Sociedade Dark escrita por Nynna Days


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Novo capítulo.
Nesse vamos ver um pouco da história de Christian e Rose. E mais um pouco de Drake. Quero saber quem é Team Drake, hem.



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“Annice, você não precisa ficar chateada.”, Drake disse dirigindo. “Sabe que é a primeira do meu coração.”

Annice bufou e cruzou os braços com força, o ignorando. Eu cocei a cabeça, pressionando meus lábios para não rir. Olhei para Drake que tinha os olhos fixos na estrada. Percebendo meu olhar, ele deu um meio sorriso, antes de encarar Annice pelo espelho retrovisor. Ela estava emburrada porque queria dirigir, mas Drake me garantiu que ela era um perigo no volante.

Encostei minha cabeça no vidro, suspirando. Aquele dia tinha sido bem estranho. Se não fosse pelas brigas entre Annice e Christina, diria que tinha sido tenso. Senti algo quente pousar em minha mão e abaixei meus olhos, reparando na mão morena de Drake. Levantei os olhos lentamente para ele, meu rosto corado.

“Está tudo bem?”, ele sussurrou, voltando a olhar para estrada por um curto segundo, depois de volta para mim.

“Se eu disser que sim, você para de me perguntar?”, eu disse rude e puxei a minha mão.

Drake levantou uma sobrancelha, estranhando a mudança brusca de comportamento, mas deu de ombros e voltou a dirigir em silêncio. Eu respirei fundo algumas vezes, me perguntando se ser rude era o certo a se fazer. Antes eu era rude com Ethan e olha no que deu. Balancei a cabeça com força e voltei a olhar a paisagem através da janela.

Era incrível que, para chegar até a Sociedade Dark, tínhamos que fazer quase o mesmo caminho que para a Carmim, só que, havia uma bifurcação em que Dimitri entrou para a direita e Drake para a esquerda. Isso há dez minutos. Só naquele momento que os caminhos mudavam.

“Eu não agüento ficar em silêncio.”, Annice disparou e descruzou os braços, se inclinando para o espaço entre o banco do motorista e o meu. “Sabe, eu estava pensando com meus botões. Bem que aquele Ethan é bem bonito.”

Drake rosnou e suas mãos apertaram o volante com mais força. Annice deu um sorriso malvado, sabendo que a provocação iria funcionar. Eu engoli em seco e mantive meus olhos na janela, mesmo que não conseguisse prestar mais atenção na paisagem. Respirei fundo. Não podia me encolher de dor todas as vezes que escutava o nome de Ethan.

Eu não era uma princesa frágil de contos de fadas. Nunca fui. Passei a mão pelo rosto com raiva e bufei. Se Ethan queria me ignorar e fazer o papel de namorado enganado, eu também poderia. Esse jogo era para dois. Que o buraco em meu peito aumentasse, eu ignoraria. Que meus pulmões pedissem para que eu subisse a superfície, eu os ignoraria. Que meu coração se apertasse e doesse, eu o ignoraria.

“Ele era mais bonito quando usava o cabelo liso.”, eu respondi. Minha voz saiu com um esganiçada, então limpei a garganta e tentei novamente, rezando para ela não falhasse. “Quando ele usava o cabelo liso, era mais bonito. Agora está estranho, parece outra pessoa.”

Virei-me para meu guardião e minha prima. Annice me encarava com os olhos escuros arregalados. Drake tinha suas safiras estreitas como se não me reconhecesse. Eu forcei um sorriso e soltei o ar. Eu era capaz de falar de Ethan sem que doesse, certo?

“Tudo bem”, Annice disse lentamente, olhando para mim e para Drake. Então deu de ombros. “Mas, aquela irmã dele, Christina, me deu nos nervos. Eu juro que na próxima vez que ela me estressar, vou afogá-la no lago mais próximo.”, ela jogou os cabelos escuros por cima dos ombros e deu um riso malvado.

“Pensei que seu foco fosse o Carmim.”, Drake disse.

“Não sei, sabe.”, Annice fez um bico enquanto pensava. “Ele é gostoso, eu admito. Mas não sei se vale o trabalho. Nem iria poder ficar com ele. Prefiro procurar alguém que valha a pena e que eu possa ficar de verdade.”

“E que te queira né? garota chata.”, Drake riu e Annice deu um tapa nele. “Hey.”, ele reclamou. “Estou dirigindo, quer que um acidente aconteça?”

“Contanto que mate SÓ você.”, ela deu de ombros.

“Sei que você vai sentir falta de mim, Anny.”, Drake piscou e vi Annice abaixar um pouco a cabeça com o rosto corado. Drake riu mais ainda e eu não pude deixar de rir também.

Era tão natural rir com eles. Sem mentiras, sem o medo de que se eles soubessem quem eu realmente era, pudessem tentar me matar. As provocações entre os dois continuaram até que nós chegamos aos portões da Sociedade Dark. Perguntei-me por um momento como ninguém nunca tinha notado que havia uma cidade dentro de outra.

Diferente da Sociedade Carmim, os guardas estavam vestidos com roupas comuns. Um de blusa pólo, outro com uma blusa social com dois botões desabotoados. Annice assobiou baixinho para o último e eu revirei os olhos. Os portões se abriram automaticamente e nós seguimos enquanto os guardas tentavam nos saudar.

“Você é muito mal educado, Drake.”, Annice reclamou.

“E você muito atirada.”, ele retrucou, ganhando outro tapa, só que na nuca. “Hey está maluca? Quer morrer aqui?”

“Oh, não”, Annice levantou as mãos e fingiu pavor. “Morrer com você, não.”

Drake revirou os olhos. Eu apertei minhas mãos contra o vidro, vendo como a Sociedade Dark era diferente da Carmim. Crianças passavam em suas bicicletas e carrinhos eletrônicos, enquanto suas mães falavam ao celular e os adolescentes paqueravam. Aquilo era tão humano, tão...

Normal.

“Impressionada?”, Drake perguntou me encarando pelo canto dos olhos. Eu assenti, sem desviar o olhar da janela.

“Espere até ver onde nós moramos.”, Annice disse e apontou para frente.

Eu olhei na direção em que ela apontava e senti meus olhos se arregalando. A construção deveria ter, no mínimos cinco andares. Mais janelas do que eu poderia contar. O teto tinha um formato diferente e era de vidro. O prédio em si, era marrom. Enquanto Drake se aproximava, pude ver a entrada.

A varanda aberta, totalmente de madeira. Havia até degraus. Parecia tão rústica e moderna ao mesmo tempo. Além de grande. Não pude deixar de compará-la a um hotel. Conforme nos aproximávamos, sentia meus olhos brilhando em expectativa. Quando o carro parou e dois homens abriram a porta, eu quase saltei em direção à porta.

“Eu disse que ela iria gostar.”, escutei Annice dizendo para Drake.

Podia imaginá-lo revirando os olhos.

“Certo, Annice. Você sempre acerta.”, ele concordou.

Eu abri a porta dupla, encarando a grande sala principal. O grande tapete vermelho e marrom no centro. Poltronas e sofás dispostos estrategicamente para deixar a sala elegante e moderna. Uma lareira e uma enorme televisão de plasma completavam o ambiente. Encontrei meu pai sentado em uma das poltronas ao lado de uma mesinha com um copo de uísque na mão. Assim que ele nos viu, abriu um grande sorriso.

“Minhas princesas.”, ele disse alegre.

Escutei Annice rindo atrás de mim, antes de passar correndo e ir abraçar meu pai. Eu parei por um segundo analisando a emoção de minha prima. Senti o corpo de Drake parando a uma pequena distância de mim e fiquei tensa. Continuei meu caminho, enquanto Annice se sentava no sofá ao lado do meu pai.

“E como foi a escola?”, Christian perguntou dando um gole no uísque. Ele levantou uma sobrancelha e eu soube que essa pergunta não era nem para mim, nem para Annice.

“Interessante.”, Drake se sentou do outro lado da mesinha e pegou um copo vazio pondo uma pequena dose de uísque. Isso queria dizer que ele realmente era maior. De idade. “Não sabia que tinham tantos Carmim se rebelando e indo estudar fora.”

“Rosemary sempre foi flexível com as leis.”, meu pai disse e olhou para mim. “E como foi lá, querida?”

Eu dei de ombros, me sentando ao lado de Annice. Meu pai virou o seu corpo para que pudesse me ver melhor, o que eu estava tentando evitar veementemente. Annice passou a mão pelos cabelos escuros, os prendendo num coque e cruzou as pernas. Não pude deixar de reparar como ela era elegante.

“Foi...”, eu disse, tentando não deixar que meus pensamentos me denunciassem. “Normal. Não é como se fosse a primeira vez que eu fui a uma escola.”

“Mas foi a primeira vez que você viu Ramirez depois daquela confusão.”, Drake disse, me cortando. Dei-lhe um olhar mortal que ele fez questão de ignorar. “Eu não posso dizer que os Ramirez são rudes. Christina Ramirez, irmã gêmea de Ethan, foi bem doce com Jodi.”

Levantei uma sobrancelha com o novo apelido que Drake havia me dado e percebi que gostei. Entre um gole e outro, ele me encarou e piscou. Meu pai parecia tão preso em pensamentos que nem reparou no meu guardião dando em cima de mim. Meu rosto se esquentou e eu rezei para que meu pai pensasse que era por causa da menção de Ethan na sua frente.

“Parece que nem todo mundo compartilha da mesma opinião que você.”, Meu pai lançou um olhar para Annice, que soltou o ar.

“Nós nos estranhamos um pouco, tio.”, ela admitiu. “Mas, ela realmente foi um doce com Jordan. Pareceu bem sincera. Além disso, eu não fui a única que trocou farpas com alguém.”, ela olhou diretamente para Drake.

Perguntei-me de quem Annice estava falando. O dia inteiro não vi Drake discutindo com ninguém. Tirando o pequeno estresse no estacionamento na hora da chegada, ele se manteve ao meu lado o dia inteiro. A não ser que ele tivesse se estressado com alguém, em algum momento em que eu estava distraída. O que foram muitos.

Drake cerrou os olhos lentamente na direção de Annice e eu jurava que se entrasse em sua mente, veria pensamentos não muito amigáveis. Annice deu um sorriso sarcástico na sua direção e piscou com os longos cílios, docemente. Um pequeno sorriso brincava no canto dos lábios de meu pai, enquanto ele encarava aquela cena que parecia ser rotineira.

“Não tiveram problemas com o outro Ramirez?”, meu pai perguntou cortando os olhares mortais de Drake.

“Não.”, o meu guardião respondeu e suspirou, ficando totalmente sério. “Ele ficou distante de nós o dia inteiro. Um ou dois olhares hostis, mas nenhuma aproximação.”

Meu pai me encarou, esperando uma confirmação. Eu suspirei, me encolhendo um pouco, sentindo um frio repentino. Então ergui a cabeça. Tinha dito que ignoraria tudo o que Ethan fazia comigo. Mais como eu poderia ignorar meu próprio corpo? Christian levantou uma sobrancelha com meus pensamentos confusos e para distraí-lo, deixei que ele visse o breve encontro entre mim e Ethan no corredor.

Eu repassei a cena com lentidão e cuidado. Meu pai via em silêncio, como se estivesse assistindo interessado a um programa de televisão. Segurei-me para não engolir em seco. Rever aquelas cenas era estranho. Mas, mostrá-las para o meu pai leitor de mentes, era bizarro. Reparei Annice dando língua para Drake, enquanto ele levantava as mãos e as fechava lentamente, como se estivesse enforcando alguém.

“Parece que ele não ficou distante o dia inteiro.”, meu pai disse quando eu terminei mostrando o jeito súbito que Ethan se afastou.

“Foram poucos minutos, mas falha minha.”, Drake disse. “Estava tentando fazer Annice e Christina não se matarem.”

“Tudo bem, Drake.”, meu pai disse, mas seu rosto continuava sério. “Só quero que você se lembre que Annice não é mais sua protegida. É Jordan.”

“Eu sei Senhor.”, Drake disse e se levantou. Percebi suas bochechas levemente rosadas. Ele estava envergonhado? “Se me permite, irei me retirar. Há muito tempo não piso em uma escola, e estou cansado.”, ele estalou as costas.

“Pode ir, Drake.”, meu pai balançou a mão ao vento, em descaso.

“Com sua licença.”, ele fez uma mesura para meu pai. Então para mim e para Annice. “Princesas.”

Então se retirou. Annice foi a próxima a se levantar. Seu cabelo, antes preso, estava se soltando lentamente. Ela abriu a boca, bocejando e esticou os braços na frente do corpo. Meu pai deu um sorriso tão largo que o canto de seus olhos se enrugaram.

“Perdi o costume de acordar com o galo.”, Annice disse e deu um beijo na bochecha de meu pai. “Até amanhã, tio.”, ela se virou para mim e sorriu. “Não se atrase, prima.”

Então subiu.

Meu pai colocou o copo vazio de volta na mesa e me encarou. Cocei os olhos, esperando que o sono viesse. Estava tão acostumada a acordar cedo e dormir tarde que não tinha como escapar daquele momento pai e filha. Percebi que aquela era a primeira vez que eu e meu pai ficávamos sozinhos desde que nos reencontramos.

Ainda era estranho, olhar em seus olhos cinza e me ver espelhada neles. Christian era tão novo, ou pelo menos aparentava ser. Com a sua pele pálida e os cabelos loiros.

Ele colocou os cotovelos nos joelhos e fechou os punhos, pousando o queixo neles enquanto também me observava. Ele deveria estar vendo minha mãe em mim. Os cabelos escuros e ondulados, o rosto redondo, o pequeno nariz. Os lábios eram de meu pai. Tão vermelhos, em contraste a nossa pele clara.

Não estou vendo sua mãe, querida.

Levantei uma sobrancelha.

Está vendo quem?

A linda filha que eu perdi a oportunidade de ver crescer.

Limpei a garganta e desviei meus olhos dos seus, incomodada. Desde que tinha ido morar com a minha mãe, nós meio que evitávamos qualquer que fosse o assunto que tivesse a ver com o meu abandono. Eu sabia que minha mãe queria falar sobre isso e colocar as cartas na mesa, mas eu não podia aguentar tanta coisa ao mesmo tempo. Abri meus olhos que nem tinha percebido que havia fechado e voltei a encarar Christian.

Você evita esse assunto com sua mãe?

Ele parecia realmente surpreso com isso. Eu assenti. Mesmo que não precisasse realmente falar para me comunicar com meu pai, ainda era difícil. Senti minha garganta se fechando. Lembrei-me de todas as vezes que me perguntei por que meus pais haviam me abandonado. Quantas vezes havia posto a culpa em meus poderes bizarros.

Foi preciso, querida. Não coloque a culpa em sua mãe. Ela queria ficar com você, mas eu disse que o melhor modo de sobrevivermos era nos separarmos.

Isso me deixou alerta.

Sobreviver?

Christian suspirou e assentiu.

Quando eu e sua mãe nos conhecemos, nossos pais já tinham uma grande rixa entre si. Mas eu e Rose não ligávamos. Ficamos um longo tempo escondidos e nos amando, até que ela contou que estava grávida. Obviamente não podíamos contar para nossos pais nem nada parecido. Foi errado, eu admito, mas a única saída lógica que vimos foi fugir.

Pra onde?

Eu tinha um amigo humano que morava em uma casa a alguns quilômetros daqui. Perto de onde Megan e a mãe moravam. Nós nos escondemos lá por um longo tempo. Ninguém sabia de nossa localização além desse meu amigo. Até que um dia Rose resolveu dar uma volta, pois estava enjoada. Eu deixei.

Ele deu de ombros, mas seus olhos estavam vazios, presos em outra época. Eu conseguia enxergar tudo através de sua mente. Minha mãe mais jovem. Os cabelos mais longos, o corpo menor e frágil, mas com uma elevação na barriga. Meu pai sempre franzindo o cenho, enquanto a encarava. Mas era só minha mãe sorrir, que ele relaxava.

Eu não sabia que eles iriam atrás dela. Nossa sorte foi que Megan a encontrou e a levou para dentro de casa. Elas conversaram e ali, Rose pode ver a esperança de você sair bem e viva daquela confusão.

Engoli em seco. As imagens continuavam a vir com força. Minha madrinha 17 anos mais jovem. Os cabelos loiros mais claros, os grandes olhos azuis inocentes e os dentes pequenos e retos. As grandes bochechas rosadas me fizeram sorrir. Megan era fofa quando pequena. Mas, uma dúvida me pegou.

Quem foi atrás da mamãe?

Os Renegados.

Arrepiei-me enquanto aquele nome fluía por meus pensamentos e fazia os pelos de meus braços se arrepiarem. Meu pai respirou fundo e continuou.

Eles queriam nos seqüestrar para conseguir seus lugares de volta nas comunidades. Sua madrinha ajudou Rose. E quando você nasceu, foi inevitável que ela não fosse a sua madrinha, ou que ela ficasse com você. Entenda Jordana, eu queria estar ao seu lado em todos os momentos. Bons ou ruins, mas, eu não pude.

Tudo bem.

Eu queria poder ter pego em sua mão, na primeira vez que um garoto te magoou. Queria poder ter te levado em seu primeiro dia de aula. Chorado quando você ficou... Mocinha. Eu queria estar em todos os momentos.

Pai está tudo bem.

Vi os olhos de meu pai ficando vermelhos então algumas lágrimas começaram a rolar. Ele me encarou então balançou a cabeça. Minha garganta começou a coçar. Eu a limpei.

“Está tudo bem.”, eu disse em voz alta.

“Não, não está.”, ele disse e suspirou, limpando o rosto. “Eu deveria ter ido mais cedo atrás de você. Você poderia ter sido criada aqui do meu lado desde pequena. Assim como Annice.”

“Não, pai.”, eu disse e me levantei. “O destino fez isso, então está tudo no devido lugar. O importante é que você me encontrou. E eu entendo que tudo o que fez foi para o meu bem. Sei que se não fosse por esse sacrifício, nós três estaríamos mortos.”

Aproximei-me dele e baguncei seus cabelos loiros. Meu pai deu um sorriso triste. Vi que nem com o cabelo bagunçado, ele ficava feio. Era um verdadeiro anjo de tão lindo. Não me impressionava que o amor entre ele e minha mãe havia sido imediato. Christian pegou minha mão e pôs entre as suas duas.

“Prometo que irei te recompensar por todos esses anos.”, ele disse. Eu sorri.

“Não precisa, só de saber que você me ama me sinto melhor. Mais aceita.”, me inclinei e dei um beijo em sua testa. “Vou subir.”, olhei para os lados. “Alguém nessa casa vai me levar para o quarto, ou terei que usar meu super poder de bússola?”

“Não precisa.”, meu pai riu. “Não irei perguntar de quem você herdou o humor ácido.”, ele se levantou. “Eu mesmo irei te levar para o quarto e te cobrir, como um bom pai faz.”

“Um bom pai de uma criança de cinco anos.”, eu reclamei.

“Tenho que recompensar por todos esses anos, querida.”

*******

Eu estava deitada em minha enorme cama de casal, esperando que o sono conseguisse me alcançar. Era uma luta quase perdida. Na Sociedade Carmim, Dimitri costumava ficar conversando comigo até altas horas da noite. Mas parecia que na Sociedade Dark era diferente. Todos eram ursos preguiçosos.

Não queria admitir isso, mas um dos motivos de que não conseguia dormir, era por estar pensando na história de meu pai e minha mãe. Aquilo era tão Romeu e Julieta. E eu me sentia aliviada por saber que não tinha sido jogada fora por capricho e sim por que eles quiseram me proteger. Só de pensar que eu quase fui a culpada da morte de meus pais, sentia um frio subindo por minha coluna.

Sentei-me na cama abraçando minhas pernas contra meu peito, suspirando. Olhei para a grande janela do meu quarto. Ela tinha duas portas de correr de vidro, quase parecido com a varanda do meu outro quarto. Levantei-me, abrindo as portas e respirando fundo. O vento batia tão forte contra as árvores lá fora que eu não conseguia nem escutar meus próprios pensamentos. Desisti de observar a paisagem e fechei as portas.

“Esqueci de te falar que aqui venta muito.”

Soltei um gritinho assustado e me virei rapidamente e me virei vendo Drake encostado no batente da minha porta com os braços cruzados. O analisei desde os cabelos escuros bagunçados e um pouco jogados em seu rosto até a camisa branca que quase não se destacava na sua pele pálida. Os dois primeiros botões estavam abertos e deixavam seu peito discretamente exposto.

Olhei confusa para suas calças jeans claras e os tênis que ele usava. Com certeza, Drake não dormia daquele jeito. Isso significava que ele ia a algum lugar. Só que isso não respondia o que ele estava fazendo. Arregalei meus olhos e abaixei-os para a minha roupa de dormir quase transparente e tentei me cobrir. Mesmo estando um pouco escuro, pude sentir os olhos de Drake me analisando de cima a baixo.

“Vai a algum lugar?”, eu perguntei, rezando para que ele não notasse meu rosto corado.

Drake deu um sorriso enigmático e me deu as costas, saindo do quarto. A porta continuou aberta. Eu fiquei parada, vendo-o se afastar cada vez mais, até que senti um impulso incontrolável de segui-lo. Seus passos ritmados e o vento nas janelas eram o único som que ecoava pela casa, até que ele parou.

Drake parou no meio do corredor e me olhou por cima dos ombros, levantando uma sobrancelha. Seus lábios moveram-se no silêncio, me atraindo, me fazendo querer ir mais perto.

Não escutei o que ele tinha me dito, mas eu sentia que deveria segui-lo.


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Notas finais do capítulo

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