I Am... A Lie escrita por Kim Jin Hee


Capítulo 17
Cap. 16 - Parte II


Notas iniciais do capítulo

... Último.



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– Seria bom se um dos dois fizesse um discurso – disse ele assim que eu e James subimos a contragosto no palco sob os olhares de todos. Diggory colocou uma maldita coroa na minha cabeça e sorriu sadicamente.

– O quê? – perguntei para que só ele ouvisse. E ele ouviu, mas o sorriso que faiscou na minha direção do minuto seguinte, me fez desejar com todas as forças que ele não tivesse ouvido.

– Que tal... A nossa rainha? – pude ouvir vários gritos.

Diggory sorriu para mim, e passou ao meu lado, me entregando o microfone e sussurrando em meu ouvido:

– Achou que eu ia deixar a sua traição sair barata, querida?

– Eu te odeio, Diggory. Vamos ao seu joguinho. Mas o show, só está começando – rosnei de volta. Ele riu e eu passei para o meio do palco, segurando o microfone com as duas mãos.

Eu podia ver vários rostos, conhecidos ou não, me olhando curiosamente. Esperando que eu começasse a falar. Mas eu não conseguia falar. Como flashes, todas as lembranças foram passando pela minha cabeça. De todas as pessoas que eu magoei.

Olhei para Dorcas, ela sorria discretamente, assim como Remus, que estava abraçado a ela. Frank e Alice pareciam confusos, mas não tanto quanto eu esperava que estivessem. Sirius, sorria marotamente para mim, e seus olhos brilhavam estranhamente, ele estava abraçado a Marlene... Ah, Lene. Acho que ela saiu bem magoada disso tudo, mais do que Dorcas, Remus, ou Sirius... Eu joguei na cara dela tudo, ou melhor, a única coisa que ela não conseguia fazer.

Fiquei um tempo incontável olhando para ela, até que a vi dizer:

– Eu amo você – mexendo apenas os lábios, e logo depois os curvando em um sorriso.

Não dizem que uma rainha tem que ser sincera? Pois bem, eu serei.

– Vou começar dizendo que isso foi um erro. Nunca servi para ser rainha, e não é agora que servirei. Não sou perfeita, pra dizer a verdade... Eu sou... Uma mentira – disse fechando os olhos e deixando as palavras fluírem. – Mas se tem uma coisa que aprendi, é que tenho que ser eu mesma. Seja eu rainha, princesa, plebeia, ou qualquer outra coisa. Rainhas não mentem, eu sim. Eu menti por todos esses anos, e agora me arrependo por isso. Arrependo-me muito. Sabe, minha vida não era perfeita, mas eu achava que sim. Até ver meu namorado me traindo com uma vadia qualquer – disse olhando para o Diggory e em seguida para Vance, que estava tentando passar entre a multidão, em direção á saída. – Fiquei ai Vance, não se ofenda com o apelido carinhoso. Enfim, eu menti. Não é necessário dizer em quê, porque as pessoas realmente importantes, já sabem. Mas elas não sabem que eu estou arrependida. Eu nunca deveria ter mentido. Porque eu afastei todos aqueles que amo de mim, quando tudo que eles queriam era amar a Lily de verdade, não aquela maldita mentira que criei. Ah, e só pra acabar com o meu patético e ridículo discurso: Saibam que nenhum de vocês tinha chance de ganhar essa droga de coisa de rei e rainha do baile. Simplesmente porque o Diggory que me escolheu, e ao Jam... Potter também. Yeah! Ele queria que eu fizesse papel de ridícula aqui na frente, e foi exatamente o que eu fiz – eu disse sorrindo e procurando James ao meu lado.

Mas ele não estava ali. Olhei para a porta do salão e o vi saindo, jogando a coroa longe.

Desci correndo do palco, ignorando todos os palavrões que Diggory soltou ao ver que eu não tinha feito um discurso decente, e sim dado um conselho nas entrelinhas. Mas não sem antes jogar a coroa e o microfone pra ele e dizer:

– A rainha do seu show, é você.

Assim que cheguei perto do portão, pude ver James se jogar em um dos bancos que haviam do outro lado da rua. Caminhei até lá e me sentei ao seu lado.

– O que quer Evans? – perguntou bruscamente.

– A rua é pública Potter – respondi no mesmo tom.

Ouvi-o bufar e não dizer mais nada. O silêncio não era reconfortante, era desagradável.

– Olha, se veio aqui na intenção de me deixar pior, conseguiu. Agora pode me deixar sozinho, porque tudo o que eu queria era...

– Cale a boca – o interrompi. – Eu vejo em seus olhos que está magoado comigo. Eu sei que fui uma idiota. Eu machuquei você de todas as formas imagináveis. Mesmo antes de começarmos a... Namorar. Eu fiz uma bagunça enorme na sua vida, e você realmente não merecia isso... Ninguém merece isso – eu disse já sentindo meus olhos arderem por causa de todas as lembranças. – E eu só queria poder voltar no tempo, e fazer tudo diferente. Fazer certo dessa vez. Eu só queria ter uma chance de mudar meu passado – respirei fundo. – Eu ouço você falar desse jeito comigo e me sinto a pior pessoa do mundo, por desperdiçar tudo o que eu tinha por causa do meu orgulho! – senti algo quente percorrer minhas bochechas. – Eu só queria pedir perdão. Sei que provavelmente não vai me conceder, e eu nem mereço, mas eu realmente sinto muito. Perdoe-me, James. Perdoe-me por ser a pessoa mais idiota do mundo em magoar justo a pessoa que ela ama.

Nesse momento, pude ouvir um trovão, bem longe, mas isso não impediu uma chuva fria de cair. Ela estava aumentando gradativamente, e depois de alguns minutos em que ele não disse nada, eu já não o via mais.

– Olha... – ele começou. – Que bom que sabe que não merece perdão. Pelo menos é honesta consigo mesma – ele comentou despreocupadamente, como quem fala sobre o tempo.

Senti mais água escorrer por meu rosto, mas essa era quente. Eu estava chorando afinal.

– Eu sou a pessoa mais sortuda do mundo é claro! – exclamei com a voz embargada. – Eu pago um enorme king kong na frente de todos, apenas para perceberem que eu estou arrependida e...

– Arrependida? – ele perguntou indignado. – Acha que arrependimento é o bastante Lily? Eu te amei. Eu te amo. Mas tudo o que você sente é arrependimento. E isso não é o suficiente – disse ele virando-se.

– Por que você tem a mania de me interromper? – perguntei com raiva. Ele se virou, sorrindo torto. Mesmo molhado e brigando comigo ele continuava sendo lindo.

– Enfim – continuei depois que percebi que ele não diria nada. – Eu estou sim arrependida. E sei que arrependimento não é o bastante – eu disse chegando perto dele. Quando estava a centímetros, ele tentou se afastar. Segurei sua camisa.

– Lily – ele sussurrou.

– O problema é que agora estou completamente molhada, suja, arrependida e apaixonada por você Potter. Yeah, eu te amo. Mas como eu sou a pior pessoa do mundo eu...

E ele me beijou. Beijou-me!

Levei meus dedos aos seus cabelos desgrenhados – e agora molhados – e comecei a puxá-los ali, bem perto da nuca. Ele segurou minha cintura, e me puxou para perto, colando meu corpo ao seu. Assim que senti sua língua pedindo passagem, concedi, e senti-o explorar cada canto da minha boca. Ele encaixava perfeitamente em mim, e eu nele. Era como se tivéssemos sido feitos um para o outro.

– Por que fez isso? – perguntei assim que ele se desgrudou de mim.

– Eu não sei. Mas não aguentei mais me segurar quando você disse o que eu precisava ouvir – ele disse abaixando a cabeça. – Isso é o suficiente Lily. Você disse que me ama e era isso que eu precisava ouvir – continuou, ainda olhando para o chão.

– Mas é a mais pura verdade. Eu te amo James. Sempre amei, só não tinha percebido isso antes. E eu só quero esquecer tudo isso e ser feliz daqui pra frente. Mas eu só serei feliz com você. Vamos James, volte a página, e me dê mais uma chance. Porque tem que ser você.

– Eu vou me arrepender disso – ele disse chegando perto.

– Não vai. Eu prometo – disse o beijando novamente.

Três meses depois...

A formatura. Era tão estranho pensar em tudo que eu passei nesse tempo todo na escola, e é mais estranho ainda, para não falar triste, pensar que esse é o fim de tudo. O fim de um 'livro', onde a única coisa que falta é o epílogo. O fim de uma vida.

As coisas que passei aqui vão ficar para sempre. As lágrimas, brigas, beijos, risadas... As pessoas 'cativadas'. Eu vou sentir falta daqui. Como nunca senti de lugar algum. Até mesmo dos professores, e dos pirralhos do primeiro ano – embora às vezes eu seja mais pirralha que eles.

Eu estava sentada, na primeira fileira, no meio de Dorcas e Marlene. Os meninos, nossos meninos, iriam fazer algo no palco. Eu só esperava que eles não ficassem nus. O resto eu aguentaria. Então, o diretor os anunciou. E eles entraram sorridentes, com seus ternos.

Menos mal.

Remus pegou o microfone, pigarreou e começou seu discurso.

– O tempo que passamos aqui, foi quase uma vida. Sabe, eu convivia mais com alunos e professores do que com meus próprios pais. Então, é impossível não sentir falta. Tudo o que vivemos até aqui foi único e com certeza ficará guardado pra sempre. Mas temos novos caminhos a seguir, nossos destinos não serão os mesmos. Nunca mais. É isso. O jogo está acabando. As páginas do livro que escrevemos juntos todo esse tempo estão terminando, e nada podemos fazer, a não ser um epílogo. Algumas pessoas gostam do epílogo. Eu não. Por que o epílogo é a conclusão. A parte conclusiva de uma peça teatral. Porque a vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, erre, aprenda, se arrependa, ria. Viva intensamente, simplesmente viva, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.

Preciso falar que eu estava chorando? Remus conseguiu colocar em palavras tudo o que eu só conseguia colocar em lágrimas.

James tomou o microfone da mão de Remus delicadamente, ou seja, puxando-o sem nenhuma educação, e sorriu.

– Bem, nós vamos alegrar essas carinhas tristes... Padfoot, você sabe o que fazer – piscou para Sirius, que pegou mais dois microfones e deu um para Remus.

"We are the champions, my friends

And we'll keep on fighting

'Till the end

We are the champions

We are the champions

No time for losers

'Cause we are the champions of the world"

Eles cantaram somente o refrão da música, o que me fez rir. Eles eram impossíveis.

Assim que desceram do palco, vieram até nós.

– Você canta muito bem amor – eu disse lhe dando um selinho. James sorriu maliciosamente.

– Também sei fazer outras coisas muito bem – disse sugestivo.

Dei um tapa em seu braço, rindo.

– Idiota.

– Eu te amo – ele disse me levantando e girando.

– Eu amo você.

Ele me beijou e ouvi fracas palmas atrás de nós. Olhei, e vi que eram Remus, Dorcas, Sirius e Lene. Gargalhei.

Talvez a minha vida tivesse sido um livro muito conturbado até agora, mas esse era só o começo. Ainda teria muitos capítulos pela frente. Capítulos que iria fazer questão de colocar finais felizes. 


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Notas finais do capítulo

Vejo vocês no epílogo.



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