Yakusoku escrita por teffy-chan, Shiroyuki


Capítulo 58
Capítulo 58 - Yuki no Hana


Notas iniciais do capítulo

Yuki no hana - Nakashima Mika

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O tempo estava cinzento e frio, e provavelmente seria mais um Natal Branco, como o do ano passado. Nagihiko suspirou, observando desanimadamente seus colegas de time embarcando no ônibus que os levaria para a outra cidade, onde aconteceria a final do campeonato de basquete. Ele deveria estar animado, brincando com os outros, excitado pelo jogo, e nervoso também. Mas só conseguia lembrar-se do fato de que iria passar longe de Tadase o seu primeiro Natal juntos.

Tadase, juntamente com Yaya, Kukai e Amu (Rima se recusou a acordar cedo para isso), estavam na rodoviária para despedir-se de Nagi e desejar a ele um bom jogo, já que nenhum deles iria poder ir junto para torcer pelo amigo, mas nem mesmo isso servia como incentivo para ele agora.

— Por favor, não se preocupe, Fujisaki-kun… - Tadase disse novamente, notando a perturbação de Nagihiko, mesmo que ele se esforçasse para encobri-la – Apenas concentre-se e faça um bom jogo. – ele sorriu novamente, de uma maneira tão doce que Nagihiko não teve alternativa a não ser sorrir de volta.

— Eu vou me esforçar… - ele disse, apertando com força a mochila que tinha nas mãos, para que de alguma maneira pudesse refrear a vontade que tinha de tocar Tadase naquele exato momento.

O loiro vacilou com os olhos, parecendo querer dizer algo. Aproximou-se um passo, e aproveitando que Yaya comentava sobre alguma coisa que havia visto com Amu, e Kukai estava conversando com alguns amigos seus do time, colocou-se na ponta dos pés, para alcançar o ouvido de Nagihiko.

— Eu acho… que você fica muito bonito usando o abrigo esportivo do time… - ele disse, e se afastou rapidamente, antes que alguém notasse. Um leve rubor cobria sua face, enquanto Nagihiko ria baixo e embaraçado. Algo dentro dele voltou a se aquecer, com aquela simples revelação de Tadase.

— Eu vou voltar logo, Hotori-kun… - ele disse, bagunçando os fios loiros com as mãos. – Antes do ano novo, nós estamos de volta. Você sabe, levará um dia de viagem até lá, mais um dia de jogo, e então, depois de dois dias, haverá a festa de premiação, e então nós retornamos. Pode parecer bastante agora, mas você vai ver que passará rápido como… como uma estrela cadente… – ele brincou, e Tadase riu baixinho – Só que…eu vou sentir saudades… - ele enfim admitiu, em voz baixa, para que apenas o namorado ouvisse. Tadase levantou os olhos, trêmulo.

Porém, antes que ele pudesse responder, ouviram o apito do treinador ressoar, chamando todos os jogadores. Nagihiko olhou para trás, sentindo um aperto no peito, e voltou a fitar Tadase, aflito.

— Vai lá, Fujisaki-kun, você tem que ir. E boa sorte! – ele disse rapidamente, encorajando o valete a prosseguir.

— Sim, traga o troféu pra casa, Fujisaki! – Kukai voltou, e segurando Nagihiko entre o braço, bagunçou seus cabelos.

— Boa sorte, Nagihiko! – Amu também desejou, animadamente.

— Não vaaai., Naaagi! – Yaya fez birra, segurando o braço de Nagihiko e puxando-o para longe de Kukai – Você tem que passar o Natal aqui!!! A Yaya tinha feito plaaanos…

— Eu tenho que ir, Yaya-chan! – Nagi se desvencilhou do aperto da ás, e recuou alguns passos. O treinador chamou mais uma vez, começando a ficar impaciente, e acompanhado por Temari e Rhythm, Nagihiko começou a andar na direção do ônibus, onde todos entravam. Lançou um último olhar para Tadase, lamentando intimamente por não poder despedir-se dele da maneira que queria, e acenou, entrando e se acomodando em um dos bancos do fundo, perto da janela.

— Você vai simplesmente deixar ele ir, Tadase? – Yaya reclamou, ainda indignada.

— E o que o Hotori-kun podia fazer? É a final do campeonato afinal… - Amu argumentou, e Kukai assentiu, sabendo melhor do que ninguém o tipo de sentimento que os eventos esportivos demandavam. Tadase ainda fitava a janela, onde Nagihiko também o encarava, esperando o ônibus dar a partida.

— Mas é Natal!!! E a Yaya tinha planejado muitas coisas para eles… - ela insistiu – E era o primeiro Natal deles…

— Não há nada que se possa fazer quanto a isso – Kukai disse, e Tadase baixou o olhar, tentando não deixar transparecer nada que pudesse fazer Nagihiko ficar cabisbaixo.

— E o Natal é uma data especial para eles, Amu-chii!! Você lembra? Foi no natal que eles se beijaram pela primeira vez…

Tadase escondeu ainda mais o rosto, mordendo os lábios com força. Amu notou o quanto os ombros dele tremiam.

— Agora já chega, Yaya…

— E o Nagi vai ficar cinco dias fora!!! Eles nunca ficaram tanto tempo separados!! – Yaya voltou a bradar, batendo os pés. Amu ia mandá-la calar a boca, mas então ouviu Tadase soluçar audivelmente, correndo para fora logo depois. Não queria que ninguém, muito menos Nagihiko, visse que agora ele chorava.

— Viu o que você fez? – Amu rosnou, e Yaya tapou a própria boca, surpresa e arrependida.

De dentro do ônibus, Nagihiko viu quando Tadase saiu correndo para fora da rodoviária. Segurou por pouco o ímpeto de sair na mesma hora dali, e logo o ônibus tomou a partida, impossibilitando qualquer ato impensado por parte dele. Sem mais nada que pudesse fazer, Nagihiko sentou para trás no banco, e apoiando a testa no vidro, colocou os fones de ouvido para se isolar das brincadeiras e risadas que ecoavam dentro do ônibus.

Fechou os olhos, e puxou a gola do seu abrigo do time. Um inesperado detalhe o fez paralisar por um segundo. Desde a última vez em que emprestara esse mesmo casaco à Tadase, não havia o lavado, então, o cheiro doce e suave do loiro continuava impregnado o tecido, fazendo o nariz de Nagihiko formigar intensamente. Embalado pelo aroma que mais amava no mundo, ele nem percebeu quando caíra no sono.

— Você acha que vai ficar tudo bem? – sentado no bagageiro de cima do banco de Nagihiko, Rhythm cutucou Temari, que estava ao seu lado – Quero dizer… ele está tão desmotivado…

— Nagi é um jogador tão habilidoso, eu acho que tudo ficará perfeitamente bem… - Temari entoou, calmamente como sempre.

— Garotas, não entendem nada de esporte mesmo nee? Eu estou dizendo que o Nagi está desse jeito, ele não vai conseguir jogar direito! – Rhythm enfatizou.

— É você que não entende nada, Rhythm – Temari replicou, revirando os olhinhos lilases – Nagi pode não ser capaz de se sentir motivado agora, mas eu tenho certeza de que ele se sentirá na hora do jogo!

— Você sabe de alguma coisa que eu não sei? – o pequeno chara azul impacientou-se, avido por ter conhecimento de qualquer informação que ajudasse seu dono a vencer o jogo.

No entanto, Temari não respondeu. Apenas escondeu uma risadinha com manga do kimono, lançando um olhar enigmático ao seu irmão, e voltou a observar Nagihiko enquanto ele dormia com um sorriso fraco no rosto pálido, sonhando com o Natal que havia planejado, e que infelizmente não iria acontecer como ele esperava.

Não pareceu muito tempo para Nagihiko, que dormiu durante todo o percurso, mas já era noite quando o time chegou ao hotel da cidade que sediaria os jogos da final. Ele não acordou nem mesmo durante a longa parada que o ônibus fez na estrada, então não havia comido nada além de um pacote de salgadinhos.

Sonolento, ele apenas ouviu o chamado de um dos companheiros de time, e pôs-se de pé. Com sua mochila, desceu do ônibus, seguido de perto por seus charas, e pegou a mala que estava com as outras bagagens lá embaixo, e seguiu as ordens do treinador. Eles ficariam em duplas nos quartos, e deveriam acordar cedo no dia seguinte, para a concentração. Haveria um treino leve, durante a manhã, e o jogo era apenas no final da tarde.

O capitão do time, Takano, se adiantou, pegando as chaves para distribuí-las entre os jogadores.

— Você vai ficar comigo no 401, Onodera – Takano entregou uma chave para o colega mais perto, que assentiu – Kisa e Yukina no 402.  – ia dizendo, e entregando as chaves correspondentes – Hatori e Yoshino ficam no 403.Usami e Takahashi no 404. Sem destruir nada dessa vez, ok? Kusama e Kamijou, 405. Miyagi fica com… Takatsuki, no 406. E Fujisaki, você fica no 505. – ele disse por fim, entregando uma chave diferente das outras para Nagihiko.

— O que? Mas por que? – ele questionou, sem entender.

— Não sei, foram ordens do técnico. Ele disse que o diretor reservou pra você um quarto diferente. Deve ser um daqueles privilégios de guardião – Takano deu de ombros, sem dar a menor atenção para esse assunto – Agora, todos vocês deverão ir direto para os quartos, e descansar. Amanhã, nós acordaremos cedo. E… acho que é isso. Podem ir.

— Hai. – Nagihiko entoou, juntamente com os outros e, desmotivado, arrastou-se na direção da entrada, onde havia uma pequena lanchonete, e pegou um bolinho de carne para comer bem rápido. Não estava com humor para jantar junto dos outros jogadores. Logo depois de terminar, andou até os elevadores. Não notou quando Temari e Rhythm saíram voando para a direção oposta.

O motivo pelo qual ele teria sido mandado para um andar diferente também nem passava pela sua cabeça agora, e tudo o que ele queria era tomar um longo banho e cair na cama, não importando em qual quarto estivesse.

Andou pelo corredor, arrastando a mala de rodinhas, e estranhando aquele silêncio repentino. Onde teriam se metido Rhythm e Temari?

Parando em frente ao quarto indicado, Nagihiko sacou a chave, mas ela nem precisou ser usada, pois a porta já estava aberta. O valete empurrou-a, desconfiado, e adentrou lentamente, fechando-a logo depois. A primeira coisa que seus olhos captaram, à meia-luz do abajur, foram duas camas de solteiro bem a sua frente. E, sentado sobre uma delas, a ilusão mais perfeita que Nagihiko já havia ousado sonhar.

— Hotori-kun…? – ele arriscou, após entrar no quarto. Sua boca se abriu infimamente, mal fazendo ruído ao falar, quando ele viu a pequena figura do loiro, de quem ele havia se despedido horas antes, sorrir timidamente para ele. – O q-que… m-mas como…?

— F-fujisaki-kun, eu… - ele se ergueu, vacilante, com o rosto corado.

— Como você chegou aqui? – ele indagou, exasperado – Não, espere… é você mesmo…? – Por um momento, Nagihiko duvidou da própria sanidade mental.

— Tsukasa-san havia planejado isso desde o início ao que parece… - Tadase parecia estar se explicando de alguma forma, aproximando-se afobado, parecendo também estar se sentindo culpado – E-eu não sabia que ele tinha… e então, me mandaram entrar em um carro… e eu… Fujisaki-kun… não q-queria atrapalhar… mas quando eu vi…

— Hotori-kun! – Nagi exclamou mais uma vez, deixando cair a mala da mão e atirando os braços ao redor do corpo magro do outro, que foi pego de surpresa. Abraçou-o com força, girando-o no ar uma ou duas vezes antes de pousá-lo novamente, sem nunca soltá-lo – Você está aqui mesmo! Então… Tsukasa-san planejava isso…?

— Sim. Eu cheguei poucos minutos atrás… Ele disse que era um presente de Natal… - Tadase respondeu contidamente, apoiando o rosto no ombro do outro – Me desculpe pela intromissão, eu não queria atrapalhar seu jogo…

— Está tudo bem! Está tudo maravilhosamente bem, Hotori-kun!! – Nagihiko o abraçou com mais força – Na verdade, acho que eu jogarei muito melhor sabendo que você está aqui! Eu estou tão feliz… - ele apoiou a testa no pescoço do menor, sentindo seu cheiro tão doce invadir seus sentidos.

— Que bom, Fujisaki-kun… - Tadase fechou os olhos, acariciando a cabeça de Nagihiko – Eu também fiquei feliz… por poder passar o Natal com você…

— Sim! – Nagihiko se ergueu de repente, com os olhos brilhando de animação – Amanhã é o jogo, mas depois disso, eu terei um dia inteiro livre, até o dia a comemoração, no caso de ganharmos!! E nós estamos em outra cidade… em outro distrito… - os olhos dele faiscaram ainda mais ao perceber um pequeno detalhe, e Tadase inclinou a cabeça, em dúvida – Você sabe o que isso significa?

— Hm… n-não… - ele hesitou. Nagihiko riu, carregando Tadase até a cama, deitando-o e jogando-se por cima dele. Tadase ofegou com a ação tão súbita, mas não resistiu. Ainda rindo, Nagihiko o fitou nos olhos, com os cabelos longos deslizando na direção do loiro, fazendo cócegas em suas bochechas, e criando uma cortina que bloqueava a luz tênue do abajur.

— Isso significa… - ele aproximou-se, depositando um beijo rápido na face de Tadase –… que nós dois… - desceu os lábios mais um pouco, até o queixo. Tadase fechou os olhos, cedendo à provocação –… podemos então… - outro beijo, dessa vez no pescoço. Tadase se remexeu, inquieto –… sair em um encontro… - deslizou a língua até a base do pescoço alvo, e Tadase reprimiu um gemido baixo – Sem precisar nos esconder de ninguém…

— Nós podemos? – Tadase indagou com dificuldade, sentindo a língua de Nagihiko percorrer todo o caminho até sua orelha, demorando-se um pouco mais ali.

— Claro… afinal… – ele sussurrou no ouvido do Rei –… ninguém nos conhece aqui. Será fácil fugir dos outros jogadores… e então, teremos o dia inteiro só pra nós. – ele deitou ao lado de Tadase, abraçando-o como se ele fosse um urso de pelúcia, e encaixou o rosto no espaço entre seu ombro pequeno, com suas pernas entrelaçadas. – Sem Yaya, sem Utau, nem Rima… sem a possibilidade de encontrarmos conhecidos… sem precisar de disfarces… o que você acha?

— Eu aceito qualquer coisa, desde que seja com você, Fujisaki-kun… - Tadase suspirou, e Nagihiko sorriu.

— Então está combinado. – ele assentiu, fechando os olhos calmamente.  – Mas já que você disse que aceita qualquer coisa…hum… o que acha de tomar um banho, agora…?

— O q-que?? – Tadase corou furiosamente, erguendo-se de súbito. Nagihiko rolou para o lado, rindo alto da reação do namorado.

— Eu sabia que você ia fazer isso… - ele riu ainda mais, vendo Tadase inflar as bochechas de irritação ao notar que tudo não passava de mais uma provocação – Você é tão inocente, Hotori-kun…não devia dizer coisas desse tipo assim tão facilmente, eu posso ser capaz de interpretar da maneira que eu quiser – Nagihiko avisou, com um sorriso de canto brincando nos lábios.

— N-não sou não! – ele protestou, fazendo biquinho – Eu estava falando sério! Posso fazer qualquer coisa, com você…

— De verdade? – ele arqueou uma sobrancelha.

— Claro! Eu tomo banho com você! – ele replicou irritado, querendo mostrar que era bastante maduro para isso, embora ainda estivesse mais vermelho do uma placa de ‘pare’.

Nagihiko sentou na cama, avaliando as palavras de Tadase com cuidado. Aquela era apenas uma brincadeira para fazer Tadase ficar constrangido, mas pelo jeito, ele levara a sério. Nagihiko não via como negar tudo agora, ainda mais quando o outro parecia tão determinado. De mais a mais, não havia nenhum problema real naquilo, afinal, eles já haviam feito isso mais de uma vez também…

— Então… vamos…? – ele pronunciou lentamente, sentindo-se de alguma forma animado com a ideia. Segurou a mão de Tadase, pronto para rebocá-lo na direção do banheiro, mas ele o segurou, mantendo sua mão firme na dele.

— Espere, antes disso… – ele vacilou, erguendo os olhos para Nagihiko – É que… antes, quando eu estava vindo para cá… acabei me lembrando do Natal do ano passado. Foi quando… eu e você… n-nos beijamos pela primeira vez. V-você lembra?

— E como eu não lembraria Hotori-kun?! – Nagihiko voltou, sentando na beirada da cama, ao lado de Tadase, e acariciando a sua bochecha – É uma das minhas preciosas lembranças com você, não tem como eu esquecer…

— Então será que… você pode… s-sabe… - Tadase baixou o rosto vermelho ao máximo, erguendo apenas os olhos logo depois – Fazer de novo… como naquele dia…

— Como assim…?

Tadase engatinhou pela cama, até encontrar a sua mala do outro lado, e tirou de lá um pacote pequeno. A compreensão iluminou os pensamentos de Nagihiko, e ele logo entendeu o que o menor estava pedindo. Sem que ele precisasse explicar, Nagihiko sentou mais perto de Tadase, tirando das mãos dele o pacote de Pocky, e fazendo-o quase entrar em combustão, ruborizando-se até as orelhas, apenas por ter sugerido algo tão constrangedor.

 Era uma ideia ousada, a de Tadase, mas Nagihiko adorou. Pegou um dos palitos doces, e delicadamente, encaixou-o nos lábios rosados do menor, que ergueu o rosto envergonhado para ele, fechando os olhos e esperando. Nagihiko sentiu como se fosse um dejavú, mas sem os gritos e o barulho da câmera de Yaya, sem Ikuto vestido de Papai Noel, ou Rima bêbada de chocolate quente. Sem a culpa que sentia por estar fazendo aquilo, e sem a hesitação e a insegurança da primeira vez também.

Apoiando uma mão na cintura de Tadase, enquanto a outra erguia o seu queixo, Nagihiko mordeu a outra ponta do palito. Lentamente, apreciando cada pequeno instante, Nagihiko avançou algumas mordidas no doce. Tadase também deu pequenas mordidas, e logo, eles já sentiam suas respirações misturando-se, enquanto seus lábios quase se tocavam. O valete prosseguiu mais alguns milímetros, e logo eles se encontraram de verdade, selando mais uma vez aquele primeiro beijo.

Diferente da outra ocasião, Tadase sabia o que podia fazer. Atirou-se contra o maior, enlaçando os seus cabelos, enquanto abria os lábios para que ele pudesse aprofundar o toque. Nagihiko não demorou em corresponder, encaixando Tadase em seu colo, enquanto o invadia com a língua, terna e insaciavelmente.

Depois de muitos segundos, eles enfim se separaram. Um fino fio de saliva ainda os conectava. Tadase escondeu o rosto no peito do maior, como fazia sempre que não tinha coragem o suficiente para encará-lo.

— Foi melhor do que da primeira vez… - ele confessou, com a voz abafada. Nagihiko acariciou seus cabelos dourados, rindo para si mesmo. Ele também pensava dessa forma. – V-você ainda quer tomar aquele b-b-banho c-c-comigo? – ouviu a voz fraca de Tadase gaguejar, enterrando ainda mais o rosto.

— Só se você quiser… - Nagihiko disse calmamente, erguendo o rosto de Tadase na sua direção.

— E-então… eu quero… - ele respondeu, sussurrando. Nagihiko hesitou por um momento, mas acabou levando-o em direção ao banheiro, abrindo a porta.

As paredes eram todas brancas, com detalhes dourados, e era ampla e muito bem decorada. A banheira se evidenciava, no centro, como a peça principal. O lugar estava gelado, como todo o resto deveria estar, afinal, era inverno, e Nagihiko se apressou em ligar as luzes e o aquecedor. Porém, tão logo fechou a porta do banheiro, já se arrependeu de ter feito tudo aquilo. Agora, o que deveria fazer? Ele não tinha ideia de como agir depois de tudo… Virou-se, ligando a banheira, numa tentativa de disfarçar a sua hesitação.

Tadase ainda estava determinado em demonstrar que era maduro o suficiente pra tomar um simples banho com o seu namorado, mesmo que isso estivesse longe de ser verdade. Ergueu as mãos vacilantes, começando a desabotoar a própria camisa devagar, o rosto inteiramente ruborizado, encarando a parede.

Nagihiko virou-se, percebendo o que o garoto fazia.

— Hm... Hotori-kun, acho que você não precisa se obrigar a fazer isso... se não quiser...  – Nagihiko murmurou, meio inseguro. Não queria começar outra briga como a que tiveram semanas atrás, mas como não sabia o que fazer, acabou dizendo isso.

— Não! – Tadase, teimoso, replicou – E-eu disse que posso fazer isso, então eu vou fazer!! – ele concluiu, evidentemente embaraçado, mas ainda assim determinado a ir até o fim. Terminou de desabotoar a camisa e a jogou para um lado de qualquer jeito – Ou por acaso... é você quem está com  vergonha agora Fujisaki-kun? – indagou, olhando de esguelha para Nagi, com um sorriso tímido brincando nos lábios.

— O q-que?? Claro que não! – o outro se apressou em responder, com o rosto corando contra a sua vontade, tentando disfarçar – Olha só quem está se achando só por que consegue fazer uma ou duas coisas que me pegaram de surpresa! – ele riu de repente, esfregando os cabelos de Tadase com força, para todos os lados.

— Itaaai! Isso dói… - ele se afastou alguns passos, o cabelo todo bagunçado – Tem certeza de que não está com vergonha? Você viveu a maior parte da sua vida sendo a Fujisaki-san afinal, essas coisas devem ser mais embaraçosas para as garotas... – ele acrescentou, feliz e um tanto surpreso por ver que sua provocação estava funcionando.

— Você está me desafiando, Hotori Tadase? – Nagihiko arqueou uma sobrancelha, franzindo os olhos – Tem certeza de que quer me provocar? – ele chegou bem perto, encurralando Tadase contra a pia, e passando os dedos levemente por todo o seu abdômen exposto. Tadase arquejou, reprimindo um gemido, o corpo inteiro tremendo diante do toque do maior.

—E-e-eu não estou desafiando ninguém... é v-você quem me chamou pra tomar banho e agora está fugindo... nem sequer tirou a r-roupa ainda... - ele gaguejou com dificuldade, lutando para manter a coerência.

— Hhmmm... então você quer que eu tire a roupa para você, é? - O valete esqueceu rapidamente toda a incerteza que o assolara segundos antes e se afastou um passo. Iniciou tirando o casaco do time, jogando-o para um lado, e então, segurou a barra da camiseta, e tão lentamente quanto fosse possível, começou a retirá-la, mostrando o tórax bem trabalhado, graças aos treinos recentes e árduos.

— E-e-eu não disse isso!! S-só quis dizer que, se nós vamos tomar b-banho, então é claro que temos que estar d-d-despidos...  – Tadase apressou-se a dizer, quase não conseguindo pronunciar a ultima palavra de tanta vergonha que sentia, os olhos pregados no tórax bem definido do maior.

Depois de alguns segundos lutando contra a vontade de continuar admirando-o para sempre, o loiro voltou a se concentrar no que estava fazendo antes e, muito lentamente, tirou o cinto e abriu a calça, deixando que ela escorregasse por suas pernas. Nagi sorriu, satisfeito por ter conseguido deixar Tadase ao menos um pouco embaraçado, e fez o mesmo, tirando as calças e a roupa de baixo de uma só vez.

O rosto de Tadase tingiu-se de escarlate berrante, como se o vermelho de seus orbes estivesse manchando toda sua pele, e os olhos dele inevitavelmente desviaram-se para o ponto onde segundos antes estivera a roupa íntima de Nagi. O loiro boquiabriu-se, quase chegando a babar, aturdido demais para se lembrar do que estava fazendo antes ou de demonstrar qualquer outra reação.

— Será que eu descobri outro ponto que capta o seu interesse, Hotori-kun? – Nagihiko ergueu os olhos, com um sorriso irritantemente parecido com o que tinha no Chara Change – Acho que nós temos que nos livrar disso aqui também... Não é? – Ele se aproximou, passando a mão pela cintura de Tadase, até chegar à sua roupa íntima - Foi você quem começou com isso, não se esqueça...

— Ah... N-n-não é i-isso... e-eu... err... q-quero dizer, eu não... – Tadase balbuciou, completamente incoerente, forçando-se a desviar os olhos daquela visão que tanto chamava sua atenção - P-Pode deixar que eu mesmo t-tiro! - ele concluiu por fim, respirando fundo como se isso pudesse lhe dar coragem, e tirou a ultima peça de roupa com um só puxão, ficando completamente despido também – V-v-vamos entrar logo... f-foi pra isso que nós v-viemos ate aqui afinal, não foi?! - ele apressou-se a dizer, pulando para dentro da banheira numa tentativa de esconder seu corpo com a espuma da água.

Ainda rindo das reações divertidas de Tadase, Nagihiko amarrou os cabelos para o alto, em uma espécie de coque, com um elástico qualquer que encontrou por ali, afinal, não tinha necessidade de lavar os cabelos se logo depois eles iriam dormir. Entrou na banheira, colocando uma perna de cada lado de Tadase, e então sorriu para ele, como se estivesse provocando-o, através do vapor de água quente que subia, entre eles - Você está tremendo, Hotori-kun... não está com frio...?

— E-e-eu estou b-bem... n-não se preocupe... - ele gaguejou nervoso, colando o corpo contra a banheira tanto quanto era possível, tomando cuidado para não encostar-se a Nagi. Sua tremedeira nada tinha a ver com o frio, na realidade, era exatamente o contrário. Notou então as pernas dobradas do Valete dos dois lados dele. Ao mesmo tempo em que o encurralavam, elas também ficavam à mostra por cima da espuma, atraindo a atenção do loiro sem que ele nem mesmo percebesse isso;

— Nee, Hotori-kun, algum problema? – Nagihiko notou os olhares insistentes e fixos de Tadase, achando que talvez ele estivesse com vontade de lavar seu cabelo ou qualquer coisa assim.

— N-não, não é nada... - ele forçou-se a encarar Nagihiko nos olhos para responder - é só que... b-bem... – Indicou com os olhos, sem jeito, as pernas do valete, com a atenção voltada para onde as coxas apareciam por cima da espuma, sem saber o que dizer a seguir.

— Ah! Quase esqueci que você gostava das minhas pernas! Você quer... tocá-las? – Nagihiko indagou, quase sem embaraço algum. Era como se ele estivesse falando com o Chara Change de Rhythm... Isso provavelmente se devia mais à tensão pré-jogo, do que qualquer outra coisa, mas ainda, parecia um pouco estranho.

— Eh?! Anh... b-bem... etto... - Tadase atrapalhou-se com as palavras, gesticulando nervosamente, surpreso com aquela reação do maior – T-talvez... mas... F-fujisaki-kun, você não está no chara change agora, está? - ele olhou o maior desconfiado - Quero dizer, você esta tão... desinibido...

— O que?? Eu... eu estou? - Nagihiko estranhou aquela declaração repentina. Não havia reparado muito nisso, mas era verdade. Ele realmente estava agindo estranho, completamente descompensado, e com mudanças muito bruscas de humor. - Acho que... só estou nervoso por causa do jogo, sabe... Acho que é isso... - Ele passou a mão na nuca, nervosamente. Certamente era isso, já que não era a primeira vez que se sentia assim antes de um jogo, em reação a adrenalina e a excitação causadas pelo esporte – Talvez... você possa fazer eu me acalmar... – ele sugeriu, com uma voz que não parecia estar brincando, embora Tadase tivesse certeza de que se tratava de alguma provocação.

— E-eu não sei se seria capaz de fazer isso, mas... se eu puder te deixar nem que seja  um pouco mais calmo, então... ficarei feliz em ajudar - ele inclinou-se para a frente e apoiou as mãos sobre os joelhos dobrados de Nagi, inclinando-se para o lado dele - se tiver algo que eu possa fazer pra te ajudar, então me diga... é só dizer que eu faço o que você quiser Fujisaki-kun…

Nagihiko murmurou algo incoerentemente, inteiramente seduzido pelo loiro. Sentou-se melhor na banheira, acariciando o rosto do menor com a mão molhada, e sem perder tempo, selou seus lábios com os dele, invadindo-o com a língua de imediato.

Tadase ofegou e deixou escapar uma exclamação audível, sendo pego de surpresa, mas logo correspondeu ao beijo, atirando seus braços ao redor do pescoço do maior. Sentiu seu peito nu encostar-se ao dele, e seus corpos acidentalmente roçaram um no outro. A água quente agitou-se, derramando-se para fora da banheira. Nagihiko gemeu baixo dentro da boca de Tadase, com os seus pensamentos em branco, e o corpo em chamas.

Repentinamente, Nagihiko se ergueu, impulsionando o corpo de Tadase para trás, até que se encostasse à parede oposta da banheira. Um gemido gutural e profundo escapou da sua garganta, quando ele afastou os lábios, e desceu-os pelo rosto até o pescoço de Tadase, provando da pele úmida com a língua.

—Ahnnn... F-fujs... saki-kun... - Tadase gemeu, também sentindo diversas reações com aquele toque acidental entre eles.  Seu rosto estava em chamas, o coração batia tão forte que ele tinha certeza que Nagihiko podia vê-lo pulsando através de sua pele pálida, mas nada disso parecia importar agora.

O valete abraçou o corpo esguio de Tadase, deslizando os lábios pelos seus ombros, pela clavícula, ate chegar ao peito. Demorou algum tempo ali, até subir novamente e tomar seus lábios com vontade, segurando-o pela cintura com ambos os braços. Mais água vazava pelos lados, com os movimentos insistentes do corpo de Tadase.

Tadase retribuiu o beijo à altura, deixando escapar alguns ruídos ocasionais com a garganta, as mãos deslizando para os ombros de Nagi e apoiando-as ali. Tinha ficado um pouco assustado por causa daquela aproximação repentina, era verdade, mas ao mesmo tempo em que aquilo o assustava, e o fazia querer se afastar e se esconder em algum buraco de tanta vergonha, alguma coisa o impelia a continuar e a provar mais daquilo, e ele não sabia a qual dos dois impulsos seguir.

— Nee Hotori-kun... – Nagihiko se afastou depois de algum tempo, tocando ligeiramente os lábios no ouvido de Tadase – Eu estou ficando com frio aqui... - ele disse, suspirando – O que acha de irmos logo para a cama?

— Ehh? ah... h-hai, você tem razão... você tem um jogo amanhã , precisa estar bem descansado, afinal. – Tadase concordou alguns segundos depois, sem reparar nas possíveis interpretações indecentes que a proposta de Nagihiko poderia ter, e ainda um tanto aturdido com tudo aquilo que aconteceu entre eles.  – Então, vamos sair... ahn... - ele olhou em volta, confuso, de repente sem saber o que fazer. Não era a primeira vez que isso acontecia, era verdade, mas se ele saísse da banheira agora, Nagihiko o veria como veio ao mundo, e depois de tudo que fizeram isso parecia ainda mais embaraçoso do que normalmente seria.

Nagihiko se afastou primeiro, erguendo-se da banheira e pulando para fora. Pegou um roupão branco que estava pendurado na parede, e logo depois, estendeu um igual, mas um pouco menor, para Tadase – Desculpe, acho que só tem o feminino aqui, Hotori-kun...

— A-arigatou - Tadase levantou-se e cobriu-se com o roupão tão depressa que nem deu tempo de ver alguma coisa - N-não tem problema, o tamanho acabou sendo perfeito - ele riu sem jeito, achando engraçado o fato de ele estar usando um roupão feminino. Antigamente, Nagihiko é quem o estaria vestindo, e não ele. - Etto... acho que eu vou na frente - Tadase saiu do banheiro primeiro, rápido como um raio, aproveitando enquanto Nagihiko ainda soltava e arrumava os cabelos, para poder vestir logo o pijama sem o olhar do outro sobre si.

— Você ainda se sente desconfortável quando eu olho para você, Hotori-kun? - o tom de voz de Nagihiko, que vinha do banheiro, não parecia o de alguém magoado, ou irritado. Era apenas a constatação de um fato, e ele não se importava realmente com algo assim, afinal, a timidez de Tadase era o seu charme... mas, ainda, ele não resistia em querer saber mais sobre o namorado.

— Ah... u-um pouco, eu a-acho - Tadase murmurou, vestindo o pijama, de costas para a porta, num tom quase inaudível que Nagi teve que se aproximar mais para ouvir - M-mas não é que eu não queira que você me veja sem... er... s-sem r-r-ro-roup... v-você sabe! - ele desviou os olhos para a parede, o rosto terrivelmente corado - Isto é... é c-claro que você pode me ver, mas... e-eu... b-bem, eu não estou v-v-vestindo n-nada agora, então... é meio... e-embaraçoso - ele murmurou num fio de voz, sem nenhuma coerência entre as suas afirmações, e sentindo uma terrível mistura de vergonha e culpa - G-gomen.. gomen nee Fujisaki-kun... não é que eu queira esconder algo de você, é só que.... é realmente muito constrangedor para mim... - ele forçou-se a encarar o maior, torcendo pra que isso enfatizasse o fato de que ele não queria esconder absolutamente nada de Nagihiko.

— Não precisa se desculpar, Hotori-kun… - Nagihiko apareceu, abraçando Tadase com força – Você sabe, eu adoro esse seu jeito tímido, e recatado... então não precisa se forçar. Eu amo você do jeito que você é… - ele ergueu o rosto do loiro, beijando-o longamente, antes de continuar - Mas... se você se sente desconfortável, acho que não vai querer dormir na mesma cama que eu, não é? - ele brincou, já imaginando a resposta.

— Eh? N-não... não é pra tanto, quero dizer... a-acho que eu posso aguentar isso... nós já dormimos na mesma cama antes afinal, então não tem problema – o rei tornou a virar o rosto para o lado, tentando fingir que não estava embaraçado – Além do mais… está frio… - ele completou, num fio de voz.

— Está certo... – riu Nagihiko, e então o soltou, apenas para colocar o pijama, rapidamente como aprendeu no tempo em que era Nadeshiko e tinha que se vestir junto com as meninas. Depois de vestido, voltou-se para Tadase, que continuava parado no mesmo lugar - Então, venha, vamos dormir - ele segurou a mão do menor conduzindo-o até a cama mais próxima.

Os dois deitaram, e Nagihiko os cobriu com os cobertores, aconchegando-se bem à Tadase, enlaçando-o com o braço. Tadase apoiou o rosto entre os cabelos de Nagihiko, sentindo seu perfume, e sorriu.

— Boa noite…

Os dois se aqueceram, confortavelmente, enquanto a neve começava a cair lá fora, sem que ninguém percebesse, tingindo de branco as ruas, os campos, e os telhados, inclusive do ginásio, onde Nagihiko jogaria no dia seguinte.

Provavelmente, aquele seria o melhor Natal de todos, afinal…, pensou Nagihiko. Ele se sentia confiante como nunca, e, estando ao lado de Tadase, vencer um simples jogo não era nada. Depois disso, eles iriam poder a aproveitar a companhia um do outro sem interrupções, e era apenas uma questão de tempo.

Suspirando, ele abraçou Tadase ainda mais forte, depositando um beijo na sua face, carinhosamente.

— Ahn? O que? – o loiro murmurou, sonolento.

— Nada… é só que… agora eu tenho certeza que nós vamos ganhar. – ele cochichou no ouvido de Tadase, como quem divide um segredo – Por que eu tenho… o meu amuleto da sorte aqui comigo…


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Notas finais do capítulo

Yoo, minna-san, Shiroyuki desu!!

Sinto muito pela demora... realmente, eu só fui lembrar de postar a fic hoje... pra vcs terem noção, eu estou nesse momento postando da cantina da faculdade, lembrei da fic no meio da aula!! Ainda bem que terminou mais cedo, por que aí eu posso postar antes de chegar em casa... hmmm, espero que me perdoem, te~hee...

Aah~ capítulo que vem é comigo também, okee?? Teffy-senpai volta só no próximo... então acho que era isso... tenho que ir antes que me deixem pra trás~~ omg~


bye bye~