A onda de sumiços de coisas permanecia. Muitos enfeitiçavam seus pertences a fim de evitar que outros alunos mexessem neles. O que causava uma certa confusão quando os pertences eram emprestados e a magia neles era ativada.

As coisas começaram a ficar estranhas quando começaram a suspeitar de roubo. E o principal suspeito era Logan.

- Onde ele está? – perguntou Camila Watson, uma colega de quarto de Gina, Cris e das gêmeas.

- Ele quem? – perguntou Mione.

Os Filhotes de Marotos da Grifinória estavam reunidos em frente à lareira.

- Não estou falando com você Granger. – disse a menina. – Estou falando com a Potter. Onde está o ladrão do seu namorado?

- Eu só tenho um namorado. E ele não é um ladrão. – disse Cris se levantando e encarando a colega.

- É sim. – disse ela. – Minha presilha de cabelo sumiu depois que ele entrou no nosso quarto.

- Como se ele precisasse disso. – falou a ruiva. – ele nem mesmo chegou perto das suas coisas. Foi só coincidência ele ter passado por lá, antes de você descobrir isso. Você não usava aquela porcaria a dias, e sempre mantinha na sua mochila, qualquer um poderia ter mexido nela, já que você sempre larga as suas coisas na biblioteca e vai se agarrar com o seu namorado na sala ao lado.

- Foi ele. Eu sei. – disse Watson.

- Prova. – disse Cris.

A menina deu um passo para trás.

- Você ainda vai se arrepender de namorar um caçador. – disse Camila. – E ele que não se atreva a entrar no meu quarto de novo.

- Como se ele tivesse medo de uma bruxinha como você. – retrucou a ruiva. – Sempre que tem um boato que estamos brigados, você é uma primeira a tentar consolar o Logan. E agora vem com essa. Não se preocupe, não vai ser necessário que ele entre no seu quarto. A partir de agora vou para um quarto exclusivo. Não só eu como as meninas, para não ter que dividir o quarto com você mais. Mione você vai junto, sei que não suporta mais a Lilá e Parvati.

- Você não pode estar falando sério. – disse a Watson. – Dumbledore e McGonagall nunca vão permitir isso.

- Duvida? Vá olhar.

Todas as meninas que estavam no salão comunal correram para os dormitórios. E puderam constatar que o quarto onde ficavam as meninas do sexto ano, agora estava com apenas três camas, e estava bem menor. E uma nova porta apareceu ali, e tinha uma placa em ouro. “Apenas Filhotas de Marotos” e nenhuma menina pode entrar.

Enquanto isso, no salão os filhotes de marotos nem se mexeram.

- Pode me explicar essa de Logan estar no seu quarto. – disse Mione.

- Precisa? – disse Flavia num tom malicioso, bem parecido com o do pai.

- Ele foi me ajudar com o presente do Tio Aluado. – disse a ruiva como se fosse a coisa mais natural do mundo. – Não queria que ninguém visse, e como ele pode ir para qualquer canto, foi natural ele ir lá. E se fosse para o que vocês estão pensando, a gente ia para o quarto dele, e não ficaria perto das fofoqueiras deste castelo.

-“Quarto novo?” – perguntou Harry pela mente.

- “Elas já tavam me enchendo. E você não é o único herdeiro do castelo.” – respondeu ela.

Aparentemente todos começaram a suspeitar de Logan, mesmo depois de tudo isso. Não que o caçador se importasse com isso. Sua vida não mudou por causa disso. Ele estava mais que acostumado com todos olhando para ele, sempre foi assim e seria até completar seu destino.

Mas ninguém ousava acusar o menino formalmente, eram apenas boatos que se espalhavam. Até mesmo Malfoy que havia recuperado algum prestígio na sua casa se colocava no seu caminho.

Obviamente, o brasileiro usava isso ao seu favor, andando o máximo possível pelos corredores, usando a biblioteca ao invés da Sala Precisa, visitando os poucos amigos que tinha, em seus salões comunais, os poucos que não desconfiavam dele, e eram da turma da Dani.

Harry e Gina estavam na biblioteca. Eles apareciam por lá para dar a sensação de que eram alunos normais, e ninguém ficar criando novos boatos sobre eles. Foi quando Logan entrou e cumprimentou os dois, andando até uma das fileiras mais afastadas.

- Ele não facilita. – disse Harry.

- Queria o que? Se ele não abaixou a cabeça nem para os demônios quando era mais que apenas um bebê, acha mesmo que ele ia deixar que alguns adolescentes estúpidos o afetassem? – respondeu Gina num tom divertido.

- Não, mas ele não precisava se expor tanto. Como as pessoas vão perceber que ele não tem nada com isso?

- Parece que é uma técnica trouxa. – disse a ruiva, e percebendo a cara dele continuou. – Perguntei a sua mãe, ela disse que ele está tentando forçar o verdadeiro criminoso a se tornar arrogante e cometer um erro.

- Ou ele quer que todos pensem que é ele, para quando ele pegar o culpado, todos terem que reconhecer que estavam errados.

- Pode ser. – disse a ruiva.

Numa mesa perto uma menina começa a procurar por algo.

- Alguém viu a minha pulseira? – disse a garota. – Eu tirei para poder escrever.

- Não. – disse outra menina do grupo.

- Eu juro que estava aqui. – disse a primeira.

Foi neste momento que Logan volta do fundo da biblioteca com um livro, que Harry não identificou a língua. Todos na mesa do lado olharam para ele.

- Você viu? – perguntou a menina da pulseira perdida.

- Um brilho dourado no pulso dele? Vi. – disse alguém.

- Sempre soube que ele era o ladrão. – disse outro.

-Vamos atrás dele. – disse a primeira menina.

Todo o grupo se levantou com varinha na mão.

Harry e Gina foram juntos. Alguém precisava assegurar que Logan não ia criar esculturas de gelo com os alunos.

Para o casal não foi difícil seguir Logan, era só seguir o frio.

- Ele sabe que está sendo perseguido. – disse Harry.

- Ele é um caçador, e deve estar aborrecido por ser seguido por pessoas tão barulhentas.

O grupo e o casal encontraram Logan no meio de um corredor, por coincidência ou não, no outro lado do corredor vinham Tiago e Sirius.

- PARADO AI, LADRÃO. – disse a dona da pulseira.

Logan, claro, não parou.

- PARE, OU EU LANÇO UM FEITIÇO. – berrou a menina novamente.

- Se você estiver me convidando para um duelo, faça direito. – disse Logan, sem parar de andar.

- Devolva a minha pulseira. – disse ela.

- Eu não preciso pegar nada. – disse Logan. – Nem passei perto de você.

- Você pode usar magia. E vi um brilho no seu braço.

- Esse. – disse ele levantando o braço, e mostrando um bracelete de ouro, semelhante ao que tinha dado para Cris. – E se você não se lembra 99 por cento dos moradores do castelo podem usar magia.

- Ele está certo. – disse Tiago. – Ninguém aqui tem prova de que ele é culpado.

- Ele sempre está por perto quando as coisas somem. – disse alguém.

- Ele está por perto quando vocês descobrem que as coisas sumiram. – disse Sirius.

Murmúrios envergonhados apareceram no grupo.

- Alguém aqui tem uma acusação para ser apresentada. – disse Tiago. – Se tiver vamos ter que levar para um nível diferente, já que como todos sabem, as regras para Caçadores são diferentes, Dumbledore está de acordo.

Alguns deram passos para trás. Mas a menina que teve sua pulseira ‘roubada’ não desistiu.

- Eu assumo aqui. – disse Minerva, que estava mais severa que o normal. – Logan vem comigo. O resto pode ir.

O grupo saiu imediatamente, a garota saiu arrastada.

Harry e Gina acharam melhor sair também.

- Estava demorando para esse povo se revoltar. – disse a professora. – Mas não é por isso que eu estou aqui. A casa do primeiro ministro trouxa está sendo atacada. Não a oficial, mas a outra. Vocês tem que ir lá. Não você, Logan. Já tem demônios de mais por lá.

Tiago e Sirius apareceram numa casa de campo. Aparentemente o atual primeiro ministro não era um homem urbano.

A batalha estava acontecendo há algum tempo. Era possível ver algumas pessoas caídas no chão. A maioria eram seguranças trouxas do ministro, mas havia alguns aurores, comensais, e alguns amontoados de cinzas que parecia ser demônios.

- Que bom que eles deixaram alguns para nós. – disse Sirius.

- Ia ser muita desconsideração deles nos convidar para uma festa e não permitir a nossa diversão. – respondeu Tiago já sacando a espada.

Somente depois do sexto demônio decapitado e do terceiro comensal retirado de circulação e que a presença dos dois foi percebida.

- Finalmente alguém que sabe o que faz. – disse Quim, um dos poucos que usavam feitiços potentes o suficiente para segurar o avanço dos demônios. – Esses demônios não são afetados por magia. Só os seguranças fizeram algum estrago. Essas pernas de fogo são bem eficientes.

- São armas. – disse Tiago. – E nem adianta, Logan não vai ajudar nessa.

- Se foquem nos comensais, que cuidamos dos outros. – disse Sirius.

- Eles são muitos. – disse um auror novato que queria se provar. – Eu vou junto.

- Você consegue fazer isso? – perguntou Tiago criando um corrente de fogo que envolveu um demônio e o fez em pedaços.

- Não. – disse o auror.

- Então não discute. – respondeu Sirius.

Ninguém é louco para discutir com Sirius quando ele está com olhar bestial, exceto algum outro Cavaleiro do Apocalipse.

Os comensais perceberam que todos os aurores se viraram contra eles, e fugiram.

Os demônios por sua vez não tinham escolha, ainda tinha um objetivo.

- Cadê o caçador? – perguntou o mais feio dos demônios, provavelmente o que estava no comando.

- Ele tinha aula agora. – disse Sirius. – Ele é um daqueles que a obrigação vem antes da diversão.

- Acho que ele é covarde de mais para enfrentar mais que um de nós por vez. – disse o demônio.

- Você não diria isso se o conhecesse. – disse Tiago. – Ele te mataria aos pouquinhos, só para que você visse o que ele estava fazendo com o resto do seu grupinho.

- Ou ele poderia te exorcizar, sem que você nem se desse conta disso. – disse Sirius. – Mas você não vai ter esse gostinho.

O demônio olhou em volta, e viu apenas os dois marotos na sua frente.

- Eu não sei derrotado facilmente. – disse o demônio sacando uma espada pesada e com aparência sombria.

Mas isso não abalou os marotos. Que atacaram juntos. A espada era longa, e segundo Rafael era um ponto forte, pois tinha maior alcance, mas tinha uma desvantagem pela perda da velocidade. E velocidade era justamente o que se precisava para lutar com dois combatentes vigorosos como eram os dois.

Um atacava para forçar a defesa, enquanto o outro o feria. Foi Sirius quem deu o golpe final, uma estocada no coração depois que Tiago forçou uma defesa sobre a sua cabeça.

- Parece fácil quando a gente vê de fora. – disse Quim.

- Pior que eles estão mais fortes. – disse Tiago. – Pelo menos a espada não encostou em ninguém. Vou levar para nosso especialista.

- A vontade. – disse ele. – Não quero isso no ministério. Tem espiões de mais lá dentro. Pelo menos não temos repórteres trouxas aqui. Teremos menos trabalho para apagar as memórias.

Os dois aparataram de volta para a sala da Minerva. Onde já estava Lilian, Mary e Remo esperando junto com a professora e o caçador.

- Não sei por que não podemos aparatar assim? – disse Sirius. – tem que ser aquele negócio de ser exprimido e depois vomitado. Sabe de uma coisa, Eu Odeio os Potter e seus Malditos Poderes. E isso inclui você, menino de cabelo azul.

- Vinte anos e ele não muda. – disse Remo.

Depois disso, os aurores contaram o que aconteceu.

- Só não entendi o fato deles não saberem que é você o caçador. – disse Mary. – Não conheço muitas pessoas de cabelo azul.

- Caçadores tem essa tendência a ser diferentes.  – disse Minerva. – Muitos gostam de pintar os cabelos. Alguns têm o cabelo colorido pelos seus poderes, como Logan aqui.

- Quando fui sequestrado, meu cabelo era loiro escuro. – disse Logan. – Ficou azul depois que passei a controlar os poderes do grifo, quando na forma humana.

- Quando foi isso? – perguntou Remo.

Ele relutou em contar, as pessoas ficavam impressionadas com essas coisas. Mas o olhar de Lilian o fez contar.

- Próximo dos seis anos. – disse ele mais pra dentro que para eles propriamente.

- Então, pode ser que eles não consideram você na profecia. – disse Lilian. – Digo a pessoa que eles acreditam que deva matar a Cris.

- Assim como pode não ser Cris a chave. – disse ele. – Demogorgon vem me tentando para mudar de lado, mas ele tem um plano B. O Rato, que foi amigo de vocês, não é visto desde o ministério.

- Devemos ir atrás dele, então. – disse Sirius.

- Ele está muito protegido. – disse Tiago. – E pelo que conhecemos dele, não vai se esforçar para mudar isso.

Cris estava meio preocupada. Logan estava distante há dois dias. Não estava preocupada com alguma menina atrás dele. Já tivera muitas provas de que ele é fiel. O problema eram os roubos.

Ela o encontrou parado no meio de um corredor olhando para um objeto estranho que estava na sua mão.

- Oi, Demônio. – disse ela.

- Oi, Fada. – disse ele dando um selinho nela.

- O que está fazendo? – ela perguntou meio curiosa, aquele não era o normal dele.

- Caçando. – disse ele com um sorriso. – Esse trem já passou dos limites. Tenho que andar agora com um professor ao meu lado o tempo todo.

- Não to vendo ninguém. – disse ela.

- Não é fácil caçar com a Tonks do lado. – disse ele. – Ela está na enfermaria para exames de rotina.

- Então você aproveitou e escapou da vigilância.

- Na verdade foi a sua mãe que me expulsou de lá. – disse o menino.

- Mas o que você está fazendo?

-Dois dias atrás, coloquei um cristal brilhante em uma armadura do andar de cima. Com um feitiço localizador. Isso na minha mão funciona como bússola, mas indica a direção do objeto. Quando sai da enfermaria, percebi que estava se mexendo. Agora estou seguindo. - disse ele em português.

-  Mesmo em português você acha que devia estar contando seu plano assim alto?  - ela perguntou.

- Com aquele pessoal me seguindo? Duvido que alguém entenda o que estou falando. Sem contar que se minhas suspeitas estiverem certas, o ladrão não entende nada.  - disse ele.

- Como assim? - perguntou ela percebendo que havia pelo menos três grupos de alunos próximos a ele, tentando passar despercebidos. Falhando claramente.

- Pumyra está doida atrás dele, mas parece que tem algo atrapalhando ela. Olha a gatinha ali.

Realmente a gata de fogo parecia decepcionada com algo.

- Tadinha. – disse a ruiva.

- Vamos resolver isso. – disse ele. – Voltou a se mexer.

Os dois começaram a seguir o caminho apontado pela agulha da bússola, que na verdade flutuava alguns centímetros do objeto e ficava mais vermelha a medida que se aproximava do alvo.

Os grupos que seguiam os dois acabaram se juntando, e assim chamaram atenção dos aurores.

- E aqui. – disse ele apontando para uma parede.

- E ai, o que? – perguntou um garoto no grupo perseguidor. – Onde você guarda seus roubos?

- Se você soubesse quem ele é. – disse Cris.

- Ele não precisa. – disse Logan, fazendo a temperatura despencar.

- Não vejo nada ai. – disse outro.

- As coisas em Hogwarts não são o que parecem. – disse Tiago chamando atenção para eles.

- Tem certeza, Logan? – perguntou Mel.

- Dumbledore me deu autorização, e não restam dúvidas. – disse ele, mais para os alunos que para os aurores.

- Essa parede é sólida. – disse uma menina do grupo. – A não ser que você insista que o ladrão possa passar por objetos sólidos. Ele não pode entrar ai.

- Ele pode ficar pequeno para entrar por aquele buraco que a gata está vigiando. – gozou outro do grupo.

- Não sei porque essa ideia é engraçada. – disse Sirius. – Somos bruxos, podemos fazer muitas coisas com magia. Eu conheço esse buraco, sei onde ele termina.

Tiago rosnou ao se lembrar do ‘amigo’ rato. O motivo de Sirius conhecer o buraco, Pedro escondia comida ali, para as festas deles.

Eles seguiram o auror. Tiago, discretamente, fechou magicamente o buraco.

Pararam na frente a uma porta.

- Quem quer fazer as honras? – perguntou Sirius. –Ninguém? Ta bom eu abro.

Ele abriu a porta lentamente, só para dar mais emoção a cena.

Pumyra não aguentou esperar e disparou para dentro, assim que a porta se abriu o suficiente.

- Não tem ninguém ai dentro. – disse alguém. – Mas tudo roubado está aqui. Ele é o culpado.

- Não seja precipitado. – disse Mel. – A Gatinha pegou algo.

Todos entraram na sala, e aqueles que tinham perdido algo estava procurando. Logan e Cris permaneceram na porta.

Pumyra estava com a pata sobre algo, ou pelo menos assim parecia, já que não era possível ver nada. Sirius se aproximou dela e pegou o que quer que fosse.

- Feitiço de Desilusão. – disse Sirius retirando o feitiço. – Nosso ‘rato’ é na verdade um hamster.

- Sr Bigodes. – disse um aluno do segundo ano da Lufalufa.

- Ele é seu? – perguntou Tiago.

- Era. – disse o garoto. – Fugiu no final do ano passado. Coloquei o feitiço nele, para que ninguém soubesse dele. Na carta dizia que podia apenas ser uma coruja ou um gato ou um sapo.

- Conheço gente que teve um lobo de estimação. – disse Sirius saudoso. – Se você tivesse avisado, teria conseguido autorização. Não precisava ter enfeitiçado ele.

- Eu queria ter avisado que poderia ser ele. O Sr Bigodes gosta de coisas brilhantes. – disse o menino.

- Agora posso ir embora. – disse Logan, saindo com Cris da sala.

- Acho que deveríamos pedir desculpas para ele. – disse uma menina.

- Eu não tentaria isso. – disse Tiago. – Pra ele já basta saber a verdade. Não precisa de ninguém atrás dele. E nunca mais o sigam. O frio que sentiram hoje, não é nada perto do que ele é capaz de fazer para se proteger, e àqueles que ele gosta.