Yakusoku escrita por teffy-chan, Shiroyuki


Capítulo 37
Capítulo 37 - Sekai de Ichiban Koishiteru


Notas iniciais do capítulo

Sekai de Ichiban Koishiteru - Shuuhei Kita
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Devagar, os dois garotos entraram no espaço reservado que era o banheiro do quarto de Nagihiko. Os Shugo Charas ficaram para trás, com Rythm fazendo insinuações perigosas, enquanto Temari corava, envergonhada pelas coisas que o irmão dizia, e Kiseki o xingava a altos brados por dizer coisas que manchavam a honra do seu dono.

Nagihiko retorcia suas mãos nervosamente, fitando o chão, o teto, as paredes, e qualquer outra coisa que não fosse o outro garoto, com o rosto completamente ruborizado. Tadase, depois de trancar a porta, avançou com certa segurança até a banheira, ligando a água quente e espalhando o sabão. Não era bem o comportamento que seria esperado daqueles dois garotos, e o motivo era de fato bem simples. Por causa do ataque de um Batsu Chara completamente descontrolado, eles haviam trocado de corpos, ou de almas, e agora estavam presos um no outro.

— É melhor você se despir, Hotori-kun – Nagihiko forçou-se a ser calmo, mesmo que estivesse inquieto por dentro. A voz imperativa de Tadase que ecoou pelos ladrilhos do banheiro pareceu trêmula, e não tranquilizadora como ele queria que soasse – Eu não irei olhar. Coloquei bastante espuma na banheira, então ninguém vai ver nada, está bem assim?

— E-eu não consigo... – Tadase soprou fracamente, com a voz de Nagihiko insegura e frágil, assim que viu o seu próprio corpo girar na direção da parede – Por favor, Fujisaki-kun... você pode fazer isso? É muito embaraçoso... – ele quase implorou, e quando Nagihiko virou novamente, viu seu rosto suplicante e absolutamente adorável, com olhos grandes e chorosos e o rosto corado. Tadase estava fazendo seu característico ataque brilhante... e teria sido impecavelmente bem sucedido, se não estivesse no corpo do próprio Nagihiko, que suspirou, derrotado.

— Certo, eu faço... feche os olhos, então – Nagihiko aproximou-se, levando as mãos pequenas de Tadase até a parte que ainda estava abotoada. O rei sentiu seu corpo – ou melhor, o corpo de Nagihiko, estremecer por inteiro, quando os dedos suavemente tocaram sua pele, para abrir a camisa. Como estava de olhos fechados, tudo o que sabia era que Nagihiko o tocava e o despia nesse momento, e somente esse pensamento já o fazia perder totalmente a coerência.

Sentiu a camisa deslizar pelo seu dorso, caindo no chão, e ofegou quando Nagihiko segurou no cós da sua calça.

— F-f-f-fujisaki-kun, o q-que está f-fazendo? – Tadase recuou um passou, em choque.

— Você pretende tomar banho de calça, por acaso, Hotori-kun? – Nagihiko riu da surpresa do outro – Ou prefere você mesmo tirá-la?

— Ah... e-eu.. então, p-pode fazer... – ele se atrapalhou, levando as mãos aos lábios para não deixar escapar nenhum ruído estranho enquanto Nagihiko abria a calça e a deslizava pelas pernas. Apoiou-se no ombro do menor, para terminar de retirá-la, e dessa forma, estava apenas com a boxer cinza cobrindo o corpo magro e esguio.

— Acho melhor ficarmos com as roupas de baixo – Nagihiko sugeriu, acertadamente, fechando as torneiras da banheira e indicando que Tadase já podia entrar. Enquanto ele sentava-se na água morna e agradável, relaxando os músculos aos poucos, o valete retirou todas as peças de roupa de Tadase em movimentos rápidos e precisos, e antes que ele pudesse sequer protestar ou sentir vergonha com o ato, ele já havia entrado na banheira também, usando somente uma cueca samba-canção azul.

Os dois ficaram sentados de frente um para o outro por alguns segundos, sem graça demais para dizerem qualquer coisa. O vapor da água quente estava expandindo-se por toda a peça, e embaçava a visão. A banheira não era exatamente feita para que duas pessoas entrassem ao mesmo tempo, então inevitavelmente as pernas deles roçavam-se por baixo da água, o que só deixava maior o desconforto de ambos.

— I-isso... é como quando éramos crianças, não é? – Tadase riu fracamente, com o rosto de Nagihiko vermelho até as orelhas.

— É sim... – Nagihiko sorriu nostalgicamente, relembrando aquela época remota, em que podia tomar banho completamente sem roupas, e ainda assim não sentir nenhum constrangimento – Nós cabíamos melhor nessa banheira naquela época… mas… mas... acho que agora é melhor... – ele sussurrou, com a voz doce de Tadase voltando aos seus ouvidos – B-bem... acho melhor começarmos logo, ou minha mãe pode vir até aqui reclamar da demora. Vire-se para que eu possa lavar os meus cabelos – ele disse, rindo da frase contraditória, e Tadase assim o fez.

Nagihiko colocou uma quantidade grande de shampoo na mão, e tendo que se erguer sob os joelhos para alcançar, começou a massagear o couro cabeludo como sempre fazia, formando bastante espuma, e tentando sustentar todo aquele cabelo nas mãos pequenas e sem costume de Tadase. Era um pouco estranho lava-los daquele ponto de vista, e olhando assim ele podia perceber a sua real quantidade de cabelo, que era mesmo espantosa para um garoto. Por um breve momento, a possibilidade de cortá-los se fez presente, mas foi severa e imediatamente vetada, tão logo surgiu em sua mente. Se fizesse isso, Tadase seria capaz de chorar pela perda do seu passatempo favorito, que era acariciar as madeixas dele por tanto tempo quanto pudesse, sem falar que o valete adorava ter os cabelos compridos, e os usava assim há tanto tempo que não seria mais capaz de ser ele mesmo se não fosse assim.

— Isso é bom... – Tadase disse, de olhos fechados, sentindo as suas mãos, com a habilidade que pertencia à Nagihiko, massageando a cabeça, de uma forma que era absolutamente agradável, ainda mais do que as massagens que ele recebia durante as tarefas do valete – Terá que me deixar fazer isso algum dia, quando voltarmos ao normal... – ele informou, imaginando o quanto deveria ser divertido lavar os cabelos de Nagihiko.

— Claro, como quiser – Nagihiko respondeu, embora seus pensamentos tenham tomado um rumo totalmente diferente do ingênuo Tadase. Se fosse o caso de deixá-lo lavar seus cabelos... eles teriam que tomar banho juntos... e se na situação atual isso já era perturbador, com eles na forma natural, seria absolutamente desconcertante, sem falar em embaraçoso... e potencialmente perigoso... Mas é claro que nenhuma dessas possibilidades passaria pela mente pura de Tadase. –... Eu vou enxaguar – ele informou, puxando o chuveirinho da banheira para tirar o sabão dos fios, e quando terminou, Tadase endireitou a cabeça, que estava desconfortavelmente inclinada para trás, para que Nagihiko pudesse alcançar.

— Isso foi ótimo, Fujisaki-kun... mas eu não sei como você aguenta esse cabelo. Está tão pesado agora...

— Você tem que torcer ele, para tirar o excesso de água, assim... – ele mostrou, e Tadase assentiu, atento em aprender todo o processo da lavagem das madeixas púrpuras do valete. – Agora eu vou passar o condicionador... – disse, passando um creme nas pontas, e então enxaguando novamente.

— Nossa... isso dá mesmo trabalho, não é? – Tadase parecia espantado, vendo a dedicação com que o valete cuidava da aparência.

— Sim... mas acaba valendo a pena – ele sorriu, da forma luminosa que Tadase sempre fazia – Mas... agora, deixe-me agora lavar suas costas, Majestade – Nagihiko sorriu, fazendo meia reverência ao ver seu próprio rosto formando um biquinho nada maduro, descontente com a brincadeira.

— Você sabe que não importa o que o Kiseki diga, eu nunca o veria como um servo ou qualquer coisa assim, não sabe, Fujisaki-kun? – Tadase resmungou, enquanto fazia o que ele dizia. Nagihiko pegou a esponja ensaboada e começou a esfregar as próprias costas com movimentos circulares, delicadamente, até por que com os braços de Tadase não havia qualquer possibilidade de fazer qualquer força a mais. Apenas dessa maneira ele pode realmente notar o quanto suas costas haviam ficado mais largas e mais bem definidas. Não pode evitar sentir uma ponta de orgulho por isso.

— Então... como você me vê, Majestade? – Nagihiko não resistiu em continuar com a brincadeira, embora aquele tom zombador parecesse deslocado na voz de Tadase.

— V-você já s-sabe... – Tadase diminuiu algumas oitavas, desviando o olhar para a espuma branca que o rodeava – Você é... é... minha Rainha – ele baixou tanto a voz que Nagihiko não seria capaz de ouvir, se não estivesse tão perto.

— Hotori-kun... – Nagihiko parou de esfregar as costas dele, surpreendido.

— Ah, eu sei, eu sei, me perdoe! – ele gritou, escondendo o rosto entre os joelhos, com os cabelos agora parcialmente molhados cobrindo-o como uma cortina – Isso deve ter te ofendido, eu sinto muito Fujisaki-kun, eu não deveria ter dito isso...

— Está tudo bem... – Nagihiko sorriu de uma forma adorável, levando a esponja nas mãos até a frente do corpo dele, em uma espécie de abraço – Deixe-me lavar aqui... – ele disse, se aproximando ainda mais para passar a esponja no seu tórax. Tinha que se esforçar um pouco mais para circundar o corpo que o pertencia, com aqueles braços frágeis do loiro. O outro arquejou, sentindo o toque gentil de Nagihiko ao limpá-lo. Ele aproximou os lábios do ouvido, afastando os cabelos longos para o lado, sussurrando – Eu fico feliz que pense assim de mim, meu Rei, você não imagina o quanto...

— F-fujis...saki-kun... – Tadase deixou escapar, em um meio gemido, enquanto Nagihiko terminava de ensaboá-lo. De olhos fechados, ele sentiu as mãos cálidas e macias percorrendo a sua pele ainda mais intensamente. Ele sabia que aquelas eram suas mãos... mas quem estava no controle delas era Nagihiko, e essa constatação ecoava pela mente de Tadase, sem parar. Não podia evitar aquelas sensações que se apoderavam do corpo que não o pertencia, e agradeceu sinceramente pela espuma branca que cobriam a parte inferior do corpo. Quando pensava que não iria mais aguentar, ao mesmo tempo em que uma parte desconhecida da sua mente implorava por mais daquele toque, sentiu o calor causado por Nagihiko afastar-se bruscamente, fazendo a água da banheira agitar-se.

—Melhor nós nos apressarmos – ele disse, sem conseguir disfarçar seu nervosismo. Puxou a esponja, esfregando-a duramente no braço mirrado do loiro, que agora era seu, a esmo. Tadase virou o rosto, e viu a si mesmo, descompensado, com o rosto vermelho, e os olhos carmim vacilantes e inseguros, esfregando o mesmo lugar a mais tempo do que precisava.

Então era essa a cara que ele fazia quando estava daquele jeito? Era tão vergonhosa! Ele teria que se lembrar de nunca mais na vida fazer aquele tipo de expressão na frente de Nagihiko! Mas agora... quando ele sabia que era o valete quem carregava esse semblante... parecia até mesmo... fofo...

— Fujisaki-kun... você está bem? – ele perguntou, preocupado, vendo Nagihiko lavar o corpo que usava com velocidade, sem nem sentir.

— Estou, claro que sim. Só acho que devemos ter mais cuidado. Minha mãe pode aparecer a qualquer momento. – ele disse apressadamente, preparando-se para sair da banheira.

— Espere. – ele impediu Nagihiko de se levantar, usando a força do outro a seu favor – Você se esqueceu de lavar aqui... – pegou a esponja que ele havia deixado flutuando na água, e repousou-a suavemente na linha do pescoço, deslizando até o peito, e depois voltando para cima. Nagihiko deixou escapar um arfar, arregalando os olhos escarlates em surpresa.

— Hotori-kun, pare com isso... – pediu, fracamente, sem nenhuma força de vontade.

— Não – ele replicou, teimoso como uma criança. Usando a altura a mais que possuía agora, ele engatinhou até chegar bem perto de Nagihiko, encurralando-o contra a beirada da banheira. Rapidamente, o valete recordou de um sonho distante, de muito tempo atrás, em que ele e Tadase se encontravam em uma situação parecida, naquela mesma banheira. A lembrança não ajudou muito no exercício de autocontrole, mas sentindo-se tão pequeno e vulnerável, ele não conseguiu se opor – Fujisaki-kun... – ele sussurrou, e Nagihiko se perguntou se possuía mesmo um tom de voz tão sedutor quanto o que ouvia agora – E-eu não me importo com o corpo que você esteja usando agora, ou com a sua mãe ali fora... – ele confessou, timidamente, enquanto deixava Nagihiko ainda mais preso, apoiando o braço do outro lado da banheira. A verdade era que, o vapor da água quente, somado às sensações indescritíveis causadas por Nagihiko, e a natural sensibilidade de Tadase, o deixaram completamente fora de si. Isso, aliado ao fato de ele estar em um corpo maior, mais desinibido e desenvolto, fizeram-no admitir algo que, em condições normais, ele teria guardado para si mesmo.

Nagihiko viu seu próprio rosto, suplicante e necessitado, aproximando-se lentamente, com os olhos cerrados. Fechou os olhos também, sentindo seu tórax roçar com o do maior, causando um arrepio que não se ajustava com o ambiente quente em que se encontravam. Estava quase se rendendo aos argumentos de Tadase, abandonando seus próprios princípios, quando ouviu uma batida brusca e forte na porta.

— Está tudo bem aí, Nagihiko? – a voz rígida da Sra. Fujisaki ressoou, acordando os dois garotos do seu estado de torpor particular.

Nagihiko fitou Tadase, aflito, incentivando-o a responder, e ele, sem conseguir mexer um único músculo, paralisado na mesma posição em que estavam antes, com o corpo do menor encurralado entre os dois braços, enfim conseguiu balbuciar alguma resposta, incoerente, mas que satisfez a mãe de Nagi. Assim que ouviram os passos dela se afastando da porta, Nagihiko empurrou Tadase parcamente, e ele quase não sentiu seu esforço, ainda assim colocando-se para trás.

O valete levantou-se velozmente, pulando para fora da banheira, e jogando água para todos os lados. Pegou a toalha mais próxima, circundando-a ao redor da cintura, e com outra, secou a parte superior do corpo e os cabelos loiros. Tirou a cueca molhada, por baixo da toalha, sem ligar para a interjeição de surpresa de Tadase, de dentro da banheira. Pegou a roupa de baixo limpa que havia separado anteriormente e colocou-a, também por baixo da toalha.

— V-você pode fazer o mesmo, e não haverá problema... – ele disse rapidamente, ainda abalado, e abriu a porta do banheiro, diretamente ligada ao quarto.

Tadase fez como ele sugerira, imitando a manobra de troca de roupa que Nagihiko usara, e ao adentrar o quarto, o encontrou já vestido, com uma roupa dele mesmo, que ficava enorme no corpo diminuto do Rei.

— Fujisaki-kun, e-eu não quis...

— Está tudo bem, Hotori-kun, de verdade – Nagihiko o interrompeu, sorrindo tranquilizadoramente. Tadase reconheceu aquele sorriso, mesmo ele estando na sua face agora. Era o sorriso que Nagihiko usava quando não queria que as pessoas soubessem o que se passava na sua mente – Apenas se vista com o que quiser daqui, e apresse-se, pois está quase na hora do jantar. Eu vou indo, antes que minha mãe retorne. Vocês vêm comigo? – ele indagou aos Charas, que assistiam à cena em silêncio. Temari e Rythm se aproximaram, voando ao seu redor – Se você disser a ela que tem prova, ela o deixará sozinho no quarto, sem incomodá-lo, então não haverá problemas. Até amanhã, Hotori-kun, e tome cuidado – ele disse novamente, erguendo a mão para afagar os seus cabelos molhados. Depois disso, saiu pela porta do quarto.

Ao passar por sua mãe, despediu-se dela, tomando o cuidado de ser lisonjeiro e educado como Tadase sempre fora, e saiu-se excepcionalmente bem em sua atuação. Ele observava Tadase há tanto tempo que agir como ele não era um grande desafio.

Andou pelo caminho conhecido, percebendo que o sol já se punha no horizonte. Havia se passado tantas horas assim? Ele realmente perdia a noção da passagem do tempo quando estava com Tadase.

— Ei, Nagi, aconteceu alguma coisa naquele banheiro? – Rythm indagou, preocupado, depois de muitos minutos andando em silêncio.

— Você e o Hotori-san brigaram? – Temari alarmou-se, aproximando-se do rosto dele para avaliar sua expressão.

— Não é isso... muito pelo contrário. – ele sentiu o suspirar fraco de Tadase, o que só deixou ainda mais perturbado. Resolveu contar logo o que o afligia para os Charas, já não aguentava mais se conter. – É que... Hotori-kun é tão... pequeno... e indefeso... – ele olhou para as mãozinhas, delicadas e incapazes de se levantar contra alguém, que agora se moviam sob a sua vontade, movendo os dedos para cima e para baixo – E eu, pelo contrário, sou grande, impulsivo... posso até me tornar violento em algumas situações... Dessa vez, vendo pelo ponto de vista do Hotori... eu percebi realmente o jeito como ele me enxerga, e de que maneira eu pareço quanto avanço contra ele... eu já fiz isso tantas vezes, sem nem perceber, mas... olha só para isso! – ele apontou para si mesmo, enquanto andava – E eu mal comecei a caminhar, e já estou me sentindo ofegante, com as pernas doloridas! Se precisasse fugir, não conseguiria ir muito longe! Ele é frágil, é vulnerável... É impossível ele conseguir me parar, se for o caso, seja por que não tem força, ou por que não quer me magoar... E eu posso... posso acabar machucando-o... Mesmo que não seja essa a intenção, eu perco completamente o foco quanto estou com ele, pode acontecer...

— Pare com isso, Nagi! – Temari o censurou, severamente – Isso não vai acontecer! Você tem que parar com essa mania de pensar sempre o pior! Você já machucou o Hotori-san alguma vez, por acaso?

— Não, mas eu...

— Então! Isso não vai acontecer! Ele gosta do que você faz com ele, do contrário, teria medo de ficar sozinho com você, não é verdade? – ela disse, sem pensar duas vezes, e Nagihiko sentiu as bochechas esquentando com a afirmação – E, além disso... você o ama! Quem ama não machuca, quem ama cuida! E você está sempre cuidando dele.

— A Temari-chan tem razão, Nagi! – Rythm se intrometeu, voando de costas, de frente para Nagihiko, enquanto ele ainda andava – Pare de se preocupar e aproveite o seu namoro! Eu dei uma lida naqueles mangás da Yuiki... – ele começou a falar, temeroso, e Nagihiko estremeceu, tanto de irritação quanto de medo pelo que estava por vir – Quando chegar a hora, você vai fazer o Tadase chorar, e não pode ficar hesitando desse jeito. Você é o seme, afinal. Se bem que... nas atuais circunstâncias... é capaz do Tadase te fazer chorar primeiro... Mas pelo que eu entendi, dói só no começo, depois que você se acostuma...

— Ah, cale a boca, seu pirralho!!! – Nagihiko gritou, agarrando Rythm com as duas mãos e o chacoalhando para todas as direções. A irritação pareceu desarticulada na voz de Tadase, assim como a violência física a que Nagihiko submetia o seu Chara, que gritava, pedindo ajuda.

— Parem vocês dois! – Temari, a voz da razão, se posicionou – Se vocês não pararem agora, eu serei obrigada a tomar decisões drásticas... – ela sibilou, com os olhos brilhando perigosamente, e mais do que imediatamente Nagihiko soltou Rythm, que voou para longe, onde era mais seguro.

Com Temari os vigilando constantemente no caminho, Nagihiko rapidamente chegou à residência dos Hotori. Seus pensamentos voavam indistintos, e ele tentava não se ater a nenhum deles agora. Era quase noite, nessa ocasião. Ele já ia apertar a campainha, quando lembrou que agora era o dono da casa, então abriu o portão diretamente, adentrando-o.

Hotosaki veio correndo o recepcionar, com uma alegria louca que dava a impressão de que Tadase passou eras sem vê-lo. Mas ele refreou assim que chegou próximo ao dono, com um semblante confuso. Cheirou os pés de Tadase, e então, o fitou com descrença. Pulando de pé, e se apoiando no corpo do loiro, ele ergueu a cabeça e deu uma generosa lambida no rosto dele, como sempre fazia com Nagihiko, quando ele vinha o visitar.

— Então você percebeu, hein, Hotosaki? – Nagihiko sussurrou, afagando atrás das orelhas do cachorro.

— Que garoto esperto! – Rythm bradou, animadamente, e o cão percebeu os dois Shugo Charas, tentando capturá-los com a boca. Rapidamente, Temari e Rythm começaram a brincar com ele, fazendo-o virar de barriga para cima para acarinhá-lo. Nagihiko deixou-os para trás, adentrando a casa. Tirou os sapatos na entrada e caminhou silenciosamente na trajetória do quarto de Tadase, espreitando para ver se alguém estava por perto.

— Ah, você finalmente chegou, Tadase, pensei que passaria a noite na casa do Fujisaki-kun – ele ouviu Tsukasa chamar as suas costas, e com o máximo de naturalidade possível, virou-se na direção dele. Pensou rapidamente no tipo de reação que Tadase teria ao ouvir isso. Ele ficaria vermelho e negaria... ou nem mesmo chegaria a entender a insinuação subjetiva que o tio fazia?

— Ah, etto... – Nagihiko forçou-se a olhar para Tsukasa, da maneira inocente e confusa que sabia que Tadase possuía, juntando as mãos nervosamente – E-eu queria, mas o Fujisaki-kun achou que n-não seria uma boa ideia... e a mãe dele também não pareceu muito favorável...

— Você pode ficar tranquilo, meu jovem, tenho certeza de que com o tempo, sua mãe vai acabar cedendo um pouco. – Tsukasa sorriu tranquilizador, apoiando a mão em cima da cabeça loira. Nagihiko arfou, surpreso. Ele tinha certeza de que sua atuação havia sido impecável!

— Como você...? – ele murmurou, sem acreditar.

— Acha que eu não seria capaz de diferenciar o meu adorável sobrinho de você, Fujisaki-kun? – Tsukasa riu, enquanto via Nagihiko no corpo do loiro, com um semblante inconformado – Fique tranquilo, a sua atuação como Tadase foi perfeita. Eu sou apenas perceptivo, só isso. Ninguém notará, se for o que vocês desejam.

— Então... eu vou indo... – Nagihiko franziu os olhos, imaginando como raios Tsukasa conseguia ficar sempre sabendo de tudo o que acontecia. Será que ele era algum tipo de bruxo, feiticeiro ou algo assim?

— Não quer jantar primeiro? – Tsukasa ofereceu, já andando para a sala de jantar – Deve estar com fome...

— Na verdade não. Eu comprei um crepe para o Hotori-kun quando estávamos no parque – Nagihiko comentou, ainda assim acompanhando Tsukasa.

— Ah, vocês estavam em um encontro! Eu não sabia... – Tsukasa exclamou, com um sorriso.

— E-encontro? – Nagihiko repetiu, aturdido. Como um filme rebobinando, as imagens do dia de hoje foram retornando à sua memória, uma a uma, e a constatação da verdade ressoou como um sino de igreja ao meio-dia. Realmente... olhando de uma perspectiva mais clara, aquilo havia sido mesmo como um encontro... Será que contava como um primeiro encontro? Ou a palavra “encontro” teria que ser empregada para que fosse oficial?

— Não se preocupe, Fujisaki-kun – Tsukasa riu do desespero infundado que podia ver nos olhos do sobrinho – Apenas aproveite o jantar. Nós conversaremos sobre a situação de vocês amanhã... – ele disse, ao mesmo tempo em que a mãe de Tadase chegava com o resto dos pratos, e o pai sentava-se na ponta da mesa baixa, sorrindo para ele.

Nagihiko jantou com os Hotori, mantendo as aparências de forma quase perfeita, mesmo que não soubesse exatamente como Tadase se comportava com a família. Ele só precisou responder algumas perguntas simples sobre seu dia, e depois de contar sobre toda a consulta de Hotosaki com o veterinário, escapando de qualquer outra pergunta que pudesse ser acusadora com respostas evasivas. Estava claro que os Hotori eram mais calorosos que os Fujisaki, e isso se devia em grande parte à personalidade expansiva de Hotori Yu. A Sra. Hotori era muito mais reservada, embora parecesse à Nagihiko um tanto histérica, metódica e preocupada demais. Em contraste com isso, estava Tsukasa, que parecia nunca se preocupar com nada, e apenas sorria, obviamente divertindo-se com a situação do seu estudante. O fato de ele ter descoberto a verdade tão rápido ainda deixava Nagihiko intrigado.

Depois de terminar de jantar, e agradecer pela comida, Nagihiko disse que estava com sono, e pediu licença. Seguiu seguramente pela varanda até chegar à porta do quarto de Tadase, e ao entrar, fechou-a e jogou-se no chão, soltando o ar.

— Você foi muito bem, Nagi! – Rythm festejou, assim que o dono chegou. Ele e Temari estavam o espiando o tempo todo, mas depois de se cansarem, refugiaram-se no quarto de Tadase, esperando por Nagihiko. – Mesmo que o Diretor tenha descoberto você bem rápido...

— Mas acho que agora ele deve poder nos ajudar, não é verdade? – Temari acrescentou, otimista.

— Espero que sim... – Nagihiko pronunciou, reprimindo um bocejo. Não era mentira quando ele disse que estava com sono. O corpo de Tadase era acostumado a dormir cedo, e já estava protestando depois daquele dia agitado que parecia não acabar nunca. – Vamos dormir. Precisamos estar bem amanhã, para resolver todo esse assunto.

Tomando o cuidado de não olhar nem tocar nada que não devesse, Nagihiko trocou a roupa que vestia por pijamas, e jogou-se na cama de Tadase, estranhando não ter que escovar os cabelos antes de dormir. Abraçou o travesseiro, encolhendo-se embaixo das cobertas, enquanto via seus Shugo Charas recolherem-se dentro dos ovos.

— Oyasuminasai, Nagi – Temari sussurrou suavemente, fechando-se em seu ovo lilás.

— Oyasumi! – Rythm bradou, desligando a luz do abajur antes de fazer o mesmo.

— Hai, oyasumi... – Nagihiko balbuciou, antes de fechar os olhos.

O travesseiro, o cobertor, aquele pijama... todo o quarto estava impregnado pelo aroma de Tadase, e Nagihiko não manteve-se alheio a esse detalhe. A presença dele se destacava por todos os lados, seja nas roupas alinhadamente dobradas no canto, seja nos livros e cadernos arrumados na prateleira, ou na capa de guardião pendurada na parede. Ele era tão organizado, responsável, cuidadoso... Nagihiko amava isso!

Aspirando mais uma vez o cheiro que tanto adorava, e sentindo seu nariz formigar de uma maneira engraçada, ele sorriu minimamente, aconchegando-se à cama macia. Sentia-se mais próximo da pessoa que mais amava no mundo inteiro, mesmo que isso não fizesse muito sentido, considerando que ele estava longe, e ao mesmo, perto até demais... Relaxou os músculos, deixando de lado a preocupação que o perseguiu durante todo o dia, e permitindo-se apreciar aquele pequeno momento de tranquilidade. Pelo menos alguma coisa agradável essa transformação inesperada trouxe, afinal.









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Notas finais do capítulo

Shiroyuki desu~
Só avisando que o próximo capítulo vai ser comigo também n_n Eu realmente me empolguei, e acabei escrevendo bem mais do que o esperado...
Espero pelos reviews, onegaai *u*
~chuu ♥



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