Sociedade Dark escrita por Nynna Days


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Para todos os meus Carmins e meus Darks queridos, um novo capítulo. E para quem é Team Drake, esse capítulo é especial por que vamos conhecer um pouco mais desse lindo guardião.



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Hesitei por um segundo antes de ir atrás de Drake. Parei apenas para pegar meus óculos e meu hobby branco, já que o vestido que eu usava para dormir era tão curto quanto transparente.

Desci as escadas na ponta dos pés, com uma fugitiva em potencial. Meu coração batia com força contra o meu peito, por causa da adrenalina.

Afinal, onde Drake estava me levando?                                                           

Trombei com Drake na cozinha. Estava tão escuro e eu estava tão assustada que não o enxerguei parado na porta dos fundos. Ele me segurou pelos ombros e eu pude localizar seus belos olhos azuis na escuridão. Escutei seu riso, então sua mão deslizou por meu braço, até seus dedos se fecharem nos meus e ele abriu a porta, deixando que a luz da lua entrasse e iluminasse o meu rosto corado.

“Você veio descalça?”, Drake perguntou depois de me olhar de cima a baixo. Eu iria me defender, dizendo que ele tinha saído muito rápido, mas ele apenas levantou uma mão, pedindo para que eu esperasse e voltou para casa.

Eu fiquei ali fora, olhando para o céu estrelado e suspirei. Estava tão louca que o seguiria pra qualquer lugar sem perguntar para onde.

Drake não era qualquer um, era o meu guardião. O que fazia essa atração entre nós um pouco mais perigosa. O vento bateu com força contra o meu corpo e eu apertei o hobby.

Drake apareceu dois minutos depois com um par de saltos altos na mão. Eu franzi o cenho. Tinha certeza que aqueles sapatos não eram meus. Alguma coisa me dizia que eram os mesmos saltos que Annice usava quando nos conhecemos. Sem dizer mais nada, Drake colocou os saltos no chão.

“Você não pode ir descalça.”, ele disse sorrindo.

“Ir aonde?”, eu perguntei, mas calcei o sapato.

“Você vai ver”, ele murmurou enigmático e andou em direção a frente da casa.

Perguntei-me o porquê de termos saído pelos fundos, mas resolvi ficar com isso para mim. Tentei entrar na mente de Drake, para saber para onde estávamos indo, mas havia uma barreira enorme. Era como andar em direção a um muro. Minha madrinha fazia isso às vezes, mas sempre havia uma brecha e eu via o que ela pensava.

Mas, com Drake, não. Era como uma obra bem construída. Não havia nenhum buraco, nenhuma fresta para que eu entrasse. A única vez em que eu tinha visto uma barreira tão bem feita tinha sido com Ethan. Se bem que com Ethan não era proposital. Era o simples fato de sermos diferentes demais.

Drake cumprimentou alguns dos guardas que estavam na frente da casa que se curvaram na minha direção em sinal de respeito. Eu apenas acenei rapidamente e quase tive que correr para alcançar Drake. Ele parou ao lado de seu carro e abriu a porta pra mim. Entrei em silêncio e ele começou a dirigir para fora da segurança dos portões da Sociedade Dark.

Puxei as mangas transparentes do hobby e tentei relaxar no banco. Eu sabia que ele não me faria nenhum mal, só estava apreensiva com o lugar que em ele poderia me levar. Percebi que aquela era a primeira vez que eu e Drake realmente ficamos sozinhos.

Seus olhos fixos na estrada, enquanto faziam uma curva que eu não conhecia. Fiquei aliviada em saber que ele não me levaria para o bosque. Tinha algumas coisas ali dentro que eu ainda não entendia. Coisas que eu preferia ficar longe. Como os Renegados. Só de me lembrar daquelas sombras me perseguindo. Perseguindo a mim e a Ethan, me fazia tremer.

“Onde você conheceu Ethan?”, eu perguntei de súbito.

Drake pareceu não se abalar com a minha pergunta como eu pensei que aconteceria. Apenas deu de ombros e manteve os olhos na estrada. Eu só não sabia se por ele ser um motorista responsável ou por querer evitar os meus olhos.

“Quando chegarmos, vou te dar todas as respostas que você quiser.”, ele disse.

Cruzei meus braços tentando parecer emburrada, mais estava apenas confusa. O que Drake ganharia me dizendo tudo o que eu queria saber? Tentei buscar em minha mente alguma coisa que meu guardião poderia querer, mas nada de importante veio a minha mente. Mais alguns minutos se passaram em puro silêncio. Limpei a janela embaçada pelo sereno e me encolhi de frio.

“Espero não chegar atrasada na escola.”, eu comentei quando vi os fracos raios saindo por entre as nuvens. Drake riu e freou.

“Eu te garanto que não irá.”, ele disse e saiu do carro.

Olhei para frente, encarando uma elevação de terra, como uma colina, com algumas raízes e pequenas árvores em diante. Abri a porta do carro e olhei para os meus saltos. Drake só poderia estar brincando comigo quando achava que eu poderia subir aquilo de saltos. Nem de tênis eu conseguiria. Drake subiu se agarrando nas raízes e quando chegou ao alto, esticou a mão para mim.

Eu suspirei, sabendo que não tinha outra escolha. Ele pegou a minha mãe e me puxou pra cima com facilidade. Ele sorriu e eu comecei a segui-lo. Era um tipo de mata. Tinha algumas árvores e muitas raízes. Eu andava me segurando nos troncos. Drake sabia perfeitamente para onde estava indo e eu tentava segui-lo.

Contando com o fato de estar escuro e eu estar com saltos em meio às raízes, eu não estava fazendo um bom trabalho.

Drake olhou para trás, vendo se eu estava bem e riu com o resultado. Essa garoto só sabia rir das desgraças alheias. Dei um sorriso sarcástico e ele continuou andando. Revirei os olhos e suspirei. Sabia que estávamos indo pra algum lugar, mesmo que Drake não quisesse me mostrar qual era.

Olhei para o céu mais um vez, vendo com mais clareza o sol aparecendo. Talvez fossem quase seis da manhã. Deveríamos estar andando há quase dez minutos e eu ainda não sabia para onde ou por que. Mas eu queria respostas. E se usar saltos altos em uma campina me traria às respostas, então eu faria.

Estava tão distraída com meus pensamentos que nem percebi quando Drake parou. Mais uma vez trombei em seu corpo. Ele nem seu mexeu. Ficou parado olhando além. Eu me levantei e olhei o espaço a nossa volta. Era um tipo de campina. Era grande e tinha algumas flores brancas espalhadas pelo chão, como um tapete. O sol nascia por entre as nuvens, iluminado tudo e deixando mais bonito.

Drake deu um passo à frente, como se andasse em direção ao sol. Os fracos raios iluminavam seu belo corpo, como se a luz baça fosse refletida nele. Eu fiquei parada, apenas observando. Os ombros largos, como de um jogador de futebol.

Uma leve brisa bateu em seu rosto, fazendo com que seus cabelos escuros ficassem mais despenteados. Mesmo sua blusa sendo um pouco larga, destacava bem o seu belo abdômen e o peito discretamente exposto além de suas costas.

Ele se virou para mim e piscou.

******

“Como você bloqueia seus pensamentos?”, eu perguntei.

Estávamos deitados em cima de algumas flores, olhando o céu clareando. Drake tinha as mãos atrás da cabeça e os olhos um pouco estreitos por olhar diretamente para o sol. Ajeitei meus óculos e voltei a olhá-lo. Ele parecia tão relaxado ali. Diferente do garoto tenso que eu havia conhecido.

“Essa não é a pergunta que você quer realmente fazer.”, ele disse me olhando pelo canto dos olhos.

Abaixei meus olhos cinza, envergonhada.

Ele tinha razão.

Eu queria saber tanta coisa ao mesmo tempo, que era melhor começar pelo mais fácil. Sentei-me, dobrando minhas pernas contra o meu peito e suspirando. Então fechei os olhos, sentindo os raios de sol aquecendo meu rosto.

“Essa é a pergunta que eu quero que você responda no momento.”, eu disse e olhei para ele. Drake olhava diretamente para mim, com os olhos cerrados. Passei os dedos por meus fios escuros, tentando parecer um pouco menos despenteada.

“Jodi, eu moro com seu pai há um bom tempo.”, Drake disse e se sentou, colocando as mãos para trás para lhe dar equilíbrio. “Se eu quisesse ter privacidade, teria que aprender a controlar os meus pensamentos e bloqueá-los.”

“Você mora com meu pai há quanto tempo?”, perguntei, me interessando pelo assunto.

“Novamente fugindo da pergunta, não é?”, Drake disse e sorriu. “Tudo bem.”, ele suspirou e desviou os olhos para frente. Ele parecia preso em outra época. “Minha mãe morreu quando eu tinha 13 anos e eu fugi de casa por um tempo, foi assim que eu descobri esse lugar. Passava as minhas noites aqui, até que meu pai me encontrou.”

Eu iria dizer que aquilo não tinha nada a ver com o que eu tinha perguntado então eu percebi que aquilo era um tipo de introdução para a história. Com o fraco sol da manhã batendo contra a minha pele, comecei a sentir calor, então abri o hobby, e deixei que ele escorregasse por meus ombros. Drake acompanhou o movimento com os olhos fixos.

“Meu pai me fez estudar em uma escola distante por um tempo, então eu voltei quando já tinha 15 anos. Era esperto e bastante adiantado.”, ele deu de ombros e voltou a olhar para o nada. “Meu pai deixou que eu estudasse em uma escola mais perto, de humanos. Eu não queria no começo, achava que os humanos eram inferiores e até pensei que ficaria sozinho, mas então conheci Annice.”

Levantei uma sobrancelha. Drake deveria ser dois anos mais velho que eu e Annice. Então, ele conheceu Annice quando ela tinha 13 anos e eles foram da mesma sala? Lembrei-me que Annice era adiantada dois anos, então fazia sentido. Cruzei as pernas e pus os cotovelos nas coxas, pousando meu queixo nas mãos.

“Eu e Annice fomos amigos de primeira. Além de sermos dois Darks em uma escola de humanos, éramos dois Darks Rastreadores em uma escola de humanos. Até então, eu não sabia que ela era sobrinha do Rei.”, Drake sorriu e balançou a cabeça. “Annice me convidou para ir a casa dela e eu fui com toda boa intenção e dei de cara com o Rei Dark. Minha vontade foi de esganar a Annice, mas ela parecia tão feliz me apresentado ao Rei. Como se eu fosse um brinquedo novo.”

“Eu imagino.”, eu disse sorrindo.

“O Rei logo percebeu que eu e Annice éramos bons amigos e quando eu fiz 18 anos, ele me chamou para ser guardião dela.”, ele me deu um olhar significativo. “Então você apareceu e tudo mudou.”

“Bela história.”, eu disse desviando o assunto e olhando para a palma das minhas mãos. Então captei uma coisa na mente dele. Drake deve ter percebido, pois desviou os olhos de mim e pressionou os lábios juntos. “Você e Annice já...?”

“Foi há muito tempo”, Drake me cortou bruscamente. “E foi só um beijo.”, ele deu de ombros.

Levantei uma sobrancelha com a mudança brusca de humor de Drake. Parecia que ele não gostava de tocar no assunto do beijo com Annice. Mais parecia que isso havia unido os dois mais ainda, já que eu nunca percebi o desconforto entre os dois. Só uma boa camaradagem. Senti algo quente em minha coxa e abaixei os meus olhos, vendo a mão de Drake pousada ali.

“Conheci Ethan quando tínhamos nove anos.”, Drake disse de repente. Meus olhos se arregalaram com a mudança de assunto. O jeito como ele dizia o nome de Ethan era tão rude. “Minha mãe tinha me levado para passear no parque e nós nos conhecemos. Ele era um ano mais novo que eu, mas eu até que simpatizei com ele. Conheci Christina vagamente, já que ela e outra menina ficaram brincando de boneca um pouco longe de nós.”

“Outra garota?”, eu o interrompi. “Morena, olhos escuros?”

“Não me lembro muito bem, mas acho que sim.”, ele levantou uma sobrancelha. “Por quê?”

“Era Nara Jazz.”, eu disse e Drake ficou tenso.

“A maluca que tentou te matar?”, ele arriscou.

“Exato.”

Drake começou a respirar fundo, se acalmando.

“Voltando, eu e Ethan brincamos e ficamos bons amigos. Prometemos ser sempre amigos, mas então, minha mãe e a mãe dele se estranharam e nos afastaram.”, Drake me encarou com os olhos vazios. “Nessa mesma noite, eu soube que era um Dark e que Ethan era o meu inimigo.”

“Por isso você o odeia?”, eu perguntei, estranhando.

“Não.”, Drake se levantou passando a mão pela calça para tirar a sujeira. “Eu não gosto dele, pelo o que ele fez a você.”

“Você não sabe de nada.”, eu rebati me levantando e colocando meu hobby, como um tipo de proteção as palavras de Drake. “Ele só fez isso porque estava com medo.”

“E você ainda tenta defendê-lo?”, Drake perguntou parecendo ofendido. “Entenda Jordan. Ele é um Carmim e eu sou um Dark. Temos que nos odiar. É a lei da natureza. Mas você é mestiça, ele tinha que te dar o benefício da dúvida pelo menos. Ele poderia estar confuso e com medo na hora, mas e depois? E na escola?”

“Pare.”, eu pedi.

“Você sabe que se continuar nutrindo esse amor, tudo o que Ethan Ramirez irá fazer é pisar em seu coração e cuspir.”, os olhos de Drake parecia pegar fogo. E seus ombros estavam tensos. “Ele tem nojo de você, Jordan.”

Tenho nojo de sua raça. Dark.

“Pare.”, eu pedi mais uma vez.

“Aceite que você deve esquecer e seguir em frente.”, Drake continuou, me ignorando. Meus olhos começaram a pesar e meu coração se apertou. Meus pulmões pareciam ter se perdido dentro de mim. “Tudo o que ele pode te dar agora e sempre, é o desprezo.”

“Pare”, Eu gritei. Drake se calou, dando um passo para trás. Comecei a respirar com força e meus músculos ficaram tensos e quentes. “Você acha que eu não sei de tudo isso? Acha que eu não acordo todos os malditos dias me odiando por ter contado a verdade, mas sabendo que era a coisa certa? Acha que eu não quero arrancar esse amor de dentro de mim? Eu quero Drake. Quero muito, mas eu não consigo.”, parei de gritar e respirei mais um pouco. Minha garganta reclamou e engoli em seco. “Afinal de contas, o que você queria me trazendo aqui e me contando tudo isso?”, sussurrei.

Drake pareceu abalado com as minhas palavras anteriores. Eu mesma estava. Nunca tinha me sentindo tão bem dizendo tudo aquilo em voz alta. Meu guardião se aproximou lentamente, então passou um dos braços em minha cintura e segurou meu queixo, o levantando.

Eu perdi o ar. Seus olhos estavam tão azuis que era fácil demais me perder neles. Senti minhas bochechas corando e o óculos escorregando pela ponte do meu nariz.

Nada disso pareceu importar quando o rosto de Drake começou a se aproximar do meu. Eu não me atrevi a respirar. Sentia-me tão leve nos braços de Drake, não havia mentiras. Não havia culpa. Apenas ele e eu.

“Você está tão confusa.”, ele sussurrou. Seu hálito bateu em meu rosto e minha cabeça começou a rodar. “Não quero te deixar pior.”

Então, ele me soltou e deu um passo para trás. Minhas pernas estavam tão bambas que eu quase caí sentada de volta nas flores. Drake me segurou pelo antebraço e me encarou, sério. Uma lembrança tocou a minha mente, sem que eu permitisse. O meu primeiro beijo com Ethan. Como ele tinha me segurado exatamente daquele jeito um pouco antes de me beijar.

Entendi as palavras de Drake. Eu estava confusa demais com meus sentimentos em relação a Ethan. Eu o amava?

Muito, tanto que chegava a doer. Mas eu não sabia se teria a capacidade de perdoá-lo por tudo o que estava fazendo comigo. Com a mão livre, ajeitei meus óculos. Drake, vendo que eu estava com os pés seguros no chão, me soltou.

“Vamos embora.”, ele disse e deu um passo para trás, hesitante. “Daqui a pouco todos vão acordar.”

Eu assenti, sem realmente escutar as palavras. Minha cabeça parecia estar no piloto automático. Tantas coisas passavam por minha mente ao mesmo tempo. Tantos sentimentos que eu tentava controlar. Olhei para Drake, parado a minha frente, esperando que eu andasse. Mas eu tinha que saber de mais uma coisa.

“Por que você me contou todas essas coisas?”, eu repeti a pergunta.

Drake deu um passo à frente e abaixou-se até que nossos olhos estivessem no mesmo nível.

“Porque, mesmo Ethan tendo o seu amor, eu tenho uma coisa que ele não tem mais”

“O quê?”, eu perguntei com a voz fraca.

“Sua confiança.”


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Notas finais do capítulo

Comentem!
E para quem é Team Ethan, um pequeno spoiller. Próximo capítulo TALVEZ nosso querido casal Jordan e Ethan tenham uma pequena recaída.



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