Yakusoku escrita por teffy-chan, Shiroyuki


Capítulo 67
Capítulo 67 - Blurry Eyes


Notas iniciais do capítulo


Blurry Eyes - L'Arc~en~Ciel

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Enquanto isso, alguns minutos depois, Tadase havia chegado em casa, mas não poderia se trancar em seu quarto e chorar até cansar como pretendia. Sua mãe o esperava à porta com o semblante mais assustador que o loiro já a vira usar, e perguntou-se por um momento se teria feito alguma coisa de errado, quando se lembrou das palavras de Kaoruko:

"- Fique sabendo que vou contar aos seus pais sobre isso. Tenho certeza de que sua mãe concordará comigo sobre o quanto isso é grotesco, então vá se preparando."

Então ela realmente tinha contado sobre isso à sua mãe. E Tadase não estava nem um pouquinho preparado pra enfrentar isso.


- Okaeri, Tadase - sua mãe cumprimentou, ainda com o semblante tão assustador que parecia uma anfitriã de uma casa mal-assombrada de algum filme de terror - Você demorou pra voltar. Estava na casa do Nagihiko-kun de novo?
- Ah.... s-sim, estava... - ele confirmou, concluindo que à essa altura já não adiantaria de nada tentar mentir - Tadaima, Okaa-san...
- Sabe, a Fujisaki Kaoruko-san me ligou agora há pouco - ela continuou falando, ignorando o gaguejar do filho - Ela me disse uma coisa tremendamente absurda, que só pode ter sido uma piada de mau gosto. Ela me contou que, quando ela e o marido voltaram de viagem, deram de cara com você e o Nagihiko-kun no quarto dele... se agarrando, e fazendo coisas imorais que apenas os casais que estão juntos há bastante tempo fariam. Não é uma brincadeira sem graça, Tadase?
- É realmente sem graça... tratar isso como se fosse uma brincadeira - Tadase respondeu, apertando a barra da camisa com força numa tentativa de fazer suas mãos pararem de tremer - Por que nenhum de vocês é capaz de entender nossos sentim...
- Cale a boca, seu menino imaturo, não fale como se entendesse das coisas - ela o cortou, e Tadase calou-se novamente - Por Kami, então o que a Kaoruko-san falou era verdade afinal. Como... como não percebemos isso antes?!  Ou melhor, como vocês foram capazes de fazer uma coisa dessas, como se atreveu a tocar, e beijar outro garoto, seu menino obsceno?!
- N-Na verdade foi... m-meio que o c-contrário...
- O que?! Mas isso é ainda pior!!! - ela gritou, e Tadase se encolheu, a franja cobrindo os olhos marejados - Será que não percebe, Tadase?! Ele é um garoto, como você!! Não se faz essas coisas com alguém do mesmo gênero!! Se ainda fosse com aquela irmã dele, tudo bem, mas... como você teve a coragem e a ousadia de fazer isso com outro homem, seu menino tolo?! - ela gritou, e Tadase sentiu-se confuso por um momento, lembrando-se então de que sua mãe não conhecia a dupla-identidade de Nagihiko
- Acha que eu não sei de tudo isso Okaa-san?! Sei muito bem... é claro que sabemos que somos dois garotos. Sei que isso pode parecer incomum, e que muitas pessoas podem não aceitar... mas, você é minha mãe, então eu pensei que ao menos você...
- O que? Não me diga que achou que eu aceitaria qualquer besteira que você fizesse só porque sou sua mãe? - ela o cortou novamente - Então quer dizer que você pensou que, se você se tornasse um ladrão, ou um sequestrador, eu deveria simplesmente aceitar e ficar feliz com isso só porque é meu filho?! Nenhuma mãe gosta de ver o único filho segundo um caminho tão sujo, corrompido e errado, Tadase!!!


Os gritos da mulher logo atraíram a atenção das outras pessoas da casa, e logo seu pai adentrou a cozinha onde eles estavam. O homem estava com um semblante sério, como se soubesse do que eles falavam, mas ao mesmo tempo, preocupado com o que a mulher estava dizendo. Tsukasa também observava a cena da porta e em silêncio, parecendo estar em dúvida se devia ou não se intrometer. Lá fora, Hotosaki latia nervoso, como se tentasse pedir para que eles se acalmassem e parassem de brigar com seu dono.


- Então quer dizer que, pra você, o fato de eu gostar de outro garoto é a mesma coisa que eu me tornar um criminoso e um assassino, Okaa-san? - Tadase perguntou com um nó na garganta, tão abalado com o que ela tinha lhe dito que nem sequer deu atenção à presença do pai e do tio - Eu não cometi nenhum crime, e o que eu estou fazendo não é errado, então eu não deveria ser punido por isso, nem o Fujisaki-kun!
- Tadase - seu pai chamou antes que Mizue voltasse a gritar com ele - Sua mãe me contou sobre o seu... ahn... caso secreto. Não pode culpá-la por ficar assim, foi um grande choque pra nós. Mas, eu preciso ouvir de você... por que você escolheu fazer esse tipo de coisas com o Nagihiko-kun do que com uma menina?
- Porque eu amo o Fujisaki-kun - Tadase respondeu sem pestanejar, forçando-se a encarar o pai - Sinto muito se os desapontei ou decepcionei, Otou-san, mas essa é a verdade. Eu realmente o amo
- Quer dizer que você... realmente gosta de garotos...? - o homem indagou, sem conseguir acreditar
- Eu não "gosto de garotos". Gosto de apenas um garoto em especial, o Fujisaki-kun - Tadase corrigiu
- Ora, pelo amor de Deus, não está vendo que isso não vai levar à nada, Tadase?! - sua mãe voltou a gritar - Que tipo de futuro você acha que vai ter ficando ao lado daquele moleque?! Você está jogando sua vida no lixo, isso sim! É tudo culpa daquele fedelho com cara de menina... foi ele quem colocou caraminholas na sua cabeça, e te corrompeu!! Aposto que ele também é o culpado por todas aquelas notas horríveis que você tirou no último bimestre... aquele fedelho precoce, ele vivia enfurnado aqui em casa, como eu não notei antes?! E pensar que... ohh meu Deus, eu deixei vocês dois tomarem banho juntos! O que aquele pervertidinho fez com você, Tadase?!
- Não fale assim do Fujisaki-kun! - Tadase rebateu, ignorando a vergonha que sentia ao se lembrar desse fato
- Ora, e por que não?! É tudo culpa dele mesmo! Aquele pirralho usou aquela carinha de menina parecida com a da irmã que tem e te seduziu!!
- Acho que você já falou demais, Nee-san - Tsukasa intrometeu-se, avançando alguns passos - Eu acho que tanto o Tadase quanto o Nagihiko-kun já são grandes o suficientes para tomar suas próprias decisões. Os dois estão prestes a entrar no ginasial, e ficar juntos foi uma escolha dos dois, ninguém está forçando ninguém à nada. Seria melhor você aceitar isso de uma vez, se continuar acuando o Tadase assim, ele pode acabar fazendo alguma coisa pior
- Mas o que é que você está dizendo Tsukasa?! - Mizue gritou para o irmão - Nada pode ser pior do que ele fazer obscenidades com outro menino!! E não tem como eu aceitar um absurdo desses!!
- É sério, Nee-san, você só está piorando as coisas falando desse jeito, é melhor parar...
- Cale a boca, você é apenas tio dele, não tem porque se intrometer nesse assunto!! - ela berrou - Como você pode ficar tão calmo com uma situação dessas... você... você já sabia, não é, Tsukasa? Sabia o que eles estavam fazendo, e acobertou os dois, esse tempo todo, não é??
- Ahn... bom, veja bem... eu nunca disse que sabia disso... quero dizer, eu... - Tsukasa recuou um passo, sem saber o que responder, e Tadase enfim percebeu de quem tinha herdado sua completa incapacidade de mentir
- Você sabia o tempo todo e não me contou!!! - Mizue apontou acusadoramente para o irmão
- Bom, é bem óbvio porque eu não te contei, não é? - Tsukasa murmurou para si mesmo - Quero dizer, eu tinha minhas suspeitas, mas... não tinha nenhuma prova, então não tinha como...
- Pare com isso Okaa-san! - Tadase colocou-se na frente do tio - Não é culpa do Tsukasa-san, não brigue com ele!
- Seu irmão inútil, como se atreve a me trair desse jeito?! - ela continuava gritando, sem dar ouvidos ao filho
- Vamos, já chega, Mizue, não adianta de nada culpar o Tsukasa - seu marido falou
- Realmente... a culpa de tudo isso é daquele moleque Fujisaki - Mizue estreitou os olhos, direcionando sua raiva de volta para Nagihiko - Se ao menos o Tadase não tivesse conhecido aquele menino... se aquele pirralho nunca tivesse nascido...!
- Se ele não tivesse nascido, eu seria a pessoa mais infeliz do mundo! - Tadase exclamou antes que pudesse se refrear - Eu... eu amo o Fujisaki-kun, ele é a única pessoa que pode me fazer feliz! Então...
- JÁ MANDEI PARAR DE FALAR ESSAS ASNEIRAS SEU IDIOTA!!!! - antes que pudesse sequer pensar no que estava fazendo, Mizue fez um largo gesto com o braço, e acertou uma bofetada no rosto do filho, derrubando-o no o chão. Tadase permaneceu vários minutos imóvel no mesmo lugar onde foi derrubado, os cabelos escondendo sua face corada e os olhos marejados que agora deixavam as lágrimas escaparem, com a mão na bochecha onde a mãe acertara o tapa
- Agora você realmente foi longe demais, Mizue-neesan - Tsukasa quebrou o silêncio, e puxou o sobrinho pelos braços, ajudando-o a se levantar - Você não está em condições de conversar agora, então é melhor deixar pra resolver esse assunto amanhã. Vamos, Tadase, é melhor ir pro seu quarto - ele guiou o mais novo, que seguiu o tio em silêncio pra fora da cozinha
- Ei, voltem aqui, eu ainda não acabei!
- Acabou por hoje, Mizue - seu marido falou num tom sério, apoiando a mão no ombro da esposa - Você está muito exaltada, não vai conseguir resolver nada assim. Tente esfriar a cabeça, e amanhã nós conversamos com ele com mais calma - ele acrescentou, e a mulher assentiu, à contragosto.


No quarto de Tadase, o loiro se encontrava sentado em sua cama agora, com uma caixa de primeiros-socorros sobre ela, enquanto o tio terminava de limpar um filete de sangue que escorria do canto de sua boca. Ele tinha acidentalmente mordido o lábio quando sua mãe acertara o tapa, causando um pequeno corte no canto do lábio inferior.


- Pronto, assim está bem melhor - Tsukasa falou ao terminar, sorrindo como sempre, embora não se sentisse muito feliz no momento - Ainda está doendo?
- Não tanto quanto meu peito... - Tadase levou a mão ao coração, que pulsava de um jeito rápido e pungente desde que havia sido descoberto pela mãe de Nagihiko - Arigatou, Tsukasa-san
- Imagine, eu não poderia deixar que meu adorável sobrinho ficasse com um machucado nesse rostinho fofo - Tsukasa brincou enquanto fechava a caixa de remédios
- Não. Quero dizer, não só pelos remédios... obrigado por ter me defendido lá na cozinha
- Você não devia agradecer, acho que não fui muito útil no fim das contas... - Tsukasa sorriu sem graça
- O senhor me ajudou mais do que pensa. Foi terrível ter que enfrentar aquilo sem o Fujisaki-kun ao meu lado..  eu não teria conseguido falar todas aquelas coisas sozinho, sem nenhum apoio - Tadase confessou, a franja ainda escondendo seus olhos chorosos - Desculpe ter arrastado o senhor pro meio dessa confusão. A mamãe se zangou com o senhor por minha culpa...
- Eu sou a última pessoa com quem você deve se preocupar agora, Tadase. Esqueça isso, eu me entendo com a Mizue-neesan depois - ele afagou os cabelos loiros do sobrinho, fazendo um cafuné - Vou falar com a sua mãe depois que ela se acalmar, está bem?
- A mamãe... ela nunca tinha me batido antes... - Tadase comentou com a voz fraca, levando a mão ao local onde sua mãe acertara o tapa
- A Nee-san está muito exaltada agora, você viu, mas... acho que ela só está em choque por ter descoberto isso de uma maneira tão brusca. Com o tempo, ela deve acabar aceitando
- Eu não acho isso - Tadase discordou - Meu pai talvez até se conforme com o tempo, mas...  acho que minha mãe jamais será capaz de aceitar isso
- E o que você pretende fazer agora?
- Eu não sei... preciso falar com o Fujisaki-kun sobre isso, mas... parece que minha mãe jamais deixará que eu o veja de novo
- Bem, não fique assim. Vocês ainda estudam na mesma escola, poderão se ver amanhã no colégio. Aproveite pra falar com ele sobre isso - Tsukasa falou, afagando os cabelos do sobrinho outra vez
- Hai... arigatou, Tsukasa-san.


O homem se levantou, e já ia sair do quarto, quanto parou à porta e perguntou:


- Ah, sim... você ainda não jantou, não é? Quer que traga algo pra você comer?
- Obrigado, mas não precisa... não estou com fome
- Não se preocupe, Tsukasa! Daqui pra frente eu cuido dele! - o Chara de Tadase voou até o pequeno feixe de luz do corredor que entrava pela fresta da porta aberta, falando no tom confiante de sempre
- Certo. Então, conto com você, Kiseki - o homem respondeu, saindo do quarto de vez e fechando a porta
- Nee Kiseki... o que eu faço agora, hein? - Tadase indagou, sem conseguir refrear suas lágrimas - Não apenas a mãe do Fujisaki-kun descobriu a verdade, mas a minha também... e agora?!
- Que pergunta boba, Tadase! - Kiseki exclamou como se ele tivesse acabado de perguntar quanto é dois mais dois - Isso é mais do que óbvio! Você... ama aquele Valete, não é? - ele indagou, e Tadase acenou a cabeça, confirmando - Então! Lute pelo seu amor! Você é um Rei, não pode aceitar ordens de meros plebeus só porque eles te trouxeram ao mundo... se quer mesmo ficar com aquele Valete, então vai ter que lutar por isso, não importa como! - o pequenino concluiu, como se tivesse terminado um grande discurso, e Tadase percebeu que, pela primeira vez na vida, Kiseki tinha razão. Ele não podia se dar por vencido por tão pouco, não poderia deixar que o separassem de Nagihiko, não agora que tudo estava indo tão bem entre eles. O garoto assentiu, e Kiseki sorriu ainda mais confiante para ele. Tadase olhou a foto dentro do medalhão dourado pendurado em seu pescoço, que mostrava ele e Nagi sorrindo juntos. Kiseki estava certo, se ele queria permanecer ao lado de Nagihiko e ser feliz com ele, não poderia deixar que o Valete lutasse por essa felicidade sozinho, ele teria que fazer sua parte também. E ele iria fazer, sacrificaria qualquer coisa para permanecer ao lado da pessoa que amava... não importa o que tivesse que dar em troca.


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Notas finais do capítulo

Konnichiwa minna! Teffy-chan~desu! õ/
Lamento estragar as esperanças de quem achava que a mãe do Tadase entenderia melhor o relacionamento deles, mas... é claro que a Mizue não poderia reagir bem à isso nee ¬¬ Bem, pensem pelo lado bom, o Tadase pelo menos tem o Tsukasa do lado dele pra ajudar, o Nagihiko nem isso .-. (*voz do pensamento* Aonde que isso é lado bom? Isso só torna a situação do Nagi ainda pior! -.-" )
Enfim, não percam as esperanças ainda, pois essa fic ainda tem um longo caminho à percorrer... o próximo capítulo é com a Shiroyuki /o/
Deixem reviews onegai e façam duas autoras muito felizes!!! *o*



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