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Passadas tanto apresentações quanto primeiras impressões, os dois começaram a papear amigavelmente sobre o hobby que os unia, permeando, vez ou outra, pelos caminhos da política e fenômenos naturais, como o Katrina, que atingira em cheio New Orleans e causara grande estrago em parte da costa oeste americana, bem como outros assuntos da época.
Tudo isso não passava de algo como uma preliminar para Michael, um processo do qual ele não tinha a mínima intenção em fazer, mas deveria ser falso, e causar uma boa impressão. A conversa fluía amigavelmente, embora com certa animosidade devido a pensamentos e pontos de vista diferentes. Bem, no fim das contas, não se resumia a isso as conversas, duas ou mais pessoas tentando firmar suas crenças e ideais? Mas, naquele debate, os dois amantes da arte, quase não tiveram ponto em comum, não importando o ponto a que se direcionavam, sempre era a mesma coisa:
Claudius discordava de Michael. O jovem pintor, em seu orgulho tolo, já estava já irritado com seu anfitrião e não via hora da situação voltar ao seu favor, ele era o melhor pintor do mundo, não precisava conversar futilidades com qualquer colecionador que fosse, a autoridade era ELE. Oh, como era arrogante aquele jovem chamado Michael, que, ainda fedendo á leite, achava que era algo como um messias.
Alguns minutos se passaram, no que era, para Michael, uma tortura em forma de papo. O jovem já pensava em cortar o seu companheiro e mudar totalmente o rumo da conversa. Mas, não faria isso. Sabia que ricos excêntricos como aquele tinham o péssimo hábito de se sentirem ofendidos quando desafiados ou contestados, normalmente por se considerarem em um nível superior de aprendizado e sabedoria, tolos vos digo.
O que Michael não tinha ideia, era o quão excêntrico Claudius era. Mas, tudo vem em seu devido tempo e, para a sorte de Michael, o Colecionador acabava de mudar o tópico da conversa.
- Bem... Voltando ao assunto inicial... – olhou para cima, clara demonstração de que tentava recordar algo – sobre o que falávamos antes, mesmo?
Os olhos de Michael se acenderam e ele se ajeitou na cadeira, esperando que desta vez a conversa tomasse um rumo melhor. Quem sabe desta vez não tivesse sorte.
- O senhor falava algo sobre os artistas dos quais fez tornarem-se conhecidos... Algo do tipo.
- Oh! Ora essa, era exatamente isso! E devo ratificar, senhor Toren, que suas pinturas em muito me agradam. Existe algo de especial nelas... Quando primeiro as vi, fiquei maravilhado com tamanha beleza, no quadro de alguém tão jovem... Não consigo explicar direito... As cores, as tintas, as expressões, sim, as expressões! Algo que você faz, em desenhos e pinceladas, faz quem os vê se sentir diferente... Como que invadido por uma sensação, transmitida pelos personagens da obra. Lembro-me de um dos quadros, Festim era o nome, ele parecia deixar os que o viam... Digamos que... Um pouco mais agitados...
O tolo orgulho de Michael se inflara novamente, era o melhor do mundo e ninguém, ninguém no planeta, iria tirar sua posição. Um sorriso debochado se formou em seus lados. Gostava daquela adoração, por Deus, acreditava que deveria ser adorado! Algo como um deus das artes talvez.
Novamente O Pintor se ajeitou em seu assento, e esperou por Claudius continuar com sua bajulação, estava certo de que teria o que mais queria. Bem naquela noite.
Muitos pagariam altas somas para ver o momento que se seguiria. Talvez você seja um deles...
Logo em seguida aquele sorriso seria arrancado do rosto de Michael.
