Sociedade Dark escrita por Nynna Days


Capítulo 13
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Meus amores, desculpem a demora. Aqui está mais um capítulo, e me desculpem pelos erros de português. Esqueci de colocar para revisão.



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Capítulo 12

“Isso é impossível”, disse Ethan vindo na direção da porta.

Eu apenas me afastei cruzando os braços e o observando usar quase toda a sua força para tentar abrir a maldita porta. Ele ficou uns dois minutos tentando forçar a fechadura, quando, no final, suspirou e deu um chute frustrado na porta.

Não pude deixar de reparar algumas veias pulsando em seu pescoço avermelhado de raiva. Os músculos de seu braços estavam tensos e ele tirou o blasé, o jogando do outro lado do refeitório. Não queria admitir, mas estava apavorada. Não com a ideia de ficar trancada. Logo alguém iria sentir a minha falta. O problema geral era ficar presa com Ethan.

Parecendo ler a minha mente, Ethan voltou a me encarar e andou até parar a poucos centímetros de mim. Fiquei tensa. Afinal, ele ia me culpar por estarmos presos? Ou talvez fosse me beijar para polpar o ar. Eu sempre me surpreendia com Ethan.

“Você está com o celular?”, ele perguntou.

Meus olhos se arregalaram.

“O esqueci em casa”, eu disse enquanto me xingava mentalmente. “Onde está o seu?”

Ethan pareceu incomodado com a pergunta e por um segundos pensei que não iria responder. Ele se afastou, sentando-se no chão, encostando as suas costas na porta e jogou a cabeça para trás, soltando o ar com força, quase como um lamento. Não entendi e não me mexi.

“Eu o quebrei ontem.”, ele esclareceu.

Fiquei tentada a perguntar o porque, mas apenas assenti e puxei uma cadeira, sentado a uma distância segura daquele loiro. Ele passou a mão pelos cabelos ondulados e fechou os olhos, acariciando a ponte do seu nariz. Por último franziu o cenho, deixando explícito a sua frustração. Ainda bem que ele não descontou em mim.

“Mas bem que eu poderia ter visto que isso iria acontecer hoje.”, eu sussurrei sem perceber, com os pensamentos aéreos. “Ficar presa em uma sala com Ethan daria um bom sonho.”

“O quê?”

Levantei meus olhos das minhas mãos pousadas no meu colo e encarei Ethan. Ele tinha um olhar confuso e desconfiado. Só então percebi que tinha falado em voz alta. A cor sumiu totalmente de meu rosto e meu cérebro pifou em achar uma boa desculpa. Ethan esperou em silêncio que eu dissesse alguma coisa. Dei um sorriso sem graça e desviei os olhos para a janela.

“A Christina bem que poderia ter visto isso, ou talvez a minha mãe.”, dei de ombros. “Afinal, elas são videntes.”

Ethan ainda tinha aquele olhar desconfiado e seus olhos verdes se dilataram por um momento. Engoli em seco. Ele não podia desconfiar. Ele não poderia descobrir. Mas, se eu contasse, não seria mais fácil? Ele iria perceber que também tenho uma parte Carmim. Não me veria apenas como a Dark nojenta. Talvez se eu contasse...

Não.

“Eu sempre odiei quando você fazia isso”

Pisquei os olhos com força, parecendo acordar de um longo sonho com as palavras de Ethan. Depois, os estreitei, confusa. Ethan sorria com as minhas mudanças de expressão. Ai, Deus. O que estava acontecendo?

“Como assim?”, eu perguntei.

“Antigamente, quando eu perguntava alguma coisa e você desconversava.”, ele explicou. “Você ainda faz isso. MUITAS VEZES”, ele me deu um olhar significativo e eu sabia que ele estava falando sobre Drake e corei. “Mas, antes eu me preocupava mais. Afinal, pensava que você não sabia nada sobre o mundo Dark e Carmim”

“E realmente eu não sabia”, tentei me defender. Ethan se levantou, andando na minha direção, sem tirar os olhos dos meus. Senti toda a minha pele formigando. “Eu nunca soube quem eu realmente era. Só sabia que era uma garota estranha que lia mentes.”, dei de ombros. “Naquele dia em que você me contou sobre os Dark e os Carmim, eu soube que era uma coisa ou outra.”

“Você lê mentes?”, ele puxou uma cadeira a minha frente e se inclinou na minha direção. Eu assenti, o rosto ficando mais vermelho que antes. Eu sabia o que ele iria perguntar. Era óbvio demais. “Você consegue ler a minha mente?”, ele tocou a têmpora.

“Não”, balancei a cabeça com força. Se eu pudesse, tudo seria bem mais fácil. “É tudo silencioso. Acho que todos os Carmim que controlam mentes, me bloqueiam. Posso ler a mente de todos, sejam Carmim ou Dark, menos a sua”

Os olhos de Ethan se arregalaram, mas logo eu vi o alívio tocando o seu rosto. Eu não adicionei o fato de que, já o conhecia tão bem que nem precisava ler a sua mente para saber o que ele estava pensando. Seus olhos gritavam os seus pensamentos, a maioria das vezes, pelo menos.

Ele me olhou de um jeito tão intenso que começou a me incomodar. Não, aquela situação em geral estava me incomodando. Éramos para estar afastados ou brigando. Ou nos agarrando. Esse era o nosso natural. Mas, eu não queria admitir. Eu não conhecia Ethan tão bem quanto eu realmente gostaria. O conhecia para saber as suas reações futuras, mas em momentos como aquele, em que ele me olhava parecendo ver a minha alma, nada passava a minha mente. Tudo apagava.

Pessoas normais, estavam batendo na porta até que alguém aparecesse e nos tirasse daqui. Mas ali estava eu e Ethan, conversando um pouco sobre a nossa breve época juntos. Tomando uma coragem que nem eu sabia que tinha, comecei a falar:

“Naquele dia em que te contei tudo”, eu comecei e fechei os olhos. Não precisava dizer com exatidão qual dia, ele sabia. Ethan soltou um breve lamento. As imagens vieram com força a minha mente. Tenho nojo de você. Dark. “Eu sabia que você iria reagir daquele jeito. Não vou ser hipócrita e dizer que não tinha uma esperança de você jogar as nossas diferenças para o alto e ficar comigo, mas as chances eram mínimas.”, abri os meus olhos, vendo que Ethan tinha desviado os dele. “Na verdade, eram inexistentes.”

“Eu te amava muito, Jordan”, Ethan disse aquelas palavras com dificuldade. Meus olhos começaram a arder. Meu peito abriu um buraco e meu estômago pareceu cair. “Fiquei com medo. Eu sabia que tinha alguma coisa estranha com você. Que você não era uma pessoa normal. Mas, Princesa Mestiça? Dark e Carmim? Era demais para mim.”

“Eu sei”, eu sussurrei com a voz fraca. Soltei um soluço. Ethan me encarou e ficou espantado ao perceber que eu estava chorando. “Era um esperança boba, sabe?”, dei um sorriso fraco e triste. “Uma coisa dessas só acontece em filmes ou livros. Eu te conto que sou a coisa que você mais odeia no mundo e você me aceita sem pestanejar.”

“Mas, eu não fiquei com medo de você”, ele esclareceu se inclinando mais na minha direção e pegando a minha mão por entre as suas. “Fiquei com medo porque, mesmo sabendo que você era tudo o que eu fui criado a odiar, eu ainda te amava. Muito.”

“Para, por favor.”, pedi. Escutá-lo dizer tudo no passado machucava mais ainda. “Ninguém pode ser tão confuso assim. Se eu contei que sou metade Dark e se você tem nojo de mim”, destaquei a palavra. “você me odeia, pronto.”

“Eu não te odeio”, ele insistiu e eu gemi. “Eu me odeio a cada dia por te fazer sofrer. Droga, Jordan.”, ele estourou. Seus olhos totalmente azuis. “Eu quase pirei quando fiquei dois meses sem te ver. Todos os dias tinha que repetir para mim mesmo que era a coisa certa a se fazer. Você é uma princesa, precisa de coisa melhor. Eu só te causo dor.”, ele acariciou o meu rosto, limpando uma lágrima. Eu suspirei. “Mas, só de te imaginar com outra pessoa, me mata. Sinto uma raiva incondicional.”

Meus olhos, que eu nem percebi que tinha fechado, se abriram de susto.

“Você está falando de Drake”, eu afirmei.

Ele assentiu um pouco contrariado.

“Eu vejo o jeito que aquele cara te olha e não gosto. Mas não tenho direito nenhum. Nós...”, ele pausou, parecendo contrariado a dizer aquelas palavras. Por fim, respirou fundo. “Nós nem chegamos a namorar. Parece que o destino faz de tudo para nos afastar.”

“O destino não fez nada, Ethan.”, eu disse tentando controlar o meu choro. “Foi você quem me rejeitou. Que me magoou. Que me despedaçou.”

“Mas...”, ele tentou.

Eu me levantei, decidida.

“Sem mas.”, eu repeti as palavras da inspetora. “Todos temos escolhas. Você escolheu me tratar feito um animal e me repudiar. Eu te amava, Ethan”, eu fiquei de costas para ele e respirei fundo, tentando controlar o meu coração. “Eu...”, me detive.

Nenhum barulho entregou a sua aproximação, mas quando dei por mim, estava nos braços de Ethan. Seus braços envolveram a minha cintura e as minhas mãos pousaram em seu peito, surpresa. Seu rosto estava a centímetros do meu. Tinha alguma coisa diferente em seus olhos, além daquele desejo usual. Era quase como um apelo.

“Quando eu te vi voltando para a escola, no começo da semana, foi como se todos os meus erros fossem jogados na minha cara.”, ele disse me pressionando mais contra ele. Senti seu coração acelerado sobre a palma da minha mão. “Me diz, Jordan. Eu sei que você quer me dizer. Me diga o que sente.”

Quase que movida por um encanto, eu percebi meus lábios se movendo. Eu iria dizer. Eu iria gritar que ainda o amava. Que ele poderia ser idiota, me ferir e tudo mais. No final do dia eu estaria sempre com o mesmo sentimento.

Isso não podia ser possível. Do jeito que ele me magoou, meu amor deveria ter diminuído ou sumido. Mas ali, parada frente a frente com Ethan, só parecia aumentar. Eu esquecia de tudo ao meu redor. Tudo o que aconteceu. Tudo o que ele fez. Eu o amava e era o que importava.

Princesa Jordana, venha até nós.

Você nos pertence.

Meu corpo gelou com a voz em minha mente. Não poderia ser. Fazia tanto tempo que eu não os escutava. Ethan, sentindo a tensão em meu corpo, me soltou e olhou para o lados atentos. Eu, por outro lado, comecei a andar pelo refeitório e acender todas as luzes, e fechar as cortinas. Meu olhar caiu na porta. Era óbvio que eles tinham alguma coisa a ver com o fato de eu estar presa em um refeitório com Ethan.

“O que houve?”, ele perguntou vindo atrás de mim.

Eu deveria estar parecendo uma louca.

“Renegados”, eu disse alerta.

“O quê?”, ele perguntou. Eu quase me chutei ao lembrar que ele tinha saído da Sociedade antes das histórias dos Renegados se espalhassem. Eu passei por ele pela terceira vez em silêncio e ele, frustrado, me segurou pelo ante braço, fazendo com que eu o encarasse. “O que são Renegados, Jordan?”

“Lembra das criaturas que nos perseguiram no bosque, no dia em que você me contou sobre os Dark e os Carmim?”, ele assentiu, confuso. Sua boca se abriu, e eu sabia o que ele iria dizer, por isso o interrompi. “Não, não eram Darks. Olhe para mim, Ethan. Eu não sou uma sombra, nem meu pai, nem Drake, nem Annice. Essa sombras são Renegados.”

Alguma coisa quebrou do lado de fora da porta. Nós dois olhamos para a porta, alarmados.

“E como você sabia que eles estavam aqui?”, ele perguntou, mas me soltou e começou a fechar as cortinas e acender as luzes.

Tremi ao lembrar das vozes em minha mente. Eram tão frias e sujas.

“Eles falam comigo em pensamento.”, eu revelei.

“Eles o quê?”, Ethan arregalou os olhos, que tinha voltado a ficar verdes.

Eu não tive chance de falar mais nada. A porta, trancada, começou a tremer, como se alguém estive a forçando para abrir. Eu e Ethan nos olhamos, em pânico. Sem que alguém me impedisse, peguei uma cadeira e corri na direção da porta, para segurá-la. Mas, no meio do caminho, tudo ficou escuro.

“Merda”, eu berrei. Olhei em volta, tentado enxergar alguma coisa e encontrando apenas a escuridão. “Ethan, onde você está?”

“Aqui”

“Nossa, boa localização”, eu disse irônica. “Eu vou ficar falando e você vem seguindo a minha voz, tudo bem?”

“Ok”

“Hum...”, eu estava sem ideias. “Nós estamos presos aqui. Se conseguirmos sair, você promete me encontrar na festa da Sociedade Carmim?”

Fez um silêncio, mas eu escutei o arrastar das cadeiras e das mesas, próximas de mim. Meu coração estava tão acelerado que eu achava que Ethan estava se guiando pelo barulho dele. Respirei fundo, ainda esperando a sua resposta. Quando, senti um braço envolvendo a minha cintura. Eu iria gritar, mas então reconheci o cheiro cítrico de Ethan e me acalmei.

“Prometo”, ele sussurrou no meu ouvido.

Ele me soltou para que eu pudesse colocar a cadeira no chão. Escutei um barulho atrás de mim e dei alguns passos a frente. Mesmo não enxergando, eu pude sentir um ar frio tocando a minha pele. Isso significava uma coisa.

“A porta está aberta”, eu disse.

Sem dizer nada, eu e Ethan começamos a correr. Claro que ele correu mais na minha frente, já que as suas pernas eram maiores e ele não usava óculos que escorregavam toda hora. Eu, sem querer, acabei tropeçando em algo e caí. Meu óculos saiu do lugar e eu tateei o chão para procurá-lo. Meu coração se acelerou novamente. Não escutava mais os passos de Ethan. Pelo menos, se os Renegados me pegassem, seria apenas eu.

Finalmente senti a armação fria dos meus óculos contra a palma da minha mão e os pus no lugar. Olhei em volta, mesmo não enxergando nada e resolvi voltar a correr. Não fui muito longe, antes de sentir meu corpo batendo contra alguma coisa. Ou melhor, contra alguém. E um alguém forte, que me segurou pelos ante braços, me impedindo de fugir.


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Notas finais do capítulo

E agora, Meu Deus? O que acontecerá com a podre Jordan. Pessoal, eu notei que tenho 19 leitores, mas pouquíssimos comentam. Por favor, deixem um comentário, nem que seja para me xingar, ou uma frase. Chega de leitores fantasmas.