Memórias Do Barão Sangrento escrita por Elena


Capítulo 2
2


Notas iniciais do capítulo

Está um pouco maior que o primeiro, espero que gostem.



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Eu não consegui ficar imune àqueles olhos implorantes e fiz a única promessa na minha vida que não gostaria de fazer, incapaz de falar algo eu assenti com a cabeça e sai do quarto sob um olhar agradecido e um fraco sorriso.

Rowena já fora perfeita, a mulher mais incrível que já conheci, mas agora não passava de uma sombra do que já fora, assim como eu, tentei ver na filha o que via na mãe, me enganei acreditando que Helena era como a mãe, me neguei a ver o que todos viam, que Helena era um ser invejoso e mimado, que não merecia o amor que recebia, mas o que eu podia fazer? Desde que a vi pela primeira vez meu coração se inquietou, Helena me roubou o coração quando sorriu educadamente ao sermos apresentados, desde então dediquei minha vida a conquistá-la e adorá-la, quando finalmente ela aceitou meus constantes pedidos de namoro eu exultei achando que finalmente tinha começado a ganhar o amor dela, não percebi que ela estava somente deslumbrada com minha dedicação, que ela aceitou meu pedido por pura vaidade, para continuar a ouvir meus elogios e promessas de amor eterno.

Fui um idiota por não ter percebido antes, Helena só queria ser amada sem dar nada em troca, tudo que importava para ela era ter o mundo girando em torno de si, e o meu mundo e o da mãe dela sempre giraram em torno dela, quando Rowena percebeu o erro que estava cometendo tentou concertar imediatamente, e Helena viu seu mundo desabar, ela já não era adorada como queria, e a inveja que sentia da mãe a corroeu até que ela cometeu o ato mais infame que ela poderia cometer: roubou sua própria mãe.

Por mais que Rowena tenha negado ao mundo que Helena fez isso, eu sei que é verdade, eu vi quando Helena estava fugindo com a diadema na mão, ela também me viu e quando eu me dispus a ir com ela, desesperado por pensar que nunca mais a veria, ela riu de mim, riu do meu amor, disse que nunca me quis e que eu era um tolo por ter acreditado que ela poderia amar alguém como eu, fiquei tão sem chão que não pude me mover até ser tarde demais, Helena havia partido e eu estava só, sem nem ao menos ter o consolo de que um dia já tinha sido amado por ela.

Eu sempre achei esse tipo de coisa ridículo, nunca acreditei nesse negócio de mal pressentimento, mas cá estou eu, sem conseguir dormir porque tenho um mal pressentimento, estou em Hogwarts mais uma vez, minhas visitas são cada vez mais freqüentes, afinal minha amada precisa de mim, Helena está passando por uma fase difícil, sua mãe Rowena está tentando fazer com que a filha seja um pouco menos mimada, eu não vejo problema nenhum no fato de Helena ser um pouco mimada, eu passaria todos os dias da minha vida a mimando.

Ouço um barulho atrás de mim, parece alguém correndo, estou em frente às portas do castelo, e seja lá quem for que está vindo terá que passar por aqui, sei que existem diversas passagens secretas pelo castelo, mas não tem nenhuma por perto, então tudo que tenho que fazer é esperar, me escondo nas sombras e observo, quase não acreditei quando a vi, meu anjo, Helena Ravenclaw, estava correndo em minha direção, parecia assustada, estava prestes a ir ao encontro dela, quando vejo o que ela carrega na mão, por um tempo não sou capaz de fazer com que meu cérebro aceite o que meus olhos vêem, não pode ser, ela não faria isso, não meu pequeno anjo.

- O que você fez? – pergunto, e minha voz sai como um rugido, nunca tinha gritado com ela antes, mas agora ela merecia.

Mudo de parecer assim que a vejo parar assustada olhando para os lados, parecia uma lebre cercada por um predador, saiu das sombras e ela sorri quando me vê, mas não é um sorriso de felicidade, a face dela está desfigurada, ela sorri ironicamente, como se se divertisse por ser eu a pega-la… não posso dizer a palavra, talvez a mãe tenha dado a ela, não Rowena jamais daria sua diadema para Helena, não enquanto pensasse que Helena não era digna do artefato.

- Então é você? – ela pergunta me olhando com desprezo, aquilo me feriu mais do que qualquer outro ferimento que eu já tinha sentido.

- O que você fez? – pergunto novamente, minha voz agora saindo num sussurro, não queria saber a resposta, não se aquilo fosse o que eu estava pensando, não se aquilo significasse que meu anjo tinha… roubado a própria mãe.

- Não é óbvio? – ela pergunta ironicamente me mostrando melhor a diadema. – Eu peguei o que é meu por direito.

- Isso não é seu! – eu exclamei com raiva, eu estava preocupado com Rowena, ela não andava muito bem de saúde, e se ela descobrisse o que está acontecendo nesse instante ela morreria, tenho que reverter a situação o mais rápido possível.

- É claro que é meu! – exclama Helena nervosa. – Eu sou a única herdeira e a diadema é minha por direito!

- Que eu saiba as pessoas só recebem herança quando a pessoa que é dona do bem está morta! – repreendo-a, nunca me imaginei fazendo isso, mas sei que isso é necessário, Helena estava fora de si.

- Minha mãe morreu no dia em que resolveu que eu não era digna de ser sua filha. – Helena fala com tanto rancor na voz, que por um momento sinto raiva de Rowena por fazer meu anjo ser capaz de sentir algo tão indigno dela. – Minha mãe está senil, e eu já não devo nada a ela. Agora saia da minha frente, eu tenho que ir.

As palavras dela me acordaram, como assim ir? Se ela partisse talvez eu nunca mais a visse. Não! Eu não podia permitir que isso acontecesse.

- Eu a acompanharei. – afirmei, que Rowena me perdoasse, mas eu não podia deixar Helena, não podia não fazer o que ela queria. – Você não pode andar por ai sozin…

Fui interrompido pela risada dela, mas não era a risada límpida e cheia de vida que eu conhecia, era uma risada ríspida, irônica, que acreditaria que qualquer bruxo das trevas teria, mas não Helena.

- E por que você acha que eu quero que venha comigo? – perguntou Helena quando parou de emitir aquele som terrível, que parecia tudo, menos riso.

- Eu sou…

- Meu noivo? – ela perguntou e riu novamente, aquela risada hedionda. – Eu só aceitei esse noivado ridículo, porque gostava de ver o quão dedicado você era…

- O que você está dizendo? – a interrompo, meu coração doendo como se tivesse sido esfaqueado.

- Eu nunca te amei. – ela fala claramente. – Nunca pensei em me casar com você realmente, eu só queria se paparicada, agora eu já não preciso disso, logo não preciso mais de você.

Ainda sorrindo ironicamente ela vai em direção as portas de carvalho, sem nem ao menos olhar para trás ela vai embora, eu queria ter ido atrás dela, mas meus músculos não reagem, em minha mente só ecoa a voz dela, me dizendo aquelas palavras terríveis, sinto falta de ar e meu coração dói, caiu de joelhos e sinto lágrimas caírem do meu rosto, com um enorme esforço eu me levanto e vou até as portas, mas não consigo ver nada, ela já tinha ido, ela tinha me abandonado, meu anjo foi embora e com ele levou todo o meu ser, tudo que um dia eu fui e tudo o que um dia eu seria, já não há nada em mim, apenas o vazio deixando por aquela menina com cara de anjo e alma do demônio, mas eu sei que quando eu voltar a vê-la, vou esquecer tudo, vou me negar a acreditar no que aconteceu essa noite, por isso não posso vê-la novamente, preciso me manter longe dela e de tudo que me lembre dela, por isso fujo de Hogwarts, deixando para Rowena uma carta, onde explico tudo o que houve, espero que Rowena tente superar assim como eu.

Já nos portões de Hogwarts eu olho o que eu pensei ser a ultima vez para o castelo, "Adeus", eu me limito a sussurrar e vou embora, e espero que não volte nunca mais.


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Notas finais do capítulo

O próximo eu já posto amanhã, obrigada por tudo, xoxo.