Yakusoku escrita por teffy-chan, Shiroyuki


Capítulo 38
Capítulo 38 - Sekai wa Kimi Darake no Rain


Notas iniciais do capítulo

Sono Toki, Sekai wa Kimi Darake no Rain - SCANDAL
http://letras.mus.br/scandal/1948837/traducao.html



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— Ei, Tadase, acorde logo! Você vai se atrasar! – Tadase ouviu a voz imperativa do seu Shugo Chara berrando ao longe, como sempre fazia todas as manhãs. Mas ele não estava muito a fim de acordar. Estava tendo algum sonho bom, que não lembrava exatamente qual era, mas que tinha algo a ver com o Fujisaki-kun. Ainda conseguia sentir o perfume, e os cabelos macios e compridos dele tocando sua face, fazendo cócegas. Isso era tão bom... Mas como Kiseki não parava de gritar, Tadase não via outra opção se não fazer o que ele ordenava, e então, despertou com certa relutância.

Sentou-se na cama, e ainda mantendo os olhos cerrados, levantou-se de pé. Abriu os olhos, finalmente, e depois da vertigem natural a alguém que se ergue tão rápido, percebeu que o chão estava muito mais afastado do que se lembrava. Será que ele havia crescido durante a noite?

Confuso, ele levantou os olhos, dando de cara com o espelho que estava do outro lado do quarto – quarto este que só agora ele reparava, não era o seu – e vendo refletido nele a imagem do valete, também nomeado seu namorado. A avalanche de lembranças deixou Tadase atordoado por um instante, mas ele logo se recuperou, erguendo os olhos dourados para Kiseki.

— E-eu... troquei de corpo com o Fujisaki-kun, não é? – ele disse, apenas para confirmar, ouvindo a voz aveludada de Nagihiko retornando para seus ouvidos.

— Sim, foi isso. Agora se troque rápido, para que possamos encontrá-lo o quanto antes, e tentar desfazer essa tragédia. Oh, céus, como você pretende dominar o mundo com essa cara de plebeu valete, Tadase? – Kiseki reclamou, irritado.

— Isso não tem importância. – Tadase replicou, procurando nas gavetas pelo uniforme de Nagihiko. Corando até a raiz dos cabelos, ele sentou na cama e começou a desabotoar o pijama o mais depressa possível, lembrando-se do quanto isso foi difícil na noite anterior, quando ele teve que fazer o mesmo para colocar a roupa de dormir. Com os resmungos de Kiseki para que ele andasse mais rápido, Tadase respirou fundo, e terminou de se despir.

Olhou de relance, e sem intenção, para o espelho, arfando de susto. Viu refletida a imagem de Nagihiko sentado na cama, seminu, ofegante e com o rosto mais corado que ele já vira. Por mais que achasse isso errado, não conseguia desviar os olhos daquela figura. Ele já havia reparado durante a estadia na praia, mas Nagihiko parecia estar com os músculos cada vez mais definidos, abandonando o seu natural corpo andrógeno para se tornar gradualmente masculino. A mudança era de fato sutil demais, e se usasse roupas femininas, Nagihiko ainda passava tranquilamente por uma garota. Mas, vendo-o assim, era indiscutível o fato de que ele se tratava, acima de tudo, do corpo de um garoto.

Sem pensar, Tadase passou os dedos finos e gélidos pelo abdômen, sentindo-o se contrair com o toque. Ele não podia negar que gostava de olhar para Nagihiko, e poderia fazê-lo durante tanto tempo quanto pudesse, sem nunca se cansar, mas o desejo de tocá-lo era ainda mais intenso do que isso. Ia deslizando a mão na direção das pernas quando, subitamente, um rápido e assustador pensamento passou pela sua cabeça, e ele ficou imediatamente pálido. Nagihiko estaria observando o seu corpo também? E... que tipo de pensamentos teria, caso o fizesse...? A agonia dessa hipótese se tornou mais intensa que o constrangimento ou qualquer outra vontade que tivesse, e Tadase terminou de se trocar mais rápido que um raio, quase tropeçando nos próprios pés enquanto pulava pelo quarto para vestir as bermudas.

Pegou a escova de cabelo em cima da cômoda, e se forçando a olhar novamente para o espelho, respirou fundo. Aqueles cabelos sempre tão alinhados e perfeitos de Nagihiko pareciam um grande amontoado púrpuro sem forma definida, e a culpa era toda dele. Tomando coragem, ele começou a pentear os cabelos, gemendo de dor pelos fios arrancados e fazendo força para conseguir mover a escova. Depois de quase dez minutos e muitos tufos de cabelo arrancados, ele enfim conseguiu fazer algo minimamente satisfatório, embora fosse óbvio que não estava tão arrumado como sempre.

Depois de abotoar o paletó, e pegar a pasta, Tadase se apressou para fora do quarto, com Kiseki ainda reclamando ao seu encalço. Tomou cuidado de não chamar muita atenção, e pegando uma maçã na cozinha, voou para fora da casa, sentindo-se imensamente mais aliviado depois de alcançar a rua. O céu estava cinzento e mal-humorado, e certamente não tardaria a desabar sobre eles uma chuva. Tadase apressou-se, pelo caminho, imaginando se choveria antes de ele chegar à escola.

A presença da mãe de Nagihiko era esmagadora, e ele não conseguia ficar tranquilo com ela por perto. Parecia que ela queria esmiúça-lo apenas com o olhar, e ficou o encarando intrigada durante todo o jantar, na noite anterior. O pai de Nagihiko era muito mais calmo e agradável, e lembrava muito o próprio filho, por isso Tadase sentia-se bem perto dele, e era difícil não imaginar se Nagi ficaria parecido com ele no futuro. Mas a Sra. Fujisaki ainda despertava-lhe calafrios, e ele resolveu fazer o que Nagihiko sugerira, inventando que tinha uma prova para poder ir mais cedo para o quarto. Ter que chama-los de Okaa-san e Otou-san durante todo esse tempo também foi uma experiência exaustiva, pois Tadase ficava pensando se algum dia poderia referir-se assim a eles sem sentir nenhuma culpa, e sem precisar se esconder. Aquilo que Nagihiko contou a ele sobre sua mãe ainda o preocupava, e ele demorou a pegar no sono durante a noite, por pensar demais sobre isso.

Correndo no caminho que levava à sua própria casa, Tadase viu ao longe o seu corpo, saindo e fechando o portão com certa dificuldade, já que Hotosaki parecia querer escapar. Aproximou-se correndo, sentindo certa leveza e facilidade para se movimentar, e rapidamente chegou perto dele.

— Ohayou, Fujisaki-kun! – Tadase exclamou, pela primeira vez sentindo-se realmente alegre naquela manhã. Nagihiko ofegou, levantando o rosto para a figura que o cumprimentava.

— Ohayou, Hotori. – ele não conseguiu evitar o sorriso que se espalhou pelo seu rosto, ao ver o brilho nos olhos, evidentemente provenientes de Tadase. Ergueu a mão na sua direção, vendo Tadase cerrar os olhos com expectativa, mas hesitou e a recolheu novamente, recomeçando a andar. Tadase suspirou, decepcionado.

— Como iremos fazer com essa situação? – ele indagou, depois de alguns passos em silêncio.

— Temos que encontrar novamente aquele garoto, e purificar o seu ovo do coração. É a única saída. Eu conversei com Tsukasa-san hoje de manhã, e ele garantiu isso.

— E-ele já sabe sobre o que aconteceu? – Tadase surpreendeu-se, recebendo a confirmação de Nagihiko – Bem... acho que isso já era esperado. Mas como vamos fazer para purificá-lo? Teremos que contar a todos sobre o que aconteceu?

— Eu não sei... Bem, se dissermos que estávamos sozinhos no parque, com certeza a Yaya irá começar a fazer perguntas sobre isso, e não conseguiremos nos esquivar tão facilmente dela.

— Tem razão... como faremos então?

— Ora, Tadase, você é o Rei! – Kiseki os interrompeu, bradando com confiança – Basta ordenar aos seus súditos para que saiam à procura dos ovos, eles não podem questioná-lo!

— Acho que dessa vez Sua Alteza tem razão! – Rythm concordou, ignorando o protesto de “é Majestade, insolente!” – Mas é você quem tem que ordenar, Nagi! Diga a todo mundo pra procurar o Batsu Chara...

— Mas vocês não vão contar a verdade para os outros? – Temari indagou, preocupada – Como vão fazer?

— Eu dou um jeito – Nagihiko respondeu, confiante, e eles se apressaram no trajeto da escola, querendo chegar lá o quanto antes - Você, Temari, é melhor se esconder logo, já estamos perto da escola. E... Hotori-kun, eu quis perguntar quando você apareceu, mas... o que aconteceu com o meu cabelo?

— Ah! Fujisaki-kun, e-eu... gomenasai! Eu não quis estragá-lo nem nada assim, eu só queria desembaraçar um pouco, ele estava tão estranho, mas acho que fiz errado... Ele é tão comprido e tudo mais... – Tadase se atrapalhou, agitando os braços. Nagihiko sorriu da confusão do outro.

— Está tudo bem – ele disse, rindo suavemente – Aqui, se você trançar ele, não vai incomodar – falou, levantando as mãos e tentando ajeitar aquela desordem. Dividiu os cabelos em três mechas e os trançou rapidamente, deixando-cair de um lado.

Um relampejo de luz cortou o ar, sobressaltando os dois garotos, e logo depois um grito estridente se fez ouvir.

— Wooow!!! O que é essa cena de amor logo de manhã?!?! Kyaaaaaah!!! – era Yaya quem gritava, e tirava fotos loucamente.

— Ya-... Yuiki-san!  Pare de gritar, está chamando atenção! – Nagihiko a repreendeu, da forma que sabia que Tadase faria.

— Está certo, está certo – Yaya guardou a câmera, fazendo um biquinho inconformado. Avançou contra os dois, enganchando um braço em cada e saltitando no rumo da escola – Vocês me deram a oportunidade de ver essa linda cena tão cedo, então vou deixa-los ir. Mas quero saber mais detalhes mais tarde, viu? Aah, é melhor que vocês não fiquem fazendo essas coisas onde todo mundo pode ver, aquela garota do jornal finalmente se acalmou, vocês não querem que ela volte a publicar aquelas matérias, certo? Waa~ Nagi, você ficou muito bem com essa trança! Nee, por que o Kiseki tá do lado do Nagi e o Rythm com o Tadase? – ela indagou, por fim, finalmente parando de falar para tomar fôlego, e olhando para os dois lados. Tadase piscou aturdido algumas vezes, desistindo de tentar acompanhar o fluxo de pensamento da guardiã mais jovem.

— Hm? Eu não sei do que você está falando – o Tadase que na verdade era Nagi, disse naturalmente, enquanto discretamente empurrava Rythm na direção oposta, e Kiseki ia para o seu lado. Yaya não prestou muita atenção nisso, e logo se ocupou de interroga-los, como sempre fazia, enquanto caminhavam para a escola.

Tadase desviou das perguntas indiscretas de Yaya com maestria, enquanto Nagihiko se se perdia nas próprias palavras. A ás estranhou esse arranjo, mas como não era do seu hábito parar muito tempo em um mesmo assunto, ela logo esqueceu disso, e eles chegaram na escola rapidamente.

Yaya se apressou para a sua sala no primeiro andar, enquanto Tadase e Nagihiko subiam para a sala da sexta série. Houve uma pequena confusão quanto aos lugares, mas eles logo perceberam e se acomodaram acertadamente, e assim, a aula iniciou.

Nagihiko fez o possível para prestar atenção na aula como sabia que Tadase faria, mas sempre se pegava desviando o olhar na direção do outro, vendo-o compenetrado e atento às palavras do professor, anotando tudo o que ele dizia no caderno. Logo após o sinal que indicava o fim das aulas, que parecia realmente ter demorado uma eternidade para soar, os estudantes começaram a se mover para fora da sala. Rima e Amu disseram que precisavam ir à biblioteca, deixando os dois sozinhos para trás.

Eles já estavam saindo da sala para ir ao Royal Garden, quando ouviram alguém gritar “Fujisaki!”. Nagihiko teve o impulso de virar a cabeça, mas lembrando-se a tempo da situação em que se encontravam, cutucou Tadase com discrição, fazendo-o virar-se.

— Você não vai para o treino? – um garoto falou, vindo rumo aos dois. Ele era um dos colegas de clube de Nagihiko, e Tadase tinha a impressão de já tê-lo visto em algumas vezes que assistiu ao treino, mas não conseguia lembrar-se do seu nome.

— Ah, você disse para mim que já estava indo, não é, Fujisaki-kun? – Nagihiko disse rapidamente, dizendo com os olhos para Tadase se acalmar. Ele já havia faltado muitos treinos por causa das reuniões dos guardiões, e não podia desfalcar sua equipe tantas vezes. Pediu, sem precisar de palavras, para que Tadase acompanhasse o garoto. Depois ele daria um jeito de salvá-lo, mas por enquanto, tudo o que precisava era estar presente no treino.

— Eu ajudo você! – Rythm sussurrou para Tadase, tentando tranquilizá-lo.

— S-sim, eu estava indo... m-mas, e aqueles papéis que precisam ser revisados?! – Tadase alarmou-se, lembrando-se das suas tarefas de Rei que estavam pendentes.

— Eu faço para você – Nagihiko sorriu – Agora vá logo, você já está atrasado. E... muito obrigado por isso. Eu o recompensarei mais tarde. – ele disse, e apenas Tadase entendeu realmente pelo que ele agradecia.

Nagihiko viu Tadase sumir junto com o outro membro do time pelo corredor, e preocupando-se, desceu as escadas, ouvindo Kiseki resmungando sobre o fato de Tadase ter que se esforçar pelo bem do seu valete. Encontrou Yaya no caminho e acabou indo junto com ela para o Royal Garden. Claro que assim que soube que os outros não estariam lá, ela deu um jeito de arrumar uma desculpa e sumir também, dizendo que apareceria mais tarde para o chá, e Nagihiko acabou tendo que trabalhar sozinho. Ele começou a revisar os documentos referentes às prestações de contas dos clubes, e perdendo-se no meio de tantos números e tantas palavras, esqueceu a passagem do tempo. Kiseki havia decidido ir atrás dos outros Shugo Charas para submetê-los a um intenso treinamento de combate, e Nagihiko continuou a trabalhar, apreciando o silêncio tão raro naquele lugar.

— Ah, Hotori-kun!! – ele lembrou repentinamente, quase uma hora depois, e correu na para a quadra de esportes o mais rápido que suas pernas curtas permitiam.

Chegando lá, assistiu ao longe a si mesmo, vestido com o uniforme de treino, e movimentando-se com certa relutância. A trança que Nagihiko havia feito no início das aulas já estava completamente desarrumada. Apesar de estar fazendo os movimentos corretos, por causa do corpo habituado de Nagihiko, Tadase se atrapalhava na hora de planejar as jogadas, e como não tinha nenhuma experiência de jogo, não havia conseguido acertar nenhuma cesta sequer. A todo o momento, o treinador gritava alguma coisa para ele, e aquela pressão só o deixava com mais dificuldade de acertar. Já estava completamente exausto, quando notou o corpo diminuto e os cabelos loiros na beira da quadra, e se rosto se iluminou ao reconhecê-lo.

 — Ano, sensei... – Nagihiko chamou o treinador, e ele, reconhecendo o Rei dos Guardiões, veio atende-lo – Será que você pode liberar o Fujisaki Nagihiko-kun? Eu preciso dele, agora... Bem, se não for atrapalhar...

— Ah, claro. Ele parece mesmo muito distraído hoje, não há nada que se possa aproveitar. Fujisaki! – ele gritou, e Tadase correu alegremente para o lado dos dois – Para o chuveiro! – ele ordenou, e então começou a gritar para os outros membros, indicando o que deveriam fazer.

— Muito obrigado, Fujisaki-kun – Tadase sorriu, ofegando, enquanto andavam na direção dos vestiários – Eu pensei que não viria nunca.

— Me desculpe por isso, Hotori-kun. Deve ter sido difícil para você.

— Na verdade não foi tanto. Seu corpo já sabe exatamente o que fazer no jogo, eu apenas me deixei levar. O problema era que a minha mente não conseguia acompanhar essa velocidade e eu acabava me perdendo. Eles fizeram muitas piadas sobre você por minha causa, me desculpe. – ele admitiu, baixando os olhos – Disseram que... que v-você deveria estar apaixonado... por estar se distraindo tanto...

— Então não foi completamente uma mentira, não é? – Nagihiko murmurou, sentindo seu rosto esquentar, e Tadase sorriu para ele, corando levemente – B-bem, não se preocupe com as piadas, eles são assim mesmo. Eu acerto isso depois... M-mas então... v-você gostou de jogar? – ele arriscou, querendo mudar de assunto.

— Foi divertido, apesar dos meus erros – Tadase sorriu – Correr com esse corpo é muito mais fácil! Você é realmente incrível, Fujisaki-kun! Eu pensei que poderia levantar voo a qualquer segundo! – ele disse, com os olhos brilhando de admiração – Só que... me incomodou um pouco... hmm... deixa pra lá.

— O que? O que incomodou você?

— No vestiário... – ele disse rapidamente, sem conseguir conter, indicando o uniforme que usava para ilustrar – Ter que trocar de roupa na frente de tantos garotos...

— Me perdoe, Hotori-kun! – Nagihiko se apressou em dizer, sentindo-se culpado – Você não deveria ter que passar por isso por minha causa, eu não pensei direito, sinto muito...

— Não é por isso! É que... eu não gostei de ter tantas pessoas... vendo o seu corpo. – Tadase confessou, desviando o olhar, e Nagihiko sentiu seu coração falhar uma batida.

— M-m-melhor entrarmos logo! – ele abriu a porta do vestiário que estava bem à frente deles, sentindo um enorme constrangimento que fazia seu rosto formigar e Tadase o seguiu, também embaraçado.

Depois de tomar um banho muito rápido, apenas para limpar o suor, e com a ajuda de Nagihiko, Tadase vestiu novamente o uniforme escolar, e os dois se apressaram para o Royal Garden. Quando finalmente saíram, uma chuva fina e chata começava a cair, e já estava ficando tarde. Eles perderam tempo demais, se quisessem encontrar aquele Batsu tama antes do anoitecer, teriam que se esforçar muito. Chegando ao Royal Garden, todos os outros guardiões os esperavam e Tsukasa estava presente, com um semblante sério.

— Ei, onde vocês se meteram? – Amu indagou, impaciente. Yaya se remexeu na sua cadeira, mordendo a língua para não dizer o que estava pensando nesse momento. Era muito inapropriado, e o momento agora era de seriedade.

— Aposto como estavam querendo fugir do trabalho – Rima observou, fechando os olhos com altivez, enquanto tomava seu chá.

— Que bom que finalmente se juntaram a nós – Tsukasa os recepcionou, abrindo os braços amplamente – Eu estava discutindo aqui com suas colegas guardiãs sobre o problema com um Batsu Chara, aqueles do qual me falaram, estão lembrados?

— P-problema? – Tadase gaguejou, em dúvida se ele falava somente do Chara ou se já havia contado a elas sobre o problema como um todo. Nagihiko analisou a reação das amigas e foi mais rápido, apressando-se na direção da mesa, tomou facilmente a liderança.

— Bem, então não podemos mais perder tempo – ele disse, seguramente, e as garotas assentiram – O Batsu Chara foi visto no parque que fica aqui perto, e pode estar fazendo algum estrago. Temos que encontrá-lo, e purificá-lo, o quanto antes. Vamos nos dividir para procurá-lo, e quando um dos grupos encontrar, avisa o outro, está certo?

— Entendi – Amu foi a primeira a se erguer, acompanhada das suas quatro Charas – Nós podemos ir por aquele atalho que termina do outro lado do parque – ela disse rapidamente.

— Hai, a Yaya conhece!

— Espera, não acabei o meu chá... – Rima resmungou, embora já estivesse sendo arrastada porta afora por Yaya, que queria deixar os dois garotos sozinhos, como sempre. Assim que as três sumiram, Tsukasa começou a discutir alguns detalhes com Nagihiko, de como deveriam proceder com um Ovo do Coração tão instável quanto àquele.

— Fujisaki-kun foi realmente muito bem liderando elas... – Tadase suspirou, enquanto o observava conversar tão seriamente com o tio – Quem sabe não deveria ser ele o líder dos guardiões...

— Você está louco, Tadase? – Kiseki se aproximou, irritado – Ele só foi bem como líder por que estava no seu corpo. Foi o seu ímpeto de liderança que o motivou. Isso é uma característica sua... e foi por isso que eu nasci. Não comece a ter pensamentos estranhos só por que está usando o corpo de um plebeu, ouviu bem?

— Eu já disse para não falar assim do Fujisaki-kun, Kiseki! – ele censurou-o.

— Vamos, Hotori? – Nagihiko os interrompeu, conduzindo-o para fora do Royal Garden – Tsukasa-san disse que devemos ter cuidado com esse ovo. Esse tipo de poder é fora do comum, ele certamente está guardando esse ressentimento por muito tempo antes de finalmente estourar, então não será fácil trazê-lo de volta.

— É melhor nos apressarmos, a chuva está aumentando... – Tadase alarmou-se correndo na frente.

Depois de atravessarem o pátio da escola e saírem, os dois retornaram para o mesmo parque onde foram atacados naquele dia. A chuva aumentava gradativamente, deixando molhadas as roupas deles, mas não era nada que não pudessem aguentar. Tadase tentou por tudo no mundo não olhar para os arbustos, pois fatalmente acabaria lembrando-se do que fizeram naquele dia, e isso só o atrapalharia. Eles andaram meio a esmo por alguns metros, e logo perceberam que não seria tão fácil quanto imaginaram. Os Shugo Charas não conseguiam detectar nenhum sinal de energia negativa por perto. Estavam quase pensando em ir procurar em outro lugar, afinal, não era determinado que o garoto que os atacou devesse estar ali, embora houvesse a máxima de que “o criminoso sempre retorna à cena do crime”. Nesse momento, Rythm, Kiseki e Temari, de dentro do seu ovo, disseram que sentiram algo de estranho.

Tadase se apressou correndo a frente, rebocando Nagihiko que tropeçava atrás dele, na direção aonde os Charas os conduziam. Seguiram em frente por um caminho de pedras, que estavam um pouco escorregadias, até enxergarem ao longe, embaixo de uma árvore, uma figura deitada, aparentemente adormecida, que Nagihiko rapidamente identificou como sendo o garoto cujo coração estava corrompido. Ele usava roupas mais normais do que da outra vez, com um suéter azul-escuro, com uma gravata preta pendendo para um lado e uma calça cáqui dobrada nos tornozelos.

— Veja, Hotori-kun – Nagihiko apontou, não querendo fazer escândalo para não sobressaltar o garoto – Aquele é o garoto. Eu vou mandar uma mensagem para as garotas virem aqui rápido...

Depois de terminar a mensagem, ele tentou se aproximar cautelosamente do garoto, para ver se o Batsu Chara ainda estava com ele, mas resvalou em um dos tijolos da calçada, que estava liso e molhado, sendo segurado a tempo por Tadase, que riu baixinho, enquanto o ajudava a se endireitar.

— Agora sou eu que protejo você, Fujisaki-kun – ele piscou um olho, mantendo uma da mãos apoiada à cintura do menor.

— H-hotori-kun... – Nagihiko sentiu seu coração vacilar, incomodamente, e inconsciente, avançou um passo para mais perto de Tadase. Apesar de ver à sua frente o seu próprio rosto, ao olhar diretamente nos olhos cor-de-mel ele via apenas Tadase e mais ninguém...

— Ah, droga, o que vocês estão fazendo aqui? – eles ouviram uma voz estranha rosnar e se separaram mais do que imediatamente. Olharam para a direção do garoto, que agora estava despertando, esfregando os olhos com irritação. Ao lado dele, o Batsu Chara também se erguia, movimentando-se da mesma forma. Aparentemente, o Chara estava guiando os movimentos do rapaz, e suas vozes ecoavam em uníssono, causando um efeito amedrontador e inconstante.

— Ele acordou, Fujisaki-kun! – Tadase recuou, e Nagihiko instintivamente colocou-se à sua frente, em posição de defesa, mesmo que com o tamanho diminuto que ele possuía agora, isso não fosse de muita utilidade – O que nós fazemos agora?

— Não podemos usar nenhuma transformação no estado em que estamos... só nos resta esperar, e segurar esse garoto aqui o máximo de tempo que for possível...

— O casal de pombinhos quer parar de cochichar e prestar atenção em mim? – o garoto se aproximou em um pulo, com sua voz modificada ressoando de raiva – Eu disse que não queria mais ver vocês!!! Eu não quero ver nada da felicidade de vocês!!!

— O que foi que você fez com os nossos corpos? – Nagihiko o desafiou, encarando-o diretamente. O garoto riu, embora seus olhos azuis ainda fossem completamente inexpressivos.

— Isso foi apenas um pequeno presente para vocês dois... Eu não sei bem como funciona... mas parece que eu fiz as suas almas ou seja lá o que for trocarem de lugar com aquele que mais amavam no mundo inteiro... e para a sorte de vocês dois, aconteceu de ser um ao outro... Aaargh, isso me dá náuseas! Por que eu não pude ter a mesma sorte...? – ele diminuiu a voz, ao mesmo tempo em que lágrimas caíam como cascatas dos seus olhos sem brilho, misturando-se à água da chuva que lavava seu rosto.

— Você está com problemas? Se quiser, nós podemos ouvi-lo! – Tadase saiu de trás de Nagihiko, aproximando-se alguns passos do garoto.

— Alguém como você, que tem um amor correspondido, não saberia como eu me sinto! Você tem alguma noção da sorte que tem? – a voz do chara foi diminuindo, ficando apenas como um eco distante da voz do próprio garoto – No mundo inteiro há bilhões de pessoas! Só no Japão, deve haver milhões! E você se apaixonou por alguém que, por algum motivo, também sente o mesmo por você... Ainda mais quando... se trata de dois garotos... vocês dois conseguiram encontrar um ao outro... isso é... isso é quase... um milagre... – a voz dele embargou, lavada pelas lágrimas. Ele fraquejou, deixando os joelhos cederem e caindo sobre a grama, enquanto soluçava audivelmente.  Tadase fez menção de tentar ajuda-lo, mas antes que pudesse, o garoto começou a chorar mais alto, com a voz do seu Ovo do Coração sobrepondo-se novamente à sua, e toda a dor que sentia materializou-se em forma de raios negros que cortavam o ar.

Nesse exato momento, Amu e as outras chegaram, imediatamente realizando o Chara Nari. Yaya utilizou o “Ducky Scramble” para bloquear o ataque negativo, assim como Amu girou o “Spiral Heart”. Rima desviou dos raios, usando o “Titghrope dancer” para tentar prender o garoto, sem sucesso.

— É uma boa hora para usar o seu Holy Crown, Rei! – ela gritou, enquanto tentava mover suas cordas na direção do oponente.

— Eu e o Fujisaki-kun não podemos nos transformar agora, por causa de um ataque dele – Nagihiko gritou em resposta, rebocando Tadase para longe dos ataques.

— Ele é muito forte! – Amu berrou, depois de duas tentativas malsucedidas de fazer o Open Heart. E ele nem havia feito Chara Nari com o ovo X ainda... – Nós temos que fazer Chara voltar para o ovo antes de atacar!

— E como se faz isso? – Yaya indagou, tentando fazer seus patinhos serem um pouco mais ofensivos.

Nagihiko ouviu as palavras da coringa, e certificando-se de que tinha deixado Tadase em um local mais ou menos seguro, avançou contra o garoto.

— Ei, você! – ele agitou os braços para cima, para chamar a atenção. – Eu sei que você acha que ninguém consegue entendê-lo, e sei que parece que essa dor no seu coração não vai parar nunca... Na verdade, eu sei isso bem até demais! Você pode não acreditar em mim, mas eu já passei por isso! – ele conseguiu finalmente captar o foco do garoto, e resolveu usar isso a seu favor ao máximo. As garotas o fitavam com confusão, sem entender por que raios Tadase estava gritando aquelas coisas, mesmo que não conseguissem ouvir direito as suas palavras, por causa da distância e do barulho da chuva. E o verdadeiro Tadase, logo atrás, retorcia as mãos nervosamente, atento somente ao fato de que Nagihiko estava bem embaixo da mira do Batsu-chara, sem nenhuma proteção. Estava pronto para saltar na direção de Nagihiko caso fosse necessário.

— Não!! – a voz do garoto soou cheia de ódio, enquanto ele recuava alguns passos. Apesar disso, ele não explodiu de raiva como da outra vez, embora ainda houvesse uma espessa chama negra que rodeava seu corpo inteiro – Você não sabe do que está falando!

— Eu sei sim! Você sente que tudo está errado, não é mesmo? Que seus sentimentos são deslocados, imorais... e mesmo assim, não consegue abrir mão deles, não consegue pará-los! Toda vez que você olhar para a pessoa que ama... seu peito vai doer... e mesmo assim você vai querer que essa dor permaneça, só para poder vê-lo por mais um tempinho!! Quando seu coração acelera só por causa de um pequeno ato dessa pessoa, você se sente o idiota mais feliz do mundo, apenas por poder estar perto dele... E toda noite, cada vez que você recostar a cabeça no travesseiro, sua mente vai vagar até onde ele está, e você vai ficar fantasiando milhares de situações que sabe muito bem que nunca vão acontecer de verdade... e então você chora, bem baixinho, no escuro, pra ninguém escutar... e seca as lágrimas, pensando se... algum dia... em algum lugar... vai poder ser realmente feliz ao lado da pessoa que ama... Eu sei de tudo isso. Eu já vivi tudo isso...

— V-você está mentindo... – o garoto disse, com a voz fraca, evitando o contato visual de Nagihiko.

Tadase a essa altura segurava-se para não chorar, enquanto continha seu impulso de correr até Nagihiko e abraça-lo tão forte quanto pudesse. Ainda sentia uma enorme e esmagadora parcela de culpa por causa de todo o sofrimento que sabia que ele teve que passar, por causa dos seus sentimentos. As garotas, do outro lado, apenas assistiam a cena, sem ideia do que conversavam, sabendo apenas que Tadase, de algum modo, estava tentando enfraquecer o negativo no coração daquele garoto. Amu esperava pacientemente pela sua hora de agir, enquanto Rima já havia desfeito o Chara Nari e refugiava-se da chuva embaixo da árvore próxima. Yaya havia simplesmente evaporado, e não se encontrava em lugar algum, mas ninguém pareceu notar realmente esse fato.

— Eu não estou mentindo, e você sabe disso. Ah, eu realmente entendo de mentiras... mas agora, tudo o que digo é verdade. Acredite em mim quanto eu digo... essa dor no seu peito, ela não vai se acalmar tão rápido. Pode ser que até aumente com o tempo. Mas, você tem que ser forte. Não se deixe perder o controle. Chore, quando quiser chorar. Grite, eu sei que isso causa revolta. Mas não fraqueje. Não se deixe levar pela dor... não desista! Diga-me... você já se confessou? Você disse o que estava sentindo? Eu não sou a pessoa mais indicada pra dizer isso, por que tive medo na maior parte do tempo, mas se você disser o que sente, vai se sentir melhor, mesmo que a resposta nãe seja o que espera...

— Já...eu já me declarei pra ele... – o garoto disse num fio de voz, quase derrotado.

— E a resposta, foi negativa?

— E-eu não lembro... – ele admitiu, e seu Batsu Chara encolheu-se também, tremendo – Acho que... perdi o controle nessa hora... Minha memória está como um borrão...

— Então a batalha não foi completamente perdida... Veja... se essa pessoa não retribuir seu amor... então você terá que superar essa falha, e talvez, tentar de novo... Mas... você nunca sabe o que se passa no coração de outra pessoa. Pode ser que o que você menos espera aconteça. Pode ser que ele te ame também... – Nagihiko sorriu melancolicamente, e Tadase finalmente se aproximou, fitando os dois, apreensivo. Agora os dois estavam completamente encharcados, assim como também estava o garoto, que baixou os olhos, caindo sentado na grama úmida.

— Eu tenho inveja de vocês dois... foi só por isso que eu os ataquei... – ele disse baixinho, encobrindo os olhos com o cabelo molhado – Mas... acho que eu tenho que me esforçar e conseguir alguma coisa pelos meus próprios méritos, não é verdade? Eu sinto muito pelos problemas que causei, de verdade... – ele disse por fim, e o Batsu Chara se fechou em seu ovo.

— Amu-chan, agora! – Nagihiko gritou, e ela sobressaltou assustando-se ao ouvir Tadase chamá-la pelo primeiro nome.

— Negative Heart! – ela gritou, e o parque, antes escuro por causa da chuva e da neblina, iluminou-se com uma intensa luz rosada e brilhante – Lock on! OPEN HEART!!!

O ovo tornou-se gradualmente branco de novo, em meio ao show de luzes e brilho, e então o garoto caiu desfalecido na grama. Tadase e Nagihiko sentiram algo agitar-se nos seus interiores, e perderam o equilíbrio, caindo no chão também. Houve um breve momento de perda dos sentidos, e quando voltaram a si, estavam novamente em seus corpos. Olharam-se mutuamente, agradecidos por verem, ambos, a face daqueles que mais amavam, e não a si mesmos. Levantaram-se de mau jeito, ainda se acostumando às dimensões que agora pareciam um pouco estranhas, e se aproximaram do corpo desmaiado do jovem, segurando pelos braços, e sentando-o em cima do banco. Amu desfez o Chara Nari, aproximando-se do garoto, assim como Rima, que parecia irritada com o fato de estar toda molhada agora. Nenhuma delas pareceu reparar na grande mudança que ocorrera entre os seus dois amigos.

— Ah, vocês conseguiram! – a voz de Yaya soou ao longe, abafada pela chuva. Ela se aproximou, e em seu encalço vinha outro garoto segurando um guarda-chuva. Ele era pouco mais alto que Tadase, com feições gentis e cabelos vermelho-fogo, rebeldes e arrepiados.

— Souichi-kun! - o garoto gritou, correndo na direção do outro garoto desacordado – O que aconteceu com ele?

— Ele, hm... passou mal, e nós o ajudamos... – Amu respondeu, incerta.

— Eu não o vejo desde ontem... será que ele está bem? Ah, essa chuva é um perigo!! Ele deve estar resfriado! – o garoto falava rapidamente, colocando o guarda-chuva em cima de Souichi para protegê-lo – E-eu sou Kisa... Muito obrigado por cuidarem do Souichi-kun!!! Ele vai ficar bem...

— Ele vai, eu tenho certeza – Nagi sorriu para o garoto – Cuide bem dele.

— Eu vou. – Kisa sorriu, fitando Souichi com afeto, enquanto pegava seu celular e ligava para pedir ajuda. Tadase e Nagihiko se entreolharam, contentes com aquele desfecho aparentemente feliz.

— Como você o encontrou? – Rima perguntou, logo que recomeçaram a andar rapidamente pela chuva, de volta para a escola.

— A Yaya conhecia a escola de onde ele usava o uniforme, e sabia que não ficava longe, então foi correndo até lá e começou a perguntar pra todo mundo se conheciam um garoto assim! Aí o Kisa-chii apareceu, e a Yaya conversou com ele. – ela narrou, e ninguém se surpreendeu com a familiaridade com que ela tratava pessoas que havia acabado de conhecer – O Kisa-chii é o melhor amigo do Sou-kun há muito tempo, sabe? E o Sou-kun se declarou pra ele ontem, mas depois fugiu correndo, sem esperar pela resposta. O Kisa-chii pensou bastante, e percebeu o que sentia. Queria aceitar a confissão, mas não encontrou mais o Sou-kun... Agora, a Yaya tem certeza, eles vão ficar juntos e felizes!

— Eu tenho certeza que sim, Yaya – Nagi sorriu para ela, muito contente com o fato de poder vê-la de cima, e não na altura dos olhos como era antes, no corpo de Tadase.

Yaya nada respondeu, fitando-o seriamente, e depois à Tadase. Como estavam no meio da chuva, ninguém percebeu seu silêncio repentino, só queriam saber de andar rápido e chegar à escola o quanto antes. A Ás estava preocupada, e isso não era nem um pouco fácil para ela. Encarava Nagihiko, que andava logo a sua frente. A situação dele era muito parecida com a de Souichi, ela tinha certeza. Sabia também que fora por isso que ele conseguiu conversar com o garoto, e ajudou-o a enfrentar seus problemas. Mas ela temia por Nagi... se a situação dele era assim tão semelhante... não tardaria até que ele ficasse impregnado por todo esse sofrimento, e acabasse também tendo um X em seu coração! E Yaya não queria que isso acontecesse, de jeito nenhum!

— Ei, Yaya! O que está fazendo, ande logo! – ela ouviu o chamado de Nagihiko logo à frente. Ele sustentava um enorme sorriso.

— Ah, Nagi!! – ela gritou, correndo desesperadamente na direção do valete e agarrando seu braço. Seus olhos estavam um pouco marejados, e ela agia como um bebê, o que não era de fato novidade – Se você quiser, pode chorar no ombro da Yaya! – ela berrou, escondendo o rosto no braço do garoto.

— Do que está falando, Yuiki-san? – Tadase indagou, dando risada. Amu riu também, e Rima apenas revirava os olhos. Eles não estavam mesmo ligando muito para o ataque de Yaya, e Nagihiko, achando que ela estava apenas emocionada por causa do caso de Souichi, afagou os cabelos molhados e ruivos da ás, bagunçando um pouco as suas maria-chiquinhas.

Nagihiko apostou uma corrida, querendo fazer Yaya se animar um pouco, o que deu certo. Logo, todos começaram a correr rapidamente, pela chuva, na direção da escola. Eles chapinhavam nas poças, com os pés gelados nas meias úmidas, sentindo as roupas molhadas pesarem e o vento gelado cortando o ar, mas nada disso realmente importava para eles. Estavam apenas satisfeitos por terem conseguido ajudar um garoto que sofria, e corriam alegremente pela chuva, sem nada a preocupá-los. Nagihiko estava se sentindo bem ao poder correr com suas próprias pernas novamente, assim como Tadase também estava. Agora, tudo o que aquelas crianças precisavam era de roupas secas e de uma bebida quente – preferencialmente, chá. E ainda havia todo o trabalho de guardiões esperando por eles.


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