Recolocamos o resto das coisas no veículo e partimos. MasterKina ia dirigindo, pois o Galego não estava em condições e... bem, acho que eles não iam gostar da minha direção. Eu não sabia para onde estávamos indo mesmo...
      O Galego segurava uma BanGun pro caso de algum ataque. Lauren, descansava. Já eu, pedi a Navi que procurasse pelo sinal dos rádios das garotas ou por alguma voz que se parecesse com a delas. Enquanto Navi trabalhava, me lembrei dos meus amigos, pvm, Hika-chan e Hont. Pensava se estavam bem na categoria Quadrinhos...

— Relaxa, Luke. Elas estão bem. Vamos encontrá-las logo. — A voz de Lauren me acordou dos meus devaneios.

— Eu sei, Lauren, eu sei...

      Não havia confiança na voz dele. Tive pena do Galego. Ele parecia gostar realmente da Lady, e, pelo pouco que tinha visto dos dois, ela também tinha uma queda por ele. Confesso que fiquei com um pouco de inveja. Devia ser legal ter alguém que amasse você...

— Tyras — Navi sussurrou no meu ouvido — Não consegui comunicação com os rádios delas, e não detectei padrões de voz semelhantes nas comunicações atuais... Perdi o sinal dos rádios a sudeste daqui, próximo à categoria "World of Darkness". Mas não posso assegurar que tenham mantido a rota... Mas vou continuar tentando localizá-las.

      "Não vai adiantar muito...", pensei. "Se os rádios quebraram, não há muita forma de contato... Os sistemas de comunicação padrão foram destruídos..."

— Onde vamos começar a procurar? — Perguntou MasterKina.

— Não sei. — Respondi, distraído. — Os rádios delas parecem ter quebrado, não consigo pegar o sinal deles. Mas acho que podemos começar na direção da categoria "World of Darkness", foi naquela direção que perdi o sinal.

      Falei isso como se fosse a coisa mais natural do mundo. E até seria, se não fosse pelo fato de nós não termos aparelhagem de rastreamento de sinal. Pelo menos não que eles soubessem...

— Do que você tá falando, Tyras? Pegar o sinal delas...? Perder o sinal...? Como você estava conseguindo rastreá-las se não temos equipamento pra isso? — Perguntou o Galego curioso.

      Agora estavam os três olhando para mim. "Ferrou! Não quero falar da Navi! mas só um milagre agora pode me salvar..."

— Tyras! Tripods!! Estamos cercados!! — Navi quase gritou no meu ouvido.

— Luke! Tripods!! — Berrou MasterKina, quase como eco.

      Luke e Lauren voltaram os olhos para os radares instalados no veículo. "Milagres acontecem..."

— Quantos?! — Perguntou Lauren

— MUITOS! — Berrou de volta. — Estamos sem saída!

— Droga! Corre MasterKina! Pé na tábua! E cada um aqui mantenha duas BanGuns consigo!

      Ele enfiou o pé. Aceleramos como nunca. Parecia até eu dirigindo. Navi ligou o seu próprio radar e começou a monitorar.

— Se segurem! — Berrou MK — Vou driblar essas coisas.

— Tyras! Sudeste! Rápido! — Navi me avisou — Há um túnel, mas só dá pra seguir a pé!

— Vá pra sudeste! Tem saída lá! — Falei.

— O que?! Como você sabe?!

— Isso não importa agora, raios! Apenas jogue essa banheira pra lá, a menos que queira virar alvo de treino dessas coisas! — Respondi.

      Ainda a contragosto ele fez uma curva brusca, pegando a direção que indiquei. Após alguns poucos quilômetros, desviando sabe-Deus-como dos raios deletadores, mandei ele parar o veículo.

— Todos pra fora, rápido! — Mandei

— Quem disse que você é o nosso líder?! — Perguntou o Galego.

Um raio deletador passou a 1 centímetro das nossas cabeças.

— ELE! — Respondi, apontando para o tripod — Agora saiam, raios!

      Todos pegaram armas e saíram do veículo, que foi destruído logo em seguida.

— Rápido! Por aqui! — Gritei, correndo.

      Dessa vez, ninguém me questionou. Guiado por Navi, os levei por um caminho entre o que restou da categoria, e chegamos num posto avançado de vigilância. Era blindado, mas não resistiria muito tempo aos ataques dos Tripods.

— Eu não faço idéia... De como você nos trouxe aqui, garotão... - Falou Lauren, ofegante — Mas o que importa é que nos trouxe. E agora, espero que saiba como tirar a gente daqui.

      Seguindo o conselho de Navi, abri um alçapão escondido debaixo da mesa. Era uma espécie de escorrega, que levava a um túnel subterrâneo.

— Cara... To ficando com medo de você... — Falou o Richter Belmont — Você é vidente, ou algo do tipo?

      Não prestei atenção ao que ele disse. Examinei o local. A situação. Era a fuga perfeita, mas se os Nyahbags descobrissem a passagem, seríamos encurralados.

— Tyras... — Falou Navi. — Os NyahBags vão descobrir essa passagem a menos que alguém a feche por fora!

      Eu sabia disso. E só havia uma escolha a ser feita.

— Rápido, Entrem! Esse túnel vai nos levar até a Central de Reuniões do Nyah. De lá podemos arranjar transporte e ajuda para encontrarmos as garotas!

— Mas não podemos deixá-las sozinhas por tanto tempo! — Gritou o galego. — Temos que encontrá-las agora!

      Um raio disparado no posto dizia claramente que não tínhamos tempo para aquilo.

— EU TO TÃO PREOCUPADO COM A LADY QUANTO VOCÊ! E SE QUER MESMO ENCONTRÁ-LA, ENTÃO SOBREVIVA PRA PODER PROCURAR, DROGA! NÃO ADIANTA CORRER NO MEIO DOS TRIPODS FEITO DOIDO! SÓ O QUE VAI ENCONTRAR ASSIM É O SEU FIM!

      Os três olharam sérios para mim. Nunca tinham me visto daquele jeito. O galego passou a mãos nos cabelos e recobrou a razão.

— Embora não tenha sido muito educado, — Falou Lauren — O garotão tá certo.

— Desculpe, Tyras. Você tem toda a razão. Vamos.

      Procurei me controlar. Precisaria de toda a calma possível para fazer o que tinha de fazer. Dei passagem para Lauren, que desceu primeiro. Em seguida, MasterKina desceu. Tirei o pendrive do pescoço.

— Segura isso aqui, Galegão. — Falei, colocando ele no bolso da jaqueta dele.

— Hã? por que?

— Não pergunta, cara. Apenas desce logo. Ainda tem eu pra descer!

      Ele me encarou, desconfiado. Depois olhou em volta.

— Espera...

— Desce logo! — Falei.

      Ele analisou a porta do alçapão e então entendeu.

— Você... Você tá planejando ficar! Não tem como fechar isso por dentro!

      Outro raio bateu no posto.

— Raios, Galego! Entra logo!

— Negativo! Não vou deixar você ficar pra ser deletado! Se é pra lutar, lutaremos juntos!

      Passei a mão nos cabelos.

— Não tem jeito de te convencer a descer né? — Perguntei.

— Não! — Ele respondeu.

— Heh... Beleza então...

      Lá em baixo, MK e Lauren começavam a gritar perguntando o que tava acontecendo. A resposta foi o galego descendo em alta velocidade e gritando.

— TYYYYYRAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAS!

      Ouvi o "Tchibum" dele esparramando no canal que levava água dos rios até a estação de tratamento.

— Desculpa o mal-jeito, Galego. — Gritei no alçapão — Mas se alguém aqui tiver que ser deletado, melhor que seja aquele que não tem mais ninguém esperando por ele. Sendo assim, tentem conseguir ajuda, achem as garotas e vão para minha casa! Lá tem armas e suprimentos suficientes pra um batalhão! E se precisarem, peçam ajuda à Cyndel! Agora, ANDEM LOGO E CAIAM FORA DAQUI!

      Gritei e fechei o alçapão com um estrondo.

— Isso foi corajoso, Tyras. — Falou Navi.

— Desculpe te envolver nisso, Navi. Consegue conexão com a central lá de casa?

— Sim.

— Ótimo. Se conecte e se transfira para lá. Não quero que você morra comigo não.

— Pode esquecer mocinho! — Ela respondeu. — Tamos juntos pro que der e vier!

— Heh... Tem certeza?

— Absoluta!

— Que droga... Muito bem... Se conecte à Cyndel e avise que nossos amigos estão indo pra lá. — Saquei as DelBlades — E nós... Vamos botar pra quebrar! Se eu vou morrer... que seja derrubando pelo menos 7 deles!

      Saí com as duas lâminas em punho. Havia pelo menos 25 tripods. E muitos Nyahbags.

— Isso vai ser no mínimo interessante... — Falei, irônico.

      Corri, desviando como pude dos raios deletadores. Escapei por um triz de um deles, que quase arranca um tufo de cabelo meu.

— Ahhh! Meu penteado! Demora demais pra deixar ele assim, seu tripé desgraçado de uma figa!

      Gritei e cortei duas das pernas, uma com cada espada. Enquanto ele caía, parti pro próximo, cravando as duas lâminas na perna dele, fui subindo, me balançando para desviar dos raios. Quando cheguei nas costas parei. Olhei pro outro Tripod e dei língua

— Huuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuma pra você!

      Ele apontou os canhões pra mim, e logo antes dele atirar, soltei as espadas das costas do bicho e saí logo antes dele ser deletado. Quando caí, caí em cima de um Nyahbag. Havia outros três em volta. Com um giro, cortei os três. O que eu esmaguei... Bem, eu peso uns 84Kg dentro desse corpinho de 1,86m (uia). Somado com uns 6Kg de equipamento, são 90Kg, então... Deve ter doído.

      Enquanto corria para um Tripod, ia retalhando os Nyahbags no caminho. Porém, ao derrubar o décimo tripod, meu corpo já estava cansado. Já levara pelo menos 3 tiros de raspão, e isso não ajudava. Quando tentei cortar a perna do décimo primeiro, levei uma coronhada nas costas. Um NyahBag havia se escondido e me atacado por trás. Caí no chão, sem forças.

      Um exército já me circundava. Como eles haviam se juntando em um número assim, não fazia idéia. Mas uma coisa era certa: A morte. Um deles chegou e me olhou, enquanto outros me levantavam e batiam em mim.

— Hummnnnf.. Ste eh o tahl DelBladher que mhatoum tanthos de nóhs?

— O segundo... E atual único, panaca. — Respondi.

      Levei um soco na cara.

— Deshaforado! — Falou. — Quem vc achah queh eu shou!?

      Nessa hora, vi um brilho vindo na nossa direção. Reconheci na hora. Sorri. Se ia morrer, pelo menos ia levar todos aqueles trastes comigo.

— Um futuro Nyahbag deletado!
           
— O que?!

      Então tudo explodiu num clarão branco. Não sentia mais ninguém me segurando. Ouvia a voz de Navi me chamando, cada vez mais longe. Perdi os sentidos.