Nemesis X: A Guerra Secreta escrita por Goldfield


Capítulo 12
Capítulo 11




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Capítulo 11

 

Invasão e confronto.

 

Regina não conseguia empreender qualquer reação. Mantinha-se na mesma posição, sem piscar, sem mover um músculo...

         O que houve aí dentro? – a voz de Dylan fez-se ouvir pelo comunicador. – Regina, está me escutando?

Ela não respondeu, o momento não permitia que articulasse uma resposta. Junto com os mafiosos sobreviventes, todos sujos de poeira, fitava a cápsula invasora. A cápsula assassina. Aquela cobertura laranja toda arranhada pela queda tinha um tom mórbido, estarrecedor. Súbito, um movimento no invólucro, fazendo todos recuarem surpresos: ele estava se abrindo por dentro. Parte da carapaça de metal deslizou para baixo, revelando algo no interior do cilindro... Uma figura humana. Assustadoramente humana.

Ela caminhou para fora junto com uma nuvem de vapor criogênico, que diminuiu ligeiramente a temperatura do local. Tinha mais de dois metros de altura, cada passo seu fazia estremecer todo o galpão. Seu enorme e consistente corpo era coberto por um sobretudo verde, a cabeça careca ficando exposta, com ela os olhos... Olhos monocromáticos, fixos... Mortos.

Um dos criminosos instintivamente atacou o ser, sacando uma pistola calibre 45 e descarregando quase um pente inteiro de munição em seu traje. As balas provocaram minúsculos buracos neste, por onde se esvaiu uma pequena quantidade do que parecia gás... Não, os projéteis não haviam feito a criatura sequer sangrar!

Regina comprovou que aquela reação fora tremendamente imbecil e precipitada quando o anormal visitante, movendo-se de forma lenta e um pouco desengonçada, atirou o oponente longe com um mísero soco. Os outros se desesperaram, também apanhando suas armas, entre submetralhadoras e fuzis, e desferindo uma chuva de balas sobre o inimigo de verde. De nada adiantou, a monstruosa figura aniquilando-os um por um, de diversas e violentas maneiras.

Os gritos de terror e dor se propagavam pelo armazém enquanto Regina movia-se discretamente por entre as sombras, escombros e caixas ainda inteiras. Deveria fugir dali com Dylan o mais rápido possível ou tentar derrubar aquela coisa? Será que poderia haver mais delas lá fora, a julgar pelo número de cápsulas como aquela despejadas sobre Xangai?

Quem diria que ela, após ter enfrentado até um Tiranossauro Rex, não sabia como lidar com um inimigo aparentemente bem menos ameaçador...

Em meio à confusão, até havia perdido de vista a maleta com as amostras de DNA. Provavelmente fora destruída com o impacto, e Regina não podia negar ter sido um favor à humanidade. O último mafioso foi morto pelo brutamontes careca, seu pescoço sendo quebrado com extrema facilidade. Tendo as luvas nas mãos agora encharcadas de sangue, o monstro voltou-se na direção da ruiva. Esta, vendo que não havia método aparente nem ao menos para feri-lo, pôs-se a correr para fora dali.

Saltou agilmente sobre alguns caixotes, buscando caminho livre até a saída. Na metade do trajeto olhou rapidamente para trás, desesperando-se com o que observou: o mutante deslizava pelo chão na direção dela, destruindo tudo que estava à sua frente, pronto para atingi-la em cheio nas costas com um devastador golpe usando o ombro! Regina de certo sucumbiria perante aquela massa corporal no mínimo três vezes maior que a sua!

Ofegante, ela aplicou ainda mais força em suas pernas, conseguindo deixar o interior do local antes de ser esmagada pelo adversário. Atrás de si, ouviu ferro sendo retorcido, concreto sendo pulverizado. Sem ousar voltar novamente a cabeça para trás, agarrou o alto do muro que cercava o galpão e, veloz, pulou para o beco. O furgão de Dylan nele a aguardava.

Abriu as portas traseiras com tamanho ímpeto que o colega de Regina achou que ela ia arrancá-las. A mulher quase rolou para dentro, apanhou um lança-granadas, carregou-o rapidamente e gritou para o atônito parceiro:

         Tire a gente daqui, agora!

O rapaz ficou sem saber o que fazer por um momento, suas mãos alternando-se entre os computadores e a cabine do veículo. Por fim correu na direção desta, ligando o motor e assumindo o volante. Os pneus cantaram enquanto a dupla sumia na direção de uma rua, uma grande e irredutível sombra sendo projetada nas paredes perto de onde haviam saído, punhos fechados...

 

Paris.

A confusão era geral na área do Arco do Triunfo, alastrando-se a partir daí para as demais vias da cidade. Pessoas corriam apavoradas, corpos e destroços eram encontrados aqui e ali. Alguns carros e furgões da GIPN, a força especial da Polícia Nacional Francesa, estabeleceram um perímetro em torno do local, tentando impedir o progresso dos misteriosos invasores e escoltar os sobreviventes para um lugar seguro. O problema era que nada parecia capaz de deter aqueles gigantes carecas, nem mesmo armamento pesado.

         Estou aqui na Champs-Élysses, onde tem palco o maior ataque a Paris desde a Segunda Guerra Mundial! – uma repórter de uma rede de TV, toda descabelada, falava segurando um microfone diante de um rapaz com uma câmera, ambos de pé numa calçada em meio aos cidadãos que fugiam. – Os agressores parecem indestrutíveis, e as autoridades já esboçam teorias sobre uma possível relação com as atividades bio-terroristas da antiga Umbrella Inc.! Além disso, há notícias de outros eventos semelhantes ocorrendo neste exato momento em outras capitais e metrópoles do globo!

Nisso, passou pela jornalista o policial Jacques Blanc, seguido dos aturdidos Mike e Rachel. Metros atrás deles, os T-00 avançavam compondo uma coluna intransponível, deixando um rastro de destruição por onde andavam. Depois de voltar-se brevemente para os mutantes e disparar mais algumas inúteis balas contra seus corpos, o francês virou-se para o casal e murmurou:

         Existe alguma maneira de derrubar esses brutamontes?

         Bem, se vocês não se importarem com o dano que será causado ao patrimônio parisiense, uma boa saída seria evacuar a área, isolar nela esses malditos e bombardear tudo o mais depressa possível! – exclamou Graven.

         Acho que eles já estão começando a considerar isso... – afirmou Robinson, notando a aproximação de alguns helicópteros militares no céu.

A situação estava esquentando a cada segundo. E o trio se encontrava no meio do fogo cruzado entre os resistentes humanos e os Golias vestindo verde.

 

Botsuana.

O jipe conduzido por Sheva Alomar e que também trazia a capoeirista Elena como passageira seguia sozinho pela estrada precariamente asfaltada, o vento árido colidindo com suas faces. As duas fitavam despreocupadamente o horizonte, cabeças vazias e mentes surpresas por não terem nenhum assunto sobre o qual conversar, mesmo tendo ficado tanto tempo afastadas.

Súbito, a motorista viu algo ao longe, na pista.

         O que será aquilo? – indagou à amiga.

Uma figura tão solitária quanto o veículo rumava lentamente pela estrada no sentido oposto ao qual as duas jovens se dirigiam. No começo não cogitaram se tratar de um ser humano, devido ao tamanho titânico que o vulto parecia ter, porém, conforme se aproximaram, notaram que ele possuía sim as formas de um homem, porém com altura e força avantajadas. Um gigante careca de traje esverdeado que parecia caminhar sem rumo... Até encontrá-las.

         Quem é esse? – Elena sentiu uma ponta de medo.

         Algum louco que quer ser atropelado... – resmungou Sheva.

Esta pressionou três vezes a buzina para alertar o estranho transeunte, mas ele não fez nem menção de sair do meio da estrada, prosseguindo em seu trajeto de choque com o jipe. Alomar não sabia o que fazer, todavia, quando o carro estava perto o suficiente do indivíduo, pôde notar em frações de segundo seus olhos vazios, seu semblante aterrador... E, movida pelo instinto, saltou do assento, seu corpo rolando e ralando-se pelo asfalto quente.

Elena, dona de reflexos extremamente ágeis, notou o movimento da amiga e também pulou para fora do veículo, pousando sobre a pista com notável perfeição. O jipe, agora sem guia, avançou em linha reta na direção do sinistro personagem... Quase toda a parte frontal sendo amassada ao bater com violência contra seu corpo, que agiu como uma grossa parede. Para completar, a criatura ergueu os dois pesados braços, para depois abaixá-los com toda a força... Os punhos unidos esmagando a lataria do transporte como se fossem bigornas.

Uma nuvem de fumaça começou a sair dos restos do jipe, as partes remanescentes desmontando-se por si mesmas. Sheva e Elena assistiram estarrecidas ao espetáculo de destruição, impressionadas com o que aquele ser era capaz de executar. E, a passos lentos e rígidos, ele pôs-se a seguir na direção da capoeirista... Se ela não agisse rápido, seria a próxima vítima!

         Cuidado! – bradou Alomar.

Mas ela não precisaria nem ter dado o aviso: erguendo-se num salto, Elena deu um belo giro com suas pernas no ar, seus pés tendo um impacto mais poderoso do que balas sobre a carne do mutante. Uma pessoa normal teria no mínimo perdido a consciência com aquele ataque, e o monstro permaneceu de pé. Frustrada e começando a se desesperar, a jovem insistiu com uma série de voadoras contra a cabeça do oponente, nenhuma surtindo efeito. Era assombrosa a resistência que oferecia, ainda por cima aparentemente de um modo tão natural!

         Corra, Elena! – exclamou Sheva.

A amiga foi obrigada a obedecer, escapando a tempo de um golpe da criatura que poderia tê-la afundado no chão. Nisso, a antes motorista do jipe notou a espingarda que trazia consigo jogada sobre o asfalto. Apressou-se até ela, apanhou-a e engatilhou-a. Tentou disparar duas vezes tendo como mira a cabeça do mutante, e vendo que aquela estratégia também não teria qualquer êxito, puxou Elena pelo braço, ambas fugindo correndo pela estrada, torcendo para que a aberração não pudesse alcançá-las...

 

No prédio do Departamento de Perigo Biológico em Washington, seus integrantes encontravam-se fortificados dentro do prédio, à espreita nas janelas e portas com rifles, metralhadoras e espingardas em mãos. Lá fora, os T-00 semeavam a destruição, com os primeiros focos de incêndio se alastrando pelas redondezas. Aqueles veteranos na guerra contra a Umbrella e suas criações sentiam-se impotentes por não poderem dar cabo daquele exército inimigo por si mesmos. Eram muitos, e todo o poder de fogo que possuíam não seria suficiente talvez para derrubar nem apenas um deles.

         Parece que alguém mais chegou ao prédio, através da garagem! – exclamou Chris, armado com uma escopeta junto ao término de um bloco de escadas no último andar do edifício.

Jill e Bruce encontravam-se próximos de Redfield, alternando seus olhares entre o colega e as janelas, através das quais observavam os movimentos dos Tyrants nas ruas. Após uma leve agitação por parte dos defensores, passos velozes foram ouvidos nos degraus, até que Rebecca e Kevin surgiram diante do trio, rostos cansados e suados.

         Está um inferno lá fora! – falou Ryman.

         Têm alguma informação sobre o que está acontecendo? – perguntou Chris. – A origem desse ataque?

         Nada, a não ser que ele não se restringe apenas a Washington! – revelou Chambers, ofegante. – As maiores cidades do mundo, ao que tudo indica, também são alvo dessa invasão!

         Burke tem algo a ver com isso... – murmurou Jill, olhando pensativa para o chão. – Nós precisamos interrogar Spencer!

         A prisão em que ele está fica a bons quilômetros daqui, como vão dirigir até lá com toda essa loucura? – alarmou-se McGivern.

         Nós temos que tentar!

Jill Valentine Redfield era mesmo muito persistente. Sua força de vontade era impressionante, sua coragem era louvável. Desde o incidente na Mansão Spencer, passando pela epidemia em Raccoon City, até a missão de meses antes na Sibéria, ela nunca desistira, nunca perdera as esperanças, nunca se recusara a fazer o que fosse preciso. E naquela ocasião, seu comportamento não seria outro.

         Jill tem razão, Spencer pode ter respostas vitais para nós... – concordou o irmão de Claire. – Vamos logo, estamos perdendo tempo enquanto ficamos aqui debatendo!

         Boa sorte! – disse Kevin solenemente, antes do casal deixar o local pela escada.

Passaram-se alguns segundos, todos ali presentes se entreolhando, até que Bruce franziu as sobrancelhas e perguntou a Chambers e Ryman:

         Vocês se encontraram no caminho para cá?

O ex-policial do R.P.D. deu um sorriso amarelo e Rebecca abaixou de leve a cabeça, suas bochechas vermelhas como tomates.

 

Na sala de estratégia, Alfa assistia ao trabalho de seus operadores. Todos os aviões já haviam entregado suas cargas. Pontos verdes no planisfério digital correspondiam às cidades já sitiadas pelos soldados genéticos. Todo o planejamento para aquele dia mostrava-se fonte de pleno sucesso. Além dos monitores de computador que mostravam gráficos e tabelas, havia um deles exibindo a rede de TV CNN. Na tela, um repórter informava em tom preocupante, conforme imagens de várias metrópoles do planeta eram mostradas:

         Incursões de mutantes assassinos também estão em andamento em Moscou, Cairo e Tóquio, segundo as últimas informações! Na China, dois caças da Força Aérea conseguiram derrubar uma das aeronaves não-identificadas responsáveis pelo transporte das cápsulas com as criaturas. Toda a tripulação morreu, portanto nenhum suspeito ainda pôde ser interrogado a respeito dessa tão repentina e avassaladora ação militar. Quem está atacando? Como teve acesso a armas biológicas, e o que almeja? Novas informações a qualquer momento!

Alfa sorriu. Toda a Terra estava confusa, os governos não sabiam como agir, nem mesmo tinham noção de como orientar a população. O pânico era generalizado e, no ápice da desordem, ele poderia se manifestar, revelar-se ao mundo. Um momento que seria apreciado como nunca, e que se aproximava cada vez mais.

         E quanto à nossa carga especial? – inquiriu, estalando os dedos.

         Já está pronta para ser entregue quando ordenar, senhor! – replicou prontamente um dos operadores.

         Ótimo... Nada pode dar errado... Não agora...

 

Província de Hunan, China.

Uma extensa nuvem de fumaça partia das montanhas, tendo origem no local onde o avião C-130 fora derrubado por dois mísseis. Chamas e calor dominavam os destroços retorcidos do transporte, o resto da fuselagem envolvido quase por completo pelo fogo. À cerca de quinhentos metros dali, um homem natural da Tailândia, com o uniforme cinza em frangalhos e várias queimaduras pelo corpo, era conduzido, andando com dificuldade, por dois impacientes soldados chineses, fuzis AK-74 às costas. A dupla de combatentes jogou-o na parte de trás de um jipe militar estacionado ali perto, mais alguns homens fardados se aproximando. Eram liderados por uma bela jovem de cabelos pretos presos e corpo atraente, trajando vestes negras que remetiam à sua profissão de agente secreta. Tinha na mão direita uma pistola 9mm com silenciador.

Adiantando-se em relação aos comandados, a mulher caminhou até o veículo e, olhando para seu interior, encarou o sobrevivente da queda da aeronave. Seu lindo rosto oriental foi tomado por uma ameaçadora rigidez enquanto exclamava em mandarim:

         Você vai nos contar tudo!

Um dos soldados assumiu a direção do jipe, outro se acomodando no assento ao seu lado, o primeiro ao mesmo tempo falando à superiora:

         Nós cuidaremos dele a partir daqui, agente Fong Ling!

         Esforcem-se para que haja um link direto e com áudio entre meu laptop e pelo menos uma das câmeras de vigilância durante o interrogatório!

         Você planeja fornecer informações para alguém fora do país, agente? – pela voz do militar, presumia-se que ele não simpatizava muito com tal idéia.

         Um homem em particular... É pelo bem de todos nós.

Fong deu uma batidinha na traseira do veículo, o qual partiu dali logo em seguida, tomando uma trilha acidentada pelas elevações até a cidade mais próxima.

 

Sala de estratégia.

O ataque dos Tyrants continuava a ser coordenado à distância, Alfa circulando pelo local e observando cada monitor, cada equipamento. Numa das telas, a CNN continuava a cobrir o aterrador evento de escala global:

         Nosso correspondente em Berlim nos dará informações sobre como a cidade está resistindo ao ataque. Bernard, está me ouvindo?

A imagem se dividiu ao meio, com o jornalista no estúdio sendo exibido na metade da esquerda e o repórter na Alemanha mostrado na parte direita. Devido à distância, o segundo levou alguns instantes até terminar de ouvir seu colega nos EUA, permanecendo em silêncio diante da câmera durante esse tempo, tiros e explosões ressoando ao fundo.

         John, estou aqui nas imediações do Portão de Brandemburgo, onde a polícia alemã tenta a todo custo conter o avanço dos mutantes! Ao meu lado, tenho um delegado da polícia local, o senhor Narchüssen, que nos dará um panorama da situação!

O correspondente estendeu o microfone para o oficial próximo de si, o qual falou aturdido aos telespectadores, tendo o rosto vermelho e banhado em suor:

         Não há meio possível de aniquilar esses monstros! Um dos meus homens tentou queimar um deles usando um lança-chamas, porém o maldito só livrou-se da roupa, ficando mais forte, rápido e com garras enormes, que cortaram boa parte do meu esquadrão em pedaços!

         E quanto a armamento pesado?

         Recebi um chamado por rádio informando que alguns desses desgraçados foram eliminados por meio de bazucas e lança-foguetes, mas é algo que ainda precisamos confirmar!

Alfa abriu um ligeiro sorriso. A “roupa” de seus supersoldados na verdade era um traje limitador que, quando dizimado, permitia que usassem o máximo de seu potencial de combate. Não era nada simples tirá-los de ação, e mesmo se os alvos conseguissem, seria depois de já ter havido muita destruição e mortes.

Tudo ia perfeito, até aquele momento.

 

Chris dirigia como um doido pelas ruas de Washington, desviando de civis em fuga, policiais, soldados... E, principalmente, dos T-00, que provocavam enorme confusão em quase todos os lugares pelo quais o carro passava. Jill segurava-se ao assento, tendo a impressão de que poderia voar através do vidro da frente mesmo estando com cinto de segurança.

         Nós temos de virar à direita na próxima saída! – lembrou a ex-integrante do S.T.A.R.S., olhando apreensiva para o marido.

         Eu sei, eu sei... – Redfield retrucou sem olhar para ela.

Eles estavam numa situação extrema, numa hora extrema. Fazer algumas perguntas a Spencer poderia aliviar um pouco a situação, todavia também poderia constituir uma grande perda de tempo. Por via das dúvidas, era melhor arriscar. E aquele casal de sobreviventes preferia morrer arriscando.

 

Botsuana.

Sheva e Elena chegaram a pé até a aldeia onde a primeira realizava seu trabalho para a Cruz Vermelha. Notando uma estranha movimentação no local, as duas se esconderam atrás de um casebre, ouvindo alguns homens armados com fuzis AK-47 conversarem. Um deles se aproximou de um sujeito que, mesmo estando de costas, pareceu familiar para Alomar, e perguntou a ele:

         Senhor Prince, o que faremos agora com os doentes?

         Esta operação era apenas uma fachada para que pudéssemos efetuar o transporte das cápsulas... – murmurou o líder, aparentemente acendendo um cigarro. – Eles não são mais úteis... Podem matar todos!

O sangue de Sheva ferveu assim que ouviu a ordem. Aquele maldito farsante não podia acabar com a vida de inocentes daquela maneira! Ela tinha de fazer alguma coisa para impedi-lo, nem se tivesse que enfrentar todo um exército!

         Amiga, você... – oscilou Elena, como se houvesse lido os pensamentos da outra jovem.

         Fique aqui! Se a situação piorar, corra e me ajude!

A capoeirista não teve tempo de argumentar para impedi-la, nem ao menos segurá-la: a ex-guerrilheira deixou o refúgio e, a passos rápidos, acertou a coronha da espingarda na nunca de Prince, que desmaiou sem saber o que o atingira.

         Mas o que é isso? – berrou o soldado que conversara com o superior.

O inimigo apontou sua arma, mas Sheva foi mais veloz, mirando e disparando antes: os projéteis da calibre 12 se alojaram no tórax do oponente, fazendo-o voar para trás, bater as costas na parede de uma construção e cair sentado, morto, com sangue a escorrer-lhe pela cintura e pernas.

Mais deles se aproximavam, Alomar rolando para dentro de um casebre para escapar dos tiros. Eram quatro homens armados, que, resmungando entre si, começaram a cercar a morada, preparando uma emboscada para a agressora. Elena percebeu o perigo que a amiga corria e partiu na direção deles, sem que a notassem. Um foi atirado ao chão por um belo jogo de pernas da queniana, soltando um grito de aflição que alertou os companheiros. Outro tentou disparar a queima-roupa contra a lutadora, que o desarmou num chute, o fuzil voando de suas mãos, e acabou inconsciente ao receber um golpe na cabeça. Faltavam dois.

         Peguem-na!

Elena derrubou mais um com uma rasteira, completando o ataque com um giro no ar que chegou a erguer o adversário do chão. O soldado restante, porém, teve tempo de apontar seu AK-47 para a capoeirista... Mas quando ia apertar o gatilho, foi derrubado por um disparo da espingarda de Sheva, que deixara o interior do casebre. Ainda conseguiu soltar alguns palavrões antes de finalmente desfalecer. Não havia mais nenhum inimigo na aldeia.

         E agora? – indagou a jovem de cabelo cinza, recuperando o fôlego.

         Vamos arranjar um jeito de tirar os doentes daqui... Logo mais brutamontes iguais ao que encontramos na estrada podem aparecer!

         Mas e depois? E se aqui não for a única parte do mundo em que surgiram criaturas como aquela? Podem ser alienígenas, monstros...

         Eu não sei, Elena... – Alomar disse isso num profundo suspiro. – Eu realmente não sei...

 

Continua...


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