Yakusoku escrita por teffy-chan, Shiroyuki


Capítulo 10
Capítulo 10 - Immoralist


Notas iniciais do capítulo

Immoralist - Horie Yui
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A neve caia ininterruptamente lá fora, descolorindo a paisagem e cobrindo com todos os espaços. A névoa se espalhava homogênea pelo ar, tornando impossível a visibilidade de qualquer coisa que estivesse a um palmo de distância. Não havia folha alguma nas árvores, que mal mexiam ao vento os seus galhos congelados, com pingentes de gelo formando-se.

Nagihiko respirou fundo, sentindo o ar gelado entrar e sair dos seus pulmões. Rythm, esperto como era, não saiu do seu ovo naquela manhã gelada, e estava agora ressonando feliz em um lugar quente. Nagihiko sentiu inveja do pequeno Chara. Aconchegou-se no pesado casaco marrom, e encolheu o rosto no cachecol, preparando-se para começar a andar. Afundou as mãos gélidas nos bolsos, tentando com isso, fazê-las voltarem a se mexer. Precisaria estar com as funções motoras plenas, se quisesse escrever algo naquela prova.

Finalmente, depois de quase um semestre inteiro de estudos, hoje era o dia das suas provas finais. Com um pouco de insistência, Nagihiko conseguiu prolongar o seu prazo, e fazer as provas mais tarde. Havia certos privilégios que faziam valer a pena ser um guardião.

Em breve seria Natal, e se ele esperava ter algum tempo livre no final do ano, era melhor sair-se bem nessas provas. No entanto, interiormente, ele lamentava que esse dia tivesse chegado tão rápido. É claro que ele queria entrar no time de basquete, e se ver livre desse problema com notas... mas mais do que isso, ele queria passar mais tempo com Tadase, apenas os dois, estudando. A sensação de que Tadase se preocupava... de tê-lo sempre tão perto... talvez fosse um pouco viciante. Nagihiko enfrentava agora uma espécie de crise de abstinência antecipada, com o fim dos estudos com o Rei e a aproximação das férias.

O telefone tocou, acordando Nagihiko dos seus pensamentos. Ele continuou a andar, e atendeu-o.

Moshi moshi? – o ar de sua respiração se condensou a sua frente, transformando-se em vapor – Tadase? – ele ofegou, ao reconhecer a voz do outro lado.

Fujisaki-kun, espero não estar atrapalhando... – ele disse, hesitante. Sua voz estava praticamente irreconhecível, rouca, baixa e um pouco fanha. Falava e respirava com dificuldade.

— Claro que não! Mas... você está bem, Tadase? Sua voz está estranha.

— Ah, sim, foi por isso que liguei – tossiu – Eu queria avisá-lo que não poderei ir à aula hoje, por que estou gripado.

— Certo... mas... por que está me avisando? Você já fez suas provas semana passada, com os outros. – Nagihiko indagou, sem entender.

Eu fiz, mas eu queria realmente estar com você... para desejá-lo boa sorte... – Tadase disse, ainda mais baixo. Seu tom de voz sugeria que ele estava cansando.

Nagihiko sentiu seu coração despencar, tremulando ao vento gelado que soprava. Por pouco, não derrubou o celular direto no chão.

— T-tadase – ele disse hesitante – Você está bem mesmo?

Estou sim! – Tadase se apressou em dizer, tossindo logo depois – Meus pais não estão aqui hoje, mas eu consigo tomar os remédios sozinho, e minha mãe deixou a comida pronta, então...

— Você está sozinho?! – Nagihiko alarmou-se.

— O que? Eu estou bem, Fujisaki-kun, não precisa se preocupar... – Tadase tentou dizer, voltando a tossir.

Nagihiko, porém, já não estava mais ouvindo. Assim que percebeu a forte crise de tosse, desligou a ligação e saiu em disparada na direção oposta, com seus cabelos balançando ao vento, assim como o cachecol roxo escuro.

Em meio à corrida, ele digitou rapidamente números no celular, colocando-o novamente no ouvido.

— Amu? – falou, sem diminuir o ritmo – Amu! Me diz rápido! O que é bom pra gripe???

— Gripe? Do que você tá falando? Por que não está aqui ainda, Nagihiko? Sua prova já vai começar e você nem chegou na escola!

— Isso não importa! – ele disse, exasperado – Você sabe de alguma coisa que ajude com a gripe? Um remédio, uma comida, qualquer coisa?

O que? Eu não s- Yaya! Solta o meu...

— Yoo! É a Yaya falando! Nee, Nagi, o que você tá fazendo? – ela cantarolou, animada – Sabe, você não devia faltar a aula pra ir brincar de médico, Nagi!

De médico...? Você sabe de alguma coisa, Yaya? – Nagihiko indagou, desconfiado, ignorando a última piadinha com duplo sentido da ás (ultimamente ela andava muito atrevida para o seu tamanho).

O nosso amado rei de voz rouca e nariz escorrendo ligou pra mim agora há pouco. Ele disse que estava muito preocupado com você e que queria poder apoiá-lo hoje.... Isso não é fofo?

Yaya... você sabe alguma receita que ajude com a gripe? – Nagihiko perguntou novamente, tentando não se deter ao fato de Tadase, mesmo doente, estar se preocupando com ele. Já bastava seu coração ter se agitado ao ouvir isso. Ele precisava de foco. Foco!

Entrou em uma loja de conveniência, pegando uma cestinha de compras e avançando até um dos corredores.

Eto... deixa a Yaya pensar... – ela titubeou por alguns segundos, e então soltou uma exclamação de euforia – Yaya teve uma ideia muito boa!!! Anota aí! O que faz bem pra gripe é... ostras. Ovo de codorna! Pimenta... mas tem que ser uma pimenta especial, com nome estranho... e também... bombom de licor! Muitos, muitos bombons de licor!

Tem certeza disso, Yaya? – Nagihiko hesitou, estranhando aquela escolha incomum de produtos. Quando ele era Nadeshiko, sabia muito bem como preparar os alimentos e para que eles serviam, mas agora tinha a impressão de que toda essa informação havia sido sugada da sua mente. Talvez esse conhecimento estivesse com Temari, encerrado em algum canto escondido do fundo da sua mente.

Mesmo com suas desconfianças, Nagihiko pegou todos os itens da lista de Yaya, e mais alguns chás, mel e limões. Alguma daquelas coisas faria bem a Tadase. Provavelmente.

Seguiu então, para a casa do Rei, tão depressa quanto o frio o permitia, com suas compras nos braços. Seu celular tocava, com ligações de Yaya, mas ele não atendeu a mais nenhuma. Chegando ao seu destino, deparou-se com outro problema. A porta estava trancada, obviamente, e Nagihiko não faria Tadase levantar-se para atendê-lo.

Deixando as compras de lado, ele pegou um grampo do bolso do casaco, resquício de sua época como Nadeshiko, e preparou-se para abrir a porta, ajoelhando-se em frente a ela. Com precisão cirúrgica, ele colocou o grampo em seu espaço e começou a girá-lo aleatoriamente. A porta abriu com um clique, poucos minutos depois.

— Eu consegui? – Nagihiko balbuciou, incrédulo. Sentia-se um pouco convencido, depois de abrir a porta por si mesmo com um grampo, como nos filmes.

— F-fujisaki-kun! Por que está tentando arrombar minha porta?

Nagihiko levantou o olhar, e só então notou a figura magra, que usava seu pijama azul-claro, enrolado em um pesado cobertor. Lembrava um Rei, de fato, com o cobertor vermelho como manto. A pele estava mais pálida do que o habitual, com espessas manchas vermelhas abaixo dos olhos e nas bochechas, e o cabelo loiro desgrenhado.

— Aah... Hotori-kun... você que abriu a porta... – adicionou com decepção – Bem, não importa! Eu vim até aqui ver como você está! – ele disse, levantando-se e juntando as compras do chão. Trouxe algumas coisas para você...

— Fujisaki-kun! O que você está fazendo aqui?! – Tadase exclamou, com a voz falhando – A sua prova...

— Não importa! Vá logo para a sua cama, e não saia de lá! – Nagihiko levantou a voz, imperativamente. Tadase recuou alguns passou, voltando ao seu quarto imediatamente, enquanto Nagihiko largou os sacos do mercado sobre a mesa e o seguiu.

— Finalmente, valete! – Kiseki sobrevoou a cabeça de Nagihiko, preocupadamente – eu pensei que não chegaria nunca! Tadase está tão mal, eu nunca o vi assim...

— Eu cuidarei dele – Nagihiko piscou um olho, tranquilizando o Chara.

— Você deveria fazer sua prova, Fujisaki-kun! – Tadase lamentou, com a voz chorosa.

— Como eu iria me concentrar em uma prova, com você nesse estado? – Nagihiko admitiu, sinceramente – Eu ficaria preocupado, e erraria todas as questões. Eu posso pedir mais alguns dias... ou então, eu irei fazer as provas de recuperação.

— Mas... se você ficar em recuperação, não poderá entrar no time de basquete. – Tadase concluiu seu raciocínio, com o rosto muito corado – Se você se apressar, ainda conseguirá chegar a tempo…

— Eu não vou sair daqui, Hotori! – Nagihiko cortou-o, adquirindo por um momento uma confiança que não era sua, oriunda, certamente, da vontade de cuidar de Tadase – Não vou te deixar sozinho nesse estado. E além do mais, você precisa de alguém pra te cuidar!

— Eu estou bem, Fuj... – Tadase foi interrompido por uma crise de tosse. Nagihiko aproximou-se rapidamente, apoiando o menor. Quando sua tosse acalmou, ele o cobriu com os cobertores, e sentou na beira da cama. Tadase aconchegou-se, e sorriu fracamente.

— Está vendo? É por isso que eu tenho que ficar com você Hotori-kun. – Nagihiko disse e percebeu que Tadase dava-se por vencido.

— E por que você se preocupa comigo, Fujisaki-kun? É só uma gripe. – ele tentou argumentar, ainda sentindo-se culpado por afastar Nagihiko da sua obrigação.

— Porque não sou capaz de ver meu Rei nesse estado e simplesmente não fazer nada. Meu dever é cuidar e servir você. Eu sou apenas um valete e tanto. – Nagihiko pronunciou, dando por encerrada a discussão.

— Ele só está cumprindo sua função como Valete, Tadase! Não faz mais que a obrigação – Kiseki resmungou, cruzando os pequenos bracinhos – Deixe-o cuidar de você, já que eu não poderia ajudá-lo.

Nagihiko assentiu para Kiseki, e voltou a fitar Tadase por alguns instantes, que sustentou seu olhar com algo parecido com constrangimento por estar preocupando seu amigo. Seu rosto estava tão vermelho...

Receoso, Nagihiko se aproximou, e afastou os cabelos loiros da testa do garoto, aproximando a sua própria. Tocou a pele macia, com os olhos fechados, percebendo que ela estava anormalmente quente. Sentiu também a respiração fraca do menor, que estava ofegante e trêmula. Olhou para Tadase mais uma vez, sem se afastar. Ele mantinha o olhar fixo, mas tremia levemente, parecendo confuso. Seu rosto estava muito mais vermelho do que antes, e provavelmente mais quente também.

— Você está com febre... – ele anunciou, preocupado, mas Tadase não o ouviu.

Nagihiko acariciou o rosto macio suavemente, sentindo a pele arder contra a sua. Suspirou, enquanto Tadase fechava os olhos por um momento, e voltava a abri-los. Ele estava certamente lutando contra o sono. O valete não aguentava vê-lo dessa forma, tão vulnerável e indefeso, certamente sentindo dor. Queria protegê-lo, abraçá-lo. Queria poder fazer algo para ajudar, qualquer coisa.

Sentiu Tadase amolecendo em sua mão, e deitou sua cabeça sobre o travesseiro, ouvindo-o arquejar fracamente, antes de finalmente se acomodar.

— Agora, é melhor você dormir um pouco. Eu irei arrumar algo pra você comer.

— Minha mãe já preparou... – Tadase informou, com a voz cada vez mais baixa, até sumir completamente. Seus olhos se fecharam por completo, enquanto ele se rendia ao sono. Piscou mais algumas vezes, tentando manter-se desperto, mas por fim, acabou cedendo.

— Eu vou ver o que temos aqui. Durma – ele adicionou, num murmúrio, antes de ajeitar os cobertores sobre Tadase, e acariciar seus cabelos desalinhados. Desligou as luzes e deixou-o sozinho, andando em silêncio até a cozinha.

Fitou por alguns instantes os ingredientes citados por Yaya, que estavam espalhados pela mesa. Como aquilo tudo podia fazer algum bem? Bom, de qualquer forma, Yaya era famosa por ir bem nas provas teóricas e práticas de economia doméstica (embora isso pudesse se dever ao fato de ela sempre recorrer a ajuda de Suu e Amu para preparar os pratos mais difíceis) então, ela devia saber de alguma coisa que ele ignorava.

— Eu tenho tarefas importantes a cumprir, como Rei dos Shugo Charas – Kiseki anunciou, enquanto Nagihiko organizava suas comprar sob a bancada da cozinha.

— Está tudo bem, Kiseki – Nagihiko observou a pequena versão de Tadase, que bifava com impaciência – eu estou aqui, então você pode ir tranquilo.

— Ele vai ficar bem? – indagou baixo, com uma seriedade nada característica.

— Claro que vai – Nagihiko sorriu – É apenas uma gripe.

— Você é digno, valete! – Kiseki inflou o peito, com semblante altivo – Eu entrego Tadase aos seus cuidados. Trate bem do seu Rei – disse por fim, voando até a janela e sumindo rapidamente.

Nagihiko apenas sorriu, achando engraçada a preocupação de Kiseki com o seu dono. Shugo Charas eram mesmo criaturas incríveis. Sem pressa, ele iria preparar os alimentos, como melhor conviesse. Tirou o pesado casaco de inverno, o cachecol, o paletó preto e a gravata, e subiu as mangas da camisa, colocando o avental azul que estava pendurado. Assim que estava preparado, reparou nas mechas de cabelo que insistiam em atrapalhar sua visão. Isso não seria bom.

Pegou um elástico que encontrou em algum lugar da casa, e prendeu os cabelos, sentindo-se um pouco desconfortável. Suspirou. Apesar de não ser essa sua intenção inicial, sentia-se mais confiante para cozinhar, com o cabelo preso. Essa sempre fora uma atividade de Nadeshiko, de qualquer forma.

Ficou tão distraído com a preparação da comida que esqueceu completamente de onde estava e o tempo passou rapidamente. Arrumou tudo em uma bandeja, preparou um suco com o limão que havia comprado e se apressou até o quarto de Tadase. Ele ainda dormia profundamente, embora sua respiração estivesse entrecortada e o rosto ainda vermelho, com uma fina camada de suor sobre ele.

— Hotori-kun...? – ele chamou suavemente, tocando Tadase no braço. Este entreabriu os olhos, com dificuldade. Ao ver Nagihiko, sorriu fracamente, e sentou-se na cama.

— Você ainda está aqui... – murmurou, com algo como alívio encoberto na voz rouca – Anh? O seu cabelo está...

— Ah! – Nagihiko tocou o cabelo preso inconsciente – Foi para cozinhar... eu nem me lembrava mais – sorriu sem graça. – Agora, eu preparei algumas coisas para você, que vão fazer bem para a sua gripe – provavelmente – Então, coma tudo, ok?

Tadase assentiu, pegando os hashis, que escaparam da sua mão. Tentou novamente, e dessa vez foi a comida que caiu. Nagihiko sorriu, pegando os hashis da mão do menor. Pegou um pouco do arroz, e apontou para Tadase, que corou furiosamente, mas abriu a boca, e comeu.

— Está muito bom, Fujisaki-san – Tadase balbuciou, abrindo mais uma vez a boca. Nagihiko sorriu satisfeito, notando o quanto o loiro parecia com uma criança agora, nessa situação.

Fizeram isso mais algumas vezes, com todo o tipo de comida que Nagihiko tivesse preparado. Depois, tomaram juntos, o suco de limão. Tadase já não conseguia mais comer, mas não queria fazer desfeita para o amigo, que teve trabalho para arrumar tudo, e mais ainda, por que a comida dele era realmente muito boa. Ele já estava começando a se sentir melhor...

— Fujisaki-kun... – ele disse, com a voz enrolada – Está muito bom, especialmente aqueles ovos... mas eu não consigo mais... – lamentou, tentando focar a visão embaçada.

— Ah, tudo bem, Hotori-kun, não precisa se forçar. Aqui, como sobremesa, coma um desses bombons também. – Nagihiko abriu a caixa e ofereceu para ele, que aceitou.

Os olhos de Tadase brilharam, enquanto ele comia alguns daqueles bombons. Eram ótimos! Ele nunca havia comido nada com aquele sabor. Quando já estava no quinto ou sexto, Nagihiko puxou a caixa para longe.

— É melhor não exagerar, Hotori-kun – Nagihiko alertou – Ou terá uma dor de barriga para completar sua gripe.

— Eu estou... me sentindo estranho – Tadase tentou manter-se coerente – Está quente aqui... – ele disse, desabotoando um pouco do pijama, o que deixava parte do seu tórax pálido a mostra. Nagihiko tentou ignorar isso, e desviou o olhar.

— Você deve estar com febre, Hotori-kun. É melhor deitar um pouco. Eu vou ver se sua mãe deixou algum remédio preparado para isso – ele levantou da cama, mas sentiu algo o impedindo de prosseguir.

Tadase segurava a manga da sua camisa, com os olhos chorosos fixos nos seus.

— Por favor, não vá para longe, Fujisaki-kun – pediu – Eu preciso de você, perto de mim!

Nagihiko engasgou nas próprias palavras, e sem nada a dizer, voltou a sentar. Tocou a testa de Tadase com a mão, mas não parecia haver nada além da mesma febre leve de antes. Então... por que o rosto de Tadase estava tão corado? E ele parecia estar um pouco tonto também.

— O que você está sentindo, Hotori-kun? – perguntou, preocupado.

— Eu não sei... – murmurou – Eu acho que... calor. Está muito quente – chutou as cobertas para longe, respirando ofegante – Está quente... aqui embaixo... – ele disse, confuso, sem olhar para Nagihiko, que ofegou e corou furiosamente com a informação inesperada.

— Acho melhor trocarmos o seu pijama – Nagihiko disse, notando o quanto o menor estava suando – provavelmente é por causa da febre... mas isso é bom, significa que você está melhorando.

Levantou, procurando nas gavetas por outro pijama. Encontrou aquele que havia usado no dia em que dormiu ali, e o pegou. Sentou-se novamente na cama, a frente de Tadase, que começou a desabotoar a camisa do pijama. Tentar desabotoar, na verdade, pois parecia que seus dedos não obedeciam ao comando, e logo ele desistiu, escorando-se nos travesseiros, ofegante e cansado.

Nagihiko aproximou-se, com cuidado. Estava sentindo-se desconfortável, era verdade, mas antes de qualquer coisa, estava ali para cuidar de Tadase. A saúde dele era a prioridade, e ele não devia perder tempo sentindo coisas estranhas agora. Sentiu Tadase estremecer em suas mãos, quando o tocou para abrir a camisa. Cuidadosamente, abriu cada um dos botões, revelando a pele pálida e quente do garoto. Retirou as mangas, com dificuldade, já que Tadase parecia cada vez menos consciente de seus movimentos.

— Nee, Fujisaki-kun... não acha melhor eu tomar um banho? Estou me sentindo um pouco esquisito... acho que um banho resolveria. Está muito calor aqui...

Nagihiko assentiu, um pouco a contragosto. Parecia que Tadase fazia isso de propósito, para provocá-lo!

Ajudou o menor, agora seminu, a se levantar, e o apoiou, colocando o braço direito por cima do seu ombro. Tadase sentiu a pele quente dele entrando em contato com a sua. A sensação era boa... e parecia arder, queimar. Estremeceu, ao sentir a mão de Nagihiko o segurando, pela cintura. Seus pensamentos giraram, inconstantes. A única coisa de que ele conseguia ter consciência era do toque gentil de Nagihiko, e do quanto ele queria ter mais disso. Isso não fazia nenhum sentido... mas no meio da atordoamento em que se encontrava, nada fazia sentido.

— Fujisaki-kun – murmurou, levantando o rosto para fitá-lo. Viu Nagihiko corar, ao notar a proximidade dos seus rostos. Ele era tão adorável... – Você... por que você está aqui? Por que você escolheu me cuidar, ao invés de fazer a sua prova?

A pergunta pegou Nagihiko desprevenido. Ele queria soltar Tadase, para conseguir manter a linha de raciocínio livre de distrações e poder responder de maneira adequada, mas aquele rosto gentil, enrubescido de maneira tão adorável, com os grandes olhos carmesim tão suplicantes e brilhantes... ele não resistia a tocá-lo, o máximo que podia.

— Eu sou o seu valete. É meu dever cuidar de você – ele disse a primeira coisa que veio a sua mente, com os olhos fixos nos do menor.

— Então é isso? – Tadase choramingou, parecendo estar à beira das lágrimas. Virou-se de frente para Nagihiko, apoiando os punhos fechados em seu peito – Você só está aqui por causa das suas tarefas de guardião? Você não gosta de mim? Não gosta...? – indagou, com a voz baixa e suave, que só Nagihiko era capaz de escutar. Os olhos, antes curiosos, agora pareciam decepcionados. Por um momento fugaz, Nagihiko lembrou-se do sonho que teve tantos dias atrás.

— Eu... e-eu... é c-claro que gosto de você, Hotori... eu – ele tentava se manter lógico, sem falar nada além do necessário – Você é meu amigo, e nós nos conhecemos a tanto tempo! Sem falar que você guarda o meu segredo, e nós estudamos juntos...

— Não é disso que eu estou falando! – Tadase bateu o pé, fazendo beicinho como uma criança mimada.

— Então, do que você está falando?

—Eu... não sei... – ele titubeou, inclinando a cabeça em dúvida, como um filhote de cachorrinho. Nagihiko sentiu uma súbita vontade de apertá-lo em seus braços, e nunca mais soltá-lo. Frente a isso, ele resolveu que era melhor se afastar, e recuou alguns passos.

Tadase avançou junto, prendendo seus dedos na camisa de Nagihiko, e encostando seu peito nu no corpo do maior. Ele estava parecendo sonolento, com os movimentos lentos e os olhos desfocados, e Nagihiko achou melhor colocá-lo para dormir, mas antes que pudesse empurrá-lo para a cama, seus pés se prenderam e ele perdeu o equilíbrio.

Ambos foram ao chão. Nagihiko deitado e Tadase por cima dele, com a cabeça na curva do seu pescoço, e os dedos ainda firmes em segurar sua camisa. Sentiu a respiração quente dele bater em sua pele, causando arrepios na base das costas. O loiro, desajeitado, tentou levantar, e por acidente, roçou suas pernas no corpo de Nagihiko, que deixou escapar um gemido baixo.

— Anh? Fujisaki-kun também é capaz de fazer esses sons... – ele disse, com curiosidade. Nagihiko tapou a boca, reprimindo outro gemido enquanto Tadase se movia lentamente sobre ele.

— E-eu não... é melhor você levantar... – argumentou, sem coragem para olhar Tadase nos olhos. Seu coração, já acelerado, parecia prestes a explodir.

— Fujisaki-kun – Tadase não pareceu o ouvir, e olhava fixamente para Nagihiko, com algo não identificado no seu semblante curioso – O seu cabelo... – ele se aproximou mais, tocando a mecha que escapava sobre o rosto dele – eu gosto dele assim... mas... prefiro quando está solto – disse, de maneira gentil, soltando o elástico que o prendia. O cabelo esvoaçou, caindo sobre as costas do valete. Tadase o acariciou, trazendo outra mecha até seu rosto – Tem um cheiro bom... e é tão macio...

— Hotori-kun... você não deveria...









Utau bateu na porta, pela enésima vez, e não obteve resposta. Suas Charas haviam a deixado poucos minutos antes, alegando que tinham um compromisso inadiável no Royal Garden. Desde quando elas haviam se tornado tão amigáveis com os Charas dos Guardiões, Utau não saberia dizer, mas Eru ainda insistiu um pouco em ficar, dizendo emocionada que sentia o cheiro do amor no ar. Chorando, ela foi arrastada pelo ar por Iru, que não queria se atrasar de jeito nenhum.

A loira deu pequenos pulinhos, tentando afastar o frio, mas nada resolveu. Cansada, ela preparou-se para arrombar a porta ali mesmo, mas por sorte, lembrou-se da chave reserva embaixo do vaso de plantas. Tranquilamente, abriu a porta e adentrou o local, soltando sua bolsa em algum canto e tirando o pesado casaco branco que usava.

Andou pelos corredores vazios, certa de que Tadase estaria em seu quarto, dormindo. Havia vindo ver ele, já que havia sido avisada de que o mesmo estava de cama, e resolveu passar e dar uma olhadinha nele.

Tomando cuidado para não fazer nenhum barulho, ela entreabriu a porta, espiando pela fresta. Nem em um milhão de anos, estaria preparada para a cena que presenciou. Colocou a mão sobre o nariz, tentando não fazer nenhum ruído, e espionou mais de perto.

Viu Tadase inclinado sobre o corpo de Nagihiko, que estava deitado no chão. Estava sem camisa, e com a calça do pijama baixa, deixando visível parte da sua cueca branca. A camisa do maior estava entreaberta, revelando apenas uma parte sugestiva da sua musculatura, que era modesta, mas bem definida. O loiro tinha uma das mãos sobre o abdômen de Nagihiko, para manter-se no alto, e a outra enrolada nos cabelos longos do outro, acariciando-os suavemente. As pernas de ambos estavam entrelaçadas umas nas outras. Os dois estavam corados, tão vermelhos quanto tomates maduros, mas continuavam a se encarar fixamente. A respiração de Tadase estava ofegante, enquanto Nagihiko parecia estar se contendo de alguma forma, tentando desviar o olhar a cada segundo, em vão.

Utau sentiu seu rosto formigando e uma súbita vontade de gritar a invadiu, mas foi contida a tempo. Afastou-se, andando de um lado para o outro do corredor, enquanto pegava seu celular e discava rapidamente um número. Sentou no chão, perto da porta, em um lugar que a permitia continuar enxergando o quarto.

— Anh... Yaya? Você não vai acreditar no que eu acabei de ver, garota! – ela sussurrou o mais baixo que podia, segurando com força o celular contra a bochecha.

— O que é? – Yaya cantarolou, baixo também. Provavelmente estava em aula nesse momento – Espera um pouco, Yaya vai pedir para ir ao banheiro. – depois de poucos segundos, ela voltou – Pode falar!

Eu vim até a casa do Tadase, ver como ele está e... bom, ao que parece, ele está melhor do que nunca! Acabei de ver ele junto com aquele valete dos cabelos compridos, e os dois estão se agarrando no chão do quarto! – Utau tentou ser o mais sucinta possível, ainda falando baixo.

O QUE?? – Yaya gritou, e provavelmente seu queixo estava caído – Eles foram tão rápido assim??? Diz os detalhes, mulher! Quem é o seme? É o Nagi, não é? Só pode ser o Nagi! Até onde eles foram?

Calma! O que eu vi foi o Tadase caído por cima desse Nagihiko. Eles estão seminus, se abraçando e se agarrando no chão!

Eles estão?

Bom... é algo assim... mais ou menos. Tanto faz! Eles fazem um casal tão lindo!!!– Utau se agitou, balançando as pernas euforicamente – Kyaaaaa!!! Isso é tão emocionante!!! – ela tentou “gritar baixo” e o resultado foi desastroso. Tapou a boca com a mão, abafando seu entusiasmo.

Vamos lá! Conta mais pra Yaya! Eles estão se beijando? Aaaah, eu quero ver isso!!!

Eu tiro fotos! Melhor, vou filmar! – Utau disse, tirando outro celular do bolso, e arrastando-se para perto da porta.

Conta tudo o que está acontecendo para a Yaya!

Utau assentiu, voltando a espreitar o quarto. Começou a narrar tudo o que via para Yaya, enquanto segurava com outra mão o celular extra (todas as estrelas da música devem ter celulares a mais).



Nagihiko e Tadase, alheios ao fato de que estavam sendo seriamente observados, continuaram onde estavam. Tadase se aproximou ainda mais de Nagihiko, movendo-se vagarosamente, o que só fazia com que o “desconforto” do maior aumentasse. Afundou seu rosto nos cabelos longos, acariciando o rosto de Nagihiko com a bochecha.

Hesitante, Nagihiko queria afastá-lo. Tentou empurrá-lo para longe, mas para isso, teria que tocar o tórax nu do garoto, o que naquela situação, isso não era uma boa ideia. Bem, apenas uma parte dele queria afastar-se realmente. A parte racional e sensata, que tinha a voz de Nadeshiko. A parte impulsiva e inconsequente estava se empolgando rapidamente, e queria mais era esquecer toda a responsabilidade e agarrar Tadase ali mesmo sem pensar nas consequências. Ele estava tão vulnerável, acessível… tão atraente... provavelmente não ofereceria resistência, naquele estado.

— Eu gosto tanto desse cheiro! – Tadase sussurrou no ouvido de Nagi, fazendo-o estremecer, e embaralhando ainda mais seus confusos pensamentos. Colocou os braços ao redor do pescoço do valete, trazendo-o ainda mais próximo – Eu quero ficar mais perto de você, Fujisaki-kun... por que será?

— Hotori-kun – Nagihiko balbuciou, sem conseguir assimilar as palavras de Tadase. Ergueu-se um pouco, ficando escorado na parede. Tadase se acomodou, sentado em seu colo – Eu não acho que você esteja no seu estado normal. Essa febre está fazendo você falar coisas das quais vai se arrepender... é melhor parar, agora. – ele disse, segurando o braço fino de Tadase e tentando afastá-lo.

Tadase manteve-se firme, apertando mais o seu abraço, até que seu rosto ficasse a centímetros de distância do de Nagihiko. Ele arquejou, sentindo seu corpo todo corresponder a essa proximidade.

— Eu não quero parar – ele resmungou, inclinando o rosto na direção do outro.

— O q-que você está fazendo, Hotori...? – Nagihiko gaguejou, perdendo toda a coerência dos pensamentos. A imagem irrefletida do loiro a sua frente, ao alcance das suas mãos tomou sua mente. Tudo o que ele via era o dourado brilhante e o vermelho carmesim, refletindo sua própria figura desamparada.

Segurou a cintura fina de Tadase em uma das mãos, usando a outra para afastar os cabelos loiros do rosto gentil, que fechou os olhos, apreciando o toque suave. Ele tremeu levemente, e as batidas do seu coração ficaram tão altas que mesmo Nagihiko era capaz de ouvi-las.

Ainda de olhos fechados, Tadase entreabriu os lábios rosados, trazendo seu rosto irremediavelmente corado cada vez mais perto do de Nagihiko. Este cerrou seus olhos, inclinando a cabeça para o lado. Sentiu a respiração irregular dele tocando sua face, e o calor da pele irradiando sobre seu corpo inteiro. Eles estavam tão perto que suas respirações e as batidas dos seus corações se confundiam, em uníssono.

Um estrondo alto foi ouvido, seguido de um palavrão baixo e resmungado em voz feminina. Nagihiko, alarmado, congelou, rigidamente. Tadase o fitou com confusão estampada no rosto vermelho. Ele tinha alguma ideia do que os dois estavam prestes a fazer? A julgar pela sua expressão, provavelmente não.

Nagihiko, agindo por instinto, afastou Tadase, levantando-se num salto. Vagamente consciente do estado de saúde do loiro, ele o enrolou com um cobertor e o colocou sobre a cama, antes de andar com calma até a porta, abrindo-a de súbito. Os quadros, que antes estavam pendurados na parede, jaziam sob o chão, e foram certamente a fonte do barulho que o despertou. A figura encolhida, que espionava descaradamente, o fitou surpresa. Trazia um celular a frente e outro na orelha, e seu rosto corado, visivelmente excitado, tinha um sorriso bobo que teimava em não sumir. O nariz escorria sangue, mas ela não parecia ligar. Não era a imagem que se espera de uma famosa idol.

— Eu ligo depois, Yaya – Utau disse rapidamente, desligando o celular. Guardou os dois no bolso, tendo o cuidado de esconder mais a fundo o que trazia a gravação. Não podia correr o risco de perder algo como aquilo.

— O que você estava fazendo aqui? – Nagihiko indagou, mantendo a pose digna, tentando não pensar no que ela possivelmente podia ter presenciado.

— Por favor, não se incomodem comigo. – ela pediu, limpando o nariz – Podem continuar de onde pararam. Nem vão notar minha presença.

Nagihiko corou furiosamente, sem conseguir pronunciar nada coerente. Olhou para trás, esperando que Tadase dissesse alguma coisa, qualquer coisa, mas ele havia se encolhido nos cobertores, e ressonava tranquilamente.

— Você quer me contar o que está acontecendo? – Utau indagou, levantando-se e desamassando a saia. Seu tom de voz sério não combinava com a imagem de segundos atrás.

— Vamos sair daqui, para não acordá-lo – Nagihiko murmurou, fechando a porta.

Os dois rumaram em silêncio até a cozinha. Nagihiko sentou em uma das cadeiras, e Utau sentou a sua frente. Ela pegou um dos limões que sobraram do suco, e começou a girá-lo de um lado para outro, esperando que Nagihiko tomasse a iniciativa e começasse a falar.

— Isso... não foi nada do que você possa estar pensando... – ele disse, depois de alguns segundos de incômodo silêncio. – Foi só... um lapso. Não vai acontecer de novo. Tadase estava com febre, e teve um momento de insanidade. Não significa nada.

— Parece que você está tentando convencer a si mesmo, e não a mim – Utau disse, com perspicácia. Soltou o limão, e olhou diretamente para Nagihiko, sorrindo tranquilamente – Sabe, eu tenho muita experiência...

— Tem? – Nagihiko indagou, retoricamente.

— Eu li muitos mangás... dá na mesma. O que eu quero dizer é que... é óbvio para qualquer um com o mínimo de empatia que você está completamente apaixonado pelo Tadase!

O valete engoliu em seco, corando até a raiz dos cabelos. Ter esse fato verbalizado por outra pessoa era constrangedor, mesmo que ele constatado isso por si só há tanto tempo. E sua reação só fez confirmar a suposição da loira, que sorriu com prepotência.

— N-não é c-como se... – gaguejou, atrapalhando-se nos gestos e palavras – não é como s-se isso fosse... m-mudar alguma coisa. Nós somos... apenas amigos – concluiu, com pesar. Seu olhar, antes constrangido, passou a ser melancólico, e ele não viu outra saída que não fosse fitar o chão fixamente.


Utau sentiu seus olhos marejarem, enquanto via a figura desolada do valete. Ele era bonito, e parecia gentil. Seu sentimento era verdadeiramente genuíno. Ela queria poder fazer algo por ele.

— Sabe... eu não sei bem a quantas anda seu relacionamento com o Tadase, mas por que você não se declara pra ele?

— O que? – Nagihiko indagou, com incredulidade – Isso não vai acontecer! Eu não seria capaz de forçar meus sentimentos para ele dessa forma – disse, com dificuldade. Era a primeira vez que falava abertamente e em voz alta sobre esse assunto, e talvez o fato de Utau ser praticamente uma estranha para ele, ajudasse com sua desenvoltura – Ele não gosta de mim, dessa maneira. E se eu me confessasse, só iria acabar com nossa amizade, além de fazer com que ele se sentisse culpado, ou então, com raiva de mim. Eu prefiro que as coisas fiquem como estão. Hotori-kun está... gostando de uma garota, agora. Ele gosta da Amu-chan... – ele admitiu, sentindo seu peito se apertar dolorosamente – Eu só atrapalharia sua vida, se jogasse meus sentimentos dessa forma, tão irresponsável.

— Isso só vai ficar pior! O que você vai fazer quando não puder mais se conter? Pelo que eu vi hoje... você estava quase se rendendo.

— Aquilo foi um erro. Se você não tivesse derrubado os quadros e chamado a atenção, eu certamente teria me arrependido até morte por ter feito aquilo. Eu sou um imoral, tendo esses sentimentos sujos e indecentes por uma pessoa tão pura quanto o Hotori. Ele não merece que alguém como eu sinta essas coisas por ele. Sem contar o fato... de que eu sou um garoto! – Nagihiko não levantava o olhar – Eu vou esconder esses meus sentimentos ao máximo, e vou me manter ao lado do Hotori, cuidando-o e protegendo-o. E quando eu não for mais capaz de ficar ao lado dele... eu vou fugir – terminou, sem muito entusiasmo.

— Isso não parece muito certo. Eu sempre achei que Tadase combinava muito mais com alguém como a antiga rainha do que com aquela Amu magricela. Mas depois que você apareceu, eu mudei de ideia. Você fica perfeito ao lado dele! – Utau argumentou, visivelmente agitada. Nagihiko sorriu sem graça, com a estranha comparação. – Seus sentimentos não são sujos! Pelo contrário. O fato de você pensar assim só mostra o quanto seu amor por Tadase é verdadeiro. Não importa de verdade que vocês dois sejam garotos, se seus sentimentos forem sinceros, como eu acho que são. Se você quiser, eu faço o possível para ajuda-lo! Tenho certeza de que a Yaya também...

— Não. Obrigado por sua gentileza, mas isso não será necessário. – Nagihiko sorriu suavemente, sinceramente grato.

— Então... se é assim que você quer, tudo bem. Se mudar de ideia, por favor, me avise – ela sorriu, jogando uma das marias-chiquinhas por sobre o ombro – Agora... me responda uma coisa...

— O que?

— Se você não quer ter nada com o Tadase... por que deu todas essas coisas para ele comer? – ela mostrou o restante da comida preparada pelo valete, sobre a mesa – Assim faz parecer que você queria seduzi-lo...

— Se-seduzir? Do que você está falando? – ele sobressaltou-se, corando novamente.

— Não sabia? Esses alimentos são todos afrodisíacos. E os bombons de licor... mesmo em pequenas doses, eles são capazes de embriagar... e ... os limões não fazem nada, mas são bem sugestivos...

— Então era por isso que ele estava tão estranho – Nagihiko disse para si mesmo, levantando-se em um rompante – Agora que você está aqui, pode cuidar do Tadase? Eu volto mais tarde para ver como ele está...

— Eu posso, mas... por que? – ela indagou, espantada com a movimentação repentina.

— Tem uma certa Ás que necessita aprender algumas lições, para saber o que é limite! Que falta faz aquela Naginata... – ele falou rapidamente, colocando de volta todas as suas roupas. – Não ouse avisar a ela! – disse por fim, precipitando-se até a porta e saindo para fora.

Utau sorriu, empolgada com os próprios pensamentos. Era claro como água que aquele garoto não aguentaria por muito tempo. Ela poderia dar um empurrãozinho... Yaya com certeza concordaria com ela, mas para isso, ela precisava da Ás viva. Mandou uma mensagem para ela, alertando-a do perigo. E depois disso, foi espiar Tadase, que ainda dormia, alheio a tudo o que havia ocorrido.

Aproximou-se da cama, fitando a pequena figura adormecida. Seu rosto não estava mais tão vermelho, e ele respirava mais calmamente. No fim das contas, a visita do Valete havia feito muito bem a ele.

A loira puxou os cobertores para cima, e Tadase se aconchegou. Ela mediu sua febre, que agora era quase inexistente, tocando a testa e a bochecha dele com a palma da mão.

— Fuji... saki... kun – ele balbuciou, fracamente, deixando escapar um ínfimo sorriso nos lábios.

— Hmm... – Utau o observou, sorrindo – Talvez sua situação não seja tão sem esperança assim, Valete.









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Notas finais do capítulo

Shiroyuki desu~ o/
Agora, depois desses capítulos da Teffy-senpai, vcs terão que me aguentar por dois capítulos inteiros (esse e mais um)! Gomen se ficou muito grande, é que eu me empolguei ._.
Espero que gostem~ e por favor, não sintam tanta raiva da Utau, ela é vilã de outra fic ó.ò
Todas as informações sobre afrodisíacos vieram da Teffy-senpai u_u Eu não sei nada disso, se quiserem mais informações, falem com ela -v- É ela quem entende desses assuntos hohohoho~ Caso alguém queira testar os produtos citados aqui, eu não me responsabilizo, e tbm não garanto nada o.õ
Arigatooou o/