Leis da Noite - Mente sobre Materia escrita por Ryuuzaki
Com facilidade aquela beldade conseguiria um ensaio em uma revista pornográfica, agradando bastante aqueles que gostam de mulheres ao estilo petit. Suas roupas carregavam um pouco da atmosfera local, calça jeans, um apertado casaco do mesmo material, chapéu de vaqueiro, e para completar a indumentária, esporas. Tudo indicava que ela era a vocalista, mais atrás estavam guitarrista, baterista e os outros membros do conjunto, porém, ninguém conseguia sequer se aproximar do brilho da vocalista, quem dirá, escurecê-lo.
A moça que estava no palco, que devia ter lá pelos seus vinte e três anos, embora seu corpo não ajudasse na definição da idade, anunciou a próxima musica que tocariam: March to Destiny, fariam cover de uma tal de Dezperadoz. Ao ouvir a nova canção ser anunciada Michael fechou os olhos, gostaria de ouvir com toda a sua atenção.
Era certo que a cantora possuía uma bela voz, uma fonação mais do que suficiente para que chegasse a ser profissional um dia, todavia, não era o que o pintor esperava ouvir... Ele achava que só em conjunto com os instrumentos que aquele efeito poderia atingir-lhe os ouvidos.
Conseguiu absorver bastante da letra daquela canção, ela falava sobre um grupo de quatro cavaleiros, que iam ao encontro de seu destino e acabavam por criar certo confronto com um xerife.Uma história agradável, mas, não era para ela que a atenção de Michael se dirigia. Em certo ponto, ele percebeu que conseguia distinguir até mesmo a menor das nuances na voz da artista, bem como captar ruídos que achava serem de uma frequência que ouvidos mundanos jamais conseguiram perceber, e que tornavam toda aquela composição algo digno dos melhores músicos.
Foi surpreendido, não achava que o estilo de composição tocado pudesse ser tão belo e harmônico. Riu consigo mesmo, ao pensar que devia ser esse o motivo pelo qual os críticos da musica sempre tinham uma opinião diferente da dele... Talvez eles ouvissem as canções mais como vampiros do que como humanos... Ou, quem sabe, fossem eles mesmos mortos-vivos disfarçados.
Tentou não ligar para sua imaginação, não agora, queria dar uma ultima olhada naquela suculenta vocalista, a que o havia fascinado por demonstrar o quanto a audição vampiresca era apurada. Frustrou-se ao perceber que ela não se encontrava mais ao palco, onde era o seu lugar, lá estavam apenas seus foscos companheiros, que agora arrumavam os instrumentos, para poderem finalizar a noite.
O artista pensou em sair do local, procurar outras aventuras possíveis apenas para os seres noturnos em outro lugar, mas, exatamente neste momento um dos garçons passou bem ao seu lado, carregando uma bandeja de comida. Bife mal passado, era o que o recipiente continha.
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