Leis da Noite - Mente sobre Materia escrita por Ryuuzaki


Capítulo 20
Segurança em Primeiro Lugar - Final




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O trabalho estava feito. Ou pelo menos, era o que esperava. Sentou-se novamente na carcaça com estofados rasgados que chamava de sofá. Não estava exatamente cansado, nem sentia dores musculares, mas, sentia que aquele era o limite de esforço que poderia fazer por hora. Não havia feito muita coisa, afinal. Apenas algumas pequenas mudanças, para garantir que nada errado acontecesse.

 

Primeiramente, usou uns dois potes de tinta acrílica para pintar os vidros das janelas com uma cor bem escura, esperava que tal tintura funcionasse como um fumê, bloqueando os raios do sol, ou qualquer explicação físico-científica que dessem para o fenômeno. Improvisou algumas cortinas, já as originais estavam despedaçadas e de pouco serviriam, substituiu-as por alguns edredons velhos que achara.

 

O que mais lhe deu trabalho foi desmontar uma das camas que estava desocupada, utilizara a madeira do móvel para reforçar algumas portas, como a da entrada ou do atelier. Contudo, não era um carpinteiro prodigioso, logo, esses pequenos reparos necessitaram tempo e energia, mas, por fim, achou que fez um bom trabalho.


Continuou por um tempo em seu sofá. Não pensava em nada, apenas via os minutos passarem, enquanto continuava a encarar o vazio entre ele e a parede logo à frente. Suspirou. Era um vampiro, um sugador de sangue, um morto-vivo... Mas... E daí? O que faria de agora em diante? Não tinha sequer a mínima pista de como viver essa nova vida. Já havia aceitado que sua nova condição traria vantagens.

 

Conseguia vislumbrar que todo um leque de novas opções poderiam se abrir conforme ele pintava, afinal, a visão que lhe fora concedida estava fora de qualquer coisa que ele houvesse imaginado em sua vida. No final, talvez, Claudius fosse um bem feitor, alguém que realmente estivesse se importando com a arte e com as obras do jovem Michael.


O jovem pintor sorria sozinho. Acreditava agora que o barão era seu salvador, já que ele o havia mostrado o outro lado da vida. A vida dos mortos. Porque não iria ensiná-lo? ´”Era isso”. Pensava Michael. “Ele só pode estar esperando que eu vá encontrá-lo! Que eu procure por ele!


Levantou-se rapidamente, sabendo agora para onde iria e o que faria. Pegou as chaves em cima de uma mesinha e, sem qualquer outro tipo de preparo, correu até a porta. Estava ávido por descobrir todos os mistérios dessa nova vida, pois tinha a certeza que todo o seu conceito sobre o belo e sobre a arte mudaria, ou melhor, se ampliaria!


Um sorriso quase que insano despontou dos lábios de Michael conforme ele destrancava a porta de seu apartamento. Havia sido completamente seduzido pelas habilidades vampíricas. Em seu alvoroço e excitação, demorou mais do que deveria para conseguir inserir a chave certa na fechadura. Quando ia começar a girar o objeto, estacou. Talvez aquele não fosse o melhor momento para ir à casa do barão.

 

Havia despertado a apenas um dia, talvez ainda faltasse um pouco de experiência própria, para receber ensinamentos de seu patrono. E, além do mais, só teria mais algumas horas de escuridão. Já passava da meia-noite e corria o risco de não desfrutar como deveria da conversa que teria com Claudius.


Sim... Ele não iria agora. Dormiria, aguardaria o dia seguinte para então procurar por explicações.


O que queria fazer mesmo? Não conseguia lembrar direito, sua mente parecia enevoada. Sabia apenas que a primeira coisa que faria na data posterior seria sair da proteção de sua habitação e partir para a mansão Du Coudray.


- Amanhã parece um bom dia... – Resmungou como se estivesse sonolento e então fechou os olhos.


O vampiro piscou como se não conseguisse enxergar direito, então, percebeu que estava com a mão nas chaves e estas presas à porta. Achou estranho. Não lembrava o que diabos fazia ali. Tudo o que recordava era ter terminado a pequena reforma em seus cômodos e então decidido ir visitar Claudius no dia que se seguiria. Mas então porque segurava as chaves?


Deu os ombros, não queria ter mais uma preocupação. Largou as chaves onde estavam e, sem recordar-se exatamente o que pensava ou fazia, foi até seu santuário de trevas, o atelier.


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