Leis da Noite - Mente sobre Materia escrita por Ryuuzaki


Capítulo 13
A Primeira Noite é Inesquecivel - parte 4




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...

Cornelia Street,uma das ruas mais movimentadas de Santa Felícia, abrigava uma grande diversidade de estabelecimentos, esses, em sua maioria, voltados para o lazer, em suma, diversões noturnas. Bares, teatros, restaurantes, cervejarias, hotéis, e até mesmo uma ou duas Stripper House podiam ser encontradas na rua que melhor traduzia o apelido da “Boemia da Califórnia”. Um local bastante movimentado; mesmo à noite ou madrugada à dentro, dúzias de pessoas podem ser vistas indo de lá para cá, sem medo de perigo, pois, a rua é bem iluminada, diferente do subúrbio o qual o pintor se encontrava anteriormente, e com pouca ou nenhuma violência. Apenas os bêbados que viviam a entrar e sair dos inúmeros bares da região era o motivo do local dar certo trabalho aos policiais da SFPD (Santa Felícia Police Department). Era nesta rua, em sua região mais iluminada e cheia de neon, que Michael pisava. O mesmo lugar o qual passara muitas noites tentando vender, com algum sucesso, suas obras, mas, que agora, parecia... Completamente diferente.

O artista andava olhando apenas para o alto, sem nem mesmo reparar com onde pisava. Fitava os inúmeros feixes de luz que atravessavam sua visão, e se demorava a observar cada letreiro e cada anúncio de neon pelo qual passava.

Enquanto admirava aquele maravilhoso show luminoso, de cores inimaginadas e sensações sinérgicas que o levavam a além da visão, que seus recém adquiridos sentidos vampirescos poderiam captar, não percebia que chamava atenção de alguns pedestres, estes o consideravam alguém no mínimo lunático.

A mancha de sangue presente em seu rosto, que ele havia esquecido completamente de limpar, contribuía para a imagem que lhe lançavam, para a sorte do vampiro, ninguém se demorava a olhar, pensando se tratar de uma mancha de algum molho qualquer.

De tanto olhar somente para o alto, acabou por tropeçar em uma falha no calçamento e cair, estirado ao chão, sem nem esboçar sequer um único movimento para tentar evitar, ou pelo menos diminuir, a concussão, não fez nada o tirasse daquela situação embaraçosa.

Parecia que o tão afamado reflexo dos vampiros ainda não havia despertado no rapaz, apenas o tempo diria se essa formidável habilidade poderia existir e ser utilizada pelo pintor, todavia, no momento, deveria desperdiçar sua forças sobrenaturais levantando da calçada.

Michael levantou-se sem nem queixar-se e talvez sem nem mesmo perceber que havia caído, continuava olhando para acima de si, para a fonte de seu fascínio. Não se despregava das luzes.


                Estava tão absorto em continuar a encarar a maravilha a qual só agora conseguia ver, que um casal pôs-se a rir quando o viu, imaginando que o vampiro novato se tratasse de alguma espécie de louco, ou algum caipira que nunca visitara as grandes cidades.

O homem continuou em sua peregrinação obsessiva por mais alguns minutos, até que, estando próximo a um bar, algo conseguiu o feito de tirar-lhe a atenção de tudo que era colorido e luminoso.


Um som tão delicioso adentrava-lhe os ouvidos, uma cantoria harmonizada a diversos instrumentos musicais vinha de um local próximo. O calouro na vida noturna olhou ao redor, tentando achar a fonte daquela música, não sabia se aquele ritmo era tão perfeito por si só, ou se seus sentidos aguçados o ajudavam, porém, gostaria de descobrir.

Conseguiu distinguir a origem do som, um bar logo á sua frente. Michael dirigiu-se para o estabelecimento e adentrou pelas portas western, que faziam parte da decoração e merchandising do lugar, mas, não sem antes dar uma olhadela no fosforescente letreiro que o nome do bar, Winchester, aquele tipo de coisa demoraria a sair completamente de sua cabeça, mas estava interessado em sons agora.

 

Dentro do “Saloon”, o pintor rapidamente constatou que a proposta do lugar era se parecer, o mais fielmente possível, com um dos velhos bares do “Far West” americano. Mesmo tendo simpatia pelo gênero, não deu lá muita atenção, foi direto para uma mesa desocupada, um pouco encoberta por sombras, devido à má iluminação do local, e lá se sentou, ouvindo a música que o grupo que tocava ao vivo produzia.

Um garçom veio trazer-lhe o cardápio, esperando que o cliente consumisse alguma coisa, com sorte liberando uma boa gorjeta e, por causa das sombras, não percebeu a peculiar mancha vermelha que Michael exibia no queixo e boca, resquícios de sua alimentação macabra.

 

O pintor até pensou em pedir alguma bebida, almejava saber como seria o paladar vampírico para o álcool. Porém, o “instinto” falava dentro de sua cabeça e então desistiu do pedido. Ele nada beberia ou comeria aquela noite, talvez nunca mais degustasse nada que o bar pudesse oferecer.

Um pouco irritado com o que sua própria mente falava-lhe, como se a maldita tivesse uma espécie de “vida própria” macabra, despendeu um seco agradecimento ao homem que viera lhe atender, e voltou sua atenção à banda.


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