Enquanto a Família Hotori se acomodava em seu novo quarto, Kiseki resolveu dar uma volta sozinho para explorar seu "novo reinado". Não demorou nem cinco segundos para que Rhythm o encontrasse e arrastasse o pequeno Rei para um canto onde ninguém poderia vê-los.

– Rhyhm! O que está fazendo aqui?! E o que pensa que está fazendo arrastando um nobre Rei como eu pra um local isolado como esse hein?! - Kiseki gritou um tanto bravo
– Psiiiu! Quieto Alteza, não quero que nem o Nagi e nem o Tadase nos ouçam!
– Não é "Alteza", é "Majestade", seu ignorante! - Kiseki o corrigiu - Eu sou um Rei, não se esqueça disso! Um Rei!
– Tá, tá, que seja - o outro deu de ombros - Escuta Kiseki, preciso que me faça um favor. Preciso que me ajude a fazer com que o Nagi e o Tadase se encontrem sem mais ninguém por perto
– Hein? Por que isso agora? Se o Valete também está hospedado aqui, uma hora ele e o Tadase vão acabar se encontrando, não vão? - Kiseki falou, sem entender o que o outro queria dizer
– Sim, é claro, mas eu preciso que isso aconteça sem mais ninguém por perto! - Rhythm insistiu um tanto impaciente - Escuta, o Tadase deve andar meio estranho, não é? Como se estivesse preocupado ou deprimido... e viver no mundo da lua, isto é, mais do que o normal, certo?
– É sim... ele tem estado bem nervoso, e parece preocupado com alguma coisa esses dias... mas como sabe disso??
– O Nagi também está assim, parece que aconteceu alguma coisa entre eles
– "Alguma coisa"? - repetiu Kiseki confuso - Como assim, eles brigaram ou coisa do tipo??
– Ahh... bem... a-acho que algo um pouco mais sério - Rhythm coçou a cabeça um tanto embaraçado, sem saber como concluir aquela frase. Se o próprio Tadase, que era dono dele, não tinha contado para Kiseki o que aconteceu, não era ele que ia contar - E-Eu não sei bem já que o Nagi não me contou os detalhes, ele anda muito fechado ultimamente, sabe... mas que alguma coisa aconteceu, isso aconteceu!! Então preciso que eles se encontrem sem mais ninguém por perto, pra que possam resolver isso e voltar a se falar de uma vez, entende?
– Bom... se isso vai fazer o Tadase parar de agir estranho, então eu posso colaborar dessa vez. É o dever de um Rei ajudar seus súditos, e dever de um Shugo Chara ajudar seu dono afinal hahahahaha!! - Kiseki deu uma de suas melhores risadas megalomaníacas
– Assim que se fala! Valeu, Alteza!
– É Majestade, seu burro ignorante!! - Kiseki corrigiu-o de novo
– Tá, tá... Alteza, Majestade, Excelência tanto faz! - Rhythm não prestou atenção de novo - Agora temos que pensar na melhor hora e local pra eles se verem
– Eu tenho uma idéia! - o Reizinho exclamou de repente - Podemos fazer o seguinte...

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Depois que o Sr. e a Sra. Fujisaki saíram das termas, eles avisaram sobre o horário do jantar para o filho e, após o garoto garantir que não se atrasaria, sugeriram que o garoto aproveitasse as fontes também. Como ele não tinha nada melhor pra fazer, e precisava mesmo de lugar quieto em que pudesse colocar seus pensamentos em ordem, Nagihiko aceitou a sugestão. Passou direto pela fonte mista onde os pais estavam, e parou diante das duas entradas que dividiam os lados masculino e feminino. Deixou escapar um sorriso nostálgico vendo isso. Se ele ainda fosse Nadeshiko, essa situação certamente lhe causaria muitos problemas, mas felizmente este não era o caso agora. Entrou na ala masculina, parou diante de um dos armários, despiu-se, e guardou sua roupa nele, levando somente uma toalha, que ele enrolou ao redor da cintura. Assim que saiu do vestiário, pôde ver o vapor das fontes de água quente. Um cenário realmente maravilhoso, era uma pena que ele não conseguisse apreciar isso nem um pouco agora. Olhou ao redor por um instante antes de entrar. Não havia mais ninguém ali, nem mesmo os famosos macacos que dizem habitar fontes termais. Melhor assim, ele não estava com vontade nenhuma de puxar conversa fiada com desconhecidos. Entrou na fonte, sentou-se e se encostou em uma rocha. A temperatura estava mesmo excelente, perfeita para aquecer as pessoas durante o frio do inverno. No entanto, por mais perfeita que estivesse a água, Nagihiko não conseguia apreciar nada daquilo, pois apenas uma coisa permanecia em seus pensamentos. A mesma pessoa que tem dominado sua mente há tempos sem nem mesmo saber. Era apenas nele que Nagihiko conseguia pensar.

– Fujisaki... kun?

Levou alguns segundos para Nagihiko perceber que haviam chamado seu nome. E a voz que o chamara era terrivelemtne familiar. Nagihiko arregalou os olhos e virou a cabeça lentamente na direção da voz que o chamara. Sim, lá estava ele. Hotori Tadase estava sentado a pouco mais de um metro de distância do Valete, aparentemente tão abismado quanto ele em ver o amigo em um lugar daqueles. Nagihiko provavelmente não notara a presença do Rei antes porque as rochas o encobriam por completo devido à sua baixa estatura.
Levou alguns segundos para Nagihiko também perceber que, além do fato de estar diante da pessoa que menos podia ver nesse momento, os dois também estavam completamente despidos. Nagihiko sentiu o rosto esquentar ao ver o peito nu do Rei, por onde escorriam gotas de água, deslizando desde o pescoço, seguindo pelo tórax, indo até o abdômen, e desaparecendo além disso ao se misturar com o resto da água das termas. Aparentemente o garoto andou brincando com a água da fonte, como se estivesse em uma piscina, e não em uma fonte termal.

E pelo jeito, Tadase ainda não havia se dado conta disso. Encarava fixamente o rosto do Valete com um olhar meio abobalhado, como se não conseguisse acreditar no que estava vendo, olhando mais precisamente para os lábios dele. Invevitavelmente, lembrou-se não apenas do beijo entre os dois, mas também do sonho que tivera com o amigo. Um sonho extremamente confuso e embaraçoso, que ele não conseguia compreender até agora. Por que ele sonhou que estava se casando com Nagihiko afinal?! E vestido de noiva ainda por cima!! Talvez o antigo hábito do Valete de se tranvestir o tenha afetado de alguma maneira, ou coisa parecida. Mas não era isso que importava agora. Enquanto tentava pensar em alguma coisa para dizer, os olhos do Rei desviaram-se do rosto do garoto, e percorreram seu peito nu (que Tadase reparou que era bem mais forte em comparação ao dele) até suas pernas. Por algum motivo, os olhos do Rei acabaram se fixando ali. Ao contrário do próprio Tadase, que estava com as pernas esticadas, sendo escondidas pela água, Nagihiko estava com as pernas dobradas, deixando boa parte das coxas à mostra. Por um momento, Tadase perdeu a linha de raciocínio e esqueceu-se de pensar em alguma coisa pra falar, fixando um olhar um tanto abobalhado naquela direção. Quando percebeu o que estava fazendo, corou furiosamente, e se forçou a desviar os olhos do garoto, voltando a encarar apenas a água diante dele. Ao fazer isso, deu-se conta de que também estava sem roupas, e enrubesceu ainda mais ao perceber isso. Em um tipo de instinto, colocou os braços na frente do tórax, numa tentativa inútil de se esconder.

"- Por que... por que eu estou fazendo isso afinal?!"– perguntava-se o Rei, cada vez mais confuso - "Não é a primeira vez que ele me vê sem roupa... já nos trocamos juntos no vestiário da escola várias vezes, e eu nunca me senti assim. Também nunca... n-nunca fiquei olhando pra ele daquele jeito. Então por que tudo parece tão estranho agora... por que não quero que ele me veja desse jeito? Por que tudo parece diferente agora?!"

Nagihiko tornou a observar o rosto do Rei. Estava vermelho até a raíz dos cabelos, e tão amedrontado quanto se estivesse diante de um violentador perigoso. Claro, era natural que o garoto se sentisse assim depois do que Nagihiko fez com ele, isso não devia ser surpresa. Quase achou graça no modo em que Tadase tentava se esconder, colocando os braços ao redor do corpo, parecia uma menininha envergonahda assim. Aquela cara de menino abusado do Rei deu-lhe a certeza de que seria impossível eles voltarem a se falar normalmente algum dia.

(N/A: A cara que o Tadase fez seria mais ou menos assim: http://desmond.imageshack.us/Himg69/scaled.php?server=69&filename=812631.jpg&res=landing )

Nagihiko respirou fundo e, tentando se conformar com a terrível verdade, falou:

– Acho melhor eu sair agora. Pode terminar seu banho em paz, Hotori-kun... desculpe te incomodar.

Nagihiko fez mênção de se levantar mas, antes que o fizesse, Tadase se deu conta de que, se o garoto se levantasse, suas pernas ficariam ainda mais expostas quando ele saísse da fonte, e o olhar do Rei seria inevitavelmente atraído para elas de novo, o que, além de ser errado e lhe causar um tremendo embaraço, também provocava uma mistura de várias outras sensações que o Rei não sabia explicar daonde vinham. Então, antes que o maior ficasse de pé, Tadase o segurou pelo braço com todas as suas forças, impedindo-o de sair.

– Não!! E-Espera, Fujisaki-kun, não precisa sair!! Quero dizer, você... a-acabou de vir pra cá, e... b-bom, eu estou a mais tempo, então pode deixar que eu saio! - Tadase mal terminou de gaguejar sua frase, quando deu-se conta de que, se ele saísse primeiro, Nagihiko o veria nu, o que só aumentava o nervosismo e o embaraço do loiro. Ele soltou o pulso do Valete e acrescentou - Ah, espera... i-isso não pode... q-quero dizer, eu... v-você não precisa sair por minha causa, sabe, pode ficar o quanto quiser!
– Mas você... você se sente incomodado com a minha presença, não é? Além do mais... parece que você não quer que eu o veja... s-sem roupa... foi por isso que você desistiu de sair, não foi? - Nagihiko respondeu, desviando o rosto para o lado numa tentativa de esconder o rubor de sua face. Ele abaixou a cabeça, de modo que sua franja cobrisse os olhos, e continuou - Ano nee Hotori-kun... você não precisa fazer essa cara... nem se forçar a ser amigável comigo, eu sei que você deve estar com raiva de mim agora. Claro que está com raiva... tem razão em estar zangado comigo depois do que aconteceu. Mesmo que não esteja, você... d-deve estar com medo de mim ou coisa parecida, não é? Eu sei que você... me odeia agora. Eu não te culpo por isso. Então, talvez seja melhor... se não nos vermos mais de agora em diante. Quero dizer, isso iria acabar acontecendo um dia mesmo... afinal, essa coisa de "amigos de infância" nunca dura pra sempre. Nós podíamos ser amigos até agora mas, um dia terminaremos o colégio, e começaremos a trabalhar. Durante esse tempo, você arrumará uma namorada, e um dia se casará com ela, formará uma família e terá filhos... daí cada um terá uma nova vida e sua própria família pra cuidar, é inevitável que nos separemos depois que o colégio terminar, já que não nos veremos com tanta frequência depois disso. Parece que eu... te obriguei a fazer uma promessa bastante exaustiva, não é? Aquela história de "ficarmos juntos pra sempre"... é claro que isso não iria acontecer, nenhum amigo de infância, ou colega de classe continua sendo tão próximo um do outro depois que a escola termina. Então você... não precisa mais fazer isso. Não precisa mais ficar ao meu lado, eu ficarei bem sozinho daqui pra frente. Se puder continuar mantendo segredo sobre a minha dupla-identidade, já me darei por satisfeito... mas pode esquecer quanto ao resto. Estou te liberando dessa promessa Hotori-kun.

Mais uma vez, Nagihiko fez menção de se levantar, mas Tadase o deteve novamente. Só que o Rei fez mais do que segurar seu pulso dessa vez. Ele se agarrou ao braço do Valete, abraçando-o com força, e deixando o garoto maior compeltamente sem ação. Estavam tão próximos um do outro que Nagihiko podia sentir seus corpos se tocando, seu braço encostando claramente no peito desnudo do Rei. Nagi sentiu um forte arrepio percorrer-lhe a espinha ao sentir sua própria pele entrar em contato com a de Tadase, fora outras várias sensações que ele teve que fazer um enorme esforço para controlar e não fazer uma besteira ali mesmo.

– Por que você... está me dizendo essas coisas horríveis? Como assim você está me liberando da promessa... como assim amigos de infância não podem ser amigos pra sempre...? Você não quer mais que eu fique ao seu lado ou o que?! Eu não estou cumprindo aquela promessa por mera obrigação, estou fazendo isso porque eu quero! Fiz aquela promessa por livre e espontânea vontade, e continuo cumprindo ela até hoje porque é o meu desejo continuar sendo seu amigo! E vou continuar cumprindo a promessa pra sempre, não por obrigação, mas por que eu quero fazer isso! - Tadase o encarava com aqueles olhos grandes e chorosos, quase que desesperado. Parecia meio zangado também, mas a tristeza que se apossara dele era infinitamente maior - Eu não estou zangado com você... acho que deveria estar, mas... não senti raiva nenhuma de você, em momento algum, Fujisaki-kun. Sei que deveria estar bravo, ou magoado, ou alguma coisa nesse sentido... afinal, você me... bem... v-você roubou meu primeiro beijo. Mas eu simplesmente não consigo te odiar. Ao invés de sentir raiva, eu... fiquei confuso, embaraçado... e com medo. Nunca sequer cogitei a possibilidade de passar por uma situação daquelas com você, então não sabia o que fazer. Por isso eu fugi naquela noite... porque não sabia o que dizer ou o que fazer depois de passar por aquilo. Quando acordei na manhã seguinte e vi que você não estava mais lá, eu... fiquei com mais medo ainda. Todo esse tempo me senti confuso e embaraçado, e fiquei pensando que devia estar zangado com você, apesar de não me sentir assim, mas... em nenhum momento eu parei pra pensar em como você se sentiu quanto à isso. Eu sou mesmo um Rei egoísta, não é? Mesmo sem o Chara Change, eu... sou mesmo muito mimado e egocêntrico. Tive esse tempo todo pra pensar em como lidar com essa situação, mas não consegui chegar a nenhuma conclusão no fim das contas. E, na manhã depois daquilo, quando não te vi lá com os outros, eu... finalmente me dei conta de que você poderia estar magoado com o que aconteceu também, e que poderia estar com raiva de mim. Eu sinto muito por isso, mas... acho que serei um Rei egoísta até o final. Serei egoísta até o fim, então... eu não quero que você saia do meu lado! Não quero deixar de ser seu amigo, não importa quanto tempo passe, ou que terminemos o colégio, e cada um tenha sua família e sua vida, isso não importa... não quero que você me deixe!!!

Tadase o encarava com aquele par de orbes rubros, mais que desesperado. Ele estava falando sério?! Como ele podia não estar zangado depois do que aconteceu?? Ele devia estar no mínimo com medo de Nagihiko! O que pelo jeito não era o caso, já que ainda estava agarrado ao braço dele, deixando que seus corpos se tocassem sem nenhuma preocupação. Mas como ele podia querer continuar sendo amigo do Valete depois do que ele fez?! Tadase não era um Rei egoísta no fim das contas, era um Rei altruísta, tanto que chegava a ser perigoso para ele mesmo.

– Etto... bom, primeiro quero pedir à você que me solte. Estamos os dois despidos, caso não tenha notado, e... v-você me abraçando desse jeito é... bem, é embaraçoso! - Nagihiko pediu com o rosto vermelho, sentindo que não conseguiria resistir por mais muito tempo se Tadase o continuasse tocando daquela maneira
– Ah, sim... d-desculpe - Tadase finalmente soltou o braço do garoto e se afastou lentamente, voltando a posicionar os próprios braços na frente do peito
– Tudo bem. Bom, em segundo lugar... você tem alguma noção do quanto essa sua última frase foi comprometedora? - Nagihiko acabou deixando escapar - Quero dizer... bom, se você tivesse dito isso à uma garota... e-ela poderia interpretar isso do jeito errado, entende? Então pense melhor antes de sair falando essas coisas embaraçosas por aí! E por último... como você pode não estar zangado comigo? Como pode... querer continuar sendo meu amigo depois de... d-depois do que eu fiz?
– Eu também não entendo... mas é assim que eu me sinto. Mesmo que aquilo tenha acontecido, eu... não quero perder você, não quero deixar de ter você ao meu lado. Eu... sinto a sua falta. Além do mais, não foi apenas você que... err... q-q-que roubou meu primeiro b-beijo... eu também meio que roubei o seu - Tadase fez uma pausa, lhe ocorrendo uma idéia repentina. Ele não tinha certeza se aquele tinha sido mesmo o primeiro beijo de Nagihiko. Sentiu como se uma pedra afundasse em seu estômago. Por alguma razão não lhe agradava em nada a hipótese de Nagihiko ter roubado o primeiro beijo dele, mas ele não ter roubado o de Nagihiko - Etto... a-aquele foi o seu primeiro beijo... não foi?
– É... foi sim - Nagihiko virou o rosto para o lado um tanto embaraçado
– Sério mesmo? - perguntou Tadase meio desconfiado - Você parecia tão... experiente... como se já tivesse feito aquilo várias vezes antes - inconscientemente, Tadase levou os dedos aos lábios, sentindo o rosto esquentar.

Nagihiko estranhou a insistência do Rei nesse assunto. Realmente tinha sido o primeiro beijo dele, e o garoto não tinha nenhuma experiência anterior, mas lembrava-se de ter assumido o comando quando beijou o Rei. Como fizera isso afinal?! Lembrava também de que não parou para pensar muito naquela hora... apenas deixou o raciocínio de lado e seguiu seus instintos, deixando que o corpo dominasse a mente. Devia ter sido mesmo puro instinto mas, principalmente, acreditava que tinha conseguido fazer aquilo porque era Tadase que ele estava beijando. Provavelmente não conseguiria fazer isso com outra pessoa.

– Eu falei a verdade. Aonde eu poderia aprender uma coisa dessas afinal? Aquele foi mesmo meu primeiro beijo - Nagihiko disse por fim - Eu não tinha nenhuma experiência anterior... t-talvez você só estivesse mais nervoso do que eu e acabou tendo essa impressão. Foi só isso
– Então... se é assim, então você devia estar zangado comigo também! - Tadase exclamou de repente, elevando a voz algumas oitavas. Por algum motivo sentiu um imenso alívio ao saber que Nagihiko também nunca havia beijado ninguém antes dele - Quero dizer, se eu... se eu também fiz isso... então você também devia estar com raiva de mim!
– Eu... não me importo com isso - Nagihiko disse simplesmente, tentando ser o mais convincente possível - Não me importo em ter perdido meu primeiro beijo pra você... estava mais preocupado com o fato de... d-de termos nos b-beijado
– Sei... entendi. É claro, ela poderia ficar com ciúmes ou interpretar mal os fatos né? - Tadase disse subitamente, uma dolorosa memória vindo à mente
– "Ela"?? - Nagihiko repetiu confuso
– Outro dia eu vi... você e a Mashiro-san conversando na rua. E ouvi quando ela... s-se declarou pra você - Tadase contou, dificilmente forçando um sorriso - Desculpe, sei que foi indelicado de minha parte ficar ouvindo a conversa dos outros, principalmente uma conversa importante dessas... mas eu estava passando por ali naquela hora, e não pude deixar de ouvir.

Por um momento o coração de Nagihiko parou de bater. O quanto daquela conversa Tadase tinha ouvido?! Se ele ouviu até o final... estava tudo perdido, com certeza.

– Hotori-kun... o quanto você ouviu sobre essa conversa...?
– Eh? B-Bom... a parte em que ela se... s-se declarou, e... disse que queria sair com você. E-Eu achei que seria muita falta de educação continuar ouvindo, então fui embora logo depois disso - o Rei contou, sentindo um terrível aperto no peito. Por que era tão doloroso saber que seu amigo de infância tinha uma namorada?! Será que era inveja ou alguma coisa do tipo?? Não, parecia ser bem pior do que isso - Então vocês... começaram a namorar né? Eu realmente não esperava por isso... foi uma tremenda surpresa. Ainda mais porque a Mashiro-san.... bom, ela sempre implicava com você, então achei que ela não gostava de você, mas parece que era o contrário... eu não sei mesmo lidar com essas coisas hahahaha... d-de qualquer forma... bem, o que estou tentando dizer é... que eu espero que dê tudo certo. Mashiro-san é uma garota de sorte por ter você ao lado dela... eu espero que vocês sejam fel... f-feli... fe-feliz...!

Tadase não conseguiu terminar a frase devido à grande onda de soluços provocados pelas lágrimas que escorriam pelo seu rosto. Nem o próprio Rei sabia porque estava chorando, só sabia que, quando pensava em Nagihiko e Rima juntos, sentia uma tristeza tão grande que tinha vontade de se afogar ali mesmo naquela fonte. Isso era mal, muito mal. Nagihiko sempre o apoiou e ajudou tanto, ele queria poder ao menos ficar feliz pelo amigo. Então por que não conseguia?! Por que estava chorando como uma criancinha desamparada que acabou de perder seu brinquedo preferido para algum grandalhão malvado quando deveria estar desejando felicidades ao seu amigo de infância?? Isso era horrível, era realmente péssimo... se continuasse assim, poderia até dar a impressão de que ele estava com ciúmes porque tinha uma queda por Rima ou coisa parecida. Tadase não entendia praticamente nada sobre relacionamentos amorosos, mas uma das poucas coisas que ele sabia era que, um amigo não deve jamais gostar da namorada do outro, pois isso pode causar brigas, conflitos, e até o fim de uma amizade. Aprendeu isso assistindo à programas de televisão e novelas com sua mãe. E mesmo sabendo disso tudo, ele simplesmente não conseguia parar de chorar.

– Mas hein...? Por que isso agora? D-Desculpe, eu... n-não sei o que houve, antes que eu percebesse... a-as lágrimas saíram de repente... droga, isso não pára... n-não consigo parar...! - Tadase tentava limpar as lágrimas em seu rosto, mas era inútil, pois novas lágrimas continuavam escorredno de seus olhos, molhando sua bela face.

Nagihiko queria fazê-lo parar de chorar, queria consolá-lo, mas não sabia como. Tinha uma vaga idéia do motivo do choro repentino do loiro, mas era uma idéia tão absurda e inconcebível que com certeza estava fora de questão, ele devia estar enganado, com certeza. Vai ver o Rei ainda estava pensando sobre o beijo entre eles e ficou tão amedrontado e constrangido que acabou chorando sem querer. Sim, era isso com certeza, não podia haver outra explicação. Nagihiko ainda queria consolá-lo de alguma forma, mas não via como. Nessa situação, ele não podia nem abraçar o garoto, já que estavam ambos despidos. Um contato físico naquela situação seria demais para o Valete, ele não aguentaria tocar naquela pele macia sem ter pensamentos impuros e acabar fazendo alguma outra besteira. Por fim, lembrou-se de algo que o próprio Rei fez quando ele mesmo caiu no choro algum tempo atrás. Como não via uma opção melhor, resolveu fazer aquilo mesmo.

Nagihiko se aproximou devagar do Rei, que ainda estava tão ocupado em chorar desesperadamente que só notou a aproximação quando estavam a centímetros um do outro. Tadase o encarou um tanto assustado, sua face ainda lavada em lágrimas. Sentiu Nagihiko segurar seu rosto dos dois lados com as mãos e arfou de surpresa. Não, não podia ser... Nagihiko não estava pretendendo beijá-lo de novo... estava?! Tadase corou furiosamente diante dessa possibilidade e fechou os olhos com força, sentindo uma nova onda de medo e constrangimento, por algum motivo misturados com uma grande ansiedade invadí-lo. Nagihiko aproximou seu rosto do garoto lentamente, colocando a ponta da língua para fora. E (in)felizmente não aconteceu nada daquilo que o Rei imaginou. Tadase sentiu a língua do maior percorrer sua bochecha direita, indo até o olho, limpando suas lágrimas. Nagi se afastou um pouco, e depois fez o mesmo do lado esquerdo, limpando as lágrimas salgadas do Rei com a língua. Tadase estava em um estado de choque tão grande que se esqueceu de continuar chorando. Quando terminou, Nagihiko tornou a se afastar, e disse meio sem graça:

– Não vai ficar zangado por causa disso, não é? Quero dizer, eu não tinha nenhuma toalha ou lenço por perto, então não tinha outro jeito... a-além do mais, você já fez a mesma coisa comigo uma vez, se lembra? Por isso eu... a-achei que não tinha problema fazer com você - ele falou, desviando o rosto para que Tadase não o visse corado - E sobre o que você disse antes... você não devia tirar conclusões precipitadas sobre conversas ouvidas pela metade. Eu não estou namorando a Rima-chan
– Não... não está? - Tadase repetiu incrédulo, o rosto ainda vermelho - Mas... mas eu ouvi ela se declarando pra você! Tenho certeza!
– É verdade, ela se declarou pra mim - Nagihiko confirmou - Mas eu... bom, eu a rejeitei
– C-Como assim?! - Tadase parecia cada vez mais confuso - Quando alguém se declara, o normal é que as duas pessoas comecem a namorar, não é??
– Sim, se for o caso das duas pessoas se gostarem - o Valete respondeu - Hotori-kun, quantas meninas daquela escola já se declararam pra você?
– Hein?! Ahn... etto... n-não sei, perdi a conta - ele disse meio envergonhado
– E você não aceitou namorar com nenhuma delas porque simplesmente não gostava de nenhuma delas, não é? - Nagihiko perguntou
– É...
– Bom, o mesmo aconteceu comigo e com a Rima-chan. Eu não gosto dela, então não posso namorar alguém que não amo - o Valete explicou - Isto é... não é que eu a odeie nem nada assim, Rima-chan é minha amiga afinal... mas eu não estou apaixonado por ela, entende?
– Fujisaki-kun... por acaso você... rejeitou a Mashiro-san porque já gosta de outra pessoa? - Tadase acabou soltando a possibilidade que lhe ocorreu de repente. Uma nova onda de choro parecia prestes a vir a qualquer momento caso a resposta fosse positiva
– Ehh?! E-Eu não disse isso!! - Nagihiko se apressou a dizer, sentindo sua face esquentar. Se ele confirmasse a hipótese, Tadase perguntaria quem era a pessoa de quem ele gostava, e essa era a última coisa que ele queria que Tadase soubesse - É como eu disse... e-eu a rejeitei porque não a amo. Rima-chan é uma amiga pra mim e nada mais do que isso. Simples assim
– Entendi... então é isso. Gomen nee... por tirar conclusões precipitadas e perguntar essas coisas embaraçosas - Tadase sentiu uma imensa onda de alívio preencher seu peito, e foi se aproximando aos poucos do Valete, até que estivesse do lado dele. Nagihiko ofegou ao notar o quanto seus corpos estavam próximos - Se vocês não estão juntos, então acho que não tem problema... seu primeiro beijo ter sido comigo afinal...
– O que?! H-Hotori-kun, o que está dizendo??
– Eu me lembro... fico pensando nisso às vezes - Tadase ergueu a mão vacilante, tocando os lábios de Nagihiko com a ponta dos dedos, que corou furiosamente ao sentir o toque do Rei. Tadase parecia ter ficado meio sonolento de repente, talvez até embriagado - Eu ainda me lembro... lembro do seu gosto... de como seus lábios eram macios. E o seu beijo foi tão... tão...!

Antes que pudesse concluir a frase, Tadase desabou em cima do garoto, seu peito nu entrando em contato com o do Valete. Nagihiko ofegou e deixou escapar um fraco gemido ao sentir aquela pele macia tocando a sua. Seu rosto estava muito vermelho, e aquela situação lhe causa as mais variadas sensações, uma mais intensa do que a outra, mas Nagihiko precisava se controlar antes que fosse tarde demais. Dificilmente forçou-se a recuperar a linha de raciocínio e, segurando Tadase pelos braços, tentando fazer o menos contato físico possível com o Rei, falou:

– Ei Hotori-kun, o que está fazendo?! J-Já disse pra não me abraçar desse jeito enquanto estivermos assim... ei, está me ouvindo?? - Nagihiko sacudiu o garoto, e finalmente percebeu que ele estava inconsciente - Ahh não... fala sério, ele desmaiou?! Mas como isso aconteceu assim do nada?! Será que a culpa é minha??

Nagihiko o encostou em uma pedra, pensando no que fazer. Reparou melhor no rosto de Tadase e viu que ele estava corado demais, o que não deveria acontecer com uma pessoa incosciente, e que a vermelhidão de sua face parecia se espalhar lentamente pelo resto do corpo.

– Ah, tá certo... ele entrou na fonte primeiro do que eu. Deve ter ficado muito tempo aqui, e acabou ficando com tontura - Nagihiko concluiu, aliviado por perceber que não era culpado por isso - Ahh cara... você é um Rei muito descuidado mesmo. Ficando assim tão indefeso na minha frente, e ainda mais... quando está sem roupa...

Pensamentos insanos preencheram a mente atordoada do Valete de repente. Sim, Tadase estava inconsciente e completamente vulnerável. Tão indefeso... tão adorável, tão atraente... até mesmo inconsciente ele era lindo, e sua carinha fofa e angelical parecia se acentuar ainda mais agora. Nagihiko poderia muito bem roubar-lhe outro beijo agora, e Tadase jamais saberia... talvez até fazer muito mais do que beijá-lo.

Em um impulso, Nagihiko esticou a mão em direção ao tórax desnudo do Rei, mas antes que o tocasse, uma voz em sua cabeça, que lembrava muito a voz de Nadeshiko, forçou-lhe a recuperar a razão. O que ele estava pensando afinal?! Ia mesmo abusar de um menino indefeso desse jeito?! Tadase precisava era de ajuda agora, se ficasse muito mais tempo na fonte poderia adoecer de verdade, e Nagihiko estava mesmo pensando em tais obcenidades em uma hora como essa?! Tadase jamais o perdoaria se soubesse o tipo de pensamento imoral que passou por sua cabeça... nem Nagihiko poderia perdoar a si mesmo por pensar tais indecências. Ele sacudiu a cabeça com força, tentando afastar esses pensamentos insanos, e pôs-se a retirar o Rei dali antes que as coisas piorassem.

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– Mas hein...? O que aconteceu...? - Tadase murmurou fracamente, abrindo os olhos devagar
– Finalmente acordou. Você está bem Hotori-kun?

Tadase sentou-se tão rapidamente ao ouvir aquela voz que sentiu uma forte tontura. Estava deitado em um futon, em um quarto que não era seu. Ele levou uma mão à cabeça, como se aquilo a fizesse parar de doer e, com os olhos ainda semi-cerrados, viu Nagihiko sentado diante dele. O garoto vestia uma yukata azul-marinho com alguns tons em roxo. Ao olhar para si mesmo, Tadase percebeu que também trajava uma yukata, sendo que a dele era branca e azul-clara.

– Ano... o que eu... c-como vim parar aqui?? - o Rei perguntou confuso, ainda com a mão na cabeça
– Você desmaiou nas termas. Deve ter ficado muito tempo lá. É perigoso ficar muito tempo em uma fonte termal, pode provocar tonturas, desmaios, ou talvez até coisa pior - Nagihiko respondeu, evitando encará-lo
– Ah, certo... - Tadase murmurou, ainda meio sonolento. Em seguida reparou melhor na sua roupa, e um repentino pensamento tremendamente constrangedor lhe veio à mente - Humm... essa yukata... f-foi você que...?
– Depois que você desmaiou, eu chamei um funcionário pra ajudar. Foi ele quem te tirou da fonte e vestiu você - Nagihiko respondeu antes que o garoto terminasse a frase. Ele estava certo no fim das contas. Se Tadase havia ficado desse jeito diante da possibilidade de Nagihiko ter apenas tirado ele da fonte e o vestido, imagine então se soubesse o tipo de pensamentos imorais que passou pela cabeça do Valete?! Tadase não iria aguentar aquilo, provavelmente desmaiaria, teria uma crise de choro, ou coisa parecida - Nee... te incomoda tanto assim a possibilidade eu ter te visto sem roupa...?
– Hein?! N-Não é que me incomode, é só que..! - Tadase embolou-se com as palavras, sem saber o que responder - Bem... isto é... e-eu meio que...
– Tudo bem, não precisa responder. Só essa sua reação já é mais do que uma resposta - Nagihiko interrompeu o gaguejar do Rei - Etto Hotori-kun... naquela hora, pouco antes de você desmaiar... você se lembra daquilo que você disse?
– Hein? O que eu disse?
– Você... não se lembra??
– Eu comecei a me sentir tonto de repente... não lembro muito bem - Tadase coçou a cabeça confuso - Eu disse alguma coisa estranha?
– N-Não... se você não lembra, então deixa pra lá - Nagihiko tentou ignroar aquilo - Bom, já que você acordou, eu acho que vou andando...
– Espera Fujisaki-kun! - Tadase tornou a segurá-lo pelo braço. impedindo o garoto de se levantar. Ao perceber o contato físico entre os dois, Tadase afastou-se rapidamente e, esfregando uma mão na outra nervosamente, falou - E-Eu preciso... perguntar uma coisa. Etto... aquilo que aconteceu... na festa de Natal... s-será que não podemos esquecer sobre aquilo?
– Esquecer...? Hotori-kun, aonde está querendo chegar??
– Bom, você sabe, aquilo... aquilo aconteceu. É um fato, e nada do que eu diga ou faça vai mudar isso - Tadase prosseguiu, o mais coerente possível - Falar sobre isso, até pensar sobre isso me deixa envergonhado e confuso... sempre que lembro disso, tenho medo de te encontrar e de falar com você, porque não sei como deveria agir depois disso. Mas ao mesmo tempo... eu não quero deixar de te ver. Sinto saudades quando passamos muito tempo sem nos falar, e... bem, eu sinto falta da sua companhia, você é meu melhor amigo afinal. Então será que não podemos... simplesmente esquecer esse assunto? Se não falarmos mais sobre isso, acho que não haverá mais problema... eu não quero perder sua amizade, você é quase um irmão pra mim, e não quero que uma coisa que aconteceu durante um jogo bobo estrague isso.

Nagihiko sentiu alguma coisa remexer-se desconfortalmente dentro de si. Por um lado, estava tremendamente feliz que Tadase estvesse disposto a tentar superar isso e seguir em frente. É claro, afinal, ele também não queria deixar de ver o Rei. Mas por outro, aquelas últimas palavras do loiro foram como um golpe fatal em seu frágil coração. Tadase queria continuar sendo seu amigo... um amigo, e nada mais do que isso... Nagihiko era como um irmão para ele. Claro que o Valete sabia que não poderia ser de outro jeito, mas ouvir aquelas palavras saindo da boca de Tadase realmente doía.

– Um irmão, é...? Quer dizer, igual ao seu adorado "Ikuto-niisan"? - Nagihiko perguntou, forçando um sorriso, enquanto abaixava a cabeça de modo que a franja cobrisse-lhe os olhos
– Eh? Não exatamente... acho que é... um pouco diferente do Ikuto-niisan. Mas não sei explicar muito bem - Tadase respondeu, meio confuso com a comparação - M-Mas de qualquer forma, você é importante pra mim, e eu não quero perder você! Mas só que... se continuarmos falando sobre isso, eu sinto que vou ficar tão envergonhado que vou acabar saindo correndo daqui como da outra vez... e-então, será que podemos não falar mais sobre isso? Quero dizer, eu não estou zangado pelo que aconteceu... e pelo jeito, você também não. Você... b-bom, você roubou meu primeiro beijo, não posso mudar isso... mas eu também roubei o seu, então... acho que estamos quites né? Mesmo porque... se eu tinha que perder meu primeiro beijo pra um garoto, então... fico feliz que tenha sido pra você
– O que..?! - Nagihiko arregalou os olhos, sentindo seu rosto esquentar numa velocidade alarmante - C-Como assim você... ficou feliz...?!
– Ahh desculpe! Eu... eu disse uma coisa estranha né? - Tadase também sentiu seu rosto corar - Isto é... n-não é nesse sentido... quero dizer, ambos somos garotos, então... e-eu quero dizer que, já que isso tinha que acontecer com algum garoto, eu fiquei feliz por ter sido com você porque... porque você é meu amigo e, eu conheço você há mais tempo do que os outros... eu quero dizer... que fiquei feliz por ser com alguém que eu conheço bem, e não com algum estranho, entende? Ahh desculpa, eu estou falando coisas estranhas de novo! - Tadase escondeu o rosto enrubescido entre as mãos
– Não, tudo bem... não faz mal - Nagihiko respondeu, ainda tentando se convencer de que aquilo que Tadase falou não tinha duplo-sentido - Eu também... penso dessa forma. Se era pra acontecer com um garoto... fico feliz que tenha sido com alguém que conheço há tanto tempo, como você, Hotori-kun. Mas você tem razão. Se continuarmos falando sobre isso... não vai ser bom pra ninguém, com toda certeza
– Hai! - Tadase respondeu, um pouco mais animado - Então... não se fala mais sobre aquela história do beijo, combinado?
– Combinado
– Então, amigos de novo? - o Rei estendeu a mão sorrindo
– Claro... amigos - Nagihiko apertou a mão dele, sem poder deixar de desejar algo mais. E para sua surpresa, o "algo mais" acabou vindo. Tadase meio que se empolgou e, rapidamente soltou a mão dele, e atirou seus braços ao redor do pescoço do garoto, abraçando-o.

Nagihiko sentiu seu rosto corar furiosamente, um turbilhão de diversas sensações invadindo seu corpo. Sentiu um inconfundível cheiro de morangos vindo dos cabelos do Rei invadindo suas narinas, e sentiu um forte arrepio percorrer suas costas de cima a baixo. Mesmo com ambos estando vestidos agora, um simples abraço de Tadase ainda era o suficiente para lhe deixar mais do que abalado.

– H-Hotori-kun! Já não te falei pra não me abraçar assim de repente?! É embaraçoso - Nagihiko afastou o menino de si, tomando o cuidado de não tocá-lo diretamente na pele
– Ah, desculpe! É que fiquei tão feliz de ser seu amigo de novo que acabei me empolgado... sinto muito - Tadase se afastou mais um pouco, parecendo preocupado
– Está tudo bem. Apenas me avise antes ou coisa do tipo... não faça isso assim do nada - Nagihiko falou, ainda tentando normalizar a respiração
– Hai, pode deixar! - Tadase voltou a sorrir - Ano nee Fujisaki-kun.. o seu cabelo tem um cheiro tão bom... eu pude sentir quando te abracei. Ele é tão macio... tem um cheiro gostoso de cerejeiras. Combina muito com você
– Ahn... obrigado - foi a única coisa que Nagihiko conseguiu dizer naquela situação
– Nee... você vai ficar aqui até quando?
– Até o ano-novo - Nagihiko respondeu, feliz com a mudança de assunto - E você?
– Eu também! Que bom, poderemos passar o ano-novo juntos!
– Sim... que bom mesmo. Então, vamos indo, Hotori-kun?
– Vamos!