Um Pesadelo Real escrita por Southparkfan42


Capítulo 1
Inserção




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Era um dia normal na Academia de Bullworth.

Estudantes brigavam, crianças deduravam bullies para os monitores, alunos levavam detenções e a voz de Miss Danvers ecoava pelos megafones da escola.

Jimmy Hopkins estava sentado em sua carteira habitual na sala de Inglês. Na carteira ao lado, se sentava Petey Kowalski. Todos os alunos ali presentes se sentavam em duplas para fazer os exercícios que o professor Galloway havia passado para eles. Petey se conecntrava bastante nos exercícios, porém Jimmy desenhava bonequinhos de palito nas páginas do caderno e "enfeitava" as fotos da apostila escolar com bigodes, olhos roxos e chifrinhos. Petey olhou para o lado, e ao ver o que Jimmy estava fazendo, se aborreceu imediatamente:

–Qual é, Jimmy, você sempre faz isso! - Reclamou o garoto, bufando. Jimmy nem sequer olhou para ele. - Será que não dá pra tentar fazer os exercícios pelo menos uma vez?

–Petey, eu já te disse; você é o inteligente aqui. Você faz os exercícios mais difíceis, e eu faço os mais fáceis - Respondeu Jimmy, sem se importar.

–Mas eu tenho que fazer todos os exercícios! - Petey reclamou, largando o lápis na mesa. - Não é justo, Jimmy! Eu vou parar de ser sua dupla se você não começar a fazer alguma coisa nas aulas!

–É, mas infelizmente, ninguém mais quer fazer par com você - Disse Jimmy, ainda sem olhar para o amigo. - Eu sou seu único amigo, lembra? Mas eu também sou o rei da escola, o que significa que se eu estalar os dedos e pedir um parceiro pra fazer trabalho comigo, a escola inteira vai se oferecer. Pra mim não seria difícil, você sabe que eu arranjo outro par na hora. Você ficaria sozinho, o que não faria diferença, porque ninguém ia querer fazer trabalho com você. Ou seja, você não tem escolha.

Petey abaixou a cabeça, resmungando. Jimmy parou de desenhar e olhou para ele.

–Ah, qual é, Pete? - Disse Jimmy, dando tapinhas amigáveis no ombro de Petey. - Você sabe que eu só estou brincando, né? Claro que iam fazer par com você.

Mas Petey não olhou. Ao invés disso, apanhou o lápis e continuou a fazer os exercícios. Jimmy bufou e abriu a apostila escolar na página certa.

–Vamos fazer o seguinte, eu faço os exercícios do número nove ao quatorze, e você faz os exercícios do três ao oito, pode ser?

Petey confirmou com a cabeça, mais animado, mas sem demonstrar isso a Jimmy. JImmy deu mais dois tapinhas amigáveis no ombro de Petey e começou a fazer os exercícios.

O primeiro exercício já era complicado:

"O que significa a palavra em português "Inserção"? Traduza-a e explique no espaço abaixo."

Jimmy estreitou os olhos. O que diabos era "Inserção"? Ele nunca ouvira aquela palavra na vida.

Ele cutucou Petey com o lápis:

–Petey, o que significa inserção? - Perguntou, mordendo a borrachinha do lápis após afastá-lo de Petey. O amigo se virou para ele:

–Inserção seria português brasileiro para a palavra "Inception". Significa "o início" ou "a origem". Por quê?

–O exercício está pedindo - Respondeu Jimmy, dando de ombros, e começou a escrever.


Após meia hora, a aula terminou. Jimmy saiu da sala seguido por Petey. Os dois andaram pelo enorme saguão de chão reluzente, conversando sobre a aula.

–... respondi "locução verbal" na questão dez, não sei se estava certo - Ia dizendo Jimmy, carregando a mochila sobre o ombro e acompanhando Petey até a porta de entrada. Inglês fora a última aula do dia.

–Estava - Respondeu Petey, também carregando a mochila. - Eu vi essa questão. Estava um pouco abaixo da questão sobre Inserção.

–É, essa mesma - Disse Jimmy. Petey não respondeu nada. Jimmy olhou para o amigo e viu que seus olhos estavam estreitos.

–Jimmy - Disse o amigo, lentamente. - O Gary me falou alguma coisa sobre inserção uma vez.

–Ele disse? - Riu Jimmy. - E foi com ele que você aprendeu o significado?

–Não não, não era nada sobre o começo de alguma coisa, era... sobre sonhos, acho. - Respondeu Petey, com a mão no queixo.

–Sonhos? - Repetiu Jimmy, confuso. - Quando ele disse isso?

–Um pouco antes de você entrar pra academia, acho que uma semana antes - Disse Petey. - Ele estava dizendo sobre confundir a cabeça de alguém com uma inserção por meio de sonhos...

–Como se confunde alguém com uma coisa que significa "o começo", e ainda por cima enquanto a pessoa está dormindo? - Disse Jimmy, franzindo a testa, aborrecido. - Isso não faz sentido algum.

–Não faz – Respondeu Petey, fazendo que não com a cabeça. - Mas foi o que ele disse.

–Olha, quem liga pro que ele disse? - Disse Jimmy, se virando totalmente para Petey e dando uns passinhos de costas, depois voltando a se virar para frente. - O Gary é maluco. Não bate bem da cabeça. É um psicopata, Pete, não confiamos em psicopatas e não prestamos atenção em malucos, fim de papo.

Petey não discutiu. Nenhum dos dois disse mais nada até chegarem no dormitório. Petey dividia o quarto com Algernon, mas Jimmy tinha um  quarto só para ele. Os dois se despediram no corredor. Jimmy entrou no quarto e trancou a porta, depois andou até o armário e substituiu as roupas que usava pelo pijama. Ele se deitou na cama e fechou os olhos, mas não conseguiu dormir. Percebeu que o que estava lhe tirando o sonho era o que Petey havia lhe falado sobre inserção e sonhos. Jimmy olhou para a mala, jogada ao lado da cama. Ele sentou-se na cama, apanhou a mala e tirou de dentro dela o notebook. Abriu a internet, um site de pesquisa e digitou "inserção". Os resultados quase todos falavam sobre "o início", ou "a origem", todos dando o significado da palavra. Jimmy bufou e digitou mais uma palavra ao lado da palavra "inserção": "sonhos".

Os resultados que apareceram desta vez foram diferentes. Jimmy clicou no primeiro que viu. O site realmente dizia algo sobre sonhos e inserção:

"Inserção

Inserção é uma técnica muito usada para conseguir fazer com que outra pessoa faça o que você quer que ela faça. A pessoa que pretende fazer a inserção deve entrar nos sonhos do alvo (aquele a quem a pessoa pretende confundir) e plantar, no fundo de sua mente, uma idéia. Por exemplo: se a pessoa quer que o alvo mate alguém, ela pode plantar em sua mente (mente do alvo) a idéia de que aquela pessoa a fez alguma coisa ruim no passado, como por exemplo, matar um ente querido do alvo. Se a inserção for bem sucedida, o alvo deverá acordar com o pensamento de que deve matar a tal pessoa, e eventualmente tentará isso na vida real. Mas tentar uma inserção é extremamente arriscado. Os riscos podem chegar a ser..."

Aborrecido, Jimmy desligou o notebook de supetão antes de terminar de ler. Enfiou-o na mala de qualquer jeito e depois empurrou a mala para debaixo da cama. Voltou a se deitar, resmungando baixinho: "Confundir alguém por meio de sonhos... hunf. A maior asneira que já ouvi. Como se fosse possível...". Jimmy não demorou muito para pegar no sono, mas não conseguiu, nem em seus pesadelos, afastar a idéia de inserção de sua mente.



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