Nemesis X: A Guerra Secreta escrita por Goldfield


Capítulo 14
Capítulo 13




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Capítulo 13

 

Derrocada.

 

Leon e Ark apontaram suas armas, mas o indivíduo, mesmo estando de mãos vazias, não demonstrou preocupação. Muito pelo contrário: deu uma demorada risada, zombando dos dois inimigos. Eles achavam que poderiam detê-lo com meras balas!

         Vocês morrerão... Agora! – exclamou Arnold, o terceiro gêmeo Ashford, fechando os punhos.

Eles não faziam idéia de seu poder, da força de seu ímpeto. Aqueles intrusos ousaram invadir seu complexo e pagariam com a vida. Assassinaria-os com suas próprias mãos. Deu um passo na direção dos oponentes, estes estando prontos para revidar pressionando os gatilhos... A tensão era nítida e intensa.

         Zelando pela segurança, senhor Alfa? – mais alguém se somava à cena.

As cabeças se voltaram para o ponto no corredor de onde viera a voz. Depararam-se com Josh Burke, extremamente pálido, corpo e vestes ensopados de suor e o buraco em sua nuca estando bem perceptível, sendo que era possível enxergar através da abertura quando abria a boca. Uma visão bizarra.

         Vincent... – quase grunhiu Thompson, dentes cerrados e olhar surpreso. – Vivo?

         Vocês deviam se olhar no espelho agora! – riu o homem reanimado após sua aparente morte. – Parece até que estão vendo um fantasma!

De fato, até mesmo Ashford, rígido e quase sempre inexpressivo, demonstrava leve assombro diante do estado de Burke. Leon compreendia menos ainda a situação, porém tinha uma teoria... A qual Josh logo confirmou:

         Assim que obtivemos o X-Virus a partir de Sherry Birkin, fiz questão de realizar uma experiência usando a mim mesmo como cobaia: implantei cirurgicamente uma cápsula com o vírus em meu cérebro. O resultado foi de pleno sucesso: consegui voltar à vida mesmo com intenso dano cerebral, no caso, um tiro na cabeça. Não acha que é uma grande descoberta, senhor Alfa?

         O que pretende, Goldman? – berrou Arnold, demonstrando que aos poucos perdia controle dos acontecimentos.

         Você é patético, Ashford! Acumula tanto poder em suas mãos, para desperdiçar tudo num plano ridículo de conquista mundial! Não... Eu sempre tive, e ainda tenho, planos diferentes para estas instalações, para as pesquisas...

         É tarde demais, Vincent! – o loiro alto sorriu doentiamente. – Meus soldados já estão lá fora neste momento causando destruição e medo! Em breve eu revelarei minhas intenções ao planeta!

         Logo se vê que não esteve na Umbrella durante os tempos de Spencer, meu caro... – riu Burke. – Apesar de eu nunca ter simpatizado com ele, deixou aos funcionários um ensinamento sem dúvida importante...

         E qual é?

         Nunca confie em ninguém!

Em seguida, num gesto de vitória, Josh tirou de um dos bolsos um pequeno controle remoto. Arnold franziu as sobrancelhas, Ark e Leon também fitando intrigados o pequeno artefato... Será que...

         O coronel Sergei Vladimir tinha sob sua posse vários dos Tyrants produzidos pela Umbrella a partir de seu próprio DNA... Não hesitou em utilizar alguns deles ao longo de sua vida, porém temia que pudessem inesperadamente sair do controle. Como sabe, os T-00 tinham uma capacidade maior em relação a obedecer a ordens e comandos, mas não era perfeita. Até criamos o “Projeto Heaven” justamente para aprimorar essa capacidade...

         Você quer dizer... – agora era Ashford quem suava.

         Vladimir precisava de uma salvaguarda, um mecanismo que pudesse utilizar pra se livrar de um Tyrant renegado se necessário. Então, sem que ninguém nunca descobrisse, a não ser eu... Ele instalou explosivos dentro dos corpos de todos os seus Tyrants!

A astúcia de Burke era tremenda. Ele passara para trás a tão inteligente criação de Alexander Ashford. Era ele quem estava no comando agora, quem assumia as rédeas. Nascera para isso, e sempre lutara para tal. Por quaisquer meios. Completou sua revelação dizendo:

         Explosivos os quais serão detonados, através de sinais via-satélite, assim que eu acionar este controle remoto!

         Goldman, você não... – o grito de Arnold foi interrompido por um baixo, porém decisivo, som eletrônico...

Click!

 

Paris.

Os helicópteros de ataque franceses estavam com os T-00 em suas miras, os pilotos prontos para lançarem mísseis. Blanc, Graven e Robinson, junto com alguns civis desnorteados, não sabiam para que lado correr. E sentiram-se ainda mais acuados quando toda a avenida estremeceu com o peso de uma coluna de tanques de combate que se aproximava.

         E agora? – exclamou Rachel. – Para onde iremos?

Súbito, veio a primeira explosão. O grupo se abaixou por instinto, pensando que algum dos veículos havia disparado. Os militares também ficaram assustados, já que nenhuma de suas unidades investira! Seguiu-se outro estrondo, e outro... Até que todos perceberam, para seu grande espanto... Que os mutantes estavam se autodestruindo!

         Mas o quê? – Jacques não entendia o que via.

Sim. Aparentemente sem explicação, os gigantes de verde eram subitamente consumidos por bolas de fogo, um a um... Geradas a partir de seus próprios corpos. Seguiram-se mais explosões, chamas se erguendo dos cadáveres... E logo todos os Tyrants na cidade haviam sido eliminados.

 

Xangai.

O furgão dirigido por Dylan seguia a toda velocidade pelas ruas centrais. Na traseira, Regina, abaixada de modo ao lança-granadas ficar apoiado sobre uma de suas pernas, disparava contra os T-00 que surgissem em seu campo de visão. O Exército do país já entrara em cena e fazia o possível para liquidar as criaturas... Quando elas começaram espontaneamente a explodir.

         Que está acontecendo? – a ruiva indagou ao amigo.

         Fogos de artifício! – brincou o rapaz. – O ano novo chinês chegou mais cedo!

 

Botsuana.

Sheva e Elena haviam encontrado dois caminhões da Cruz Vermelha, ou que pertenciam a ela somente como fachada, estacionados perto da aldeia. As duas jovens carregaram todos os doentes para as carretas, com o intuito de transportá-los para um local seguro. Quando as duas se sentaram nas cabines, prontas para irem embora... Cerca de uma dezena de monstros carecas, iguais ao que haviam enfrentado na estrada, surgiram no alto de uma elevação logo à frente.

         Sheva... – chamou a capoeirista, suas mãos tremendo no volante.

         Eu vi, eu vi... – Alomar replicou, pensando no que fazer.

A saída seria dirigir o mais rápido possível para longe dali... Todavia, uma gentil obra do destino tranqüilizou as moças: sem causa aparente, os terríveis mutantes começaram a explodir, a evaporar em meio a nuvens de fogo!

         Será isso... Providência divina? – perguntou Elena.

         Não sei, mas que eu adorei, eu adorei! – sorriu a outra mulher, dando partida no veículo com extrema calma.

 

Washington.

Do alto do último andar do Departamento de Perigo Biológico, os combatentes e funcionários assistiam com júbilo à destruição dos Tyrants nas ruas como que por mágica. Misteriosas explosões consumiam seus corpos, aniquilando totalmente a ameaça que representavam. Quem estaria por trás daquilo?

         Acabou, ao que parece! – comemorou Kevin.

         Por que eu ainda acho que não? – murmurou Rebecca, pensativa.

 

Arnold não acreditava. Seu plano, seu projeto... Tanto tempo de preparativos, cuidados, espera... Arruinados pelo maldito Vincent Goldman. Josh Burke. Um maldito traidor. Fora derrotado por alguém que estivera o tempo todo sob seu próprio comando. Mas nunca era tarde demais... Ainda poderia reparar seu erro... Aniquilando-o.

         Vou te matar, Goldman! – Ashford deixou claro seu intento num brado que lembrou um grito de guerra.

         Lutar com você, nesta minha nova condição, será um exercício interessante! – provocou Burke.

         Ao menos pode me dizer o que pretende com tudo isto?

         Você se tornou um rei, porém não sabe como usar o poder que adquiriu... Por isso estou roubando seu trono! Eu usarei tudo o que é seu para erguer uma nova Umbrella, Ashford. Uma empresa que será muito mais grandiosa que a antiga. Eu conquistarei o mundo, mas não da maneira patética como você planejou...

         Patético é pensar que pode me derrotar! – Arnold estava no auge da fúria.

Dizendo isso, agarrou seu sobretudo com as mãos e rasgou-o ao meio sem exercer muita força, o tecido partido vindo ao chão. Nu da cintura para cima, Arnold agora tinha à mostra seus músculos extremamente bem-delineados, que pareciam pulsar devido à raiva que sentia naquele momento. Josh, por sua vez, desatou mais uma vez a rir, enquanto começava a suar com ainda mais intensidade... Súbito, seu braço direito começou a ter espasmos... E, num processo grotesco, parte do membro pareceu ser virado do avesso, o tecido muscular ficando à mostra enquanto seus dedos desapareciam, dando lugar a quatro afiadas garras feitas de osso.

         Estou pronto! – exclamou Burke, sua voz mais grossa do que antes.

Berrando, Ashford partiu para cima do inimigo e, a golpes violentos, os dois iniciaram uma luta encarniçada, logo desaparecendo numa curva do corredor, apesar dos sons do combate ainda poderem ser ouvidos. Leon e Ark ainda estavam atônitos e sem reação diante da rapidez dos eventos, e por um momento acabaram se esquecendo da porta... Agora estavam livres para abri-la.

         Por mim esses dois podem se matar! – falou Kennedy. – E você?

         Sou da mesma opinião! – sorriu Thompson, apanhando de novo seu dispositivo elétrico.

Eles iam abrir aquela porta.

 

Claire Redfield caminhava desolada pelas ruas de Heaven Coast, com suas casinhas brancas e pessoas felizes. E essas mesmas pessoas agora pareciam ignorá-la completamente. Era como se ela não existisse. E ter descoberto que tudo aquilo não passava de um mundo artificial, um grande campo de testes biológicos, a deixava ainda mais deprimida. Até Steve... Não, aquele não era Steve, e sim apenas um clone criado com propósitos desumanos...

Tudo revelado por um homem cruel que lhe era terrivelmente familiar. Quem seria? Desolada, a irmã de Chris vasculhava os mais profundos arquivos de sua mente na tentativa de se lembrar. Até que... Rockfort... Os gêmeos... Será que? Não, não era possível!

Ao mesmo tempo em que teve esse pensamento, uma devastadora dor de cabeça imediatamente atingiu Claire, impossibilitando-a até de continuar de pé. Caindo de joelhos sobre o asfalto, mãos na testa, a jovem foi acometida de uma mistura de tontura, fraqueza e um irritante zumbido em seus ouvidos. Não sabia se continuava segurando a fronte ou se tampava as orelhas, tamanho era o incômodo que sofria. Seria algum efeito colateral do tempo que permanecera internada? Ou algum meio macabro do sujeito loiro manter desconhecida sua identidade?

Seus olhos fumegaram, seu corpo não respondia mais aos seus comandos, sua visão desapareceu, dando lugar a uma luz branca insuportável... Até que por fim tudo escureceu.

 

         Claire!

A voz lhe era conhecida, e trouxe-lhe muita esperança, mesmo sem ainda poder enxergar nada. Era ele, Leon.

         Claire, acorde!

Seu marido, seu amado. Era mesmo ele, não havia mais dúvidas. A moça esforçou-se, e com certo custo conseguiu erguer as pálpebras... A luz do ambiente afetou-a, ela tampou a visão com as mãos... Todo o seu corpo estava dormente, e doía em algumas partes.

         Leon? – Claire falou quase num gemido. – É você?

         Claire!

Ela abriu de novo os olhos, sua vista aos poucos ficando menos embaçada, e o rosto de Kennedy tornando-se mais nítido. Assim que ele se tornou distinguível o suficiente, a jovem abriu um lindo sorriso, fazendo com que Leon a abraçasse com força, erguendo-a da superfície à qual se encontrava encostada.

         Claire, que bom que está viva... Eu fiquei tão preocupado, eu...

         Mas... – oscilou ela, confusa. – Não faz sentido, eu...

Soltando-se gentilmente dos braços do esposo e erguendo-se de onde estava sentada, Redfield viu uma espécie de capacete com algum tipo de visor... Dotado de fios com uma espécie de receptores nas extremidades... E a julgar por alguns pontos de sua cabeça, mais precisamente nas têmporas, em que a pele apresentava resíduos de algum tipo de cola... Eles estiveram fixados à sua cabeça! Isso sem contar o grande número de computadores e equipamentos distribuídos pela sala...

Em seu braço havia marcas de agulha, e a presença de um suporte com algum tipo de soro fê-la entender que fora dessa maneira que sobrevivera presa ali sem comer nem beber. Ela estivera fora do mundo real, imersa em algum outro tipo de existência... Mas não da forma como o aterrador homem loiro lhe revelara antes.

         Nós temos razões para acreditar que você foi utilizada como cobaia no chamado “Projeto Heaven”, Claire – explicou Ark. – De acordo com o que ouvimos, pudemos deduzir que se trata de algum tipo de realidade virtual criada para se poder controlar Tyrants e outras criaturas mais efetivamente!

         Sim, faz sentido... – confirmou a mulher, massageando a testa e ainda sensível à claridade. – Eu vi coisas inconcebíveis enquanto estive imersa em tal realidade... Como pessoas mortas que voltaram à vida...

         Agora acabou, amor! – afirmou Leon, em seguida beijando-a no rosto. – Nós vamos tirá-la daqui!

         Eu nem sei onde estou... Quem foi responsável por isto?

         Josh Burke – respondeu Thompson prontamente. – Ou melhor, alguém acima dele.

         Quem?

         É uma história longa... – disse Kennedy. – Contaremos no caminho!

Como Claire estava fraca e ainda não recobrara todos os movimentos, fruto do tempo que permanecera imóvel na mesma posição, os dois rapazes a ajudaram a levantar-se e andar, cada um apoiando-a de um lado. Lentamente o trio deixou o local de testes, desejando não retornar ali nunca mais. Cruzaram a porta, em cuja tranca Ark causara um curto-circuito e que agora se abria para qualquer um que se aproximasse, e viram-se no corredor onde minutos atrás Arnold e Josh, ou Vincent, haviam iniciado uma batalha da qual apenas um sairia vivo. A julgar pelo silêncio predominante, eles já deviam estar a uma boa distância dali.

Mal deram alguns passos na direção que Leon se recordava levar até o trem subterrâneo, lâmpadas vermelhas de alerta surgiram piscando por todo o teto, simultaneamente uma voz menina anunciando, o aspecto infantil que possuía deixando crer que pertencia à “Red Queen”, o antigo sistema de segurança e armazenamento de dados da Umbrella:

         Um agente viral foi detectado fora das áreas de pesquisa. Possível contaminação em andamento. O complexo será incinerado em dez minutos para conter a infecção, a não ser que o processo seja abortado. Isto não é um exercício.

Durante a luta de Ashford e Burke, algum ferimento de um dos dois deveria ter pingado sangue no chão ou numa parede, provocando a ativação da contagem. A mensagem era agora repetida incessantemente. Não havia razão para interromper o processo, e além do mais, os três não faziam idéia de como fazê-lo. Seria melhor que aquelas instalações fossem varridas de uma vez por todas da face da Terra, levando junto os dois mutantes em conflito. Seria a punição que teriam, e certamente se encontravam alheios a ela, um preocupado apenas em destruir o outro...

Havia um porém: e se existissem mais pessoas encarceradas naquele lugar? Infelizmente o complexo era grande demais, e eles não tinham tempo para procurar. Precisavam chegar ao trem o quanto antes.

         Vamos! – exclamou Leon, ajudando o amigo a carregar Claire.

 

Dentro da cela no setor de detenção, os cinco prisioneiros também presenciaram o início da contagem para a autodestruição. O soldado que os vigiava demonstrou um pouco de surpresa, porém não se abalou, permanecendo em seu posto. Ele seguida suas ordens à risca, e se fora incumbido de guardar os detentos, então morreria cumprindo sua tarefa.

         Que bom, agora nós vamos virar churrasco! – ironizou Carlos.

         Temos de sair daqui de algum jeito! – desesperou-se Sherry.

         Carcereiro! – gritou Krauser, segurando as grades. – Vai ficar aí parado até fritarmos junto com todo este local?

         Eu tenho minhas ordens! – o inimigo replicou, seu rosto assumindo um aspecto soturno ao ser banhado pela cor rubra das luzes de alerta. – Vocês vão ficar aí!

         Quer morrer também? Tire-nos daqui!

         Não irei! – berrou o guarda, impaciente, aproximando-se mais da cela.

         Tire-nos daqui! – Jack continuava a insistir, olhos arregalados.

         Acha que pode me convencer?

Craft!

Birkin soltou um gritinho de susto. O homem estremeceu, olhar fixo em Krauser... Um olhar de descrença. Sangue escorreu de seus lábios fechados... Até que tombou de lado sobre o piso do corredor, o abdômen perfurado... O braço esquerdo do loiro fora convertido numa estranha garra vermelha que passara através das barras, e dela pingavam gotas vermelhas, despencando até seus pés.

         Esse é o Jack Krauser que eu conheço! – Ada afirmou num sorriso, cruzando os braços.

         Mas... – Billy não entendia. – Ele não estava sob efeito do soro?

         Meu organismo desenvolveu uma resistência natural ao soro, Burke devia ter pensado nisso! – esclareceu o brutamontes, risonho. – Desta vez o tempo entre a última aplicação e o retorno de minhas habilidades foi bem menor!

Logo depois Jack abaixou-se, estendendo o outro braço para revistar o uniforme do cadáver. Em poucos instantes, sua mão recuou para dentro do cárcere com um molho de chaves entre os dedos. Aquela que destrancava a cela certamente também estava entre elas.

         Quem quer sair daqui? – indagou Krauser, agitando as chaves diante dos colegas.

Nem era necessário que alguém levantasse a mão.

 

Leon, Claire e Ark chegaram à área de carregamento e descarregamento, onde o trem subterrâneo os aguardava intacto e vazio. Além de se sentir aliviada, a irmã de Chris foi tomada por um forte déjà vu, pois ela e o marido haviam usado um transporte idêntico àquele para fugirem de Raccoon City durante o terror causado pelo T-Virus na cidade. E pensar que naquela época nem pensavam que um dia acabariam se casando...

Thompson sentou-se com a moça num dos assentos do primeiro vagão, enquanto Kennedy se dirigia rapidamente até a cabine de controle, ativando novamente os painéis, alavancas e botões. Passou-se cerca de um minuto até que o trem, num solavanco, começasse a se mover pelos trilhos. Ainda tinham minutos de sobra até que ele atingisse a saída de emergência nos limites da cidade em ruínas, portanto estavam seguros. Enquanto observava pelas janelas uma das paredes do túnel repleto de curvas, Claire, apesar de aliviada, não conseguia se livrar da angustiante sensação de que deixava alguém para trás...

 

Sherry liderava os outros quatro fugitivos pelos corredores do complexo. Todos agora estavam armados, graças às pistolas e metralhadoras deixadas pelos soldados que Burke matara. Buscavam sem parar uma saída, qualquer meio de abandonar aquele maldito lugar condenado a ser soterrado para sempre embaixo da terra.

         Talvez possamos usar o mesmo caminho que utilizamos quando chegamos, através do metrô, chegando à superfície! – sugeriu Oliveira.

         Ir lá fora sem trajes de proteção? – surpreendeu-se Krauser. – Antes mesmo de deixar Raccoon você estaria mais feio que o Godzilla!

Subiram por algumas escadas, a combinação da voz da Red Queen e das lâmpadas a piscar deixando-os mais atordoados a cada segundo, até que, ao passarem por um cruzamento de corredores viram, num deles, uma cena no mínimo curiosa.

Havia dois homens em luta. Não, não eram mais homens. Um era loiro, alto e de vigorosos músculos, com o peito nu e exibindo assim vários cortes que sofrera no tórax, sangue escorrendo cada vez que se mexia. Até seus longos cabelos dourados estavam sujos e empapados com o líquido vermelho. Já o oponente era familiar a todos: Josh Burke. Porém estava pálido como um fantasma, tinha a roupa toda rasgada e uma das mãos convertida num medonho conjunto de garras, estas estando manchadas de rubro assim como os vários ferimentos que acumulava pelo corpo mutante. Assemelhavam-se a dois cães raivosos em combate que só se largariam quando um dos dois fosse trucidado, totalmente arrasado. Um confronto realmente mortal.

Birkin fechou os punhos ao contemplar aquilo. Seus inimigos. Homens que haviam desejado usá-la como cobaia, como um ser que tinha utilidade apenas para a realização de experimentos. Assim como seu próprio pai agira. Era doloroso, repugnante, abominável. Ela teve vontade de fuzilá-los, esquartejá-los, rir enquanto os enviava de uma vez ao inferno. Seria sua vingança. Preparava-se para atacar, quando sentiu uma mão num de seus ombros. Era Ada. E, estranhamente, aquele toque da espiã lhe transmitiu uma incrível serenidade. Fez com que ela ouvisse a voz da razão: Sherry não precisaria arriscar sua vida para dar cabo daqueles crápulas. Eles se auto-exterminariam, já estavam envolvidos num embate que os levaria à derrocada... À plena derrocada...

         Vamos, Sherry! – chamou Billy, correndo junto com os demais.

Ela acompanhou-os. Deter-se mais ali seria total perda de tempo.

 

Continua...


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