Melanie’s P.O.V.

Dois meses depois

Acabei de chegar de mais uma das várias consultas que tenho por mês. Pattie sempre vai comigo, mas o Justin agora está um pouco ocupado com alguns shows. Scooter está agendando shows e entrevistas nos estados perto de Geórgia, para que no caso acontecer uma emergência comigo, ele possa vir o mais rápido possível. Hoje ele vai se apresentar em Savannah, aqui em Georgia mesmo, e amanhã de manhã voltará.

Nesse período de tempo, Caitlin as vezes vem me fazer companhia, mas ela e o Chris andam muito ocupados com uns eventos. Então na maioria das vezes, quem vem é a Kristen e a Sophia. Payton tem uma carreira musical, não é tão famosa quanto o Justin, mas tem os seus fãs e suas apresentações, e mesmo que agora eu tenha deixado toda a magoa do passado para trás, ela não pode me fazer companhia. Então eu fico nas mãos da Kristen, da Sophia, do Jesse e do Jason, que só faltam me matar.

— Vamos andar de skate. — Sugeriu Jason.

Todos estávamos sentados no chão do quarto do Justin que é bem maior que o quarto de hospedes, onde eu estou.

— Seu anta, esqueceu que a Mel não pode? — Falou Sophia como se fosse óbvio.

— Desculpa.

— É um saco pesar quase uma tonelada.  — Disse bufando. — Tem toda aquela parte fofa dos gêmeos e tal... Mas carregar dois bebês não é fácil. — Falei olhando para a minha barriga.

Hoje estava com uma blusa bem solta, na verdade, todos os dias eu tenho que usar blusinhas bem soltas por causa da minha barriga enorme. Eu não via mais os meus pés! E eu não consigo mais dormir de barriga para baixo, e nem consigo me abaixar sem sentir dor nas costas... Eu estou um caco.

— Seis meses, né? — Perguntou Kristen e eu assenti. — Então falta apenas três meses para o nascimento. Será que eles vão ser loirinhos?

— Mas eu não sou loira. — Disse.

— Mas o Justin tinha um cabelo loiro, agora que tá escuro.

— Meus filhos vão nascer negões. — Falei passando a mão na barriga.

— Então você deu uma pulada na cerca com um negão, Mel? — Perguntou Jason rindo e eu quase parti pra cima dele.

— Jason, as vezes você merece apanhar muito, sua sorte é que eu estou controlada hoje.

— Eu sinto pena do Justin. — Comentou ele se afastando de mim.

— Vou sentir pena de você, se fizer mais um comentário desse tipo. — Falei erguendo o punho.

— Tudo bem, vamos parar com essa briguinha. Jason e Melanie, vocês dois não podem ficar um segundo sem brigar? — Disse Kristen impaciente.

— Ele que me provoca. — Disse inocente e Jason me olhou incrédulo.

— Tá, vamos pensar em alguma coisa pra fazer e que a Mel possa fazer junto. — Falou Sophia.

— Que tal baralho? — Sugeriu Jesse.

— Ótimo. Vamos jogar “Burro”. — Disse e então fiquei decepcionada. — Esqueci que não posso beber álcool.

— A gente pode jogar com água. — Falou Kristen. — Melhor assim, pois eu não quero carregar nenhum bêbedo.

— Isso é uma indireta de que nós — Jason disse apontando para ele e para o Jesse. — Vamos perder?

— Se a carapuça serviu. — Kristen disse inocente.

— Certo, agora a porra ficou séria. Vamos incrementar esse jogo, que tal colocarmos dinheiro na parada?

— Eu aceito. — Falei olhando diretamente para o Jason que sorriu.

— Eu também. — Respondeu Sophia e então todos nós aceitamos.

(...)

— Melanie, posso saber onde você conseguiu todo esse dinheiro? — Perguntou Justin quando entrou no quarto de hospedes de manhã e me pegou contando a minha grana.

— Justin! — Disse pulando da cama e correndo para abraçá-lo. — Estava com saudades. — Falei distribuindo vários beijos em todo o seu rosto enquanto ele ria.

— Também senti a sua falta. — Então ele se abaixou e sorriu olhando para a minha barriga. — Como está a Justina e o Mello?

— Para de chamá-los assim. — Falei o repreendendo. — Eles estão bem. E eu estou ficando cada vez mais cansada, gorda, com sono por não conseguir achar uma posição confortável pra dormir e sem contar os enjoou com perfumes.

— Então você está bem. — Disse ele rindo e me abraçando novamente. Então direcionou seu olhar para a cama e perguntou novamente. — Onde conseguiu esse dinheiro?

— Dos trouxas que jogaram burro comigo ontem. — Falei rindo ao me lembrar da cara do Jason que foi o que mais perdeu dinheiro.

— Jason e Jesse?

— E a Kristen, só a Sophia que conseguiu algum dinheiro, mas eu consegui mais. Cara, eles não sabem o quanto eu sou boa em disfarçar e que tenho olhos de águia.

— Olhos de águia? — Perguntou Justin erguendo as sobrancelhas. — Isso é algum super poder que você esconde de mim.

— Claro Clark Kent. — Disse dando um selinho nele.

-

Dois meses depois

— Não fecha. — Falei fazendo um esforço enorme pra fechar uma calça jeans que comprei na semana passada. — Não fecha. — Disse mais uma vez me olhando no espelho.

— Calma, isso é normal. — Disse Justin tentando me tranquilizar.

— Não, eu quero caber em uma roupa sem que ela fique apertada em menos de sete dias. — Disse nervosa enquanto tirava a calça com raiva. — Não quero usar calça legging todo dia.

— Mas você tem que usar. Calma, falta pouco.

— Pouco? Eu vou enlouquecer.

— Mel, você sabe que não poderá usar nada apertado, e que suas roupas só vão caber novamente em você daqui  uns dois meses.

— Mas eu não quero esperar dois meses. Eu quero meu corpo de volta. — Disse passando a mão no cabelo várias e várias vezes.

— Só que você está se esquecendo dos nossos filhos. Você tem que fazer isso por eles.

— Eu não escolhi isso! — Retruquei nervosa.

— Então você está dizendo que não quer eles, é isso? — Justin perguntou sério.

— Eu estou dizendo que não queria ficar assim. Não agora. Eu queria fazer faculdade, queria terminar o ensino médio sem medo das pessoas me olharem feio por estar grávida. Eu queria ter um relacionamento de verdade. Um em que não tivesse que esconder nada, um menos complicado em que uma pessoa insignificante não fique escolhendo aonde tenho que ir para não aparecer em sites de fofoca.

— E resumindo tudo isso, você está dizendo que está arrependida de ter ficado comigo, é isso?

— Quer saber? — Falei chegando mais perto dele ficando cara a cara. — É isso mesmo. Me arrependo profundamente de ter caído nessa armadilha do destino que agora não tem como fugir.

— Faz o seguinte então, tenta não matar nossos filhos nesse pouco tempo que resta. E quando eles nascerem, você pode escolher ir embora para sua casa e para sua vida normal, com ensino médio e faculdade. Eu não ligo de ficar com eles. Ao contrário de você.

— Ótimo. É isso mesmo que eu vou fazer.

— ISSO! FAZ ISSO MESMO! E ESPERO QUE VÁ PRO INFERNO! — Justin gritou exasperado antes de fechar a porta com uma força tão grande que cheguei a pensar que a casa ia cair sobre os meus pés.

 Fiquei um tempo me encarando no espelho e eu queria ter o poder de sumir com a minha barriga e com todos os problemas. Eu não sei ao certo o que está acontecendo comigo. Eu estou muito bipolar, e eu não queria brigar com o Justin. Só que, é como se os meus pensamentos mais obscuros tomassem conta de mim e caíssem tudo pra cima do Justin.

Saio do quarto de hospedes e andei no corredor até o quarto dele. Parei na porta assim que percebi que ele não estava sozinho. Então me aproximei da fechadura e escutei a conversa.

— Você não viu o rosto dela. O jeito que ela me disse isso.  — Ouvi o Justin dizer enquanto chorava.

— Calma isso acontece. Eu também me senti assim quando fiquei grávida. Ela só está estressada. Isso tudo é muito novo pra ela, e pra você também. — Ouvi Pattie dizer no jeito mais materno.

— Ela disse que não quer eles mãe.

— Você vai ver, ela vai mudar de ideia rapidinho. Talvez agora mesmo ela esteja pensando em se desculpar.

— Mas o que ela disse não tem perdão.

— E o lugar pra onde você mandou ela ir, te coloca na mesma situação. — Pattie disse e eu pude sentir no tom de sua voz que ela estava tentando animá-lo fazendo comentários sarcásticos da briga.

Me afastei da porta e corri de volta para o quarto de hospedes.

Ouvi-lo falar aquilo foi pior do que pensei, eu não sabia que tinha falado coisas tão absurdas. Eu jamais abandonaria os meus filhos. Eu os amo. Aquilo foi um momento de ira, e ele me pressionou.

Gravidez está longe de ser o que eu pensava que era.