Yakusoku escrita por teffy-chan, Shiroyuki


Capítulo 39
Capítulo 39 - Wagamama Wo Yurushite


Notas iniciais do capítulo

Wagamama Wo Yurushite - Namie Amuro
http://letras.mus.br/namie-amuro/194090/traducao.html



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No Royal Garden, Tadase e Nagihiko estavam sozinhos mais uma vez. Amu tinha arrastado Rima até a biblioteca para terminarem um trabalho em dupla para a aula de amanhã, e Yaya desapareceu "misteriosamente", como sempre fazia, deixando os dois garotos sozinhos. Agora que estavam de volta aos seus corpos normais, Nagihiko olhava constantemente para o garoto à sua frente, resistindo bravamente à vontade louca de agarrar e beijar Tadase ali mesmo. Passaram tanto tempo com os corpos trocados, em meio à uma crise de abstinência forçada, que parecia que ele não tocava em Tadase há dias, e estava seriamente tentado em fazê-lo agora, ainda que soubesse que seria muita imprudência de sua parte fazer algo assim na escola.


O que ele não sabia é que Tadase passava pela mesma prova de autocontrole agora mesmo. Sabia que tinha sido por pouco tempo, mas sentia que precisava tanto do toque e dos carinhos de Nagihiko quanto precisava de oxigênio para sobreviver. Pensou em fazer alguma coisa para tomar a iniciativa, ou mesmo dizer isso à ele, mas assim que abriu a boca, corou furiosamente antes que algum som saísse, e tornou a fechá-la, falhando miseravelmente. Numa tentativa de disfarçar aquela patética derrota, Tadase se levantou, organizando uma pilha de documentos e levando-as de volta para a sala de arquivos. Quando voltou, Nagihiko virou-se para encará-lo, e quando seus olhos se encontraram Tadase sentiu seu coração dar uma violenta cambalhota, acelerando perigosamente. O nervosismo o fez tropeçar nos próprios pés, e Tadase acabou pisando em falso ao tentar subir os degraus da escada, caindo sentado de costas para a parede.


– Você está bem Hotori-kun? Se machucou?? - Nagi indagou, correndo até ele e se ajoelhando de frente para o Rei
– Não, eu estou bem... não se preocupe - ele respondeu sem graça, corando furiosamente ao notar como seus rostos estavam próximos agora. Se queria matar a saudade de Nagihiko, essa era a hora perfeita pra isso. Tadase agarrou-se à camisa do Valete, apertando o tecido firmemente com as mãos trêmulas por baixo da capa de Guardião do maior, e tentou diminuir a distância entre eles, corando mais e mais a cada centímetro que se aproximava de Nagi. Quando estavam a menos de dois centímetros de distância um do outro, Tadase travou, sem conseguir mover um músculo sequer. Ele abaixou a cabeça, fazendo com que a franja cobrisse seus olhos, e murmurou num sussurro tímido:


– Ano nee Fujisaki-kun... sabe quando estávamos com os corpos trocados? Naquela vez... n-naquela vez você disse que não podíamos fazer... c-coisas... a-aquilo que sempre fazemos, porque seria estranho fazer isso com nossos próprios corpos, então eu esperei pacientemente até voltarmos ao normal. Mas agora... nós estamos de volta aos nossos próprios corpos. E eu sei que é perigoso fazer isso na escola, mas... não tem mais ninguém aqui... e eu... e-eu não aguento mais ter que me segurar, Fujisaki-kun - ele criou coragem e encarou Nagihiko com os olhos úmidos e suplicantes, os lábios tentadoramente entreabertos. Uma voz ainda dizia em algum lugar no interior da mente de Nagi que era extremamente arriscado fazer essas coisas no Royal Garden, mas ele não quis dar ouvidos à sua coinsciência dessa vez. Também já estava farto de ter que se segurar, e necessitava tanto de Tadase quanto o loiro precisava dele. Não aguentava mais ficar sem poder tocá-lo, sem poder abraçá-lo, sem sentir seu cheiro... sem pensar duas vezes, Nagihiko jogou toda a cautela pro espaço e acabou com a curta distância que os separava, beijando-o.


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Nagi acariciou a bochecha corada do Rei com uma das mãos, enquanto mantinha a outra colada no chão, apoiando o peso de seu corpo nela, e provou mais uma vez da maciez aveludada que eram os lábios de Tadase. O Rei fechou os olhos, corando mais furiosamente ainda, com as mãos apertando a roupa do Valete com força, tentando abrí-la desajeitamente. Conseguiu tirar a capa de Guardião dele e afrouxar um pouco a gravata, mas se atrapalhou com os botões da camisa e, vendo que não conseguiria desabotoar o paletó, logo desistiu, e atirou seus braços ao redor do pescoço dele, agarrando-se aos cabelos de Nagi como tanto gostava. Lembrava-se como aqueles cabelos eram pesados e trabalhosos de se cuidar durante o breve momento em que esteve ocupando o corpo dele, e deu graças aos céus por terem voltado à normalidade, podendo assim apenas apreciar a maciez aveludada daquelas madeixas arroxeadas sem ter que se preocupar com o trabalho que dava mantê-las assim tão macias. Nagihiko tocou os lábios do menor com a ponta da língua, pedindo passagem. O Rei abriu um pouco mais a boca, permitindo que o maior aprofundasse o toque e provasse mais uma vez o gosto da pessoa que mais amava. Nagihiko desceu a mão livre, circundando sua cintura e acariciando o corpo do menor, por vezes adentrando sua camisa e tocando diretamente aquela pele macia e aprazível, provocando fortes arrepios no loiro. Tadase sentiu seu coração dar várias cambalhotas, lutando contra a caixa toráxica, enquanto sentia o Valete explorar cada pedacinho de sua cavidade bucal com movimentos cada vez mais provocantes e sedutores. No entanto, logo a necessidade de oxigênio se fez mais presente do que a necessidade que tinham um do outro, e Nagihiko foi obrigado a se afastar alguns centímetros, encerrando o beijo.


– Eu... eu devo confessar... que também estava com muita saudade de beijar você, Hotori-kun - Nagihiko admitiu sem graça, e ainda ofegante por causa do beijo. Reparou de como Tadase tinha se agarrado aos seus cabelos, como sempre fazia quando se beijavam, e lembrou-se de ter cogitado a possibilidade de cortá-los enquanto estavam com os corpos trocados. Não pretendia fazer isso de verdade, é claro, mas ficou curioso pra saber como seria a reação de Tadase caso ele o fizesse - Nee Hotori-kun... quando estávamos com os corpos trocados, você reclamou que meu cabelo era muito pesado, e que dava muito trabalho pra cuidar, não foi?
– Hein...? Ah... s-sim, é verdade - Tadase concordou, ainda meio perdido em sensações
– Bem, depois daquilo, eu estive pensando... ele realmente dá muito trabalho pra pentear, lavar, e tudo o mais... então eu pensei se deveria cortá-lo, mas não tenho certeza. O que você acha?


Tadase arregalou os olhos em choque, sua boca se escancarando em um perfeito "o". Ele encarou o Valete com choque estampado no rosto. Mais uma vez, seus olhos ficaram úmidos e suplicantes ao se ver diante da possibilidade de perder seu passatempo preferido. Tadase passou tanto tempo desejando e ansiando por poder tocar aquelas madeixas macias, tanto tempo almejando poder tocar os cabelos da pessoa que amava... desde muito tempo antes de perceber que estava apaixonado por Nagihiko que ele já desejava fazer isso, e agora que podia fazê-lo, não queria ter que renunciar à isso de jeito nenhum. Antes que o próprio Tadase se desse conta, lágrimas começaram a correr por sua face, surpreendendo o maior. Ele se agarrou à camisa do Valete com as mãos trêmulas e suplicantes, e falou num fio de voz:


– Não... p-por favor, não faça isso, Fujisaki-kun... isso não, por favor! E-Eu sinto muito se por minha causa você vai ter mais trabalho em cuidar do seu cabelo... o-ou se tem que carregar essas mechas pesadas diariamente... eu percebi como elas realmente pesam quando estive usando seu corpo... s-sinto muito mesmo por estar fazendo um pedido tão egoísta... mas não corte seu cabelo, por favor!! Eu... gosto tanto dele... eu realmente adoro seu cabelo comprido! Então, por favor... não corte ele...! - num impulso, ele se atirou em cima do Valete, agarrando o cabelo dele com suas pequenas e frágeis mãozinhas, como se quisesse proteger as madeixas do Valete de um ataque iminente
– H-Hotori-kun...! - Nagihiko ficou completamente aparvalhado diante daquela reação exagerada do Rei. Ele sabia que Tadase adorava seus cabelos, mas não sabia que era tanto. Nagi não sabia se ria desse exagero de reação ou se tentava consolá-lo
– Ahhh, você fez ele chorar - Rhythm surgiu de algum lugar, aparentemente só pra caçoar do dono
– C-Calado, isso eu já vi! - Nagi sibilou nervoso, sentindo uma pontinha de culpa, e ainda pensando em como proceder naquela situação. Por fim, acariciou de leve os cabelos loiros de Tadase e sussurrou em seu ouvido - Está bem... não se preocupe, eu não vou cortar... não vou cortar o cabelo, então por favor não chore
– Mas... m-mas v-você disse que... que seu cabelo é muito p-pesado e que i-incomoda...! - o loiro soluçou no ombro dele, parecendo uma criança manhosa que estava prestes a perder seu brinquedo favorito
– Bem, ele realmente dá trabalho, mas eu já estou tão acostumado a ter o cabelo longo que seria estranho cortar agora... eu só estava brincando, só queria ver a sua reação... não vou cortar meu cabelo, então não chore, está bem?
– Era mentira?! - Tadase se soltou do abraço e encarou Nagihiko de um jeito que parecia estar zangado, mas ele fazia um biquinho tão adorável que não conseguia demonstrar a indignação que sentia - Não brinque com essas coisas, eu pensei que era verdade, seu... seu bobo! - ele deu um tapinha no braço de Nagi, numa tentativa falha de demonstrar sua raiva
– Gomen nee - Nagi riu sem graça, enxugando as lágrimas do Rei com a ponta dos dedos - Mas assim eu fico magoado também... desse jeito parece que você só está comigo por causa do meu cabelo. Me pergunto se você ainda ficaria comigo mesmo se eu o cortasse - ele provocou
– É claro que ficaria!!! - Tadase respondeu prontamente - Eu te amo por quem você é, e não por causa da sua aparência! - ele falou com o máximo de firmeza que conseguiu colocar na voz, dizendo tudo de uma só vez antes que a vergonha o impedisse de falar - Embora eu... d-deva admitir que... q-que o seu cabelo é uma das coisas que eu mais g-gosto em você - Tadase acrescentou baixinho, voltando a corar
– Eu sei, eu sei... por isso vou mantê-lo do jeito que está, então não precisa se preocupar com isso, está bem? - Nagihiko falou, e Tadase balançou a cabeça concordando, sorrindo timidamente para ele, e Nagihiko teve o impulso de beijá-lo novamente. Aquela carinha fofa tão irresistível que Tadase estava fazendo, era como se ele estivesse pedindo por isso, como se o estivesse provocando! No entanto, Nagi foi obrigado a se lembrar de que ainda estavam na escola, e continuar se arriscando assim era realmente perigoso - Não... n-nós não podemos fazer isso sempre, nos arriscando desse jeito... se alguém entrasse aqui e nos visse seria um problema e tanto, você sabe! - ele acrescentou mais sério, levantando-se e estendendo uma mão para ajudar Tadase
– Ora, não seja tão rigoroso, Nagi! Você também adorou matar a saudade dele que eu sei! - Rhythm intrometeu-se novamente, provocando o dono com o comentário
– Além do mais, quem você pensa que é para falar assim com seu Rei, hein Valete?! Um mero serviçal pensando que pode dar ordens, era só o que faltava! - Kiseki apareceu também, falando em seu modo imperativo de sempre
– Kiseki! J-Já te disse pra não falar assim, Fujisaki-kun não é meu servo nem nada parecido! - Tadase ralhou, com medo que o garoto pudesse se ofender
– Antes de mais nada, ele é o seu Valete e seu súdito, você sabe disso, Tadase! - o Reizinho rebateu - Além do mais, já está na hora... já faz algum tempo que não fazemos isso, então prepare-se, Tadase!
– Hein? Está na hora do que? - Temari surgiu de algum lugar também, parecendo confusa
– Ahh, é verdade, a Temari ainda não sabe! - Rhythm exclamou, se empolgando rapidamente - Hehehehe vai ser interessante fazer isso dessa vez... mas eu acho melhor você não ver isso, Temari, pro seu próprio bem
– O que? O que eu não posso ver?? - ela indagou curiosa
– Apenas volte pro seu ovo, Temari, é sério... seria ruim se alguém te visse aqui. Sem falar que eu não quero que você acabe sendo corrompida nem nada assim - Nagihiko pediu, compreendendo rapidamente do que os Charas falavam
– Tá bem... mas depois você vai me explicar isso direitinho, ouviu bem, Nagihiko?! - ela reclamou, mas acabou voltando para seu Shugo Tama
– Espera um pouco... v-vocês não estão falando de...?! - Tadase começou a falar, mas foi interrompido
– Está na hora, Tadase! Chara Change! - Kiseki exclamou, fazendo surgir uma pequena coroa dourada na cabeça do dono, e ativando seu Chara Change. Logo pôde-se ouvir mais uma vez a risada megalomaníaca do Rei ecoando por todo o Royal Garden, tão familiar de Nagihiko, a capa de Guardião aberta tremulando atrás das costas como se fosse uma capa real. Nagi deu uma rápida olhada em volta e viu que Rhythm e Kiseki também tinham desaparecido "misteriosamente", assim como Yaya fez anteriormente
– Valete! Já faz muito tempo que você não me serve, parece que eu peguei muito leve com você... prepare-se para trabalhar duro hoje! Eu espero que você não tenha ficado mole com toda essa folga, ouviu?! - Tadase exclamou imperativamente, apontando um dedo na cara do maior
– É claro, Majestade. Realmente, já faz algum tempo que não presto meus serviços ao senhor... desde antes de eu me tornar mais do que apenas seu Valete para ser exato, não é? - Nagihiko respondeu, fazendo Tadase arfar com o comentário
– C-Calado, insolente! Não pense que vai se livrar das suas tarefas só por... p-por causa de um detalhezinho como esse... i-isso só me dá o direito de exigir ainda mais de você, ouviu bem?! - Tadase rebateu, fingindo irritação para disfarçar o embaraço - Eu quero algo doce pra comer! Traga-me chocolate, agora! - ele ordenou, sentando-se majestosamente em uma das cadeiras do Royal Garden como se esta fosse um trono real
– Imediatamente, Majestade - Nagihiko respondeu obedientmente, com um pequeno sorriso nos lábios.


Mesmo eles sendo namorados agora, realmente tinha certas coisas que não mudavam, e as tarefas do Valete não podiam deixar de ser uma delas. Nagihiko trouxe uma barra de chocolate, tirou um quadradinho e depositou cuidadosamente entre os lábios de Tadase, já abertos, esperando pelo alimento. Tadase abocanhou tudo de uma só vez, mastigando e engolindo rapidamente, e voltou a abrir a boca, esperando por mais. Nagi repetiu a ação e lhe deu o segundo pedaço, tocando os lábios macios do Rei com os dedos dessa vez. Tadase logo o engoliu novamente e, quando Nagihiko ia lhe dar o terceiro pedaço, o Rei falou:


– Por que não prova um pedaço também? Esse chocolate está mesmo ótimo hoje... a-além do mais, eu não quero engordar comendo muito chocolate, então coma um você também!
– Ahn... bem, se o senhor está dizendo... então, obrigado - Nagi falou, surpreso com o gesto do Rei, mas abocanhou o chocolate assim mesmo. Porém, antes que comesse o quadradinho inteiro, Tadase abocanhou a outra ponta do chocolate, ficando na ponta dos pés para isso. Nagihiko arfou surpreso, olhando interrogativamente para o loiro, que disse:


– Eu falei pra você provar um pedaço, não a barra inteira - ele falou entre os dentes, com cuidado para não quebrar a barra ao meio - Não ouse soltar agora! - o loiro acrescentou, segurando Nagi pela nuca com as duas mãos e impedindo-o de se afastar. Os dois continuaram devorando o chocolate, que logo chegou ao fim, e seus lábios se encostaram. Nagihiko sentiu o abraço ao redor de seu pescoço se apertar, enquanto Tadase tentava se aproximar mais dele, colando ainda mais seus lábios um no outro, como se quisesse assumir o controle e aprofundar o beijo por si mesmo dessa vez, mas aparentemente não sabia como fazer isso. Nagihiko riu por dentro e abraçou Tadase carinhosamente, tocando de leve os lábios do Rei com a ponta da língua, pedindo passagem. Tadase resistiu um pouco, mas acabou cedendo, sentindo o gosto de chocolate misturado com o gosto doce e viciante do Valete fundir-se em sua boca, tornando aquilo incrivelmente mais prazeroso do que de costume. Tadase agarrou-se aos cabelos do maior, entrelaçando seus dedos nas madeixas compridas dele, enquanto forçava-se a não gemer enquanto Nagi aprofundava cada vez mais o beijo. Porém, infelizmente ou não, a necessidade de ar logo se fez presente e eles foram obrigados a se separar um do outro.


– Olha o que você fez... agora estou todo sujo de chocolate - Tadase reclamou ao recuperar o fôlegou, como se não tivesse sido dele a idéia de se beijarem enquanto comiam chocolate - Acho que vou seguir aquela idéia do outro dia e acrescentar mais uma coisa às sua lista de tarefas. Eu preciso de um banho... me acompanhe
– O que?! - Nagi exclamou, prevendo o pior - M-Mas Hot... Majestade, só o seu rosto está sujo de chocolate... não acho que um banho seja realmente necessá...
– Se estou dizendo que você vai me ajudar com o banho, você vai me ajudar e pronto! - Tadase interrompeu - Agora chega de reclamar e venha logo!


Sem outra opção, Nagi o seguiu até o pequeno banheiro que havia no Royal Garden, atrás da sala de arquivos. O lugar era todo ladrilhado, desde as paredes, o chão, e até o teto, tudo em branco, e o espaço era realmente minúsculo, contendo apenas o estritamente necessário. À um canto, havia uma ducha em um boxe apertado. Tadase adentrou o cômodo como se fosse dono do lugar e Nagihiko o seguiu, com medo do que ele ia fazer. Depois de olhar de esguelha para o Valete, Tadase respirou fundo e, sem pestanejar, começou a se despir. Tirou primeiro os sapatos e as meias, depois a capa de Guardião, a gravata, o paletó e a blusa branca que usava por baixo. Nagihiko sentiu seu coração acelerar perigosamente e desviou o olhar, embaraçado com aquilo. Embora já tivesse visto o corpo de Tadase antes, parecia diferente agora que ele estava no Chara Change e não estava corando furiosamente como um tomate debaixo do sol quente. Ele tentou olhar para as paredes, para o teto, para os próprios pés, ou para qualquer outra coisa que não fosse o garoto ao seu lado, embora seus olhos continuassem sendo misteriosamente atraídos na direção do Rei. Antes de tirar a bermuda xadrez, Tadase hesitou e, dando uma última olhada para o mais alto, puxou uma toalha e a enrolou em sua cintura, só tirando a bermuda e a roupa íntima depois, mantendo a toalha enrolada em seu corpo.


– Você faça o mesmo - Tadase mandou - Tire os sapatos, e... acho melhor tirar a camisa também
– O que?! Mas eu pensei... q-que quisesse minha ajuda com o banho... então por que eu...?
– Esqueceu o que eu disse no outro dia? - Tadase interrompeu - Eu quero... tocar seus cabelos enquanto estão molhados. Quero passar xampu, e... e condicionador... e esfregá-los por mim mesmo... não pude fazer isso naquela ocasião porque tínhamos trocado nossos corpos, mas quero fazer isso agora. Você devia se sentir honrado em ter um Rei fazendo esse tipo de coisa pra você, ouviu?! - ele exclamou de um jeito egoísta e arrogante por causa do Chara Change, e virou o rosto para o lado, corando levemente
– Hai... como quiser, Majestade - Nagihiko surpreendeu-se com esse desejo inesperado de Tadase, mas obedeceu. Virou-se de costas e, enquanto se despia, ouviu o barulho do chuveiro sendo aberto, indicando que Tadase tinha entrado no banho primeiro. Imitando o gesto do Rei, ele tirou os sapatos, as meias, a parte superior do uniforme, e manteve uma toalha enrolada na cintura para só então se livrar da bermuda e da rouba de baixo. Quando virou-se de frente para Tadase de novo, viu que este fechava o chuveiro e estava molhado da cabeça aos pés, até a toalha em volta da cintura dele estava encharcada. Ele observava Nagihiko sem fazer cerimônia alguma, seus olhos continuamente se voltando na direção das pernas longas e esguias do Valete. Quando percebeu que Nagihiko já tinha terminado de se despir e o tinha flagrado espionando, o loiro forçou-se a desviar o olhar daquele corpo tão tentador que ele cobiçava com os olhos, e disse:


– Vamos. Esfregue minhas costas para mim - Tadase estendeu uma esponja ensaboada para ele, como se fosse a coisa mais normal do mundo ordenar a alguém que lavasse suas costas. Nagihiko sentiu seu coração acelerar perigosamente diante da visão do corpo molhado e desprovido de roupas de Tadase, seus olhos demorando-se no peito liso e magro do menor, mas pegou a esponja que ele lhe oferecia, acatando a ordem de seu Rei. Tadase virou-se de costas para ele e se aproximou de Nagihiko que, ainda hesitante, começou a esfregar as costas do loiro. Como ainda estava muito nervoso, esfregou com um pouco mais de força do que o necessário, o que fez o garoto soltar uns gemidos, provavelmente de dor, mas que pareciam ser de outra coisa. No terceiro gemido, ele parou e disse:


– Ano nee Majestade... você quer parar de gemer assim?? Está me deixando sem graça - ele pediu, o rosto ainda corado - Se estou fazendo com muita força, é só falar, mas não precisa ficar fazendo esses sons...
– Não é... não é por isso - o loiro respondeu, estranhamente ofegante - É só que... ter a pessoa que eu amo fazendo esse tipo de coisa pra mim é... me causa um sentimento forte dentro do peito, que parece se espalhar por todo mu corpo... m-mas acho que você não iria gostar de saber disso, por isso não falei nada, então apenas ignore
– Ah claro, como se eu pudesse ignorar um Rei gemendo bem na minha frente - Nagi resmungou, tentando ignorar a evidente aceleração de seus batimentos cardíacos - B-Bem, de qualquer forma, eu já terminei aqui então você pode se secar e se vestir agora
– Ainda não - Tadase discordou - Ainda quero brincar com seus cabelos... molhe-os primeiro, vamos
– Ahn... i-isso é realmente necessário...?
– Claro que sim! É uma ordem do Rei, não ouviu?! - Tadase exclamou de um jeito tremendamente egoísta, colocando-se na ponta dos pés numa tentativa de meter medo no maior
– Hai, hai... como quiser, Majestade.


Sem outra opção, Nagi entrou no minúsculo boxe e abriu o chuveiro de novo, tentando molhar apenas os cabelos, ainda que isso fosse meio impossível, já que a água escorria por suas longas madeixas, molhandoo resto do corpo. Logo que fechou o chuveiro, virou-se de frente para Tadase, e perguntou:


– Bem, e agora?
– Agora... bem... sente-se!
– Aonde?! - Nagi ergueu uma sombrancelha, vendo que não havia lugar nem espaço para uma pessoa sentar naquele cômodo minúsculo
– Err... bem... e-então ajoelhe-se aí mesmo! - Tadase ordenou, tentando não se mostrar confuso, e Nagihiko obedeceu, ajoelhando-se no boxe de costas para ele. Tadase pegou o único frasco de xampu que tinha naquele banheiro e encheu a mão com o líquido branco e cheiroso, colocando o frasco de lado e espalhando o xampu nas duas mãos. Respirou fundo e começou a massagear o couro cabeludo do maior, formando bastante espuma, e tentando sustentar todo aquele cabelo nas mãos pequenas e sem costume. Olhando daquele ponto de vista, ele podia perceber a real quantidade de cabelo que o Valete possuía, que era mesmo espantosa para um garoto, mas, por algum motivo, isso só o fez achar Nagihiko ainda mais atraente, embora nunca fosse dizer algo tão embaraçoso para ele. Pelo menos não enquanto estivesse no Chara Change
– Você precisa lavar as pontas também - Nagi falou depois de algum tempo
– C-Calado, eu já ia fazer isso! - Tadase mentiu, e fez o que o maior disse, deslizando as mãos pelas madeixas longas e sentindo também as costas largas do Valete ao fazê-lo. Quando o xampu acabou, Tadase soltou um suspiro, um tanto desapontado, e pôs-se de pé novamente - Terminei. V-Você mesmo enxágua, não pense que vou fazer isso pra você, ouviu?!
– Hai, hai... - Nagihiko sorriu de canto e levantou-se também, abrindo o chuveiro novamente e retirando toda a espuma do cabelo enquanto Tadase o observava com evidente atenção, seu olhar variando entre as madeixas longas e escuras que o Valete enxaguava, o tórax modesto mas indiscutivelmente masculino, e as pernas lisas e esguias por onde escorria água misturada com espuma de xampu. Quando terminou, fechou o chuveiro novamente, torceu e enxugou os cabelos ali mesmo para não pingar no chão, mas assim que colocou um pé para fora do boxe, escorregou no chão molhado e caiu em cima de Tadase. Ambos tiveram que dobrar as pernas devido à falta de espaço no lugar. Nagihiko ergueu-se um pouco, apenas o suficiente para encará-lo nos olhos e viu o rosto atônito do loiro encarando-o de volta, tentando não demonstrar o embaraço que certamente sentia - Etto... p-perdão, Majestade, foi sem querer...
– Sem querer uma ova - Tadase o interrompeu - Acha que não sei que você fingiu que tropeçou apenas para criar essa situação comigo?! Você não é tão desastrado assim, aposto que foi de propósito!
– N-Não, eu realmente escorreg...
– Já que teve todo o trabalho de fingir ter tropeçado - Tadase continuou, interrompendo-o, e falando num tom tremendamente presunçoso e arrogante - Por que não termina com isso logo...? A-Aproveite que estou generoso hoje, se não fosse a minha enorme benevolência, eu jamais atenderia à essa sua vontade óbvia, então acabe logo com isso! É o que você quer, não é? Me beijar - ele falou, tentando fazer parecer que não era o contrário e que na verdade ele é quem tinha ficado com vontade de beijar Nagihiko
– Então... c-com sua licença, meu Rei - Nagihiko falou sem pensar duas vezes, selando seus lábios nos dele.


Tadase sentiu mais uma vez aquela maciez adocicada que eram os lábios do Valete em sua boca, e não perdeu tempo em abrir mais a boca para que Nagi pudesse aprofundar o beijo, como sabia que ele faria. Nagihiko não perdeu tempo e atendeu ao desejo do Rei, que também era o seu próprio, e invadiu sua boca com a língua, arrancando um gemido alto do loiro. Tadase enrubesceu rapidamente e tentou resistir no começo, irritado pelo outro ter assumido o controle, mas acabou retribuindo o beijo, voltando a atirar seus braços ao redor do pescoço dele, abraçando-o e enroscando seus dedos nos cabelos molhados de Nagi, apreciando muito mais aquela sensação agora que suas madeixas estavam umidecidas. Sentiu os braços do Valete envolverem sua cintura, puxando-o para mais perto, colando seus corpos e sentindo com ainda mais clareza o cheiro de cerejeiras misturado ao cheiro de xampu que o cabelo do maior exalava. Uma das mãos do Valete soltou-o do abraço e começou a percorrer seu corpo velozmente, acariciando seu peito e abdômen, movendo-se de volta para suas costas e alisando-a, para então voltar a envolver sua cintura. Sendo tomado por uma súbida idéia ao sentir aquele toque, Tadase não resistiu e soltou-se dos cabelos do maior, com certo pesar, e deixou suas mãos passearem pelo corpo dele, até tocarem suas pernas, acariciando aquela pele macia e molhada, e arrancando um gemido baixo e longo do mais alto. Nagihiko interrompeu o beijo por um momento, buscando por ar, enquanto sentia a respiração cálida e descompassada de Tadase batendo contra seu rosto. Assim que puxou algum oxigênio para dentro de seus pulmões, Nagi começou a beijar carinhosamente o pescoço de Tadase, no começo de forma lenta e suave, e acelerando aos poucos, trocando ocasionalmente os beijos por lambidas e pequenas mordidas. O Valete subiu um pouco, até que chegou na orelha do Rei e começou a mordiscá-la, arrancando suspiros e exclamações cada vez mais altos do menor. Depois de brincar por alguns segundos com o lóbulo da orelha do Rei, Nagihiko começou a distribuir beijos por sua face corada, até que tornou a selar seus lábios. Tadase apertou ainda mais o abraço, colando cada vez mais seus corpos, como se quisesse fundí-los num só. O Rei logo sentiu a ponta da língua do maior tocando seus lábios e os entreabriu novamente, deixando escapar um gemido rouco enquanto sentia o Valete aprofundar cada vez mais o beijo, explorando cada canto do interior de sua boca com a língua. Nagi podia sentir claramente suas pernas roçando nas de Tadase, agora quase completamente despidas devido ao fato de estarem usando apenas uma toalha enrolada ao redor da cintura, tocando-as e misturando-se com as pernas do Rei, que cismavam em tremer e bambear, contrastando com as suas próprias, que estavam quentes e molhadas devido ao banho recente do rapaz. O loiro sentia a língua do maior penetrar cada vez mais sua cavidade bucal, movendo-se de forma sedutora, suas línguas se tocando e se misturando, como em uma dança lenta sem trilha sonora, arrancando gemidos cada vez mais altos do Rei.
Vários segundos depois, quando ambos começaram a sentir falta de ar, Nagi viu-se forçado a encerrar o beijo e se levantou, saindo de cima de Tadase, ainda ofegante.


– Vamos... n-nos vestir... e sair logo daqui. Ainda tem... m-muita coisa que quero que você faça - Tadase falou, ainda ofegante por causa do longo beijo, tentando recuperar seu tom autoritário de sempre
– Claro... como quiser, meu Rei - o maior respondeu, também puxando o ar com força para dentro de seus pulmões. Os dois se vestiram rapidamente, de costas um para o outro sem precisar combinar nada previamente, e quando terminaram e saíram do banheiro, voltando para a mesa do Royal Garden, Tadase acrescentou - Nagihiko... isso que fizemos agora... não pense que eu fazia esse tipo de coisas com o Souma ou com o Sanjou, nenhum de seus antecessores jamais me tocou desse jeito. Eu... só permiti que você fizesse esse tipo de coisa comigo... porque é você. Isto é... bem, você sabe que não é mais apenas o meu Valete, não sabe? Você... é especial.


Nagihiko sentiu como se seu coração desse uma volta completa ao redor do mundo em alta velocidade, tanto por ouvir Tadase chamando-o pelo primeiro nome quanto pelas palavras do Rei. Nunca, jamais nem sequer cogitou a possibilidade de ouvir uma coisa daquelas da versão mimada e egoísta que era o Chara Change de Tadase. Ele sentiu seu rosto esquentar furiosamente, ao mesmo tempo em que um sentimento terno e caloroso preenchia todo seu peito. Respirou fundo algumas vezes, tentando recuperar a compostura, e falou:


– Eu sei... sei que você não é o tipo de garoto que faria essas coisas com qualquer pessoa, Hot... Majestade. E eu me sinto tremendamente feliz, e imensamente honrado em ter sido a pessoa escolhida pelo seu coração... não tenho nem palavras para expressar o que estou sentindo agora, meu Rei. Obrigado, de verdade... por ter me escolhido, e me fazer especial
– N-Não precisa agradecer... v-você fez por merecer - Tadase murmurou baixinho, virando o rosto para o lado numa tentativa de esconder a vermelhidão que se apossara de sua face - A-Agora... c-chega de dizer coisas melosas, vamos! Eu quero uma massagem, agora!
– Claro, como quiser, Majestade - Nagi voltou a sorrir, mais do que acostumado com aquela personalidade egocêntrica e mimada do Chara Change do loiro - Te darei o que quiser, seja uma massagem, comida, um banho... ou até mesmo... eu
– Que... q-que quer dizer com isso??
– Você entendeu, meu Rei... sabe que eu pertenço à você, não sabe? - Nagi falou, andando lentamente na direção do menor, com um sorriso maroto nos lábios - Te darei o quiser, até à mim mesmo, se esse for o seu desejo. Eu sou seu, Majestade... seja meus cabelos, minhas pernas, ou o que quiser... eu pertenço à você de corpo e alma... assim como você também pertence à mim, Hotori Tadase-kun
– N-Não me chame pelo nome, seu...! - Tadase começou a reclamar, tentando usar a irritação para disfarçar a imensa vergonha que sentiu ao ouvir aquelas palavras, mas antes que o fizesse, Nagihiko o calou com outro beijo. Tadase se debateu e tentou resistir no começo por ter sido calado dessa maneira, mas logo se deu por vencido, atirando mais uma vez seus braços ao redor do pescoço do Valete, e enroscando seus dedos nos cabelos úmidos dele, como tanto gostava de fazer. Nagi desceu as mãos pelo corpo esguio do menor até abraçá-lo pela cintura, adentrando sua camisa e tocando Tadase diretamente na pele com uma das mãos, enquanto sentia o delicioso cheiro de morangos que o menor exalava invadir suas narinas, deixando-o meio inebriado. Tadase colocou-se na ponta dos pés, aproximando ainda mais seus corpos, enquanto o maior aprofundava o beijo, arrancando gemidos involuntários do loiro. No entanto, foram forçados a se separar muito antes do desejado quando ouviram vozes conhecidas perto dali:


– Eu não acredito que você esqueceu o livro de que precisamos para a pesquisa aqui... você é uma tonta mesmo, Amu!
– Hahahahahaha.. foi mal, Rima, é que eu saí com tanta pressa que nem lemb.. ahh... m-mas o que...?!
– Kyaaaaaaaa!!! A Yaya não acredita no que os olhos dela estão vendooooo!!!!!!


Nagihiko arregalou os olhos e afastou-se bruscamente de Tadase ao ouvir aquelas vozes, confirmando suas piores suspeitas. As três outras Guardiãs, Amu, Yaya e Rima, agora encaravam os dois, completamente atônitas. Yaya sorria de orelha a orelha, com o nariz pingando uma verdadeira cascata de sangue, embora ela não parecesse se importar nem um pouco com isso agora; Rima os encarava com os olhos esbugalhados e a boca aberta em um perfeito "o", seu rosto tão vermelho quanto a saia do uniforme que vestia; e Amu os encarava completamente pasma, sem saber se gritava, se saía correndo, se ficava zangada, ou se desmaiava com o choque, olhando de Tadase para Nagihiko, e de volta para o Rei, completamente aparvalhada. A felicidade que antes preenchia o peito do Valete transformou-se rapidamente em uma gigantesca preocupação, e Nagi concluiu que, infelizmente, eles teriam que enfrentar as consequências de seu novo relacionamento mais cedo do que esperavam.



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Notas finais do capítulo

Yoo minna! Teffy-chan falado! /o/
Pois é, eles finalmente foram pegos... as acho que já estava na hora de alguém descobrir,né =P
À propósito, o desenho no início do capítulo fui eu que fiz o/ O que acharam? *-*
E eu e a Shiroyuki-chan reparamos que ninguém tem comentado ultimamente... o que aconteceu gente?Tem alguma coisa que vocês não estão gostando? Os capítulos ainda estão muito grandes? Nós temos feito o possível pra reduzir o número de palavras, mas se ainda estiver grande, ou se tem outra coisa que vocês não estão gostando, avisem por favor... porque não tem como a gente adivinhar se tem ou não algo desagradando vocês, e se ninguém comentar, nós vamos pensar que não tem ninguém lendo, ai desse jeito a gente até perde ânimo de continuar escrevendo T_____T
O próximo capítulo é com a Shiroyuki-chan!!! /o/
Deixem reviews e façam duas autoras muito felizes onegai!!!!! *--*