, por isso o levaram primeiro.

         - Temos de trazê-lo de volta. Já.

         - Temos – concordou Haymitch – Mas tente usar o cérebro docinho, eu sei que você deve ter um escondido dentro dessa sua cabecinha. Não podemos agir por impulso. Há perguntas que temos de resolver antes de decidir qualquer coisa. Primeiro, quem são. Segundo, por que pegaram-no, a finidade disso. E o mais importante, onde estão.

         - E importante quem são e porque o pegaram? Temos te trazê-lo de volta! – rebateu Katniss exasperada levantando os braços e a voz.

         ­- Então me diga como, e saímos agora para ir atrás dele. Vamos, diga, do jeito que você fala parece ser simples, apenas decidir que já brincaram de mais com ele, estralar os dedos e fazer ele materializar em nossa frente.  

         Por trás do olhar voraz de Katniss, Haymitch viu que finalmente fizera a perceber o quão insana estava soando. Não era fácil lidar com ela, poderia haver uma, duas, três rebeliões, dezenas de jogos vorazes e centenas de perdas, mas Katniss saberia sempre o que era real e nunca deixaria de ser ela.

         - A onde vai? – indagou Haymitch ao vê-la se apressar de volta para dentro do apartamento.

         - Fazer o que Peeta faria em meu lugar.

         Peeta não pensaria nem duas vezes antes de se entregar no lugar de Katniss. Gale estava certo quando disse que ela escolheria aquele do qual não conseguiria viver sem. Ela não conseguiria viver sem Peeta, então como Haymitch ou qualquer outro poderia esperar que ela ficasse ali, parada, esperando o inesperado acontecer?

         Katniss desceu para a sala de comando, ficava abaixo do antigo centro de treinamento, onde tinha certeza que estava havendo uma reunião, e como ela fora deixada de fora, tinha certeza que a reunião era importante, mas não importava, o que ela queria estava de fora da sala de comando, e se chamava Axl.

         Axl era qualquer órfão de pais importantes da Capital que morreram durante a rebelião. Paylor o adotou como o seu assistente pessoal. Assim como fizeram com mais uma dúzia de crianças. Axl deveria estar com seus quinze anos completos, era alto, mais que Katniss, e muito magrelo. Seu rosto era emoldurado por cachos negros, e trazia consigo um belo par de olhos claros.

         - Garoto, Axl – chamou Katniss. O rapaz estava parado na porta, como se a guardasse para que dali, ninguém passasse.

         - Desculpe Everdeen, você não pode entrar – disse ele em um forçado tom de pesar.

         - Não quero entrar, pode me responder algumas coisas?

         - Acho que sim – respondeu ele incerto.

         - Não se preocupe, são coisas bobas – Katniss forçou um sorriso, talvez assim incentivasse o garoto – A entrega que chegou mais cedo para Paylor, o vídeo... Como chegou, de onde veio?

         - Foi engraçado – confessou o garoto sem jeito – Veio em uma pára-quedas, como as dádivas dos Jogos Vorazes.

         Katniss viu que para o garoto essa informação era algo perto do insignificante, mas para um garoto que cresceu na Capital, deveria ser mesmo. Mas para ela, algo chegar junto de um pára-quedas como constantemente tributos recebiam as dádivas dos Jogos Vorazes, claramente significava que as pessoas que estavam por trás disso, vieram da Capital, significa ainda que não são pessoal simples da Capital, são pessoas que estavam envolvidas na produção dos Jogos.

         - Sem remetente ou algo assim?

         - Apenas um cartão para Paylor – ele deu de ombros – Por quê? O seu mentor perguntou algo?

         “Seu mentor”, Katniss não gostou das palavras. Á muito Haymitch não era seu mentor, era muito mais do que isso. Mas Katniss suspeitava que para as pessoas da Capital, ela nunca passaria de um tributo e uma rebelde. Isso servia tanto para ela, quanto para Haymitch.

         - Ele queria saber como quem mandou o pacote, esperasse que nós respondêssemos – a mentira surgiu tão naturalmente, e viera tão rápida, que qualquer um que não conhecesse Katniss, não saberia dizer se era mentira ou verdade.

         - Acho que no mesmo cartão – Axl tirou um cartão do bolso, pequena e dourado, com uma caligrafia perfeita indicando o nome de Paylor, Katniss virou o cartão e viu pontilhados formando uma linha, como se esperassem que ela escrevesse algo.

         - Vou mostrar para ele – disse ela colocando o cartão no próprio bolso.

         O garoto Axl pareceu incerto, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa á porta da sala de comando se abriu, e um Gale muito vermelho e de punhos fechados saiu de lá.

         - O que faz aqui? – perguntou ele rudemente se dirigindo a Katniss.

         - Porque você sempre tem mais direitos a reuniões do que eu? – perguntou ela desviando da pergunta de Gale estrategicamente.

         - Porque usamos a cabeça, e quando se trata de Peeta você sabe apenas usar o coração – respondeu com uma frieza perceptível na voz.

         - Obrigada Axl – disse ela ao garoto, se virando e andando na direção da qual tinha vindo, tentando entender porque as palavras de Gale atingiram-na daquela forma.

         - Talvez gostaria de saber que descobrimos algo – começou Gale com a voz mais branda. Eu também descobri, pensou Katniss – Noel e Dondarion o levaram pelo telhado.

         Katniss se virou quase em cima de Gale.

         - Dondarion?

         - Um curandeiro – respondeu Gale – Ele trabalhou com vocês quando chegaram dos distritos, ruivo, olhos claros, aparentemente inocente, mas as câmeras de segurança do telhado mostraram eles dois levando um Peeta inconsciente para um aerodeslizador que os esperava.

         Uma lembrança se materializou na mente de Katniss: “Não era para você ter vindo. A senhora presidenta queria te manter em segurança em seu distrito” Seria o curandeiro que a diagnosticara? Não, não poderia... Aquele usava um pingente de tordo. Katniss confiara nele por algum motivo... Seria ele? Não...

         - Eu não sabia que havia câmeras de segurança no telhado – murmurou Katniss, pensando em outras coisas.

         - Paylor mandou colocar recentemente, por isso não sabia. Tudo bem Katniss? – perguntou ele ao ver a fisionomia abalada da garota. Nem Katniss poderia dizer porque descobrir que um curandeiro ruivo ajudara raptar Peeta abalara-a tanto.

         - Porque saiu da reunião assim? – perguntou ela novamente desviando do assunto.

         - Querem levar Hanna de volta para o 2, enquanto me deixam aqui – Hanna era uma garota que vivia um romance com Gale e que viera do Distrito 2, viera doente, ninguém a viu durante a viagem de trem, e nem a viram direito na Capital, pois ela realmente estava doente, Gale a levou ali com a intenção de mantê-la junto de si, e de encontrar curandeiros capazes de ajudá-la, ele contara isso a ela na viagem do trem.

         Katniss só a viu pelas câmeras de segurança. Se sentiu culpada, Gale se preocupava em ajudar Peeta, ela deveria ter sido uma boa amiga para Gale, e ter procurado conhecer e ajudar Hanna.

         - Se eu puder ajudar com algo – ela disse. Gale sorriu.

         - Tudo bem, vou ver como ela está agora.

         Aproveitando que Gale a deixou para procurar Hanna, Katniss aproveitou para procurar Haymitch. Subiu novamente para o telhado, mas Haymitch já não estava lá.

         Katniss estremeceu ao olhar em voltar e imaginar que há algumas horas, Peeta fora levado dali.

         Antes de começar a imaginar essas pessoas, fossem que fossem, sendo queimadas e torturadas, para aliviar sua raiva, um pára-quedas se materializara no céu e vira caindo em sua direção.

         Abrindo a mão para pegar o pára-quedas, Katniss prendeu a respiração, imaginando o que seria. Imaginara outra fita de vídeo, mas dessa vez, não passava de um simples cartão, com os simples dizeres: Sorria, você esta sendo filmada.

         Katniss soltou uma risada fria. Claro que estava, Paylor instalou câmeras ali, e ela tinha certeza, que quem quer que fosse que tivesse levado seu Peeta, também tinha câmeras colocadas sobre Katniss.

         A garota novamente se sentiu um tributo. Recebendo dádivas, sendo filmada, imaginando como arriscar tudo para salvar Peeta.

         Katniss engoliu uma boa lufada de ar, e disse bem alto, para que as câmeras de segurança de Paylor, e as câmeras de monitoramento dos seqüestradores a pegassem:

         - Libertem Peeta, deixem todos em paz. Podem me levar.

         Ele por ela.


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Notas finais do capítulo

Então tributos, amanhã é o dia tão inesperado, e eu quero desejar a todos que irão ver o filme amanhã, ou depois que tenham um HAPPY HUNGER GAMES. Espero também que tenham gostado do capitulo, e por favor, não deixem de dizer o que acharam do capitulo, o que precisa realmente ser melhorado, e o que esperam acontecer *-* 1beijo á vocês.