Yakusoku escrita por teffy-chan, Shiroyuki


Capítulo 26
Capítulo 26 - Seventh Heaven


Notas iniciais do capítulo

Seventh Heaven - Perfume
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O Festival Cultural de Seiyo terminou sem maiores confusões. No entanto, isso não significava que os problemas haviam terminado. Eles estavam apenas começando na verdade. Independente do que cada um sentia ou deixava de sentir, o fato é que a escola inteira assistiu à peça dos Guardiões, e consequentemente, também viram quando o Rei Tadase beijou a "Princesa", que era na verdade Nagihiko. Depois disso, estranhos boatos começaram a se espalhar rapidamente pelo colégio. De que Tadase e Nagihiko poderiam estar secretamente tendo um caso; Que Nadeshiko, a suposta irmã gêmea de Nagihiko, havia retornado da Europa e feito a peça, atuando como Branca de Neve, e que foi ela quem Tadase beijou; Que Tadase e Nadeshiko estavam vivendo um romance secreto; E ainda que havia se formado um complexo triângulo amoroso entre Tadase e os gêmeos Fujisaki. Um boato era mais ridículo do que o outro, porém, por mais absurdos que esses boatos fossem, certamente dariam muita dor de cabeça aos Guardiões envolvidos neles. E talvez aos Guardiões não envolvidos também...


– O que?! A Nadeshiko-sama??
– Sim, eu ouvi as meninas do quarto ano dizendo que ela voltou de viagem, e que foi ela quem atuou como a Princesa da peça!
– Mas não tinha sido o Nagihiko-sama quem fez a peça?
– Não, parece que eles trocaram de lugar no último instante
– Mas, se é assim, então ela e o Tadase-sama devem estar namorando! Mas espere, ela ainda está no Japão?
– Não sei... as meninas do quarto ano dizem que ela voltou só pra fazer a peça, e que logo depois partiu pra Europa de novo. Mas, as meninas do terceiro, dizem que ela continua aqui no Japão, só pra poder ficar perto do Tadase-sama!
– Ahh vamos perguntar ao Nagihiko-sama então, ele deve saber de alguma coisa, já que é irmão dela!
– Está brincando?! Eu não tenho coragem de falar com os Guardiões, eles são tão imponentes! E também, ouvi as garotas do sexto ano dizendo que a Nadeshiko-sama está escondida na casa do Tadase-sama agora, já que o namoro deles está sendo mantido em segredo, então talvez o Nagihiko-sama nem saiba de nada ainda!
– Ué... mas eu tinha certeza de que ouvi o pessoal do quinto ano dizendo que foi o Nagihiko-sama quem interpretou a Princesa! Até ouvi aquela cantora amiga deles, a Hoshina Utau, chamando pelo nome dele no fim da peça!
– Será? Mas então quer dizer que o Tadase-sama beijou um garoto só por causa de uma peça?!
– Talvez eles já tenham feito isso antes... o pessoal do sexto ano estava dizendo que aqueles dois têm um caso!
– O que?! Mas não pode ser, os dois são garotos!
– Pois é menina, é um escândalo! Mas só pode ser verdade, afinal, eles se beijaram durante a peça, e até dançaram juntos durante a dança folclórica no fim do Festival! Dizem até que os dois estão até planejando fugir juntos, com medo que descubram sobre o romance deles!
– Mas e a Nadeshiko-sama??
– Parece que ela está envolvida também! Dizem que os três estão vivendo um triângulo amoroso, e agora os gêmeos Fujisaki estão em pé de guerra pra ver quem ganha o coração do Tadase-sama!
– Dois irmãos lutando pelo amor da mesma pessoa... kyaaa que romântico!
– Romântico? Só se for tema de novela mexincana né?! Isso é um absurdo, o Nagihiko-sama é um garoto! Francamente, não sabia que alguém como o Nagihiko-sama, que é um Guardião, poderia ser tão pervertido... ele devia deixar o Tadase-sama pra irmã e parar com essa maluquice de querer ficar com um rapaz!
– Ai, sério? Pois eu acho que o Tadase-sama combina muito mais com o Nagihiko-sama! Ai, estou torcendo para aqueles dois, tomara que eles consigam ficar juntos!
– Mas é sério mesmo que o Nagihiko-sama e a Nadeshiko-sama estão brigando entre si pra ver quem fica com o Tadase-sama? Isso é uma loucura, eu não acredito!
– Pois não acredite mesmo! - um garoto que passava pelo pátio da escola e ouvia a conversa das meninas intrometeu-se - Tudo isso é um monte de mentiras, como vocês podem ficar acreditando em qualquer coisinha que dizem por aí?!
– S-Souma Kukai-sama?! - uma das meninas exclamou assustada - D-Desculpe! É que... nós ouvimos tantas versões diferentes sobre quem realmente atuou como a Princesa da peça que ficamos curiosas... ah, sim! Você também estava na peça, não é? Por favor, nos diga, Kukai-sama, quem era a Princesa afinal? O Nagihiko-sama ou a Nadeshiko-sama?
– I-Isso... err... i-isso não é da conta de vocês! - Kukai exclamou, um tanto atrapalhado - Vocês deveriam ter vergonha de ficar comentando sobre a vida dos outros por aí! Agora escutem aqui: Lembrem-se de que eu também já fui um Guardião, e acho isso que vocês estão fazendo é intolerável! Deviam ter vergonha de fofocar assim sobre a vida dos outros! Vão cuidar da vida de vocês e deixem a dos outros em paz! Não quero ouvir fofocas sobre esses boatos absurdos de novo, entenderam?!
– H-Hai! Por favor, nos perdoe, Kukai-sama! - as garotas gritaram ao mesmo tempo, saindo correndo amedrontadas em seguida, e deixando o Ex-Valete ainda mais preocupado
– É... as coisas estão piores do que eu pensei.


Depois que as garotas se afastaram, Kukai continuou seu caminho em direção ao Royal Garden, preocupado demais com um boato que nem era sobre ele. E no entanto, curiosamente, nenhum dos Guardiões envolvidos nesses rumores estava preocupado com as fofocas da escola neste momento, não tinham nem sequer ouvido falar sobre isso na verdade, já que ninguém tinha coragem de perguntar diretamente à eles. Nagihiko ainda estava preocupado com o beijo que aconteceu durante a peça, e não sabia mais como se portar diante de Tadase. Ainda que eles tenham realizado juntos a dança folclórica no fim do Festival, eles ainda não haviam conversado sobre o incidente do beijo, e Nagihiko não sabia o que fazer. Não fazia sentido ele pedir desculpas, já que foi Tadase quem o beijou. Mas ainda assim, não podia deixar de se sentir culpado, já que ansiava tanto em poder tocar os lábios do Rei outra vez.


Tadase então, estava mais perdido do que nunca. Havia enfim percebeido que possuía sentimentos pelo Valete. Enfim descobriu que gostava dele, não como um amigo ou um irmão, como ele imaginava, mas sim que o amava. Estava apaixonado por Nagihiko, e sentia-se surpeendentemente bem com isso. Este simples fato explicava tudo, todas as dúvidas, temores, ansiedades e vontades estranhas que andava sentindo há sabe-se lá quanto tempo. Como não percebera uma coisa tão simples como essa antes? Bem, isso realmente não importava agora. O importante era decidir o que fazer a partir de agora. É claro que Tadase conhecia a teoria. Teoricamente, quando uma pessoa se apaixona, o próximo passo é se declarar. O problema era colocar essa teoria em prática. Como Tadase poderia se declarar para alguém que conhece há tantos anos, que sempre foi seu melhor amigo... e que era um garoto ainda por cima! Sempre que pensava nisso, o medo da rejeição e da possibilidade de Nagihiko se afastar aumentavam dolorosamente, a ponto de deixá-lo com os olhos marejados de lágrimas, e o Rei tinha que fazer um tremendo esforço pra se recompor. Decidiu por fim não pensar nisso agora. Ele não precisava se declarar hoje correndo mesmo, podia esperar mais alguns dias pra fazer isso, assim teria mais tempo para se preparar e pensar com calma no melhor modo de fazê-lo. No entanto, o acontecimento na peça dos Guardiões também preocupava o pequeno loiro. Podia até adiar a declaração, mas sabia que precisava conversar direito com Nagihiko sobre isso, só não sabia como fazê-lo.


Todas essas preocupações e indagações sem resposta vieram à tona mais rápido do que se imaginava, quando Kukai realizou mais uma de suas costumeiras visitas ao Royal Garden durante a reunião dos Guardiões.


– Yoo! Como vão meus atores favoritos? - Kukai cumprimentou, sorridente como de costume
– Eu estou ótima, obrigada. Só não sei se posso dizer o mesmo de outras certas pessoas - Rima respondeu, olhando discretamente para Tadase e Nagihiko, que mal haviam trocado um "bom dia" hoje, enquanto bebericava seu costumeiro chá da tarde - E você, como vai, Valete vagal?
– Urgh.... estava melhor antes de você me chamar de Valete vagal - Kukai respondeu com uma gota na cabeça
– Kukai!! Não liga pra Rima-tan não, parece que ela tomou um chá azedo no café da manhã e tá com gosto ruim na boca o dia todo! - Yaya exclamou escandalosa, agarrando-se ao braço do ruivo - Nee Kukai, o que veio fazer aqui hoje? Você não tinha dito que tinha teste essa semana e que precisava estudar?!
– P-Pois é, eu tenho mesmo... - Kukai riu sem graça, coçando a cabeça - Mas tem um assunto mais urgente que eu precisava resolver. Fujisaki! Posso dar uma palavrinha com você?
– Claro... sem problemas - Nagihiko largou os relatórios que estava lendo sobre a mesa e foi até onde Kukai estava, levemente curioso. Kukai passou um braço ao redor do pescoço dele, guiando-o para um canto mais afastado, e Tadase sentiu seu coração dar uma desconfortável cambalhota ao observar aquela cena. Já havia sentido aquilo antes, e tinha suas suspeitas, mas agora tinha certeza absoluta de que era ciúme. Parece que a recente descoberta sobre estar apaixonado pelo Valete aumentou ainda mais seu desejo de ter Nagihiko só para si, como se o garoto não pudesse mais olhar ou falar com mais ninguém além dele - E então? Qual o motivo tão urgente que fez com que meu senpai largasse seus estudos para o teste só pra ter o trabalho de vir até aqui falar comigo? - Nagihiko indagou
– Bom, Fujisaki... já vou avisando que... o assunto é sério, muito sério mesmo. Tão sério que até eu consigo perceber a gravidade da situação - Kukai falou, colocando a mão sobre o queixo, com uma expressão que sugeria pensamento profundo, mas que também podia significar dor de barriga ou algo do gênero - Você... já ouviu sobre os boatos, estou certo?
– Que boatos?
– Como "que boatos"? Os boatos sobre a peça, é claro! - Kukai exclamou, mal acreditando que Nagi não sabia de nada - Francamente, até eu ouvi sobre eles, como pode não saber sobre os boatos que andam correndo na sua própria escola, homem?! - ele deu um tapa nas costas do mais novo, com mais força do que o necessário
– Desculpe se não fico prestando atenção à cada boato sem sentido que corre em Seiyo... isso era tarefa da Nadeshiko, já que as meninas se ligam mais nas fofocas do que os meninos afinal - ele massageou as costas no lugar onde Kukai acertou o tapa - Mas como você pode saber de um boato que está correndo nessa escola se você nem sequer estuda mais aqui?! E que raio de boato é esse afinal??
– Porque os boatos chegaram até a minha escola também! - Kukai contou exasperado - E quanto ao boato em si... bem, existem várias versões dele... mas, resumindo, estão dizendo que você está tendo um caso com o Tadase.


Nagihiko quase vomitou o próprio coração, tamanho foi o ataque de tosse que ele teve, ao mesmo tempo em que seu músculo cardíaco agitava-se desconfortavelmente.


– O que... c-como... quando... p-po-por que estão dizendo uma coisa dessas???
– Ora, você sabe, porque o Tadase te... ele te be.... te b-beij... err... b-bom, por causa daquilo que aconteceu no fim da peça! - Kukai exclamou por fim, extremamente embaraçado, e Nagihiko concluiu que ele devia estar falando sobre o beijo - Você sabe, a escola inteira viu aquilo... e eu não era o único aluno da minha escola que assistiu a peça, haviam outros visitantes do meu colégio assistindo também, sabe, isso sem falar dos visitantes de outras escolas... enfim, desde aquela peça que esses boatos começaram a correr. Mas existem outras versões dele, outras bem mais preocupantes. Dizem também que não foi você quem atuou, e sim a "sua irmã". Dizem que a Fujisaki Nadeshiko voltou da Europa, e que foi ela quem fez o papel de Princesa da peça e, que consequentemente, foi ela quem o Tadase beijou, e não você. Dizem também que ela e o Tadase estão namorando secretamente. E há ainda quem diga que vocês três... com "três" eu quero dizer, você, Fujisaki Nagihiko, a "sua irmã" Fujisaki Nadeshiko, e o Tadase, estão vivendo um triângulo amoroso. Fora outros boatos que devem andar rolando por aí dos quais eu não sei ainda... enfim, existe todo o tipo de rumores estranhos correndo por aí, envolvendo não só você e o Tadase, mas a Nadeshiko também! Então, eu achei que deveria vir aqui te avisar... afinal, isso pode comprometer seu segredo, não é?
– Pode comprometer mais de um segredo meu... não apenas o segredo sobre a Nadeshiko, mas também sobre o Hotori-kun - Nagihiko murmurou em resposta. Estava branco feito uma folha de papel e suava muito, qualquer um que o visse agora juraria que ele estava seriamente doente. Bom, de certa forma era verdade, ele estava doente de preocupação. Estava tão preocupado com o que aconteceu entre ele e Tadase que se esquecera completamente da multidão que tinha assistido a peça, e que certamente comentaria sobre o ocorrido. Não que ele se importasse muito com a própria reputação, mas isso envolvia Tadase também, e a última coisa que iria querer era que o Rei ficasse mal falado por culpa dele. E ainda por cima, haviam os boatos envolvendo Nadeshiko. "Ela" não havia voltado da Europa, e se dependesse de Nagihiko, nem iria voltar. Mas do jeito que as coisas estavam, a ponto dos rumores terem chegado na escola de Kukai, não demoraria nada para as pessoas começarem a lhe perguntar sobre ela. Nagihiko poderia até negar a história, dizendo que "sua irmã não voltara de viagem", mas daí estaria automaticamente confirmando o fato de que foi beijado por Tadase, consequentemente prejudicando a reputação do Rei. Estava realmente em um beco sem saída dessa vez, e não via nenhuma luz no fim do túnel
– Etto... Fujisaki? Você está bem, cara?! Ei, tem alguém aí?? Alôôôô! - Kukai gritou no ouvido dele, sacudindo a mão na frente do rosto do mais jovem, visto que ele não respondia
– Estou... estou bem... bem preocupado na verdade, mas... enfim, obrigado por ter me avisado, Souma-kun. Se alguém viesse me perguntar sobre esses boatos sem eu saber de nada, estaria perdido... agora ao menos tenho tempo pra pensar em alguma forma de desmentir isso tudo - Nagihiko respondeu, ainda mal conseguindo falar de tanta preocupação que sentia. "Uma forma de desmentir" não era bem o termo certo, ele precisaria era inventar uma nova mentira que explicasse toda essa situação. Sim, mais uma mentira pra sua coleção que só fazia crescer.. que maravilha, era tudo o que ele precisava
– Sem problemas, amigo é pra essas coisas! - Kukai voltou a sorrir, vendo que Nagi havia recuperado a fala - Mas... você não acha melhor discutir essa história com o Tadase? Quero dizer, os boatos envolvem ele também afinal...
– Não!!! - Nagihiko gritou antes que pudesse se conter - Q-Quero dizer... por favor, não conte nada pra ele, Souma-kun... e-eu nem conversei com ele ainda sobre o que aconteceu no final da peça... se o Hotori-kun ouvir falar desses boatos, ele pode se ofender, ou ficar com raiva de mim, eu nem sei o que ele poderia fazer... eu não suportaria uma coisa dessas...
– Tá... se você insiste tanto, eu não falo nada - Kukai concordou, ainda que à contragosto - Mas, se for assim, então seria melhor você pensar em uma solução rápido, porque esse boato está correndo por toda parte, nós não somos os únicos que o conhece, sabe? O Tadase pode muito bem ouvir isso de outra pessoa
– Eu sei disso... vou pensar em alguma coisa, obrigado.


Nagihiko forçou um sorriso, indicando gratidão, que era completamente miserável se comparado ao largo sorriso que Kukai exibia, e os dois voltaram para mesa onde os demais Guardiões estavam reunidos.


– E aí, como andam as coisas com meus kouhais preferidos, hein? Alguma novidade? Muito trabalho, muito chá por aqui? - Kukai indagou sorridente ao se aproximar o suficiente para ser ouvido
– Trabalho demais e chá de menos, isso sim! A Rima-tan sempre acaba com tudo! - Yaya reclamou - É nessas horas que sinto falta dos bolinhos da Naddy, viu...
– É, os bolinhos dela eram deliciosos mesmo - Kukai concordou, sem pensar muito no assunto. Nagihiko sentou-se em uma cadeira vazia, um tanto incomodado com o rumo da conversa, e quando Kukai percebeu isso, acrescentou - M-Mas sempre podemos comprar bolinhos na loja de conveniência, ou pedir alguns pro clube de culinária né, aposto que as meninas de lá não se importariam de ceder alguma comida aos Guardiões! Sem falar que ao menos ainda temos o chá! - Kukai serviu-se de uma xícara antes que Rima esvaziasse sozinha mais um bule de chá, e ia se sentar ao lado de Nagi quando, surgindo aparentemente das sombras, Tadase sentou-se entre eles, ocupando a cadeira em que Kukai ia se sentar
– Eu... t-também quero chá - Tadase disse simplesmente, parecendo estranhamente irritado, pegando o bule de chá próximo à cadeira na qual ele se sentara, como se isso fosse uma ótima desculpa pra ele roubar o lugar do amigo
– Tá... por mim tudo bem - Kukai se afastou, um tanto confuso, e sentou ao lado de Yaya
– Então... do que você e o Nagi tanto falavam lá às escondidas, hein Kukai?? - Yaya indagou, dando um cutucão em suas costelas com o cotovelo
– Não posso te contar, Yaya, é assunto de homem - Kukai respondeu o mais sério que pôde. Tadase perguntou-se se seria uma boa idéia ele perguntar sobre isso mais tarde, já que essa desculpa não funcionaria para esconder o assunto dele
– Ehhh?! Que é isso, vai esconder as coisas de mim agora, é Souma Kukai?! Vai ficar de segredinho logo com a Yaya, é?? - a Às gritou, entre ofendida e enciumada. Tadase torceu interiormente para que a garota conseguisse forçar Kukai a responder a pergunta
– Não é bem um segredo, é só... c-como eu disse, é coisa de garotos, então...
– Na verdade, eu estava dizendo ao Souma-kun - Nagihiko intrometeu-se ao notar a atrapalhação do amigo - Que eu queria aproveitar que, já que ele está aqui, é melhor eu entregar isso logo à vocês
– Eh? Entregar o que? Você tem um presente pra gente, Nagi?? - Yaya exclamou eufórica, esquecendo-se completamente da cena de ciúmes que estava prestes a protagonizar
– Mais ou menos - Nagi forçou um sorriso e levantou-se para pegar uma coisa dentro da mochila.


Retirou dela oito envelopes lilases endereçados aos atuais e antigos Guardiões, e seus amigos mais próximos com letras desenhadas em floreio no tom de prata. A verdade era que seu aniversário estava próximo, ainda que ele mesmo não tivesse sequer notado esse fato devido às muitas tarefas e confusões que acumulara durante o Festival Cultural. Lembrou-se disso apenas quando sua mãe lhe sugeriu fazer uma festa para comemorar, e o mandou convidar seus amigos com antescedência, para que não marcassem nenhum outro compromisso nessa data.
Ele fechou a mochila, segurando os envelopes juntos como se fossem um leque e, forçando um sorriso, disse:


– Bem... não sei se todos aqui já sabem, mas eu aniversário está perto. Minha mãe sugeriu fazer uma festá lá em casa, então eu queria convidar vocês
– Ah, é verdade! É logo no início de julho, certo? Cara, andei tão ocupado com o Festival, e aquela coisa toda, que nem lembrava mais, foi mal - Kukai exclamou surpreso. Era verdade que ele ajudou bastante no Festival, ainda que ele mesmo não estudasse mais em Seiyo
– Na verdade eu mesmo tinha me esquecido, levei um susto quando minha mãe tocou no assunto - Nagi admitiu sem graça
– Kyaaaa o aniversário do Nagi está perto?! Que legaaaal!! Yaya vai com certeza, não perderia isso por nada, sabe que eu adoro festas!! - a ruiva exclamou com empolgação excessiva, agarrando o envelope com o convite que o garoto estendia para ela
– Aniversário, é...? Obrigada, irei sim - Rima disse simplesmente, pegando seu convite, e bebedo outro gole de chá em seguida
– Eu... estou convidado também? - Kukai apontou para si mesmo, meio hesitante
– É claro, Souma-kun! Por isso estou entregando os convites agora, pra aproveitar que você está aqui - Nagihiko respondeu, rindo da pergunta do amigo
– Legal! Valeu Fujisaki, pode deixar que não perco essa por nada! - Kukai bradou animado, pegando seu convite
– Obrigada Nagihiko, eu irei também, com certeza - Amu pegou seu convite sorrindo, coisa que não fazia há semanas - Ah, mas se é seu aniversário... significa que também é aniversário da Nadeshiko né?
– S-Sim... somos gêmeos afinal - Nagihiko confirmou um tanto incomdoado. Não esperava que algum deles chegasse à essa conclusão
– É uma pena que ela não esteja aqui pra gente comemorar com ela... acha que tem alguma chance de ela voltar pra festa de aniversário? - Amu perguntou
– A-Acho meio difícil, Amu-chan... minha irmã anda bem ocupada com o treino de dança - o Valete respondeu, pensando em algum modo de mudar o rumo da conversa - B-Bem, eu... pensei em chamar a Utau e o Ikuto também, mas não faço idéia de onde encontrá-los. Alguém sabe?
– A Yaya sabe! Pode deixar que a Yaya entrega o convite pra Utau-chan, Nagi! - a ruiva arrancou o convite de Utau das mãos do amigo - Yaya sabe onde ela mora, pode deixar que eu entrego pra ela!
– Certo... já que é assim, pode entregar o convite do Ikuto pra ela também? Assim a Utau repassa pra ele
– Claro, sem problemas! Deixe tudo com a Yaya! - a Às bradou alegremente, ainda que não inspirasse confiança nenhuma. Isso sem falar que o Valete ainda tinha lá suas dúvidas sobre se devia ou não convidar Utau e Ikuto, já que ambos eram grandes criadores de confusões e problemas, mas como os dois o ajudaram durante a peça, então Nagi concluiu que deveria ao menos convidá-los por educação. Sendo assim, Nagihiko entregou o convite de Ikuto para a Às, visto que não havia nenhuma outra opção
– Ok então... deixo isso com você, Yaya-chan, obrigado - Nagi falou, tentando ignorar suas dúvidas sobre se devia ou não confiar na Guardiã mais nova - E... eu queria chamar o Sanjou-kun também, mas... também não sei aonde ele mora...
– Ah, eu sei! Q-Quero dizer... e-eu sei onde encontrá-lo, então... err... s-se quiser, eu entrego pra ele, Nagihiko - Amu falou timidamente, tentando não deixar transparecer a repentina intimidade que tinha adquirido com o Ex-Valete, sem muito sucesso
– Certo. Deixarei isso com com você então, obrigado, Amu-chan - Nagi entregou o convite de Kairi para a Coringa. Em seguida, reparou que havia sobrado um convite. Lógico que ele queria convidar Tadase, mas sinceramente, tinha lá suas dúvidas sobre se o garoto aceitaria depois do que aconteceu na peça. Ainda assim, não podia deixar pelo menos tentar convidá-lo - Etto... v-você ainda não pegou o seu, Hotori-kun - ele estendeu o último convite para Tadase, um tanto hesitante, e evitando encará-lo nos olhos. Estava morrendo de medo do garoto recusar, ainda que imaginasse que isso fosse pouco provável, afinal, Tadase era educado demais para recusar um convite na frente de tanta gente desse jeito
– E-Eu... posso mesmo ir? - Tadase apontou para si mesmo, inseguro. Achou que Nagihiko estaria aborrecido ou constrangido em relação à ele por causa do que aconteceu na peça, e por um momento fugaz, temeu seriamente a possibilidade de não ser convidado
– Quê?! C-Claro que pode, eu estou te convidando, não é? - Nagi respondeu, sem entender o motivo da pergunta do loiro. Em seguida, Tadase teve a reação que Nagihiko menos esperava: Seu rosto se iluminou em um maravilhoso sorriso, destacando ainda mais a pureza e inocência que pareciam tranbordar do jovem Rei. Quem fosse mais atento também notaria um fundo colorido e brilhante com luzinhas piscando atrás dele
– Arigatou Fujisaki-kun! Não perderia isso por nada! Sério, muito obrigado! - Tadase exclamou radiante, chegando a se levantar da cadeira de tanta emoção, segurando o convite que o mais alto lhe estendia. Sentiu sua pele entrar em curto circuito quando seus dedos se encostaram na hora em que foi pegar o convite, como se uma onda de choque elétrico se espalhasse por todo seu corpo a partir do ponto em que tocou na mão de Nagihiko
– D-De nada... n-não é pra tanto, é só um aniversário, sabe... - Nagihiko desviou os olhos dele sem graça, sem compreender o porquê de tamanha alegria do Rei
– Não é "só um aniversário", é o seu aniversário! - Tadase exclamou eufórico. Em seguida, percebeu, tarde demais, que estava mais empolgado do que devia com isso, e acrescentou - I-Isto é... é a primeira vez que vou comemorar o aniversário do Fujisaki-kun, então... estou feliz com isso.


Nagihiko enfim compreendeu o motivo da animação do Rei (ou pelo menos assim ele pensava). Tadase já havia comemorado outros aniversários com ele antes, só que, naquela época, ele ainda era Nadeshiko. Essa era, de fato, a primeira vez de que se lembrava que ia comemorar seu aniversário como um rapaz, no qual teria uma festa com uma decoração apropriada para um garoto, e que ganharia presentes masculinos, e não vestidos e bonecas, como costumava acontecer quando era Nadeshiko.


– Ah, é verdade... o Nagihiko passou a infância vivendo fora do país né? - Amu intrometeu-se
– Sim, sim, também será a primeira vez que vou comemorar um aniversário dele! - Kukai concordou, lembrando-se também desse fato. Assim como Tadase, também já havia comemorado outros aniversários do amigo na época em que ambos eram Guardiões, no entanto, naquela época, ele ainda era a Rainha Fujisaki Nadeshiko
– Kyaaaa isso é outro motivo pra comemorar! Essa será uma festa inesquecível, Nagi! - Yaya bradou, quase tão animada quanto Tadase, que enfim conseguiu disfarçar seu excesso de empolgação, e forçou-se a voltar ao trabalho.


Depois disso, o tempo passou depressa e, ao final da reunião, os seis seguiram juntos até o portão da escola, separando-se ali: O pai de Rima foi buscá-la de carro, e a garota resolveu dar uma carona para Amu, já que ambas foram discutindo sobre qual roupa usar na festa durante o caminho; Yaya seguiu na direção contrária à de costume, dizendo que queria aproveitar para entregar logo os convites de Utau e Ikuto, e Kukai à acompanhou, perguntando sobre qual seria o melhor presente para se comprar; e Tadase deixou-se ficar para trás de propósito. Queria resolver logo o assunto sobre o beijo acidental ocorrido durante a peça, para poder ao menos voltar a conversar normalmente com Nagihiko, mas, agora que os dois estavam sozinhos, parecia cada vez mais difícil falar com ele. Quanto mais perto ficava de Nagihiko, mais nervoso e inseguro Tadase se sentia e, no entanto, mais vontade tinha de ficar ainda mais perto dele. De sentir seu cheiro adocicado, sentir seu toque quente suave, de segurar sua mão, sentir sua pele macia contra a sua própria... e, se possível, tocar aqueles lábios doces e aveludados com os seus próprios mais uma vez. Se ele pudesse... se pudesse beijar Nagihiko mais uma vez... se pudesse tocar na pessoa que ele enfim percebera que amava apenas uma vez mais, sentia como se nada mais importasse, e aceitaria de bom grado desaparecer ali mesmo. Sim... se apenas mais esse desejo egoísta pudesse ser concedido, sentia-se como se estivesse indo em direção ao paraíso... seria um verdadeiro milagre se pudesse beijar Nagihiko de novo. Esse pensamento fez o Rei corar furiosamente, quase sentindo como se uma fumacinha saísse de suas orelhas, como uma chaleira em ebulição, e seu coração disparou ao ouvir o Valete chamar seu nome:


– Hotori-kun? - Nagihiko chamou hesitante, pela terceira vez, visto que Tadase não lhe respondia - Você está bem? Está passando mal? - ele colocou a mão na testa do menor, sentindo sua temperatura, que subiu drasticamente devido à mistura de surpresa e embaraço que invadiu o loiro ao sentir o toque do Valete contra sua pele
– E-E-Eu estou b-bem... e-estou ótimo, não se preocupe, Fujisaki-kun! - Tadase apressou-se a responder, embora estivesse irremediavelmente corado
– Mesmo? Você está vermelho, e suando tanto... tem certeza de que está bem?
– S-Sim, estou ótimo! Eu só... err... e-estou um pouco cansado... v-você sabe, por causa das atividades do Festival - Tadase soltou a primeira desculpa que lhe veio à mente para justificar seu estado deplorável
– Ah, certo... o Festival - Nagihiko afastou a mão da testa dele, lembrando-se automaticamente de quando Tadase o beijou durante a peça. Tadase sentiu sua testa esfriar misteriosamente quando Nagihiko interrompeu o toque - Bem, então... e-eu acho que vou andando... até aman...
– Espere Fujisaki-kun! - Tadase agarrou a mão dele antes que pudesse se conter. Nagihiko ofegou surpreso, olhando diretamente para a pequenina mão que apertava tremulamente a sua. Deduzindo que o Valete poderia se incomodar com isso, Tadase a soltou - E-Eu quero dizer... bom... eu acho... q-que precisamos conversar. Você... p-pode me acompanhar por um instante?
– Claro... tudo bem - Nagihiko acabou concordando, e seguiu com Tadase para fora da escola.


Na verdade achava que deveria ficar o mais afastado possível do Rei, já que ambos estavam vivendo um momento de pura tensão agora, isso sem falar que, se passasse muito tempo andando sozinho com Tadase, isso poderia piorar ainda mais os boatos, mas também estava curioso para saber o que o loiro queria falar com ele, ainda que fizesse uma vaga idéia sobre do que se tratava o assunto.
Acabaram indo até o Estúdio de Dança da Família Fujisaki, agora vazio devido á ausência de Nadeshiko, visto que precisavam de privacidade para tratar de um assunto tão delicado, sem falar que seria ruim se alguém interrompesse ou escutasse a conversa. Nagihiko não gostou muito da escolha, visto que aquele lugar lhe trazia recordações tremendamente constrangedoras. Foi naquele lugar que Tadase o "atacou" no dia em que, para fugir de uma tempestade, os dois se abrigaram ali, e foram forçados a trocar seus uniformes encharcados por roupas femininas, fazendo com que Nagihiko voltasse a ser Nadeshiko por um breve momento, no qual despertou estranhos desejos em Tadase, fazendo com que ele praticamente abusasse da falsa garota.


– Então... o que você queria falar? - Nagihiko perguntou, um tanto desconfortável, querendo sair daquele lugar o mais depressa possível
– E-E-Eu acho que... q-que precisamos... c-co-conversar sobre a peça... v-você sabe, sobre o que... a-a-ac-aconteceu no f-final dela - Tadase gaguejou, um tanto desajeitado, tentando ser o mais coerente possível - E-Eu acho que... q-que te devo desculpas por aquilo. V-Você sabe, mesmo você tendo substituído a Hinamori-san como Princesa, eu não deveria ter... f-f-fe-feito o que eu fiz... err... isto é... e-eu deveria ter apenas ter... b-b-be-beijado seu rosto, e não... err... v-você sabe. Então... bem... e-eu não gostaria de modo algum que aquilo atrapalhasse nossa amizade, então... bom... e-eu realmente sinto muito por aquilo - Tadase inclinou a cabeça e toda a parte superior de seu corpo em uma longa reverência, demonstrando um arrependimento que não sentia de verdade. Sinceramente, ele não se sentia nem um pouco arrependido de ter feito o que fez, e o beijaria de novo se possível, mas não queria arriscar o relacionamento que já tinha construído com Nagihiko por tantos anos, perdendo também sua amizade. Ele não fazia a menor idéia de como Nagihiko se sentia em relação àquilo, mas o fato era que Tadase havia lhe roubado um beijo, então acreditava que lhe devia ao menos um pedido de desculpas.


Nagihiko o encarou por vários segundos, os olhos arregalados em choque e a boca entreaberta, completamente pasmo. Ele passara o tempo todo depois da peça pensando em como resolver aquela questão, mas jamais sequer cogitou a hipótese de que Tadase pudesse estar se sentindo culpado por causa disso, muito menos que viesse lhe pedir desculpas. Bem, isso surpreendentemente facilitava bastante as coisas para o lado dele.


– Levante a cabeça, Hotori-kun - ele disse por fim, segurando o rosto do garoto com as duas mãos, fazendo com que ele se levantasse. Tadase sentiu suas bochechas esquentarem ao sentir mais uma vez o toque do Valete em seu rosto - Está tudo bem. Eu não... n-não fiquei ofendido nem nada, então... não se preocupe com aquilo. Afinal, essa não é... não é a primeira vez que nos... n-nos beijamos, não é? - Nagihiko soltou o rosto dele, desviando o olhar, embaraçado
– Verdade? Você não está... magoado, ou... zangado comigo, nem nada assim? - Tadase indagou, mal ousando acreditar que tudo estava correndo tão bem
– Como eu poderia me zangar com você? É verdade sim, eu não fiquei com raiva nem nada do tipo - Nagihiko confirmou, deixando escapar um sorriso sem graça - Eu só... fiquei surpreso, é claro, e meio constrangido também. Mas não estou ofedindo, ou irritado com você, de forma alguma. Mas Hotori-kun... tem uma coisa que você precisa saber: Hoje, quando o Souma-kun veio nos visitar mais cedo... ele me contou que têm boatos estranhos correndo sobre nós por causa daquela peça. Você sabe, fizemos aquilo na frente de uma porção de gente, várias pessoas viram o que aconteceu, então... ele me contou que os boatos chegaram até a escola dele. Que as pessoas estão falando... bem... falando coisas estranhas sobre nós... e também há rumores envolvendo a Nadeshiko. Tem gente dizendo que ela voltou da Europa, e que foi ela quem interpretou a Princesa da peça, e não eu. E também... e-estão dizendo que você a Nadeshiko têm... u-um outro tipo de relacionamento que vai além de amizade, sabe? Então... b-bem, esses boatos podem nos causar problemas, entende?
– Ahh não, se é assim, então seu segredo pode estar ameaçado! - Tadase exclamou, levando as mãos à boca em sinal de preocupação, aparentemente sem compreender por completo o que Nagihiko queria dizer com ele e Nadeshiko terem "um relacionamento que ia além de amizade". Interiormente, Tadase também se sentiu extremamente aliviado e feliz em finalmente saber do que se tratava o misterioso assunto do qual Nagihiko e Kukai conversaram mais cedo em particular - Isso é mal, muito mal... eu sinto muito, não queria te causar esse tipo de problemas, Fujisaki-kun! M-Mas não se preocupe, se pensarmos juntos, encontraremos uma forma de acabar com esses boatos, você vai ver!
– Certo... obrigado, Hotori-kun - Nagi agradeceu sinceramente, surpreso por Tadase ter tido uma reação tão positiva diante da revelação sobre os boatos - E também... há outra coisa que quero te perguntar: Na peça... por que você fez aquilo afinal? O roteiro dizia que você devia apenas... bem... b-beijar a Princesa no rosto... t-tudo bem que, no final, ninguém seguiu o roteiro mesmo, mas mesmo assim... eu imaginei que ao menos essa parte você faria igual ao que combinamos anteriormente. Então, por que você... fez aquilo? - Nagihiko soltou a pergunta que lhe incomodava desde o fim da peça, inconscientemente levando os dedos aos lábios, e sentindo o rosto esquentar.


O rosto de Tadase mudou drasticamente de vermelho para uma terrível palidez, branco como uma folha de papel. Tadase não poderia responder essa pergunta em hipótese alguma, seria o mesmo que confessar seu amor por Nagihiko, e não estava preparado, nem emocionalmente e nem psicologicamente para isso! Imediatamente sentiu seu rosto voltar a esquentar, tanto quanto um vulcão que está prestes a entrar em erupção. Suas mãos suavam terrivelmente, seu coração disparou tanto que parecia que ia saltar pela boca, e ele temeu que Nagihiko pudesse ouvir seus batimentos cardíacos descontrolados. Sabia que provavelmente não conseguiria dizer a verdade para Nagihiko agora, mas... por outro lado, estava tão ansioso em poder dizer seus reais sentimentos à pessoa que amava, que mal conseguia se conter. A agitação e a ansiedade sobre o que poderia acontecer se ele se declarasse misturavam-se com o medo e a dor da possibilidade de ser rejeitado, causando desordem no interior do jovem Rei. Eles estavam sozinhos agora, e não havia ninguém lá pra escutar ou interromper a conversa deles... talvez isso fosse um sinal de que era uma boa oportunidade pra se declarar. Tentando encontrar as palavras certas, Tadase abriu a boca, tentando gaguejar alguma coisa nervosamente, mas nenhum som saía. Estava prestes a entrar em desespero, quando ouviu um som de vidro quebrado, seguido de alguma coisa entrando pela janela. Em seguida, um barulho muito conhecido dos dois Guardiões se fez presente:


– Nuri, nuri, nuri, nuri, nuri!
– É um Batsu Tama! - Kiseki falou o óbvio, apontando para o ovo negro marcado com um "Xis" que adentrou o salão de dança, quebrando o vidro da janela, e agora sobrevoava o lugar
– Droga, justo numa hora como essa! - Rhythm pronunciou os pensamentos do dono em voz alta, dando um tapa na própria cabeça
– Nós... c-continuamos essa conversa depois, Fujisaki-kun, precisamos capturar esse Batsu Tama primeiro! - Tadase exclamou, sentindo-se feliz pela primeira vez na vida em escutar o familiar "nuri, nuri, nuri"
– Droga, esses ovos parece que deram pra aparecer aos montes agora! Porcaria... vamos cuidar logo disso então - Nagihiko concordou à contragosto, zangado por ter tido sua conversa interrompida - Rhythm, quero cuidar disso depressa, então vamos capturar logo esse ovo! Chara Change!
– Deixa comigo yay! - o pequeno Chara esportista exclamou animado, ativando o Chara Change com o dono
– Ok, vamos acabar com ele yay! - Nagi gritou, com animação em excesso por causa do Chara Change. Em seguida começou a correr atrás do ovo negro, tentando capturá-lo.


Tadase cogitou a hipótese de ligar para Amu e chamá-la, afinal, precisariam dela para purificar o Batsu Tama, quando voltou a despertar para a realidade ao ouvir um grito agonizante por parte do Valete. Ao voltar a olhar para ele, viu que Nagihiko tinha sido atingido pela energia negativa liberada pelo Batsu Tama, e por uma carga particularmente grande. O garoto gritava desesperado, aparentemente sentindo muita dor, e Tadase sentiu um impulso de correr para ajudá-lo, mas Kiseki o deteve, dizendo que, se Tadase se aproximasse, seria contaminado pela energia negativa do Batsu Tama também. O Rei sentiu-se como se estivesse de mãos atadas, completamente aflito e inútil diante daquela situação, sem poder fazer nada para ajudar a pessoa que amava enquanto ela gritava de dor bem na sua frente. Viu Rhythm cair no chão desacordado alguns instantes depois, aparentemente também atingido indiretamente pela energia negativa do Batsu Tama.


Kiseki falou que sairia à procura de Amu, para que a garota pudesse purificar o Batsu Tama o mais rápido possível, e sugeriu que Tadase esperasse ali com o garoto, já que provavelmente não seria seguro deixar Nagihiko sozinho nesse estado, e seu dono concordou, ainda aflito por não poder fazer nada. Viu seu Chara sair voando pela abertura que o Batsu Tama fez na janela e, logo em seguida, Nagihiko também desabou no chão, totalmente contaminado pela energia negativa do Batsu Tama, que agora o sobrevoava, perto do teto e fora do alcance de Tadase, finalmente se aquietando um pouco. Tadase se adiantou, correndo até o garoto inconsciente para verificar seu estado. De alguma forma, Nagihiko ainda estava no Chara Change, dava para perceber isso graças aos fones de ouvido pendurados ao redor de seu pescoço, mas sua expressão era muito sofrida, quase agonizante. No entanto, para a surpresa do Rei, Nagihiko abriu os olhos repentinamente, pondo-se de pé rápido demais para alguém que foi atingido por uma carga tão grande de energia negativa. Tadase levantou-se também, ficando de frente para ele, ainda surpreso.


– Fujisaki-kun? - Tadase chamou hesitante - Você... está se sentindo bem?
– Eu estou... sentindo... muita, muita raiva... ódio, rancor... e tristeza - Nagihiko moveu os lábios respondendo, no entanto, não era apenas a sua voz que saía. Uma voz masculina desconhecida pronunciava-se, falando ao mesmo tempo que Nagihiko. Muito provavelmente era a voz do Batsu Tama misturada à dele. Tadase encarou melhor seus olhos e reparou que os orbes dourados do Valete estavam escuros e vazios, sem nenhum sinal de brilho ou vida, dando a certeza de que ele estava sendo controlado pela energia negativa que contaminou seu corpo - Por que? Por que ele não me ama? Por que ele não é capaz de corresponder aos meus sentimentos afinal? Por que... por que eu tenho que sofrer sozinho desse jeito?! - uma nuvem de energia negra começou a vazar de seu corpo, fazendo suas roupas e cabelos balançarem pra todos os lados
– Etto... d-de quem você está falando exatamente? Não quer me contar o motivo de você estar assim tão triste? - Tadase perguntou timidamente
– Hunf... como se alguém como você pudesse compreender meus sentimentos... logo você – a voz misturada à de Nagihiko riu com um ar superior - Eu posso sentir tudo o que esse menino está sofrendo - ele levou as mãos ao peito - Ele também tem sofrido muito, por um longo tempo... por um motivo bem parecido com o meu. Eu tenho um amigo... um amigo de longa data, que conheço há bastante tempo. Eu o observava de longe, sempre admirando ele, mesmo antes de nos tornarmos amigos. Esse ano enfim tomei coragem para falar com ele... e ele é uma pessoa muito melhor do que eu imaginava. É gentil, simpático, está sempre sorridente e disposto a ajudar todos ao seu redor... realmente uma pessoa maravilhosa. Claro que eu já sabia disso há muito tempo, afinal, eu venho observando ele de longe há anos... sempre estive tão maravilhado com ele que... antes de perceber, me apaixonei... mesmo ele sendo um garoto, assim como eu. Escondi meus sentimentos por medo, afinal, eu não fazia idéia de qual poderia ser a reação dele se descobrisse que eu, um rapaz, havia me apaixonado por ele, outro rapaz. Tive medo dele me rejeitar, me odiar, rir dos meus sentimentos... e se afastar de mim. E então... hoje ele me apresentou uma garota, de outra classe... e disse que gosta dela. Ali o meu mundo desabou... eu perdi completamente minha razão de viver. A pessoa que eu amo está apaixonada por outra pessoa... por uma garota. Não importa o que eu faça para tentar conquistá-lo, jamais poderia me comparar à uma garota afinal. Então, é assim... eu perdi o amor da minha vida, sem ele nem mesmo saber o que eu sinto por ele.


Tadase estava um tanto desnorteado com aquela história. Primeiro, o fato do dono do Batsu Tama estar apaixonado por outro rapaz. Não imaginava que algo assim pudesse acontecer com mais pessoas, embora se sentisse um tantinho feliz em saber que ele não era o único. Mas também havia o fato da situação do dono do Batsu Tama se assemelhar à Nagihiko. O que isso queria dizer afinal? Que Nagihiko estava sofrendo por um motivo parecido com o dele? isso queria dizer que o Valete também estava apaixonado? Essa seria a conclusão mais provável, no entanto... aceitar esse fato como uma possibilidade real fazia o coração do jovem Rei pesar dolorosamente, tanto a ponto de parecer que ia explodir em pedaços e fazê-lo querer chorar.


– Etto... v-você não acha que...
– Curiosamente - a voz do Batsu Tama, misturada à de Nagihiko, interrompeu a tímida tentativa do Rei de continuar a conversa - Este menino sofre por um motivo semelhante ao meu - ele tornou a apontar para si mesmo, usando o corpo de Nagihiko - Este menino... sofre por um sentimento platônico e unilateral, sem a menor chance de obter o mesmo sentimento em troca. E, embora ele esteja sempre perto da pessoa mais preciosa para ele... isso é terrivelmente doloroso e sufocante, por não poder ter nada além da sua amizade. Sim... posso sentir com clareza todos os sentimentos que há tempos pesam no coração desse jovem garoto. Tristeza, amargura, ciúme, desespero.... o coração dele pede desesperadamente para que alguém o salve, implora para que a pessoa que ele ama o liberte dessa sufocante tristeza e solidão que o domina... mas essa pessoa não faz a menor idéia de seus reais sentimentos para com ela. E, mesmo que soubesse, iria apenas rejeitá-lo e se afastar... assim como provavelmente aconteceria comigo se eu contasse ao meu amado meus verdadeiros sentimentos
– Você... n-não pode me contar mais sobre essa pessoa? - Tadase pediu timidamente, desesperado para ajudar tanto o dono do Batsu Tama, quanto Nagihiko, ainda que isso fizesse doer terrivelmente seu frágil coração - Talvez eu possa ajudar...
– Ajudar? Você, logo você ajudar?! Não seja ridículo, você é o que menos pode ajudar aqui!! Você... jamais entenderia os sentimentos que se passam no coração dessa criança... ou no meu. Jamais seria capaz de compreender... a dor de ser rejeitado apenas por causa do seu gênero!!! - uma nova massa de energia negativa despreendeu do corpo do Valete, fazendo seus cabelos esvoaçarem, e obrigando Tadase a se afastar alguns passos
– Não é verdade! Como pode saber se eu posso ou não ajudar, antes mesmo de eu tentar?! - Tadase indagou, esforçando-se para se aproximar - Me deixe tentar... por favor, me deixe tentar te ajudar! Farei o que for preciso para que você se livre de toda essa raiva e tristeza... para que você deixe o corpo do Fujisaki-kun, acalme seus sentimentos e volte para o seu dono! - ele exclamou com o máximo de convicção que conseguiu colocar em sua voz trêmula, esforçando-se para caminhar na direção do Valete
– verdade? "Qualquer coisa", é? - a voz do Batsu Tama misturada à do Valete perguntou, aparentemente se acalmando - Não faça promessas das quais pode se arrepender mais tarde. Tem certeza de seria capaz de fazer qualquer coisa para aplacar minha ira, para que assim eu deixe o corpo dessa criança?
– Eu jamais me arrependi de promessa alguma em toda a minha vida. Na verdade, tenho uma promessa com o Fujisaki-kun também. Prometi que ficaria ao lado dele pelo resto da minha vida. E eu vou cumprir essa promessa até o fim, e vou ajudá-lo a recuperar a consciência! - Tadase exclamou convícto
– "Pelo resto da vida", é...? Céus, já vi que que esse menino vai mesmo sofrer - o Batsu Tama deixou escapar, com um sorriso azedo - Muito bem então. Duvido que alguém como você seja capaz de acalmar meus sentimentos, mas deixarei você tentar. Mas lembre-se, você prometeu me ajudar, e promessa é promessa. Não vá dar pra trás depois
– Eu não farei isso. Cumprirei minha promessa com você até o fim, e a promessa que fiz com o Fujisaki-kun também - Tadase tornou a afirmar - E então, o que quer que eu faça para acalmar sua ira?
– Bem... - ele respondeu pensativo, olhando ao redor, como se procurasse algo - Pra começar... ah, é claro! Siga-me.


O Batu Tama fez com que o corpo do Valete subisse as escadas, entrando na primeira sala do andar de cima, e Tadase o seguiu. Nagihiko, que estava sendo controlado pelo Batsu Tama, olhou em algumas gavetas e escrivaninhas, até que encontrou em cima de uma cômoda um pote com doces. Ele fez o corpo de Nagihiko sentar-se em uma cadeira, e falou:


– Quero que você pegue esses doces e me dê pra comer
– O que?! Te dar... pra comer? - Tadase repetiu confuso - Por que você... simplesmente não pega e come?
– Porque apenas isso não me acalmaria em nada, você precisa me dar - ele explicou - Parece que você vem torturando esse menino há tempos, obrigando ele a fazer esse tipo de coisas humilhantes e constrangedoras pra você... então considere isso como uma vingança. Agora me dê o doce
– Não sabia que Batsu Tamas sentiam fome...
– Eu não sinto fome! É o estômago desse garoto que não pára de roncar, isso está me irritando! Agora cale a boca e obedeça de uma vez! - ele fez o corpo de Nagihiko abrir a boca, fazendo Tadase lembrar das tarefas do Valete que Nagihiko era obrigado a realizar para ele. Então mimá-lo assim era uma totura para Nagihiko? Realmente devia ser bem incômodo ter que seguir tantas ordens sem cabimento apenas por causa do Chara Change do Rei. Tadase precisaria se lembrar de pensar em um jeito de acabar com aquelas tarefas absurdas de uma vez por todas.


Ainda hesitante, e extremamente embaraçado, Tadase pegou uma bala açucarada no pote e levou até a boca aberta do Valete, que a abocanhou de uma só vez. Pôde sentir a ponta de seus dedos tocarem aqueles lábios rosados e macios, dos quais Tadase tinha tanta vontade de provar outra vez. O Rei pôde ver a bala açucarada derretendo e se desmanchando na língua do Valete, provocando as mais variadas sensações no menor. Depois que Nagihiko engoliu o que restou da bala, ele tornou a abrir a boca, e Tadase tirou outra bala açucarada do pote, levando-a até os lábios do maior. Dessa vez, Nagihiko agarrou seu pulso, impedindo o loiro de se afastar, e abocanhou o dedo que segurava a bala, lambendo-o minuciosamente, sem vergonha nenhuma. Tadase, por outro lado, corou furiosamente, sentindo aquela língua aveludada percorrendo todo o seu dedo, enquanto seu coração disparava tanto que parecia que ia saltar pela boca a qualquer momento. Quando enfim retirou o dedo de Tadase da boca, o Batsu Tama fez o corpo de Nagihiko puxá-lo para mais perto pelo pulso que ainda segurava, fazendo com que seus rostos ficassem a milímetros de distância. Tadase sentiu uma vontade louca de beijar aqueles lábios tentadores, agora tão próximos dele, mais uma vez, quando os viu se mexer, e a voz do Batsu Tama saiu junto da de Nagihiko mais uma vez:


– Eu quero massagem
– O q-que?! - Tadase gaguejou nervoso, ainda sem tirar os olhos dos lábios dele
– Eu disse que quero massagem. Massageie os ombros deste menino agora - ele finalmente soltou o pulso de Tadase, que se afastou devagar
– Etto... t-tem certeza de que fazer essas coisas vai acalmar sua ira e te fazer deixar o corpo do Fujisaki-kun?? - o Rei perguntou, começando a desconfiar dos pedidos estranhos daquele Batsu Tama
– Certeza absoluta. Do contrário, não estaria pedindo isso, não é? Agora apresse-se e faça logo essa massagem
– C-Certo.


Ainda em dúvida sobre os pedidos suspeitos do Batsu Tama, Tadase rodeou o garoto sentado e, colocando as mãos sobre o corpo dele, começou a massagear seus ombros. Como já havia recebido massagens antes, sabia mais ou menos quais pontos deveria massagear, mas o simples fato de estar tocando no corpo de Nagihiko, aplicando-lhe massagens, exatamente como o próprio Nagi costumava fazer com ele, fazia com que os pensamentos do Rei perdessem completamente o rumo. Seu rosto esquentou drasticamente, e suas mãos tremiam tanto que era impossível aplicar uma massagem descente, sem falar na pouca força corporal que o loiro possuía. Após alguns segundos, ouviu a voz de Nagihiko gemer, fazendo Tadase ofegar de susto, o rubor de seu rosto se intensificando ainda mais ao ouvir aquele som. Alguns segundos depois, o Batsu Tama falou:


– Isso não está bom. Você não leva muito jeito com isso, está muito fraco. Precisa apertar com mais força
– D-Desculpe, eu... não possuo tanta força nos braços assim - o loiro desculpou-se envergonhado
– É, dá pra perceber - ele comentou, observando o tamanho diminuto de Tadase - Bem, quem sabe se você aplicar diretamente na pele, não é? Se afaste um pouco
– Ano... o q-que você vai fazer...? - Tadase perguntou, afastando-se alguns passos, e temendo a resposta. Em seguida, o Batsu Tama fez com que o Valete retirasse praticamente toda a roupa de seu corpo: Tirou a capa de Guardião, o paletó preto, a gravata e a camisa branca, ficando apenas com a bermuda xadrez e sua roupa íntima
– M-M-Mas o q-que você está f-fa-fazendo??? - Tadase gritou, seu rosto completamente escarlate agora. Por mais que se esforçasse, não conseguia desgrudar os olhos do tórax exposto do Valete. Ver o corpo de Nagihiko seminu desse jeito, sem nenhuma preparação mental anterior, provocava estranhos pensamentos no Rei, e ele teve que se controlar ao máximo para não abraçá-lo, apenas para sentir aquela pele quente e afável tocando na sua
– Como eu disse, quero que você aplique a massagem diretamente na pele pra ver se surte algum efeito. Agora vamos logo com isso, depressa! - o Batsu Tama ordenou.


Ok, isso já estava passando dos limites. Ele não poderia tocar assim no corpo de Nagihiko, diretamente na pele, fazendo um contato físico como esse, seu coração não aguentaria uma coisa dessas e Tadase acabaria sucumbindo à tentaçaão! No entanto, prometera ajudar o dono do Batsu Tama, e realmente queria fazer de tudo para trazer Nagihiko de volta ao normal. E se isso realmente pudesse ajudar (embora Tadase não entendesse como raios isso ajudaria) então ele teria que fazer.
Ainda hesitante e trêmulo, ele encostou suas mãos devagar nos ombros desnudos do Valete, um de cada vez. Sentiu aquela pele incrivelmente sedosa entrando em contato com a sua, fazendo Tadase se arrepiar por completo. Começou a massagear, lutando o máximo que podia para controlar seus impulsos, e tentando ignorar a terrível vontade que sentia de agarrar aquele garoto ali mesmo e fazer coisas muito indecorosas com ele. Ouviu Nagihiko gemendo novamente, e um novo arrepio percorreu sua espinha. Estava totalmente embriagado por aquele maravilhoso cheiro de cerejeiras que o maior exalava, quando tornou a ouvir sua voz, junto com a do Batsu Tama:


– Melhorou um pouco, mas ainda não está bom. Você não serve pra nada mesmo, hein... venha até aqui, vou te mostrar como se faz - ele se levantou da cadeira, tornando a conduzir Tadase e, antes que o loiro se desse conta daonde estavam indo, o Batsu Tama fez com que o corpo de Nagihiko o empurrasse em direção ao sofá, fazendo o Rei cair de costas deitado nela, e se jogando por cima do menor em seguida. Tadase ofegou, sentindo seu coração dar uma cambalhota ao se ver assim tão perto da pessoa que amava, e embaixo dela ainda por cima.


– Você precisa aprender a massagear as áreas corretas com a força necessária, desse jeito - a voz de Nagihiko pronunciou, misturada à do Batsu Tama, massageando os ombros de Tadase com força. Mal o garoto começou a mexer as mãos, e Tadase deixou escapar um gemido baixo e longo, apenas pelo fato de Nagihiko o estar tocando - Viu como se faz? E o efeito é ainda melhor se você massagear diretamente na pele - sem mais aviso, ele começou a desabotoar a capa de Guardião de Tadase, jogando-a para o lado. Retirou também a gravata, e desabotoou o paletó e a camisa branca que ele usava por baixo, empurrando-os para os lados, de modo que o tórax do garoto ficasse bem exposto. E, antes que o loiro pudesse protestar, Nagihiko aproximou a boca do seu pescoço, lambendo-o em seguida, fazendo o Rei deixar escapar outro gemido, dessa vez mais alto.


– Ahh... o que... q-que você... ahn... q-que pensa que está f-fazendo?! - Tadase gaguejou com dificuldade, sentindo aquela língua comprida e aveludada percorrer seu corpo
– Estou umidecendo seu tecido epitelial - o mais alto respondeu, como se fosse a coisa mais normal do mundo lamber a pessoa na qual estava aplicando massagem - Já que não tem nenhum óleo de massagem aqui, nem nada parecido, eu não tive outra opção. Agora cale-se e me deixe continuar - antes que Tadase pudesse argumentar, ele voltou a sentir aquela língua sedosa percorrer seu corpo, descendo do pescoço para o peito nu. Tadase podia jurar que Nagihiko perceberia seu coração disparado se continuasse com isso, e só então lembrou-se de que aquele não era Nagihiko de verdade, e sim o Batsu Tama manipulando deliberadamente o corpo do Valete - Nee... o coração desse menino parece disparar perigosamente sempre que eu faço isso, sabia? Mesmo estando completamente inconsciente agora, mesmo eu tendo total controle sob o corpo dessa criança... ele ainda assim parece se agitar por completo quando eu te toco assim. Por que será, hein? - ele provocou Tadase, dando um sorriso incrivelmente depravado que não combinava nada com Nagi
– Eu... e-eu não sei... e-eu... ahhh! Espere... e-espere um pouco... p-por fav... ahhh!! - Tadase mal conseguia formular uma frase completa, totalmente sujeito ao toque e às provocações do maior, quanto mais pensar em uma resposta para aquela pergunta.


O Rei esqueceu-se completamente que o Batsu Tama estava manipulando Nagihiko agora, e desejou apenas que ele continuasse tocando seu corpo, para que Tadase pudesse ter mais daquele delicioso cheiro, tão próximo à ele, para que pudesse ficar mais e mais perto de seu amado. Antes que pudesse pensar com clareza, agarrou-se aos cabelos do Valete, jogando seus braços ao redor do pescoço dele e abraçando-o. Seus corpos começaram a roçar e a encostar um no outro, fazendo com que o loiro sentisse aquela pele tão macia e aprazível contra a sua, provocando-lhe as mais variadas sensações. Tadase perguntou-se vagamente se isso era realmente obra do Batsu Tama, ou se Nagihiko era quem estava fazendo aquilo com ele de alguma forma, mesmo estando inconsiente. Mesmo nesse estado, o Valete ainda estava no Chara Change, e Tadase sabia muito bem o quanto o "amigo" se tornava impulsivo, e até um tanto atrevido quando realizava o Chara Change com Rhythm, então duvidou um pouco sobre quem estaria realmente agindo dessa vez, se era o Batsu Tama ou o próprio Nagihiko, ainda que a resposta fosse óbvia, já que os olhos de do maior continuavam inexpressivos e vazios, sem falar que o Batsu Tama falava com tanta convicção, tanto sobre o seu amor não-correspondido quanto sobre os misteriosos sentimentos de Nagihiko que ele era capaz de sentir agora. Perguntou-se ainda se isso seria algum tipo de castigo divino pelo que ele mesmo havia feito com Nagihiko, ou melhor, Nadeshiko, naquele mesmo lugar, há alguns meses atrás, quando deliberadamente tentou se aproveitar da falsa garota. Pensando nisso agora, era bem provável que Tadase só tivesse feito todas aquelas coisas com "ela" porque, já naquela época, estava apaixonado por Nagihiko/Nadeshiko, e não havia se dado conta disso. Enfim encontrara a resposta para esse mistério que há tempos assolava sua mente, mas não queria se preocupar com isso agora. Mesmo que fosse algum castigo divino pelo que Tadase fez com a Ex-Rainha, ele não se importava mais com isso, e aceitaria essa punição divina com prazer. Por fim, resolveu deixar esse pensamento de lado por enquanto, totalmente perdido em sensações.


Nagihiko continuou, lambendo agora seu abdômen, chegando perto do umbigo. Tadase já não conseguia mais conter suas exclamações e suspiros, e havia desistido completamente de tentar detê-los. Curiosamente, quanto mais Tadase gemia, mais Nagihiko parecia se empolgar e ficar tentado à continuar com aquela deliciosa provocação. Deixou suas mãos escorrerem pelo corpo do menor, acariciando seus cabelos, tocando seus ombros, descendo pelas costas, até abraçá-lo pela cintura. Deixando escapar um outro sorrisinho pervertido que Tadase não podia ver, ele começou a puxar lentamente a bermuda do Rei para baixo, deixando vísivel a roupa de baixo do menor, pouco à pouco.


E antes que Nagihiko pudesse retirar a bermuda do Rei por completo, uma forte luz começou a brilhar do lado de fora pela janela. Tadase reconheceu vagamente aquilo, era a luz emitida por um Chara Nari. Ouviu a voz de Amu gritando alguma coisa do lado de fora do prédio, e em seguida a voz de Kiseki, aparentemente impedindo-a de entrar. E em seguida, viu Nagihiko arregalar os olhos e sair bruscamente de cima dele, com uma mistura de ódio e pavor em seu rosto.


– Ora, que ridículo... então ela acha que pode me purificar? Acha que pode acalmar a dor em meu coração e me tirar do corpo desse menino apenas com aquilo? Patético! Simplesmente patético! É preciso muito mais do que um simples Chara Nari para aplacar minha fúria! Só ele... só ele pode acabar com a minha dor e a minha solidão... só o meu amado pode acalmar meus sentimentos tão pesados e dolorosos... apenas o causador da minha dor... é que pode acabar com ela. Vocês não vão conseguir... não vão conseguir acalmar minha ira, nem me tirar do corpo desse menino apenas com isso... tudo o que estão fazendo é inútil... nenhum de vocês podem me ajudar, é tudo inútil... vocês não vão conseguir acalmar meu coração... jamais!!!


Uma grande aura negra, mais forte e mais densa do que a anterior, tornou a envolver o corpo de Nagihiko, que agora flutuava, com os pés balançando a poucos centímetros do chão, totalmente envolto em energia negativa, seus longos cabelos esvoaçando para todos os lados. A voz do Batsu Tama começou a gritar em desespero, misturada à voz de Nagihiko, que parecia de algum modo compartilhar da sua dor. Lágrimas sofridas e penosas começaram a transbordar dos olhos do Valete, que berrava e chorava como uma criancinha, cada vez mais desolado.


– Eu não quero... não mais carregar esse sentimento sozinho... é tão pesado e doloroso... não quero mais ter que sofrer sozinho... é doloroso demais! Eu não quero mais... não quero mais sofrer por um amor impossível... que, mesmo sendo tão inconcebível, ainda assim, eu não consigo deixar de amá-lo! Por que?! Por que eu não consigo deixar de amá-lo, mesmo sabendo que meu amor jamais será correspondido?! Se é pra sofrer sozinho assim... então seria melhor se arrancassem esse sentimento pungente do meu peito de uma vez!! Mas nem isso eu consigo... não consigo me livrar desse amor que só me machuca... eu... por mais que saiba que não tenho chances, eu não consigo deixar de te amar!! Por que... por que meus sentimentos não podem alcançá-lo?! Por que eu tenho que sofrer tanto assim afinal??? Eu não aguento mais!! Não aguento mais carregar esse sentimento sozinho!!! - Nagihiko gritava em meio ao desespero e, de algum modo, a voz do Batsu Tama não parecia mais estar assim tão misturada à sua dessa vez, como se esta estivesse desaparecendo aos poucos - Não quero... não quero mais sofrer sozinho... não aguento mais sofrer por causa de um amor impossível... me... salve...
– Você não tem que sofrer sozinho!! - Tadase gritou, pondo-se de pé, e e sentindo seu coração pesar dolorosamente diante do sofrimento daquela pessoa - Você não estará mais sozinho, se puder confessar seus sentimentos à pessoa que você ama! Não importa que vocês sejam do mesmo gênero... isso é o de menos, são os seus sentimentos que contam! - o Rei tentou consolá-lo, lembrando-se das palavras que Tsukasa havia dito à ele no último dia do Festival - Não importa se essa pessoa já gosta de outra, não é como se eles estivessem namorando! Enquanto você não disser ao seu amado o que sente, nunca saberá o que ele sente por você! Mesmo que ele goste de outra pessoa... ora, esse "gostar" talvez não seja necessariamente o sentimento de estar apaixonado, pode significar também o sentimento de amizade, ou fraternidade, ou alguma coisa desse tipo! Mas você só não pode esconder seus sentimentos e fugir pra sempre, porque aí sim você não terá nenhuma chance de ser correspondido! Você precisa se declarar, pra descobrir o que ele sente por você... nunca se sabe, talvez o seu amor seja correspondido! A pessoa que você ama pode estar com medo de se declarar também, com medo de ser rejeitado... você precisa fazer isso, não só por você, mas também por ele! Você precisa lutar pela pessoa que ama! Se o seu amor é assim tão grande como você diz... então não desista, e lute por ele!!!
– Hotori... kun... - a voz de Nagihiko saiu sozinha dessa vez, sem qualquer sinal da voz do Batsu Tama, ainda que fraca e bastante sofrida. Uma última lágrima escorreu dos olhos dele, e a nuvem de energia negativa que envolvia seu corpo começou a se dissipar aos poucos, retornando para o Batsu Tama, que saiu voando pela janela. O corpo de Nagihiko desabou no chão inconsciente, e os fones de ouvido ao redor do pescoço dele desapareceram, indicando o fim do Chara Change. Tadase pôde ouvir ao longe a voz de Amu, certificando-se de que ela estava purificando o Batsu Tama. Pensou em ir lá fora agradecer à amiga, mas estava mais preocupado com Nagihiko, e recusou-se a sair do lado dele até que o garoto acordasse. Em seguida, Kiseki adentrou o quarto, sendo seguido por Rhythm.


– Tadase! Tadase, você está bem?? - o Reizinho perguntou preocupado
– Ai, minha cabeça... nee como o Nagi est... viiixe! A coisa aqui foi boa mesmo hein... - Rhythm deixou escapar ao perceber que, tanto seu dono quanto Tadase estavam parcialmente despidos
– O que aconteceu com o Batsu Tama, Kiseki? - Tadase perguntou, ignorando o comentário embaraçoso de Rhythm
– A Hinamori Amu purificou ele, e o ovo voltou para o dono. Era um garoto provavelmente do ginásio, já que vestia o mesmo uniforme que o antigo Valete Souma Kukai, e que, por coincidência, estava desmaiado aqui por perto - Kiseki informou - Depois disso, a Hinamori Amu queria entrar pra ver como vocês estavam, mas... b-bem, como eu digo... e-eu tive um pressentimento de que seria melhor se ela não entrasse... então ela foi embora depois de purificar o Batsu Tama
– Entendo... obrigado - Tadase agradeceu sinceramente, pois seria um problema se Amu os visse nesse estado
– Hoto... ri-kun - Nagihiko murmurou fracamente, finalmente despertando. Era fraco, mas seus olhos voltaram a exibir o brilho de antes, indicando que o garoto havia voltado ao normal - O que... aconteceu comigo? Porque eu me sinto... tão vazio, tão abatido, e... eu estou chorando?
– Fujisaki-kun! - Tadase exclamou, extremamente aliviado em ouvir apenas a voz de Nagihiko saindo daqueles lábios dessa vez - Você... bem, você foi possuído pela energia negativa de um Batsu Tama. Ele controlou seu corpo por um bom tempo, então... talvez seja por isso
– Ah sim, o Batsu Tama... entendo - Nagihiko sentou-se, enxugando as lágrimas e esfregando a cabeça, que ainda pesava dolorosamente - O que aconteceu com o Batsu Tama afinal, e... e-espera aí, por que eu estou sem roupa?! - ele exclamou, ao olhar para si mesmo e notar que estava sem camisa - E você também... por que... o que foi que aconteceu aqui afinal???
– Você... n-não se lembra?! - Tadase indagou incrédulo
– Lembrar do que? - Nagi perguntou confuso - Eu não... ohh céus, eu não fiz... n-não fiz nada de estranho com você, fiz?? Por favor, diga que não foi isso!! - ele exclamou, voltando a entrar em desespero diante da possibilidade de ter feito algo realmente grave com Tadase - Eu não... n-não fiz nada inapropriado com você, não é? Por favor, me diga a verdade! Ah... ou então... n-não pode ser... - a lembrança de meses atrás, quando Tadase o "atacou" enquanto estava vestido como Nadeshiko se fez presente mais uma vez na memória do Valete, e uma hipótese absurda passou pela sua cabeça - Não me diga que... f-foi você que me...?! - ele corou furiosamente, colocando os braços ao redor do corpo de forma protetora, lembrando terrivelmente uma garota envergonhada que acabou de ser molestada, mesmo estando sob essa forma, e sem camisa ainda por cima, o que deixava evidente que ele era um garoto
– Oh não, de jeito nenhum! Não mesmo!! - Tadase balançou as mãos em sinal de negação, milagrosamente entendendo aonde Nagihiko queria chegar - Isso foi porque... b-bem... q-quando aquela energia negativa começou a sair do seu corpo... err... bem, ela era bem forte, então meio que... a-arrancou suas roupas... foi isso - Tadase soltou a primeira desculpa esfarrapada que lhe veio à mente, tendo a certeza de que um ator experiente como Nagihiko jamais cairia nessa lorota
– Sério? - Nagi coçou a cabeça confuso, tentando inutilmente se lembrar de uma coisa que não aconteceu - Mas... e você? Por que está assim?
– Ah, é que... e-eu fui atingido pela massa de energia negativa também, e... m-meio que aconteceu o mesmo comigo... f-foi isso
– Verdade mesmo? Não me lembro disso... aliás, não me lembro de nada - Nagihiko coçou a cabeça com mais força, como se isso fosse ajudá-lo a se lembrar do que aconteceu enquanto estava sendo possuído. Ele se levantou lentamente, apanhou seu uniforme jogado sobre a cadeira e se vestiu, e Tadase fez o mesmo - Bem... e o que houve com o Batsu Tama afinal?
– Ah, ele escapou pela janela... Hinamori-san estava do lado de fora e purificou ele - Tadase informou - Ah! Mas ela não nos... n-nos viu assim nem nada... e-ela nem chegou a entrar, o Kiseki não deixou, não se preocupe
– Bem... menos mal, eu acho - Nagihiko falou, tentando evitar olhar na direção do peito desnudo do Rei, que se vestia devagar demais pro gosto dele - Mas que bom que o Batsu Tama foi purificado. Ele estava... sofrendo tanto. O dono daquele ovo realmente possuía... sentimentos dolorosos demais pra se carregar sozinho
– Eh? Fujisaki-kun... e-então você se lembra do que aconteceu afinal??
– Hein? Não, não, não lembro de nada - Nagihiko garantiu - É só que... eu pude sentir alguns dos sentimentos que aquele ovo carregava. Eram realmente... muito sofridos e penosos. Espero que ele consiga ajeitar essa situação, e que acabe tudo bem
– Sim... também estou torcendo para que o amor do dono do Batsu Tama seja correspondido - Tadase concordou sinceramente, finalmente terminando de se vestir - Carregar um profundo sentimento de amor por tanto tempo, com medo de ser rejeitado, parece ser... muito difícil mesmo. Mas, Fujisaki-kun... enquanto estava possuído, você disse... ou melhor, o Batsu Tama disse... que ele podia sentir todas as emoções que se passavam em seu coração, e que... q-que você possuía sentimentos semelhantes aos do dono dele. Isso significa... q-que você está... a-a-ap-apaixonado por alguém? - Tadase perguntou num sussurro, o rosto tingindo-se de escarlate, e fechando os olhos com força em seguida, com medo da resposta
– Quê?! E-E-Eu não... não sei... d-do que aquele Batsu Tama estava falando, eu... c-como eu já disse antes, eu... n-não tenho nenhuma garota que eu... g-goste em especial - Nagihiko respondeu desajeitadamente, sentindo toda a piedade que sentia pelo Batsu Tama há segundos atrás evaporar feito fumaça - B-Bem, chega desse assunto, não é? Vamos embora de uma vez, Hotori-kun
– Ah... mas você está mesmo bem pra sair andando por aí assim? - Tadase perguntou preocupado ao notar que o Valete ainda estava cambaleando um pouco
– Eu estou bem, eu só... me sinto um pouco tonto, e cansado... sem falar que tenho a impressão de que estou me esquecendo de alguma coisa importante - Nagihiko coçou a cabeça, completamente esquecido de que havia perguntado anteriormente à Tadase sobre o motivo de ele tê-lo beijado durante a peça, e que, graças à interrupção do Batsu Tama, não obteve resposta - Mas eu devo ficar bem depois que descansar um pouco, eu acho - ele respondeu, esforçando-se para caminhar sem precisar se apoiar nas paredes - Mas, pra poder descansar, eu preciso chegar em casa, então vamos logo
– Você não precisa fazer isso sozinho, sabe... venha aqui, eu te ajudo - Tadase passou um dos braços do Valete ao redor do próprio pescoço, sentindo parte do peso dele somar-se ao seu
– Q-Q-Que p-pensa que está fa-fazendo, Hotori-kun???!! - Nagihiko gritou, assustado com a proximidade repentina, o rosto passando de "branco como papel" para "vermelho feito tomate"
– Estou te ajudando, oras! - Tadase exclamou o óbvio - Você está constantemente me protegendo, cuidando de mim, e sempre me ajuda tanto... que eu queria poder fazer algo em troca. Sei que não posso fazer muita coisa, mas... quero ao menos fazer as coisas que eu posso, mesmo que sejam pequenas, e te ajudar e cuidar de você também!
– V-Você não... n-não precisa fazer isso, Hotori-kun... e-eu sou muito pesado, você não vai aguentar - Nagihiko balbuciou a primeira desculpa que lhe veio à cabeça, evitando fazer contato visual com o Rei
– Eu aguento sim! Sei que não sou muito forte, que tenho baixa estatura, e que tenho pouca massa muscular... mas não sou tão fraco a ponto de não poder nem ajudar um amigo querido! Vai ver como eu aguento te levar até em casa, e sem reclamar nenhuma vez! Você vai ver! - o Rei declarou decidido, dirigindo-se à porta em seguida, e forçando o Valete à acompanhá-lo.


O coração de Nagihiko deu uma violenta cambalhota com a simples mênção da palavra "querido", ainda que ela fosse antecedida da palavra "amigo", obrigando-o a se lembrar da dura realidade. Sem outra opção, Nagihiko acompanhou Tadase até o andar de baixo, e de lá, de volta para a rua principal, ainda apoiando-se nele, e lembrou-se de seu desejo sincero de que ao menos o amor platônico do dono do Batsu Tama que o possuiu pudesse se concretizar. E, mesmo sabendo que a chance era tão remota quanto a ambição de Kiseki de conseguir dominar o mundo se realizar, não podia deixar de desejar que o seu próprio amor platônico um dia pudesse também ser correspondido e vir a se tornar realidade.



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Notas finais do capítulo

Yoo minna! Teffy-chan falando! õ/
De novo, o capítulo ficou enorme, né... bem maior do que eu esperava, por sinal o__õ Mas espero que vocês tenham gostado!
E olha, tanto eu quanto a Shiroyuki-chan reparamos que os leitores dessa fic estão sumindo aos poucos, um à um... o que houve, hein gente? Vocês estão em época de prova, o pc de todo mundo quebrou ao mesmo tempo, ou vocês não estão gostando da história mesmo?? Se for alguma coisa que vocês não estejam gostando, e que a gente possa mudar pra dar um jeito nisso, falem durante os reviews pra que a gente possa deixar a história ao agrado de todo mundo, mas dêem suas opiniões, porque ninguém aqui é vidente não, então não tem como a gente adivinhar se vocês estão ou não gostando! (apesar de tanto eu quanto a Shiroyuki-chan conseguirmos adivinhar frequentimente o que a outra está pensando O__õ )
Bom... o próximo capítulo é com a Shiroyuki-chan! /o/ Estou louca pra ver o que ela vai aprontar dessa vez rsrsrsrsrsrs
Deixem reviews onegai, e façam não apenas uma, mas duas autoras felizes!!! *o*
Kissus e sayonara^^



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