Yakusoku escrita por teffy-chan, Shiroyuki


Capítulo 63
Capítulo 63 - Rinne~Rondo


Notas iniciais do capítulo

Rinne~Rondo - ON/OFF

http://letras.mus.br/onoff/1370370/traducao.html



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— Heeey, hey! Rei Hotori, e Valete Fujisaki!! – os dois ouviram aquela voz que os perseguira durante toda a manhã. Tadase paralisou, sem ação, e Nagihiko trincou os dentes, procurando por uma rápida rota de fuga.

— Vamos tentar sair daqui…

Já era tarde, pois logo, a garota do clube de Jornalismo os alcançou, com um gravador em mãos, e os cabelos castanhos e compridos voando atrás da cabeça. Corria tanto que seus óculos já escorregavam pelo nariz. Ela segurou Nagihiko pela capa de guardião, e assim ele não fugiria dela novamente.

— O que você tem a dizer sobre os boatos de que sua irmã estaria voltando ao Japão, para gravar um clipe com Hoshina Utau?  - ela disse tudo em um só fôlego, enfiando o gravador na cara de Nagihiko.

— Eu não tenho nada a dizer sobre isso, me deixe ir para a aula… - ele tentou se desvencilhar da garota.

— E você, Hotori-san, como vai reagir quando sua namorada retornar no exterior? Sente muita falta dela? – a garota soltou Nagihiko, e avançou contra Tadase, encurralando sua presa.

— N-n-namorada? E-eu não sei do q-que você está falando… - Tadase olhou para o teto, por que sabia que não conseguiria manter nenhum contato visual mentindo daquela maneira – E-eu nem sabia que a Fujisaki-san ia voltar…

— Já chega, garota. Nem eu nem o Hotori-kun sabemos de nada, você deveria arrumar outro assunto para o seu jornal! – Nagihiko começou a conduzir Tadase para o lado oposto, e enquanto a garota ainda gritava, balançando o gravador no ar, aproveitaram para entrar logo na sala de aula, onde ela não poderia os alcançar.

Depois disso, a aula passou rapidamente. Nagihiko ponderava sobre fazer uma queixa oficial para Tsukasa, afinal, não aguentava mais essa garota do Jornal fazendo perguntas a ele sem parar, mas Tadase o convenceu a relevar. Seria muito pior se ele a provocasse, pois ela poderia começar a investigar, e então, descobrir toda a verdade sobre os segredos de Nagihiko, e isso sim, seria um desastre.

No fim das aulas, eles conseguiram se infiltrar entre os outros estudantes, e usando uma das convenientes passagens secretas de Tsukasa, conseguiram ir direto para o Royal Garden. Quando chegaram lá, as outras garotas já os esperavam.

— Não, Rima, não é assim que faz chá! – Nagihiko correu para salvar todos de tomarem água fervida com folhas boiando por cima, tirando o bule vazio das mãos da loira o quanto antes, enquanto Tadase se ajeitava na mesa, puxando os papéis e documentos do dia.

— Você demorou demais, eu ia começar a fazer sozinha! – Rima reclamou, embora fosse óbvio para qualquer um que ela desistiria antes sequer de começar a fazer o tal chá.

— Heeey, hey, Nagi! Como estão indo as preparações para o clipe da Utau-chii? – Yaya se remexeu na cadeira.

— Nem me fale nisso. Utau me mandou a coreografia ontem por e-mail, e é bem simples, mas… eu não sei, acho que não é uma ideia tão boa afinal. Minha mãe só aceitou por que quer usar isso a favor da academia de dança, mas as músicas da Utau não são exatamente tradicionais, não acho que seja o que ela procura. – Nagihiko respondia enquanto fazia o chá, e ajeitava as bandejas com biscoitos.

— E que tipo de música é dessa vez…?

— Vai ser um tipo de tango… - ele respondeu, colocando a comida na mesa, e servindo as xícaras de chá.

— Ah, aquela com as maracas?? – Yaya, que provavelmente tinha confundido tango com mambo, não entendia o motivo da hesitação de Nagihiko. O fato era que o tango é uma dança sensual, com coreografias um tanto quanto insinuantes, mas Nagihiko não estava nem um pouco disposto a explicar isso para Yaya, nem para nenhuma das outras, de modo que achou mais favorável a ele deixar que ela imaginasse que ele e Tadase dançariam “la cucaracha” e nada mais.

— Eu estou tão nervoso… nunca pensei que acabaria dessa forma, acho que não quero fazer isso… - Tadase murmurou, suando frio.

— Com uma professora como a Nadeshiko, acho que você não tem com o que se preocupar, Hotori-kun! – Amu tentou animá-lo, mas a perspectiva de ter que dançar com Nagihiko só fez Tadase sentir-se ainda mais inferior.

— Está tudo bem, Hotori-kun. Depois de sair daqui, nós vamos passar no estúdio, e ensaiar um pouco. Quando você ouvir a música, vai perceber que não é tão difícil…

— M-mas…

— Não se preocupe, minha mãe não vai estar lá – Nagihiko entendeu a preocupação de Tadase antes mesmo que ele a verbalizasse, e se apressou em acalmá-lo. Tadase riu baixinho, sentindo que Nagihiko segurava sua mão por baixo da mesa.

— E você conseguiu se livrar da Tsukiko? – Amu indagou, distraída com as bolachas que Nagi trouxe.

— Quem?

— A garota do clube de Jornalismo – Rima respondeu ao invés, tomando um gole de chá, e queimando a língua – Se chama Katsuragi Tsukiko… - ela completou, com a língua de fora.

— Como você sabe de tudo isso? – Amu arqueou uma sobrancelha.

— Eu tenho um mandato de afastamento. Ela não pode chegar perto de mim pra fazer perguntas. – Rima disse, ainda de língua de fora, mas sem perder a pose.

— Talvez eu deva arrumar um desses…

— Aqui, o cartão do meu advogado… - Rima estendeu um cartãozinho. Yaya, Amu e Tadase piscaram, aturdidos com a cena inesperada.

— Certo, deixando isso de lado… - Tadase levantou, desejando apenas ignorar aquelas coisas doidas, e focar no que importava – Nós estamos chegando ao final do ano letivo, já estamos em janeiro, e a primavera está se aproximando. Em breve, iremos nos formar, então…

— Então todos vocês vão deixar a Yaya sozinha!!! –ela se ergueu e começou a chorar – Vocês vão ir para a escola dos grandes, que nem o Kukai, e a Yaya vai ficar para trás! O Tadase e o Nagi vão ficar mais velhos, e finalmente vão terminar aquilo que eles sempre começam e nunca terminam, e a Yaya não vai estar lá para ver!!!

— Do que você está falando, Yaya?! Não é como se nós fossemos fazer isso na escola! Também não é como se você fosse nos assistir fazendo isso, e… – Nagihiko gritou por impulso, parando de súbito ao sentir os olhares atônitos com aquela quase confissão, e enquanto o loiro corava, Yaya deixava escapar um sorrisinho por baixo das lágrimas de bebê de antes – O q-que eu quero dizer é q-que… - ele se perdeu, com todos atentos e inquisidores em cima dele – Ah, esquece o que eu disse, apenas pare de chorar! É a nossa formatura afinal, nós devemos estar felizes por ir para o ginasial!

— F-fujisaki-kun está certo… na parte sobre estarmos felizes, quero dizer! – Tadase se esforçava em falar, ainda visivelmente perturbado – Não nas outras coisas… e-embora eu ache que… Ah, isso não vem ao caso! Eu estou querendo dizer, que nós temos que planejar a festa de formatura, não apenas para nós, como também para todos os outros alunos da sexta série. E, além disso, resta o problema dos guardiões. A Yuiki-san não pode ficar sozinha no ano que vem…

— Sobre isso, bem… Kairi me disse que irá vir para cá neste ano, morar com a irmã dele e com a Utau… - Amu contou, com um sorriso. Assim que Yaya lançou o seu olhar afiado de enxerida para ela, porém, corou e desviou o rosto.

— Ah, isso parece bom… - Tadase respirou aliviado, ao saber que alguém responsável como Kairi iria voltar, e Yaya não ficaria no comando sozinha. – Agora, sobre a formatura…

Depois de algumas horas discutindo, e mais vários ataques de choro de Yaya, o fim da reunião finalmente chegou. Amu tinha que correr para pegar sua irmã na escolinha, Rima estava irritada por não poder fazer comentários ácidos com aquela sua língua queimada, e Yaya só aceitou deixar Tadase e Nagihiko irem embora a sós, quando o valete prometeu que ia fazer doces para ela da próxima vez.

Ainda havia um pouco de neve acumulada nas calçadas, quando eles saíram para a rua, e já era quase noite. O vento frio fazia os dois andarem mais próximo um do outro, embora não fosse tanto quanto eles gostariam por estarem em público, e assim, os dois garotos enfim chegaram ao estúdio de dança da Família Fujisaki, que ficava no centro da cidade. Ele estava completamente vazio àquela hora, e Nagihiko se apressou em abri-lo e entrar, tomando o cuidado de verificar se não estavam sendo seguidos por nenhuma baixinha ruiva durante todo esse tempo.

Nagihiko ligou o ar-condicionado quente, e conduziu Tadase até uma das salas principais de ensaio, que era cercada de espelhos, com o assoalho de madeira clara, e muitas barras, que ajudavam na hora de se alongar. O loiro respirou fundo várias vezes. Tirou os casacos pesados, ficando somente com um suéter azul-claro, deixando suas coisas em um canto, tentando se acalmar. Parecia estúpido, afinal, depois de tudo ele tinha aceitado, mas… dançar com Nadeshiko, na frente de câmeras, parecia tão impossível para ele que a perspectiva de fazer tudo errado e passar vergonha era praticamente certa.

— Nós não temos tempo a perder, Hotori-kun – a voz gentil de Nagihiko o despertou dos pensamentos pessimistas – Venha, eu vou ensinar a você a coreografia, você vai ver que não é difícil. – ele segurou a mão de Tadase, e o conduziu até o centro da sala. – Como você será o cavalheiro, então terá que me conduzir, está bem? – ele sorriu gentilmente, apoiando uma das mãos de Tadase em sua cintura, enquanto segurava a outra no alto, e então, repousou sua outra mão no ombro dele – Assim… quando eu mover a minha perna para frente, você move a sua para trás…

Tadase assentiu, embora não estivesse muito certo. Logo, eles começaram a se mover pelo salão, com Nagihiko explicando pacientemente cada pequeno movimento. Ele ligou a música, e então, empertigou-se, ereto, dizendo para Tadase manter-se austero também, assim como em um chara change. O olhar era muito importante, e ele deveria ficar fixo na sua dama durante toda a apresentação. Suas pernas deveriam mover-se em unidade, perfeitamente, e embora Tadase se esforçasse muito, ainda pisava um pouco no pé de Nagihiko, fato ao qual ele não dava atenção.

— Gomen, Fujisaki-kun… - Tadase murmurou, com o rosto colorindo-se ao ver a sua patética imagem refletindo várias vezes nos inúmeros espelhos – Eu estou fazendo tudo errado. Você não iria preferir dançar com alguma bailarina profissional? Seria muito melhor do que eu…

— Isso tudo é uma questão de prática, Hotori-kun, logo você vai pegar o jeito. – Nagihiko riu, repetindo mais uma vez o mesmo movimento de ir para frente e para trás – Você sabia… que o tango era originalmente dançado apenas por homens?

— É mesmo? Como assim?

— Dessa forma… dois homens dançando juntos. Meio como estamos fazendo agora. No início, era assim, as mulheres não podiam dançar, por que essa era considerada uma dança… hm… obscena... Então…! Nós não estamos fazendo nada de errado. E eu jamais ia preferir uma bailarina chata e magrela ao meu lindo namorado, está certo?

Tadase corou furiosamente, escondendo o rosto com a franja.

— Pare de dizer essas coisas. Eu pareço apenas bobo, tentando fazer isso… - ele soltou a cintura do garoto, e recuou um passo – Acho melhor nós deixarmos isso para lá, nunca vai dar certo.

— Está bem, Hotori-kun, venha aqui. – Nagihiko suspirou, e segurou a mão de Tadase. Rebocou-o até perto de um dos espelhos, e então, apontou para as duas figuras refletidas – O que você enxerga? – mudou de assunto tão repentinamente que o outro ficou confuso.

— Eu vejo… um dançarino perfeito… que é muito lindo, e está perdendo seu tempo tentando ensinar um garoto que nunca vai conseguir dançar direito… - Tadase resmungou, desviando o olhar para o chão.

— Mas eu vejo um garoto kawaii, que se esforça muito em agradar a todos, mas que não percebe o quanto já é perfeito sem precisar se forçar a nada. – Nagihiko acariciou o topo da cabeça de Tadase, ao alcance da sua mão – Sabe… eu só estou fazendo isso, por que é com você, Hotori-kun. Não me importa nada a publicidade, nem a música da Utau, que ela não me ouça dizendo isso… Se você quiser desistir, tudo bem… mas então, eu também não vou querer fazer isso mais…

— Não, Fujisaki-kun! Você não pode desistir por minha causa! – Tadase se apressou em dizer.

— Então… vamos fazer isso, juntos? – ele acariciou a mão de Tadase, que ainda tinha presa à sua.

— Está bem… mas, não fica estranho? – ele apontou para o reflexo novamente, um tanto incomodado – Eu estar conduzindo você, sendo que você ainda é mais alto do que eu…?

— Hm… talvez isso seja um problema, mas… bem, no estúdio de gravação deve haver algum método de ajeitar isso depois, na hora da edição, não é? – Nagihiko deu de ombros.

— Será que eu vou crescer logo? – Tadase murmurou mais para si mesmo, notando a diferença de quase meia cabeça que separava ele de Nagihiko nesse momento. Quando foi que ele cresceu tanto? Se continuasse assim, Tadase nunca seria capaz de alcança-lo.

— Se depender de mim… você vai continuar pequeno e fofo para sempre! – Nagihiko bradou, abraçando Tadase como se ele fosse um enorme urso de pelúcia. – Você não acha que é melhor assim? Por que, então… eu posso fazer isso… - em um impulso, Nagihiko e o segurou, erguendo-o no ar. Tadase gritou, agarrando-se ao pescoço do maior, enquanto sentia seu corpo girar nos braços dele.

Nagihiko então parou de girar, deixando-se cair em um canto da sala, com Tadase em seu colo.

— N-não faça mais isso! – Tadase reclamou, escondendo o rosto no peito de Nagihiko, que ria baixinho da reação adorável do garoto.

— Só se você prometer para mim que não vai crescer… - Nagihiko sussurrou, abraçando Tadase com força. O loiro conseguiu balbuciar um “por que?” abafado pelo tecido da roupa do garoto –... Se você for pequeno assim, eu posso manter você sempre do meu lado, e nunca te soltar! Se você crescer demais, pode acabar se afastando…  Quero que fique sempre bem pequeno, para eu poder te abraçar assim…

Tadase se ergueu, segurando o rosto de Nagihiko com as duas mãos, e encarando-o com os olhos carmesim que transbordavam afeição. Nagi ainda o segurava pela cintura, deixando a mão de Tadase acariciar sua face, afastando a mecha de cabelo que caia.

— Está bem, Fujisaki-kun… se você quiser, então, eu não vou crescer… - ele disse seriamente, como se isso fosse algo que ele realmente pudesse controlar. Fechou os olhos, trazendo o rosto de Nagihiko mais para perto, e roçou seus lábios nos dele, pressionando levemente. – Nós temos que continuar o ensaio… - ele disse timidamente, após se afastar, olhando para o chão.

— Não… depois nós fazemos isso… - murmurou Nagihiko, apertando Tadase contra si, e tomando os lábios dele com mais vontade, fazendo o loiro esquecer completamente todas as suas preocupações de uma só vez.

-

— Ei… Fujisaki-kun… - Tadase puxou a barra do casaco de Nagihiko, mantendo um olhar que só podia ser considerado como hostil para frente – Por que essa garota está aqui…?

— Quem? A irmãzinha do Kyouharu-kun? – Nagihiko olhou para a direção onde agora Tadase lançava olhares nada amigáveis. A garota estava com os cabelos ondulados e curtos soltos dessa vez, e sentada em um sofá, olhava atentamente para a cabine onde Utau estava, gravando a música. – O Kyouharu está trabalhando com a Utau. Ele é músico, você sabe, então, de alguma forma, acabou sendo assim… E ela veio para assistir às gravações.

— Entendi… - Tadase baixou o olhar, mas nem por isso, sentindo-se menos incomodado. Apenas como garantia, colocou-se a frente de Nagihiko, impedindo que a garota olhasse para ele.

Utau saiu de dentro do estúdio de gravação, tirando os enormes fones de ouvido. Mostrou a língua para Kyouharu, que ainda dentro da cabine de gravação, devia ter dito alguma provocação a ela. Ele ainda ficou junto com os outros produtores, mexendo nos controles e ajeitando tudo, enquanto ela saia. Quando viu os dois garotos em um canto, a loira voltou a  sorrir e correu naquela direção.

— Vocês vieram! Ah, que bom, nós podemos começar a ajeitar as tomadas agora mesmo… Ensaiaram direitinho? – ela piscou um olho, deixando bem claro que imaginava que eles poderiam estar fazendo muito mais do que ensaiar durante todo aquele tempo.

— Estamos ensaiando a mais de uma semana, você sabe muito bem… - Nagihiko suspirou. Tadase já sabia toda a coreografia, mas ainda tinha dificuldades para conduzir a dança. Nagihiko sabia o quanto ele estava se esforçando para fazer tudo perfeitamente.

— Ah… tem mais uma coisinha… um pequeno empecilho - Utau lembrou de repente, meio animada demais para quem ia relatar um problema em seu próprio trabalho – Eu falei com o diretor sobre vocês, não é, e ele adorou a minha ideia, e também o fato de vocês dois serem garotos, por algum motivo… mas, ele disse que, visualmente, seria inviável o fato de você ser mais alto que o Tadase, entende?

— Então nós não vamos precisar dançar? – Tadase quase se sentiu esperançoso.

— Não é isso! Claro que não vou abrir mão de vocês! – Utau bradou – Mas eu tive uma ideia… Quero dizer, como o Nagihiko é dois em um… então, será que ele não pode dançar como Nagihiko dessa vez, e o Tadase ser a… dama?

— C-c-como assim? – Tadase se assustou – Você está dizendo que quer que eu me vista de garota?

— Ara, Tadase… não aja como se nunca tivesse feito isso antes! E você não pode nem dizer que isso é estranho, quando seu namorado fez isso durante metade da vida! – ela argumentou, e Tadase ficou sem saber o que falar depois disso.

— Você não precisa fazer isso, Tadase! – Nagihiko expôs seriamente – Aposto como isso é só mais uma daquelas armações da Utau e da Yaya… vamos deixar para lá…

— Não! Você usou todo o seu tempo para me ensinar a dançar, não é justo apenas desistir assim! – o loiro impediu que ele saísse, segurando-o pela mão – Sem falar que… eu acho que seria muito melhor se você conduzisse a dança… e-então… e-eu não me incomodo em ter que usar vestido, Fujisaki-kun. Você faz isso durante toda a sua vida, eu acho que consigo fazer uma vez também!

— Isso! – Utau comemorou, e antes que Nagihiko pudesse responder, rebocou Tadase para a sala do camarim. – Vamos logo, vamos logo, eu já separei um vestido do seu tamanho! – ela dizia, enquanto carregava Tadase meio à força, já que ele estava relutante em deixar Nagihiko sozinho com aquela garota estranha na sala.

Nagihiko piscou, aturdido com a rapidez com que Utau levou Tadase para longe, e com o fato de ela já ter tudo pronto para um plano aparentemente improvisado. Sem outra opção, ele sentou no sofá, ao lado de Nanami, a irmã de Kyouharu.

— O-olá… - ela cumprimentou, sem jeito, visivelmente perturbada com a aproximação do rapaz – E-eu lembro de ver você dançando no outro dia… foi realmente muito lindo!

— Obrigado – Nagihiko respondeu, cordialmente.

— Esse tipo de dança… parece tão complicado! Você aprendeu há muito tempo? – ela começou a puxar assunto.

— Eu pratico desde que era pequeno, a minha família tem uma escola de dança…

— Ah! Sugoii! Será que… se eu começar agora, eu aprendo a dançar como você? – ela ponderou, animada.

— Bem, geralmente o treinamento começa bastante cedo, mas se você se esforçar, tenho certeza de que conseguiria – o garoto incentivou, sorrindo com educação. Nanami também sorriu, puxando logo depois outro assunto, e deixando Nagihiko perdido com o tanto que falava. Ás vezes, ele se esquecia do quanto as garotas podiam ser eloquentes quando se era dada a chance. O tempo passou rápido, e ele só conseguia pensar no que estavam fazendo com o seu doce Tadase lá dentro, quando um chamado de Utau o sobressaltou.

Mais do que imediatamente, ele virou o pescoço naquela direção. Utau falava qualquer coisa sobre o quanto a transformação deu trabalho, mas Nagihiko mal conseguia ouvir suas palavras. Só tinha olhos para o loiro atrás dela, que tentava se esconder timidamente, mal ousando levantar os olhos do chão.

Tadase estava trajando um vestido vermelho, que ressaltava seus orbes, e era volumoso e escondia bem a falta de curvas femininas do garoto. Seu cabelo estava bem comprido, por causa de um aplique ou peruca, e estava com duas mechas presas atrás da cabeça, por uma flor também vermelha. Ele estava ainda com sapatos brancos de salto, e suas pernas tremiam como varas verdes, pois ele mal conseguia se manter de pé. Assim que seus olhos se acostumaram com aquela visão estonteante, Nagihiko correu ao seu encontro, deixando para trás a garota, que ainda estava boquiaberta.

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— E-está muito ruim, F-fujisaki-kun…? – Tadase indagou, com as bochechas coradas como morangos maduros. Sua voz, que já era naturalmente suave, estava ainda mais comedida, e era difícil de dizer que se tratava na verdade de um garoto.

— Absolutamente não! – Nagihiko bradou, ainda aturdido – Q-quero dizer… para um garoto… b-bem… - ele se atrapalhou, ao pensar que, para qualquer garoto, ficar bem em vestidos não seria exatamente um elogio.

— Não temos tempo a perder! – Utau foi quem quebrou o clima de constrangimento – Nagihiko ainda tem que se trocar, e então, nós vamos até o estúdio montado para a gravação da dança!

— Nee, Utau… n-não ter problema eu aparecer assim no seu clipe? Quero dizer, se alguém me ver…

— Não se preocupe, Tadako-chan! – Utau riu, piscando um olho, e Tadase nem conseguiu se sentir ofendido com aquela adaptação vergonhosa do seu nome – Tudo o que será gravado da dança será a silhueta, já que vocês estarão contra a luz. Quero dizer, só aparecerá a sombra de vocês, entende? É algo dramático, e cinematográfico… bem, vai ficar muito bonito na finalização, é o que eu posso dizer!

Sem mais tempo para perguntas, Nagihiko foi levado ás pressas para a figurinista, que o colocou em um terno inteiramente negro, com a gravata vermelha que combinava com o vestido de Tadase. Os dois foram conduzidos pelo prédio até outra sala, onde o cenário para a dança havia sido montado.

O cenário era noturno, repleto de estrelinhas, e uma lua enorme que servia como refletor. Havia um tipo de mirante, ou sacada, e ao redor dela, inúmeras roseiras, com flores grandes e vermelhas, brilhavam fracamente à luz da lua falsa.

— Vocês vão dançar aqui – ela apontou, como se fosse ela mesma a diretora – Agora, se posicionem, e quando a música começar, vocês podem mandar ver…!

Nagihiko levou Tadase até o centro do palco, e enlaçou-o pela cintura, erguendo o braço dele para o alto. Tadase o segurou pelo ombro com a outra mão, respirando fundo antes de começar, e tentando lembrar tudo o que havia aprendido naquelas semanas.

http://www.youtube.com/watch?v=wfbvZ-FiEx8

A música começou a tocar, lenta e provocantemente, e logo Nagihiko se moveu, acompanhando-a. Em resposta, Tadase se moveu também. Era infinitas vezes mais fácil quando Nagihiko o conduzia, como ele verificou. Seus pés moviam-se por impulso, apenas seguindo aquilo que Nagihiko fazia em primeiro lugar, e nem mesmo o salto alto, que ele nunca havia usado na vida, o atrapalhava agora, que tinha as mãos de Nagihiko o segurando e impedindo que ele caísse.

Depois dos giros, das piruetas e de todos os passos, Tadase nem lembrava mais dos olhares das pessoas estranhas, nem de que estava sendo gravado em vídeo. Era divertido, dançar com Nagihiko, e mesmo o vestido incômodo já não era mais tão ruim, quando ele girava para um lado e para o outro, nos braços do valete, que conseguia conduzi-lo com habilidade pelo espaço. A ligação entre os dois tornou-se tão forte que mesmo com um pequeno trejeito de Nagihiko, Tadase já conseguia prever qual o próximo movimento que ele faria, e se adaptava a isso. A harmonia entre eles era tanta que a impressão era de que haviam dançado juntos durante toda a vida.

Quando enfim a música terminou, e todos os presentes aplaudiram, Tadase se lembrou de onde estava e o que estava fazendo. Corou até as orelhas, segurando com força a mão de Nagihiko para não ir ao chão, enquanto ele fazia uma pequena mesura, agradecendo à plateia, como fazem os dançarinos. Tiveram ainda que fazer pelo menos mais três tomadas, até que o diretor ficasse inteiramente satisfeito, mas isso não foi um problema. As imagens seriam editadas, e mescladas com outras filmagens de Utau cantando, e então, quando estivessem prontas, eles poderiam assistir em primeira mão. Sendo assim, por enquanto, eles já estavam dispensados no fim do dia.

Tadase, exausto, tirou aqueles sapatos terríveis, e levando-os na mão, andava com Nagihiko até o lugar onde haviam ficado as roupas deles. Só conseguia pensar na sorte que tinha por Kiseki e os outros charas terem escolhido ficar em casa naquele dia, pois se o visse assim, ele teria um acesso de raiva, berrando sobre o quanto era indigno para um rei usar tais trajes, e ainda ser conduzido como uma garota durante a dança.

— Esses sapatos são horríveis! – Tadase reclamou, esgotado – Nunca mais eu irei subestimar as mulheres, que andam nessas coisas o dia inteiro…

— Tem razão… - Nagihiko sorriu, adentrando ao camarim, que nada mais era do que uma sala com espelho, mesa de maquiagem, e algumas araras de roupa.

— Me ajude a tirar esse cabelo… - Tadase pediu, já incomodado com aquele cabelo que ficava roçando em suas costas. Não sabia como Nagihiko era capaz de aguentar.

— Ah, por que? – Nagihiko riu, passando a mão nas pontas das mechas – Está tão bonito… - ele abraçou Tadase por trás, e beijou sua bochecha – parece uma pequena princesa…

— Você só está brincando comigo… - Tadase resmungou, fazendo biquinho.

— Não mesmo… - Nagihiko afastou as mechas compridas e loiras, e atacou o pescoço exposto do menor – Está muito, muito fofo… acho até que você fica melhor de vestido do que eu…  - ele lambeu a pele macia, e Tadase deixou escapar um gemido mal contido, com as pernas fraquejando – Por isso… hmm… acho que não posso mais deixar você sair assim… algum garoto desavisado pode se apaixonar…

— Pare com isso, Fujisaki-kun… - Tadase girou para trás, e ficou na ponta dos pés descalços para abraçar Nagihiko de volta – Você sabe muito bem que eu só tenho olhos para você… e… b-bem, se v-você gosta tanto disso… e-eu p-posso me esforçar um pouco… e me vestir assim… outra vez, só p-para você… - ele ergueu o rosto ruborizado, e seus olhos, com os cílios alongados pela maquiagem, pareciam ainda mais suplicantes e adoráveis.

—Você sabe mesmo como acabar com as minhas defesas, não é, Hotori-kun? – Nagihiko rosnou, e segurando Tadase pela cintura, empurrou-o contra a parede mais próxima – Eu quase não pude me controlar enquanto dançava com você…

— Por que? – Tadase indagou, com voz fraca e inocente.

— Não é evidente? – Nagihiko baixou o rosto, sentindo o perfume de Tadase – Com você vestido assim… com seu corpo tão perto do meu… eu fui inteiramente seduzido…

— Não fale assim…! – Tadase mal havia acabado de reclamar, e seus lábios foram tomados com avidez, antes mesmo que ele percebesse a aproximação do garoto. Nagihiko deslizou a mão pelo vestido, até a perna de Tadase, acariciando-a displicentemente, enquanto invadia com a língua os lábios vulneráveis de Tadase, fazendo-o ficar completamente enevoado.

Tadase agarrou-se aos cabelos de Nagihiko, deixando que ele aprofundasse ainda mais o toque. Afastando-se para tomar um pouco de ar, ele atacou então o pescoço do menor, enquanto com a mão, deslizava a alça do vestido vermelho, que começava a escorregar pelo corpo liso de Tadase.

— Ahn.. F-fujisaki-kun… - Tadase gemeu longamente – S-se alguém aparecer…

— Ninguém vai vir aqui… - Nagihiko passava os lábios pela pele macia de Tadase, e com a mão, invadia a saia do vestido, cada vez mais adentro. Tadase, atrapalhadamente, desabotoava o fraque e o colete que Nagihiko vestia, enquanto arquejava a cada toque mais ousado do valete em sua pele.

De alguma forma, conseguiu também desabotoar o início da camisa do maior, e acariciou com a mão a parte do peito exposto, e Nagihiko novamente tomou seus lábios, com vontade, explorando com a língua e a boca de Tadase por inteiro.

Afastou-se, arquejante, e apoiou a testa na de Tadase, tentando recuperar o fôlego. Tadase, vestido pela metade, mal conseguia se lembrar de como respirava, e de olhos fechados, tentava voltar a ter uma linha de raciocínio também, já que sua mente parecia ter se diluído nos beijos de Nagihiko. Os dois se encararam por alguns segundos, e riram, contrangidos. Evidentemente, o vínculo entre eles não se resumia a dança.

Nagihiko, que passou tanto tempo ansiando por ter o coração de Tadase, e agora podia ter isso tão facilmente, mal podia acreditar que hoje eles podiam se encontrar, dançando na mesma melodia, no mesmo compasso, sempre juntos. O passado já não importava mais, e o amor entre eles crescia a ponto de transbordar. E mesmo que algum vento passasse e tentasse afastá-los, ele nunca deixaria de acreditar no destino que os juntou, numa improvável probabilidade, que se mostrou tão certa. Agora ele podia tê-lo em seus braços, e isso era tão natural, tão correto, que não importava aquelas preocupações que sempre se mostravam a espreita, escondidas no meio de tanta felicidade. Uma certeza, ele tinha: a de que aquele amor… seria eterno…


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Notas finais do capítulo

Yoo, minna-san! Shiroyuki desu!!!

Aaah, eu adorei escrever esse capítulo!! Adoro Wakeshima Kanon, e embora a música não seja da Mizuki Nana como deveria, acho que combina muito com a Utau! Sintam-se livres para imaginar a dança como queiram, eu não consegui achar nada para referência dessa parte... mas acho que todo mundo deve ter uma ideia de como é tango, não é? Nagi deve ter ficado muito seduzente dançando isso, oh my gosh~ enfim!

Aqui, temos uma pequena imagem da senhorita Nanami, irmã do Kyou-kun, para vocês terem uma ideia de como ela é:

http://4.bp.blogspot.com/-dd5VzfwOPUs/TyW2fNdI-8I/AAAAAAAAA3c/6tEHP2IjRO8/s1600/449038.jpg

digam o que acharam dela, okay?

Então, acho que era isso... deixem reviews e façam de nós autoras felizes e realizadas!! *u*



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