Yakusoku escrita por teffy-chan, Shiroyuki


Capítulo 40
Capítulo 40 - My Dearest


Notas iniciais do capítulo

My dearest - Supercell
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Com um pequeno tilintar de sino, o Chara Change de Tadase se desfez, e a coroa dourada em sua cabeça sumiu completamente. Ao perceber a situação que se encontrava, ele se encolheu ao máximo, com o rosto passando de um leve rubor para o vermelho intenso em menos de um segundo. Procurou discretamente a mão de Nagihiko, e a apertou, buscando nele alguma segurança. Nagihiko afagou sua pele muito suavemente, como se dissesse “vai ficar tudo bem, não se preocupe”.

Logo à frente, as três guardiãs encaravam-nos em estado de choque, cada uma em uma intensidade diferente. Yaya foi a primeira a reagir, e depois de um pequeno momento de surto, finalmente a ficha caiu. Ela avançou mais a frente, virando a cabeça ora para Nagihiko, que a fitava apreensivo, ora para Tadase, que parecia querer sumir ali mesmo, e se escondia atrás do outro.

— Kyahaaa~ A Yaya viu mesmo o que ela acha que viu? Nãaaaaaao!!! Isso está meeeesmo aconteceeendo?? Nyaaa~ eu acho que vou explodir!!! – ela exclamava, histericamente, enquanto pulava descontrolada de um lado para o outro, como se quisesse analisar os dois garotos de todos os ângulos possíveis.

— Y-y-y-y-yui-k-ki-s-san… - Tadase mal movia os lábios, sentindo que poderia desmaiar a qualquer momento. Na verdade, seria uma boa saída para essa situação – N-n-não é n-n-nada d-d-disso q-q-que…

— Nós podemos explicar, Yaya… - Nagihiko interveio, falando baixo para não demonstrar o nervosismo que sentia. Não, ele não podia explicar. Havia sido flagrado aos beijos com Tadase, que explicação racional haveria para isso?? A sua vontade era, na verdade, de pegar Tadase no colo e fugir dali agora mesmo, correndo tão rápido que nem mesmo o clube de atletismo poderia os alcançar.

O barulho característico de um flash interrompeu a sua linha de pensamento, que formulava o plano perfeito. Ele levantou os olhos, aturdido, e viu Rima empunhando uma câmera, com um sorriso tolo no rosto. Em suas bochechas, os desenhos de uma gota e uma estrela se projetavam, verdes e brilhantes. Ela riu alto, apertando na velocidade da luz as teclas no telefone, e o colocando no ouvido.

— Kusukusu~ Ikuto, é você?! – ela bradou, com a voz aguda. Nagihiko engoliu em seco, apertando a mão de Tadase e visualizando a rota de fuga – Eu ganhei a apostaa!!! Você me deve 1.000 yens!! Olha só a foto que eu te envieeei!!! Mostra pra Utau!! Aaaah, cala a boca, eu não estou bêbada!! Nós flagramos eles no maioooor agarramento, tô te falando, seu gato caloteiro!! Quero meu dinheiro!! Nyaaaa~ Isso não é doki doki suru??? Estou tão empolgada! – ela exclamou por fim, desligando o celular e pulando na direção dos dois garotos, com os olhos brilhando de excitação.

— Aaaaaahhhh, a Yaya tá tãaaao feliiiz!!! – ela sorriu ainda mais abertamente, juntando as mãos na frente do peito. Seu sorriso se abriu ao máximo, e então, lágrimas começaram a se mostrar, caindo como cascatas dos seus olhos castanhos, contraditoriamente. Logo, um verdadeiro oceano havia se formado. Nagihiko não sabia se consolava a garota, ou se chorava junto dela – Poooor queee vocês não contaaaaram pra Yayaaa!!!! – ela soluçou, esfregando os olhos com as costas das mãos, em vão – A Yaya estava tãaao preocupada com vocês. Já estava achando que… que… o Nagi ia ficar com um batsu-tama, que nem aquele garoto!! – ela aumentou a intensidade do choro, exatamente como uma criança, até que suas palavras tornaram-se incompreensíveis – A Yaya shippa vocês a taaaanto tempo, que crueldaaadeee manter esse segreeedo!!!

— Para de chorar, sua boba!! Olha só pra isso!! – Rima deu umas batidinhas nas costas de Yaya, que pretendiam ser amigáveis – Nós podemos ter toooodo o fan-service que quisermos!!!

— É v-v-verdad-de… A Yaya q-quer f-f-f-fanservice… - ela fungou, controlando a crise de choro. Tadase sobressaltou, tentando puxar da memória o significado de “fan-service”. De todo modo, não parecia ser algo bom. Nagihiko arqueou uma sobrancelha, sem entender, mas ao ver Yaya chorar daquela maneira emocionada, lembrou as palavras de Tsukasa, há algum tempo atrás.

“... apenas divida sua alegria com seus amigos e com aqueles que se importam com você”.

Talvez a hora de revelar tudo fosse realmente agora. Não havia mais como negar, e Nagihiko não aguentaria ter que manter segredo sobre o seu amor por muito mais tempo, também. Já estava farto de segredos e de mentiras.

— Yaya-chan… desculpe por isso… - Nagihiko começou a falar, e ia dar uma explicação completa, mas foi cortado por um ato inesperado da ás.

Ela pulou nele, e em Tadase que estava ao lado, em um abraço duplo desajeitado, mas muito amável. Envolveu os dois em seus braços com alguma dificuldade, deixando-os sem ação.

— A Yaya está realmente, reeeeeealmente, muito, muito, muuuuito feliz por vocês! Aaah, vocês ficam tão lindo juntos! Eu tinha razão em shippar vocês dois, desde sempre! Nee, vocês vão fornecer cenas lindas para a Yaya todos os dias, não vão? Não vão? – ela se animou rapidamente, esquecendo completamente da crise de choro anterior.

— Eu também estou feliz, te~hee – Rima exclamou, ficando na ponta dos pés para ser vista – Waaa~ é tão engraçada a cara que o Tadase tá fazendo agora! – ela riu, apontando para o rosto lívido do loiro, e tirando mais uma foto com o celular.

— VOCÊS ESTÃO LOUCAS? – Um grito estridente cortou o ar, ecoando pelas paredes de vidro do Royal Garden. Todos pararam estáticos, exatamente na posição em que estavam. Yaya apenas virou a cabeça para trás, localizando a fonte do berro. Amu respirava ofegante, com lágrimas densas formando-se nos olhos. Porém… diferente do choro anterior de Yaya, isso não era uma crise infantil, muito mesmo para exprimir felicidade. – Olha só p-para isso… p-para vocês… isso é… i-isso é… nojento! – Ela berrou, recuando alguns passos, enquanto as lágrimas afloravam. Tadase arregalou os olhos, assustado, apertando com mais força a mão de Nagihiko, e com a outra, segurando em seu braço. Nagihiko permaneceu em silêncio, esperando que Amu continuasse.

— Amu-chan…- Rima tentou dizer algo, mas foi severamente interrompida.

— Vocês perderam completamente a noção de realidade! Eles são dois garotos! Dois garotos, estão lembradas?? Eles estavam… estavam se beijando! Isso é errado! É asqueroso! C-como podem tratar esse tipo de coisa como se fosse natural? Como podem comemorar isso? – Amu gritava, em absoluto descontrole, com o rosto completamente lavado pelo choro.

— Amu-chii, pare com isso… - Yaya murmurou, sem saber como agir.

— H-hinamori-san… E-e-e-eu e o F-fujisaki-kun, nós… - Tadase tentou se pronunciar, erguendo a voz gradualmente. Engoliu em seco, focando a visão no rosto indignado da coringa – Eu amo o Fujisaki-kun… Eu o amo de verdade.

— Não! Para! Eu não quero ouvir isso! – ela tapou os ouvidos com as mãos, fechando os olhos com força.

— Machuca… machuca muito quando você fala essas coisas, Hinamori-san… - Tadase completou, mordendo os lábios, com o queixo tremendo, enquanto tentava não chorar também.

— Fujisaki… - Amu disse, com desprezo indisfarçável, forçando-se a olhar para Nagihiko pela primeira vez – A Nadeshiko sabe disso? Ela sabe que tem um irmão imoral e…

— Para com isso, Amu-chii! – Yaya se pronunciou pela primeira vez, colocando-se na frente de Tadase e Nagihiko, em uma posição defensiva – A Yaya não vai deixar você continuar falando essas coisas! O Nagi e o Tadase se amam, e você não tem o direito de criticar eles!!

— Só por que você foi rejeitada não significa que pode ficar falando essas bobagens… - Rima disse a dura verdade, sem se arrepender.

Amu não pareceu ouvir a última parte, pois antes mesmo de a ás terminar de falar, ela já tinha começado a correr na direção oposta, com a cabeça baixa e as lágrimas que não parava de cair ficando pelo caminho. Logo sumiu pela porta da estufa, deixando para trás quatro guardiões sem reação.

— Eu devo ir atrás dela? – Tadase indagou, já com lágrimas nos olhos. Nagihiko suspirou, completamente exausto, olhando para o loiro indefeso ao seu lado. Ele não precisava ter ouvido tudo aquilo.

— Acho que o melhor a fazer agora é deixa-la sozinha… Conversaremos quando ela se acalmar… - Nagihiko disse, erguendo a mão para afagar carinhosamente a cabeça de Tadase, que se aninhou em seu peito, abraçando-o – Era uma cena assim que eu queria evitar a todo custo… - sussurrou para si mesmo, sentindo uma dor incomparável instalar-se em seu peito ao ver Tadase daquele jeito;

— O Tsukasa-san nos avisou, não foi? – Tadase fungou, com o rosto enterrado nas roupas de Nagihiko. Ele apenas o abraçou com mais força, sem conseguir pensar em nada reconfortante para ser dito.

— A Yaya imaginou que quando vocês começassem a namorar, ia ser beeem mais divertido… - Yaya comentou com desanimação, olhando para os dois como se pedisse desculpas pela atitude de Amu.

— Não há nada que se possa fazer – Rima deu de ombros, desfazendo o Chara Change, e sua expressão voltou ao normal, embora estivesse mais emocionada que o de sempre.

Um celular começou a tocar, e Yaya foi quem atendeu. Ela se afastou alguns metros, falando sem parar, e logo depois retornou, com uma expressão visivelmente mais animada.

— Era a Utau. Ela chamou todo mundo para ir até a casa dela agora!! – anunciou, numa tentativa de animar o ambiente mais uma vez. Talvez tivesse dado certo, por que, mesmo que ainda estivessem abalados, Tadase e Nagi assentiram, um pouco incertos.

Eles foram então para a casa de Utau, que não ficava realmente muito longe da escola, em completo silêncio. Yaya tentou conseguir algumas informações durante o caminho, mas Nagihiko disse que responderia tudo o que ela quisesse saber quando chegassem lá.

Ao chegar, Yaya nem mesmo apertou a campainha, e foi logo abrindo o portão como se fosse a dona da casa. Rima foi ao seu lado, observando de soslaio as mãos de Tadase e Nagihiko, que permaneceram entrelaçadas por todo o trajeto até ali.

Quem abriu a porta, antes mesmo de Yaya se anunciar, foi Ikuto. Ele deu passagem para Yaya entrar, afagou a cabeça de Rima como se faz com um cachorrinho, e então, ao focar os olhos nos outros dois, sorriu maliciosamente, mas seu sorriso foi aos poucos se transformando em um suspiro, quando ele resmungou:

— Droga, vou mesmo ter que pagar pra baixinha…

— Shitsureishimasu, Ikuto-nii-san – Tadase murmurou, sem nem levantar os olhos, soltando a mão de Nagihiko pela primeira vez, para tirar os sapatos.

Nagihiko entrou logo depois, aproveitando o momento em que Ikuto fechava e trancava a porta para escapar de qualquer coisa embaraçosa que ele tivesse a dizer. Adentrou a sala, onde encontrou Rima e Yaya já muito bem acomodadas, e Tadase o esperando, com um olhar apreensivo.

— Então… vão querer contar o que aconteceu? – Utau disse gentilmente, com um sorriso esperançoso se formando.

— E há outra opção? – Nagihiko suspirou, dando-se por vencido, e sentou ao lado de Tadase no sofá. Sentiu a aproximação de Ikuto, que parecia extremamente interessado na história, e se sentou no chão, sobre o tapete, escorando as costas no sofá – Certo… o que querem saber?

— Tudo. – Rima disse sem pestanejar, e Ikuto riu.

— A Yaya quer saber de coisas felizes! – ela bradou. Nagihiko esperava por isso. Yaya não era o tipo de pessoa aturava muito de cenas tristes, por isso já estava sentindo-se mal depois da reação de Amu. Tudo o que ela queria era desanuviar sua mente e pensar em coisas agradáveis.

— Comecem contando… desde quando estão juntos? Eu tenho um palpite, mas… quero saber exatamente como foi! – Utau tomou a frente, sentando no sofá ao lado de Rima.

O loiro escondeu o rosto e Nagihiko notou que ele estava corado até as orelhas. Pensou consigo mesmo no quanto o seu Tadase ficava fofo quando estava envergonhado, e resolveu contar logo tudo de uma vez, já que tinha a oportunidade. Pigarreou, levantando os olhos para o grupo de fujoshis – e Ikuto – que aguardavam ansiosamente pela sua narrativa, e respirou fundo, para tomar coragem.

— Certo… eu… como vocês já sabem, eu… estive apaixonado pelo Hotori-kun há muito tempo… - ele iniciou, achando aquilo certamente embaraçoso e difícil – Eu achava que não tinha nenhuma chance com ele, estava decidido a esconder isso pelo resto da minha vida, e viver normalmente, como se esse sentimento não existisse. Por algum tempo, isso foi possível, mas… mas doía muito… - Nagihiko contou, lembrando-se exatamente de como se sentia naquela época, e Tadase, sentindo-se culpado por ver aquela expressão no rosto que tanto amava, apertou a mão dele na sua, tentando com aquele gesto dissipar todos os sentimentos ruins do valete. Yaya e Utau reprimiram gritinhos emocionados, Ikuto revirou os olhos, e Rima deu um tapa na cabeça dele, disfarçando a sua reação. Nagihiko sorriu para ele, e continuou – Bem, eu estava disposto a abrir mão dos meus sentimentos para ficar ao lado do Hotori-kun, mas isso estava se tornando cada vez mais difícil. Por isso, aconteceu de eu perder a cabeça e… agir de forma impensada, bem…

— Você atacou o Tadase algumas vezes, nós sabemos! – Rima completou para ele, abanando a mão como se aquela não fosse a maior das novidades – Como na vez da festa do Natal…

— Na peça de teatro… - Ikuto completou, relembrando.

— Ah, e quando o Tadase ficou doente, lá no quarto dele! – Utau concluiu.

Tadase parecia um enorme sinal de trânsito vermelho, exceto pela fumaça que se tornava quase visível nas suas orelhas. Tanto ele como Nagi sabiam muito bem que não foram apenas aquelas vezes, mas era melhor manter pelo menos essa informação em sigilo.

— Isso – Nagihiko concordou, com naturalidade, temeroso por ter que narrar esses fatos tão íntimos para aquelas pessoas. Eram seus amigos de qualquer forma, e ele sabia que se sentiria melhor contando tudo a eles, depois. Talvez. – B-bem, durante a viagem para a praia…

— Há! Eu sabia! – Utau pulou do sofá, apontando acusadoramente para os dois, com um ar triunfante.

— Aham, senta aí, Utau – Ikuto a puxou de volta para o assento – Quero saber do resto, não atrapalha. – ele fingiu indiferença, enquanto olhava novamente para Nagihiko.

— Parece que certo gato preto está muito interessado em yaoi, hein? – Rima comentou com escárnio.

— Se falar mais alguma coisa, eu não te dou chá, baixinha – Ikuto rosnou, e Rima se calou mais do que imediatamente, resmungando alguma resposta mal-educada que com toda a certeza os ouvidos sensíveis de Ikuto deveriam ter escutado.

— Continua, Nagi! – Yaya clamou, dando pequenos pulinhos no sofá, empolgada.

— Durante a viagem, bem… isso acabou acontecendo novamente, e…

— OH MY GOD! Vocês andavam se agarrando escondido! – Utau interrompeu-os novamente, imaginando coisas muito mais intensas do que poderia ser verdade e agitando-se como uma fangirl na frente do seu ídolo. Ikuto revirou os olhos, conhecendo bem demais os ataques da irmã, e agradecendo mentalmente por não serem dirigidos a ele dessa vez – Eu sabia, sabia, sabia! Vocês estavam sozinhos, e se b-b-b-beijaram e… e… OMG, NÃO CONSIGO RESPIRAR~

— N-n-não foi isso q-que aconteceu, Utau-nee-chan! – Tadase se pronunciou pela primeira vez, gesticulando nervosamente, ao ver a cantora quase sufocar uma inocente almofada em seu abraço.

— Como eu ia dizendo… - Nagihiko tentou por tudo no mundo ignorar as reações exageradas de Utau e Yaya, ponderando quais as probabilidades de conseguir parar de falar agora, agarrar Tadase e fugir pela janela. – Eu acabei me excedendo… e não, eu não fiz nada do que você está pensando! Eu apenas… fiz coisas que achava que não deveria ter feito, e percebi que quanto mais tempo ficasse perto do Hotori-kun, menos conseguiria me controlar, então… então tomei uma decisão… Eu ia voltar para a Europa.

Os quatro que ouviam a história ofegaram ao mesmo tempo, e Tadase fitou Nagihiko afetuosamente, incapaz de conseguir afastar os olhos dele agora.

— M-mas, Nagi, se você voltasse…

— Eu nunca pensei que afastado do Hotori-kun eu fosse esquecê-lo. Isso seria impossível. Mas… eu não queria prejudicá-lo, então, quanto mais longe estivesse, mais fácil poderia ser essa transição. Foi o que eu pensei, na ocasião, mas depois de conversar com o Rhythm, eu… – ele contou, e percebeu que seu Chara, nenhum deles na verdade, estava ali. Onde estariam? – Ele me convenceu que era melhor me confessar ao Hotori-kun primeiro. Eu não sabia como fazer isso, mas antes que fizesse…

— E-eu percebi que gostava do Fujisaki-kun durante o Festival Cultural – Tadase interpôs, querendo também esclarecer a sua versão dos fatos – D-depois de b-beijá-lo, na peça de teatro…

— Sabia! Minha ideia funcionou, viu? – Utau cutucou Ikuto com o pé, convencida.

— Eu conversei com meu tio… - Tadase continuou, e Nagihiko se surpreendeu. Não conhecia essa história. Fitou-o, curioso, e Tadase corou ainda mais frente ao olhar direto de Nagi para ele – E acabei percebendo que os meus sentimentos realmente eram… amor…

— Awwwnn – Yaya suspirou, com os olhos brilhando, tendo os suspiros sonhadores das outras garotas como coro de fundo. Se os Shugo charas estivessem presentes, Eru certamente desmaiaria, embriagada pelo “cheiro de amor”.

— Naquele dia na praia… eu estava disposto a me declarar para o Fujisaki-kun… - timidamente, Tadase sorriu, e Nagi retribuiu ao sorriso dele.

— Nós conversamos, e… esclarecemos alguns mal-entendidos, nos entendemos… bem, aqui estamos agora… - Nagihiko, completou e deu de ombros, sentindo-se incrivelmente mais leve. Tadase riu baixinho, nervosamente, e levantou os olhos para a sua plateia, esperando pela reação.

— Vocês estão mesmo escondendo isso esse tempo todo? – Yaya choramingou, inconformada por ter perdido tanto tempo de cenas lindas e de graça – Por que?

— Etto… isso é p-porque… - Tadase começou a gaguejar, mas Nagihiko o interrompeu.

— Nós não podemos falar desse assunto tão facilmente, afinal. Vocês viram a reação da Amu… - ele expôs, sinceramente, e baixou os olhos.

— Isso é ruim – Utau falou, cruzando os braços – Yaya me contou antes, pelo telefone. A Amu não reagiu nem um pouco bem quando viu vocês, não é?

— Nós vamos ter que conversar com ela, Fujisaki-kun… - Tadase disse, com a voz falhando. Por mais que odiasse o sentimento de rejeição, e as palavras dela tivessem causado muitas feridas nele, ainda teria forças para enfrentar Amu se tivesse Nagihiko ao seu lado – Ela é nossa amiga, e-eu não quero que ela nos odeie…

— Sim, nós vamos, Hotori-kun, não se preocupe – Nagi tentou tranquiliza-lo, acariciando levemente a mão trêmula do loiro. – Só precisamos deixa-la se acalmar, ela vai entender, eu tenho certeza.

— Nee… eu sei que vocês estão apaixonados, curtindo essa fase lua-de-mel e tudo mais… mas… já pensaram em quando vocês vão contar para os seus pais…? – Ikuto foi realista, e perguntou aquilo que tanto Nagihiko quanto Tadase apenas fingiam não lembrar por enquanto.

— E-eu acabei pensando nisso, enquanto dormia na sua casa, Fujisaki-kun… – Tadase lembrou-se, um pouco entristecido.

— OMG, vocês já foram assim tão longe a ponto de um dormir na casa do outro!!! – Yaya pulou para frente, descontrolada, não dando à Nagihiko a chance de responder.

— Não é isso, Yaya! – Nagihiko a censurou, antes que ela avançasse contra Tadase e o forçasse a dizer coisas que seriam com certeza mal interpretadas.

— Então o que é, hein? – Yaya rebateu seriamente, cruzando os braços.

— É uma longa história… - Nagihiko suspirou, derrotado.

— Então que tal um café? – Utau sugeriu, levantando-se, e todos assentiram, enquanto Rima dizia que preferia um chá mesmo.

Depois disso, Nagihiko contou sobre como ele e Tadase trocaram de corpos, ocultando, obviamente as partes desnecessárias. Utau trouxe o café – e um chá para Rima – e assim Nagihiko contou tudo sobre essa estranha experiência, entrecortado pelas insinuações indecorosas e sem sentido de Yaya e Utau, que pareciam extremamente empolgadas com aquela ideia. Depois de terminar a história, com a parte que Yaya e Rima presenciaram, que era a purificação o ovo do coração do garoto; Foi uma boa ideia contar essa história agora, afinal, todos ali, desejavam algo para se distrair e esquecer do desagradável incidente com Amu, principalmente Yaya que não suportava esse tipo de situação.

— Então foi por isso que você falou um monte de coisas com o garoto antes de ele ter o ovo purificado. – Rima observou, dando um displicente gole no seu chá.

— É… a história do garoto era mesmo parecida com a sua, Nagi… - Yaya percebeu, olhando para os dois – Por isso que eu pensei que você ia ficar com um X no seu tamago… - ela observou, sentindo-se feliz por estar livre dessa possibilidade agora – Aaah, Nagi, Tadase… vocês não podem ligar pro que a Amu disse! Ela deve estar só com ciúmes! Vocês querem apostar quanto que é só ela dormir um pouquinho, que ela logo esquece tudo e vem pedir desculpas correndo pra vocês! Kyaa~ a Yaya tá tão feliz por finalmente ter conseguido juntar vocês! – exclamou, orgulhosa pelo “seu” feito.

— Você não fez isso sozinha, não se esqueça! – Utau adicionou, também eufórica.

— Bom, acho que eu tenho mesmo que dar o devido crédito à vocês… - Nagi sorriu para as garotas, afagando as costas de Tadase carinhosamente – Se não fosse pela tagarelice constante, a invasão de privacidade e os planos mirabolantes… talvez demorasse mais para que nós ficássemos juntos… então… muito obrigado por serem fujoshis metidas que vivem metendo o nariz onde não devem. Eu acho.

— Ah, disponha! – Yaya riu, convencida de que aquele resultado havia sido inteiramente obra sua, enquanto Utau segurava o choro mal disfarçado, escondendo o rosto atrás da sua caneca de café – Eu faria tudo de novo, e em dobro, seu precisasse. E vou continuar fazendo também…

— N-não vai ser necessário, Yuiki-san… - Tadase agradeceu, sem graça.

— Você tem que agradecer a mim também, Tadase – Rima comentou, inexpressivamente – Se eu não tivesse dado a maçã envenenada para a Branca de Neve… digo, para o Nagihiko, você não teria beijado ele, e considerando o seu nível de pamonhice, não teria percebido nada do que sente.

— C-certo… arigatou, Mashiro-san… - Tadase soprou, com o rosto pegando fogo – Obrigado, de verdade… a todos vocês… não só por ter nos incentivado desde o início, quando nem eu mesmo havia percebido meus sentimentos, mas também por nos aceitarem… Isso… isso significa muito para mim… para nós… Minna-san.

— Não foi nada… Tada-chaan!! – Utau não conseguiu mais se segurar, e deixando a xícara de lado, abraçou o loiro com força – Ah, eu nem acredito que você cresceu tanto, e já está apaixonado dessa forma!! A sua Onee-chan está muito feliz por você… por vocês dois! Desde que eu conheci o Nagi-kun, eu tive certeza de que vocês foram feitos um para o outro! Por favor, sejam muito felizes, para sempre!

— Obrigado, Utau-nee-chan… - Tadase não sabia o que fazer, com a loira agarrada a ele. Nagihiko riu, vendo que os sentimentos de Utau por Tadase eram mesmo similares ao de uma irmã mais velha.

— E pensar que você conseguiu um namorado antes de mim… - Utau fungou, fingindo um muxoxo, enquanto o soltava.

— Se depender do surfista, não por muito tempo não é? – Nagihiko provocou, tomando seu café, e quase virou tudo ao sentir um discreto e doloroso beliscão na perna, vindo de Utau, sem que Tadase visse.

— Muito tocante esses momentos de gratidão, estou sinceramente emocionada… - Rima disse repentinamente, com a voz monótona de sempre contrastando suas palavras – Agora, alguém me diga, o que será feito da Amu? Por que, do jeito que ela reagiu, não vai demorar até que ela vá contar isso para alguém, e pode acabar sendo para os seus pais. Já pensaram nisso?

— Tem razão, Mashiro-san… - Tadase se assombrou, e então se virou, assustado para Nagihiko – O que nós faremos, Fujisaki-kun?

— Se quiserem arranjar um jeito de deixar a Amu fora de circulação por uns tempos, eu posso dar um jeito – Ikuto sugeriu – Eu tenho os meus… métodos… de sedução~ Aposto como ela não vai lembrar nem o nome de vocês depois que eu-itaai! Isso doeu, baixinha! – Ikuto resmungou, esfregando a cabeça depois que Rima disfarçadamente puxou se cabelo, sem demonstrar irritação.

— A Amu-chan ainda é nossa amiga, apesar de tudo – Nagihiko ignorou Ikuto por completo, e continuou - Não acho que ela vá assim correndo para falar com alguém… Mas é bom nós a procurarmos o quanto antes, amanhã cedo, talvez… antes que ela faça qualquer coisa. Não precisa fazer essa cara, Tadase-kun… - ele acarinhou o rosto assustando do menor, tentando acalmá-lo – Vai dar tudo certo, você vai ver.

Nesse momento, o celular de Yaya voltou a tocar a animada música de sempre, tomando a atenção de todos. Ela atendeu, e depois de trocar poucas palavras com a pessoa – o que era absolutamente raro – ela voltou a atenção para todos os presentes.

— Era o Kukai… ele disse que viu a Amu em um estado deplorável, numa pracinha perto da casa dele. Ela estava com o Iinchou…

— Bom, enquanto ela estiver com o Sanjou-kun, estará tudo bem – Nagihiko não pode deixar de se sentir aliviado com a notícia. Kairi era ponderado e calmo, certamente saberia dizer as coisas certas para tranquilizar Amu. – Isso me lembra de que… Hotori-kun, nós deveríamos contar ao Souma-kun sobre… bem, sobre nós. Ele sabia sobre meus sentimentos, e me incentivou a me declarar para você… acho que ele merece saber a verdade também.

— Pode deixar isso com a Yaya! – ela bradou com determinação, erguendo os braços no ar – A Yaya vai informar o Kukai de todos os detalhes pertinentes! – ela piscou um olho, querendo parecer confiável.

— Tenho pena do garoto… - Ikuto suspirou do seu canto no chão, imaginando o tipo de traumas que uma garota como Yaya era capaz de submeter um garoto normal de mente ingênua.

— Está bem… a-acho que é melhor assim m-mesmo… - Tadase confessou, já sentindo que não aguentaria mais revelações num só dia – N-não acha que é melhor irmos para casa? Já está anoitecendo… - Tadase murmurou, incerto.

— Sim, está certo. Eu levo você em casa, Hotori-kun – Nagihiko se levantou primeiro, seguido do loiro. Os dois se despediram de todos, e se encaminharam na direção da saída.

— Espera um pouco – Ikuto pediu – Eu vou junto com vocês, preciso comprar-itaaai! O que deu em vocês garotas, pra me agredirem desse jeito? – ele protestou, vendo que dessa vez que tinha o censurado havia sido sua própria irmã.

— Você não vê que eles querem ficar sozinhos? – Yaya elucidou, deixando Tadase imediatamente corado.

— Até parece que vocês não vão seguir e espiar eles…

— Cala a boca, Ikuto! – Utau enterrou uma almofada na cara do garoto, obrigando-o a parar de falar o que não devia – P-podem ir, sem problemas – Utau riu, disfarçadamente.

— Façam uma boa viagem de volta para a casa – Yaya sorria em excesso, calculadamente inocente – Nós não vamos segui-los, nem nada a assim.

— Claro que não – Rima confirmou, levantando-se do sofá.

— É claro… - Nagihiko suspirou, pensando em qual caminho alternativo tomar para fugir de olhos curiosos. – Vamos, Hotori-kun – ele fingiu que acreditava naquela atuação parca, e segurando a mão de Tadase, conduziu-o para o lado de fora, e juntos, eles começaram a andar pelo caminho de casa.

Mesmo que estivesse querendo pensar nesse interesse todo dos seus amigos como um incômodo, não conseguia, afinal… intimamente, sem que percebesse, ele desejava que fosse assim. O fato dos seus amigos poderem encarar essa realidade com tanta naturalidade, sem julgar o amor que ele sentia por Tadase, o deixava imensamente feliz.

Claro que ainda havia a reação de Amu, e isso era mesmo um problema, mas Nagihiko tinha certeza de que aquele fora apenas o choque inicial, e que com o tempo, ela acabaria voltando a si… Na verdade, ele tinha confiança em Amu, e sabia que ela acabaria por aceitar. Sabia disso, por que eles eram “melhores amigas”.

— F-fujisaki-kun… - Tadase murmurou fracamente, durante o caminho. Sua mão, firmemente entrelaçada na de Nagi, tremeu um pouco.

— Sim? – Nagihiko respondeu, atento. A rua afastada não ficava perto de nenhum lugar conhecido por Nagihiko, e não havia sinais de possíveis ‘perseguidores’, então eles puderam conversar em paz… talvez.

— O nosso n-n-namoro… nós dois estarmos juntos… é realmente tão errado assim? – Tadase se forçou a levantar os olhos úmidos para o maior, arrependendo-se logo depois de proferir a pergunta.

— Você ainda está pensando na Amu-chan, não é? – afagando os cabelos macios e loiros do rei, Nagihiko entendeu sua preocupação – Hotori-kun… quando nós decidimos ficar juntos, já sabíamos o que iríamos enfrentar. O tipo de relação que nós temos, bem… infelizmente, não são todas as pessoas capazes de nos aceitar…

— Sim, eu sei – Tadase assentiu, fechando os olhos ao sentir a mão de Nagihiko deslizar até sua bochecha, afetuosamente – Eu disse… eu seria capaz de enfrentar o mundo inteiro para ficar do seu lado, Fujis… - foi interrompido por um leve roçar de lábios, de Nagihiko, que não resistiu ao ver o rosto de Tadase tão suplicante em suas mãos, dizendo aquelas palavras.

— O mesmo para mim, Hotori-kun – ele respondeu sem se afastar, vendo o loiro ofegar. Manteve seus rostos próximos, quase tocando seus narizes. Tinha que inclinar o pescoço para baixo, enquanto Tadase erguia o seu para cima, encaixando-se perfeitamente nele – A Amu-chan ficou chocada, é claro, mas… - dizia calmamente, descendo a outra mão para apoiar na cintura do menor, que mantinha os olhos fechados, escutando-o – Acho que ela estava mais magoada por que foi apaixonada por você do que por qualquer outra coisa. Se fosse uma garota no meu lugar… Nadeshiko, por exemplo, eu tenho certeza de que a reação dela teria sido a mesma. Talvez, ela ainda tenha alguns resquícios daqueles sentimentos dentro dela… e eu não a censuro por isso… Afinal, quem seria capaz de não se apaixonar por você, Hotori-kun…?!

— Fujisaki-kun! – Tadase o repreendeu, embora já não tivesse força alguma na voz. A consciência das mãos de Nagihiko o tocando sobrepujavam tudo.

— Nós vamos dar um jeito de superar isso, Hotori-kun… - Nagihiko selou seus lábios com os de Tadase ligeiramente, sorrindo de uma maneira confiante que nunca antes havia conseguido – Apenas deixe comigo – e dizendo isso, encerrou com a distância que os separava mais uma vez, arrancando um rouco arquejar de Tadase, que jogou os braços ao redor do seu pescoço, sem resistir.

Nagihiko invadiu os lábios de Tadase com urgência, e ele retribuiu com igual intensidade. Tentava com aquele toque dissipar qualquer dúvida ou insegurança que ainda estivesse presente, e talvez também conseguir forças para continuar a andar em frente, sem hesitar. Tadase se colocava na ponta dos pés, alcançando Nagi, e agarrando os cabelos dele entre os dedos, possessivamente. Ficaram assim por vários segundos, até que não aguentassem mais ficar sem respirar.

— F-fujisaki-kun… - Tadase tentava recuperar o fôlego, fitando Nagihiko com embaraço mesclado nos olhos vermelhos - Eu amo você. Nunca tive uma certeza tão grande em toda a minha vida. Não vou tentar parecer corajoso e dizer que não tenho medo da reação das pessoas… mas… Eu sinto que poderia fazer qualquer coisa com você ao meu lado… - ergueu os olhos esperançosamente, encarando diretamente os orbes dourados, que brilhavam de afeição enquanto olhavam para ele.

— Nós podemos, sim. - Nagi entrelaçou novamente os dedos com os de Tadase depois de algum tempo, recomeçando a andar, com ele ao seu lado – Mas o meu maior medo é ficar sem você, Hotori-kun.

— Isso não vai acontecer! – Tadase rebateu imediatamente, apertando a mão de Nagihiko contra a sua.

— Não, não vai – confirmou Nagihiko, sorrindo logo depois.

Os dois continuaram a andar até chegarem à casa de Tadase. Claro que ao chegarem perto da rua onde ele morava, foram obrigados a soltarem as mãos, em um evidente contragosto, no entanto, Nagihiko foi convidado por Tsukasa para jantar com os Hotori, então eles tiveram mais algum tempinho juntos, mesmo que este tenha sido dividido com toda a família de Tadase. Embora tenha pensado que seria difícil, e só ter aceitado por causa daqueles olhos terrivelmente persuasivos de Tadase, Nagihiko até que se divertiu bastante. E, graças a isso, no caminho de volta para casa, novamente aquela velha questão voltou a rodear seus pensamentos.

Quando… seria a melhor hora de contar a verdade aos seus pais?







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Notas finais do capítulo

Shiroyuki desu~
Ée, o segredo teve um fim u-u Agora vão ter qe lidar com o fangirlism das garotas u_u E com o ataque de pelanca da Amu....
Espero a opinião de vocês sobre o capítulo, viu?? Todos vocês, minna-san, onegai, deixem reviews!! Dá uma desanimação quando a gente posta aqui o capítulo, toda animadas, e não tem nenhum retorno... ._. Nem que seja pra dizer que acharam tudo uma merda (acho difícil alguém ter essa opinião se já leu até aqui, nee?), ou que a gente devia, sei lá, se matar... ou só pra dizer que leram, mesmo, isso já é uma grande coisa!
Bom, acho que era isso... muito obrigada a quem sempre manda reviews, e nos incentivam!
Kisu♥ Matta nee