Acordei no dia 7 um pouco cansado do dia anterior. O quarto ainda estava escuro, embora o relógio indicasse nove horas da manhã Olhei lentamente para a janela. Uma estranha névoa pairava. Levantei e corri para a sala. David já estava pronto, com sua roupa de admin, com o símbolo do Nyah nas costas, a DelBlade das costas, uma Submetralhadora BanGun no coldre e muita munição. Eu nunca tinha visto ele tão armado.

— Bro?

— Tyras, fique aqui. Por via das dúvidas, pegue duas BanGuns do sótão e fique alerta, mas não saia de casa. Vou investigar essa névoa. Volto logo. Não deve ser nada, mas por precaução, faça o que eu mandei.

      Ele estava me escondendo algo. Era óbvio.

— Não tente me enrolar, David. — Falei. — Tenho 19 anos, não 12. Se não é nada, por que essa BG255? e porque me manda pegar duas BanGuns, se você nunca quis nem que eu chegasse perto delas?

      David parou.

— Droga... não dá mais pra tratar você como menor...

— Não.

— Muito bem... Há algo errado, mas é minha suposição. Os outros admins reportaram a mesma névoa, e ninguém consegue tirar essa névoa. Além disso, os usuários dizem que os containeres estão "respirando". Mas ninguém deu alerta nenhum. Eu vou investigar a névoa e o container. Acho que algo está para acontecer. Não quero que saia machucado disso, Brother. Então, faça o que eu pedi.

— Eu preciso fazer os backups das nossas fics.

— Eu faço isso. Prometo. Agora, Pegue as benditas BanGuns e fica aí sentadinho enquanto o irmãozão aqui vai trabalhar, ta?

— Detesto quando você me trata como criança.

      Ele sorriu e saiu pela porta.
     
      Subi até o sótão e peguei duas BanGuns BG360ms, modelo submetralhadora, uma KBShotgun (KickBan Shotgun), calibre 12, e muita munição. Por ser admin, David podia ter isso em casa. Segui sua orientação e desci. Fiquei na sala cerca de quinze minutos, quando escutei um enorme barulho lá fora. Parecia que algo enorme e metálico estava rangendo ou algo parecido. Logo depois ouvi vozes. Pânico. Pessoas correndo. Gritaria. Luta. Corri para a janela, mas a neblina atrapalhava minha visão. Abri a porta e fui para a rua. O que eu vi foi horrível.
      Caos, desespero, pessoas se atropelando, fugindo aterrorizadas. E no lugar onde estava o estranho container uma espécie de robô gigante, com três pernas com rodas. No lugar da cabeça, uma espécie de disco voador ou algo parecido. O corpo era o próprio container, com holofotes e um canhão de laser, disparando nos usuários. Quando um desses lasers acertava alguém, ele sumia, virava pó! Seu nome sumia da lista de usuários e o contador de fics diminuía! Em desespero, procurei por David. Ele lutava contra aquela coisa enorme. Estava em vantagem por ser pequeno em comparação àquela máquina. Acertou uma das pernas, mas não o derrubou. Estranhei pro um momento, pois sua DelBlade poderia facilmente derrubar uma das pernas, fazendo a coisa cair. Mas logo vi o porquê: Se ele o derrubasse, a coisa ia esmagar dezenas de usuários. Ele estava ganhando tempo. Foi quando ele me viu.

— TYRAS!!! ENTRE EM CASA!! AGORA!

— EU VOU AJUDAR VOCÊ!

— NADA DISSO! ENTRE! AGORA! É UMA ORDEM!

      Ignorando a ordem dele, Saí e comecei a atirar na enorme coisa. Vendo que era tarde demais, recomeçou a distrair a
coisa, até que o campo de batalha ficou livre.

— AGORA VAMOS DERRUBAR ESSA COISA! — Gritei.

      Ele cortou uma das pernas, deixando-a mais curta, enquanto eu atirava nos holofotes e me jogava pros lados, evitando ser acertado. O monstro metálico ficou sem equilíbrio e caiu, sendo destruído pela queda. Depois, ele veio até mim.

— O QUE ACHA QUE ESTÁ FAZENDO?! QUER SER DELETADO?!

— É assim que me agradece por ter te ajudado?

      Ele parou.

— Tinha que ser meu irmão mesmo... Vamos sair daqui e... CUIDADO!!

      Tudo ocorreu numa fração de segundo. Ele me jogou de lado e tentou ir comigo pro chão, mas não a tempo. Tudo que vi foi aquele raio acertá-lo.

— DAVID!

      Olhei na direção do raio. Quatro Nyahbags, ou membros da máfia, que costumávamos banir. Estavam armados e falando algo que eu não entendia. Atrás deles, um outro Nyahbag, diferente dos outros, estava fugindo. Não fazia diferença. Eu já pegara as duas BG360ms e começara a disparar enquanto gritava de ódio. Pegos de surpresa, os Nyahbags foram acertados. Eles já estavam sendo banidos pela munição, mas o ódio não me deixava parar. Descarreguei todo o pente neles, enquanto meus olhos embaçavam. Em poucos instantes os pentes caíram da arma vazios. E eu, cai de joelhos na frente do meu irmão.

— David! DAVID!

     Ele abriu os olhos pela metade.

— T. Tyras, seu mol...leque... Fal..lei pra você ficar... em casa...

— Não fala! Eu vou te levar pra casa! Guenta firme, Bro!

— Es...quece...

      Ignorando ele, Apoiei ele no meu ombro e o levei com dificuldade para casa. Coloquei ele no sofá, e fui procurar algo para tentar ajudá-lo, mas ele me chamou antes que eu pudesse sair da sala.

— Ty...ras! Esqueça... Não há o que fazer por mim...

— Tem! Eu sei que tem!

— Escu...ta, droga! — Sua voz ofegava. — Já era... Eu... já era... Me ouve... Eu quero que você... pegue minha DelBlade... e vá para a base Testes... Há um mapa... na bainha da DelBlade...

— Você vai comigo! Eles podem te ajudar lá!

— Não... Não dá tempo... Escuta... Você tem... potencial... Queria te ver se tornar admin, mas... não vai dar... Leve minha DelBlade para a base Testes... Procure o Seiji... e... AHhhggg;

— David!

— Eles querem vingança... os Nyahbags... tenha cuidado... Aqui...

      Ele tirou do bolso um pendrive, com um cordão preso nele.

— Achou... que eu tinha esquecido, hã? — Falou, sorrindo fracamente — Tem as minhas... e as suas aí... Guarde bem...

— Eu vou.

— Tyras...  É uma guerra... A maior guerra... já vista...

— Guerra...?

— Por favor... não deixe que o ódio... lhe domine... Adeus... Mano...

      Dizendo isso, ele sumiu. Sua DelBlade, que estava presa as suas costas, caiu no chão. Na lâmina, gravado em baixo relevo, o nome pelo qual ele ficara conhecido. "Lâmina". Eu mesmo havia feito aquela gravação.

— Não! Brother! David!

      Estava sozinho. David fora Deletado. Eu caí sobre minhas mãos. Em baixo delas, o cabo da DelBlade e a BGSMG. Nessa hora, três Nyahbags entraram na casa, falando aquela língua estranha e apontando armas para mim. "Não deixe que o ódio... lhe domine..." A voz dele veio a minha mente.

— Desculpe, Bro... Mas, pelo menos nesse instante... não vou poder fazer isso...

      Sentindo o ódio queimando nos meus olhos, Agarrei a DelBlade e voei em cima dos Nyahbags. Cravei a lâmina no peito de um deles, enquanto puxava o braço dele em direção ao outro, ao mesmo tempo em que ele começava a atirar, acertando o outro. Gritando de ódio, puxei a DelBlade, rasgando o corpo do Nyahbag e em seqüência, cortando o terceiro. Este não fora ferido mortalmente, mas caíra no chão. Os outros dois foram deletados. O terceiro olhou para mim com cara de medo, e falou algo que eu não entendi. Mas era claro que pedia por piedade. Andei devagar, enquanto ele tentava se afastar, deitado. Sua arma ficou no caminho, e foi pisada por mim.

— Está com medo, Nyahbag?

      Ele respondeu algo na língua dele, com tom de ameaça.

— Deveria estar. — Respondi com os olhos em lágrimas e expressão de ódio.

      Com toda força, cravei a lâmina no seu pescoço. Vi ele sumir com expressão de dor. Depois, voltei ao lugar onde meu irmão havia acabado de sumir. Peguei a BGSMG, e o pendrive. Subi até o sótão peguei munição e desci. Abri a porta e olhei na névoa. Não havia ninguém. Não havia nada. Quase todas as casas haviam sido destruídas.
      Pus o pendrive no pescoço como um colar. Guardei a DelBlade na bainha, nas costas.

— Eu vou vingá-lo, Brother. Seja quem for que tenha feito isso com você... Eu vou achá-lo.

      Cerrei os punhos.

— E vou fazê-lo sofrer. É uma promessa.