Capitulo 26

Depois daquele beijo, eu e Tom seguimos para a aula de runas. Sim, Tom. Não havia sentido nenhum em chama-lo de Riddle e beija-lo.

     Na hora do almoço, eu e Tom chegamos juntos ao salão principal. Depois que terminei de comer, Dorea e Cedrella me puxaram até o jardim e me fizeram contar tudo o que havia acontecido.

     - Que lindo! Vocês estão namorando! – exclamou Cedrella quando terminei de contar tudo com todos os detalhes.

     - Não, Ced. Nós apenas estamos juntos – disse com uma nota de indignação na voz. Agora que eu havia admitido a mim mesma o que sentia, realmente queria que estivéssemos namorando.

     - Bom, eu tenho certeza que logo logo ele vai te pedir em namoro – afirmou Dorea.

     - Esta tudo bem... eu realmente não me importo... provavelmente nem de certo mesmo...

     - Deixe de ser pessimista Mione! Você o ama e ele também te ama, Tenho certeza disso!

     Dessa vez não pude contestar, afinal eu realmente o amava, e a lembrança do que ele me disse, fazia-me pensar que o sentimento era recíproco.

     Seis dias depois disso não haviam mudado muita coisa. Eu e Tom voltamos a estudar juntos, mas agora nossas horas de estudo frequentemente eram atrapalhadas por vários beijos e caricias. Embora não pretendêssemos expor esse nosso relacionamento, em dois dias todo o castelo já sabia. Enquanto Charlus, Septimus e Minnie diziam que “entre tantos caras, por que justo ele? Nada contra sonserinos, mas o Riddle?!”, Abraxas me abraçou e disse “Até que enfim minha maninha abriu os olhos... Apenas tome cuidado; acho que você sabe o que quero dizer”. Sim eu sabia. Como o próprio Tom havia dito, ele não era mal, não comigo. Eu poderia afirmar que não havia apenas um Riddle, mas sim diversos reunidos em uma só pessoa. Ele é uma mistura de mentira e verdade, de ingenuidade e violência, de simplicidade e luxo, de amabilidade e brutalidade, de misticismo e realismo, de gosto pelas artes e pela barbaridade. Quem não o conhecia diria que ele é perfeito. Seus seguidores, com varias exceções, diria que apenas o lado ruim existia, e que Riddle era manipulador o suficiente para fazer com que todos acreditassem em sua bondade. Eu era uma exceção. Eu tive a oportunidade de conhecer um lado de Tom que vivia inconsciente, um lado que era bom e que podia amar. E mais importante, eu entendi que o verdadeiro Tom Riddle era uma mistura de todas as suas versões, e que apenas quem conhecesse a todas e as aceitassem, poderia realmente ama-lo, pois essa era a coisa que Tom mais precisava e menos tinha: amor. E sim, eu havia percebido tudo isso em apenas seis dias. É, o que os trouxas dizem realmente é verdade, a convivência faz milagres.

     Hoje é dia 20 de dezembro, e a maior parte dos alunos está indo para casa passar as festas de fim de ano com a família. Eu ficaria em Hogwarts, já que não teria motivo nenhum eu ir para o orfanato. Tom também ficaria aqui, ao contrario de todos os nossos amigos.

    - Tchau Mione! – disseram as meninas enquanto nos abraçávamos na frente da porta principal do castelo.

     - Tchau meninas! Bom feriado a todas.

     - Obrigada! Para você também – responderam.

     - Meninas temos que ir. O trem já está saindo – disse Charlus – Tchau Mione!

     - Tchau Charlus, Septimus.

     Assim que eles começaram a se afastar, entrei no castelo e praticamente corri para as masmorras. Realmente estava muito frio, e a neve não parava de cair.

     Chegando ao Salão de Slytherin que estava vazio, subi para o meu quarto e peguei o livro que Alvo havia me entregue em seu testamento. Voltei à sala e me acomodei na poltrona mais próxima à lareira. Abri ‘Os Contos de Beedle, o Bardo’ e deparei-me com um pergaminho que chamou minha atenção. Jurava que aquilo havia ficado com Harry. Não resisti.

     - Juro solenemente que não vou fazer nada de bom! – Instantaneamente os corredores de Hogwarts começaram a se formar no Mapa do Maroto.  Pude ver o Diretor Dippet em sua sala. Vários professores não iriam passar o feriado aqui, vi apenas o nome de Alvo Dumbledore, Cassandra Trelawney, professora de adivinhação e Slughorn. Também não vi muitos alunos, apenas um ou outro espalhados pelo castelo, mas um nome me chamou a atenção, Tom Riddle, e suas pegadas mostravam que ele vinha em minha direção.

     - Malfeito feito – dobrei rapidamente o mapa, guardei-o em meu bolso e abri o livro aleatoriamente em uma das paginas do conto A Fonte da Sorte.

     - Bom dia Mione – disse Tom sentando-se ao meu lado.

     - Olá Tom – fechei novamente o livro e dei um rápido selinho nele.

     - O que está fazendo?

     - Lendo – mostrei a capa do livro a ele.

     - É um livro infantil!

     - Eu gosto! – fiz bico e cruzei os braços.

     - Ei! Não fique brava comigo.

     - Tudo bem, mas só porque você é a única pessoa que eu conheço e que vai passar o feriado aqui. Sem contar com os professorem, é claro.

     - Há Há Há. Muito engraçado – disse sarcástico forçando uma risada e me beijou. Um beijo calmo e doce desses que te fazem esquecer-se do mundo. Eram assim os dias que passávamos juntos. Ao meu lado Tom tornava-se um perfeito cavalheiro, e me fazia questionar se ele realmente podia ser Voldemort.

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     O Natal foi extremamente tranquilo. Eu e Tom passamos o dia juntos e a noite participamos da ceia que a escola oferecia para quem fosse passar o feriado aqui – Grande surpresa.

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     Levantei quase nove horas. Esse feriado estava me deixando completamente folgada. Troquei de roupa rapidamente e fui me encontrar com Tom. Eu queria ter comprado algo pra dar-lhe de aniversario, mas por causa de uma tempestade de neve as visitas a Hogsmead foram canceladas, fazendo com que eu me contentasse com um simples parabéns.

     - Bom dia Tom – disse quando me juntei a ele para tomar café da manha. Dei um beijo estalado em sua bochecha, e antes que ele dissesse alguma coisa, completei – feliz aniversário!

     - Como você sabe?

     - Tenho meus meios...

     - Você tem muitos segredos para o meu gosto, mas mesmo assim obrigado. Normalmente ninguém lembra que hoje é o meu aniversario por causa do Ano Novo... – ele ficou um pouco em silencio – Quando é o seu aniversário?

     - Já passou. – claro que passou Hermione, hoje é o ultimo dia do ano! – É 19 de setembro.

     - Parabéns atrasado.

     - Obrigada.

     Depois de terminarmos o café da manha fomos para o salão de Slytherin. Pouco antes de chegarmos lá, Tom disse.

     - Hermione, eu tenho que fazer umas coisas hoje, mas você se encontraria comigo na torre de Astronomia hoje, às 23h?

     - Posso saber para que? – perguntei desconfiada.

     - Eu vou lá todos os anos. Tem uma vista ótima e podemos ver os fogos que as pessoas lançam de Hogsmead.

     - Tudo bem – eu ainda estava um pouco desconfiada, afinal o que Tom faria hoje o dia todo no castelo...

     - Vejo você mais tarde – e saiu deixando-me sozinha no corredor.

     Durante o resto do dia eu não vi Tom em parte alguma, nem mesmo durante o almoço e o jantar. Fiquei tentada a olhar no Mapa do Maroto, mas achei que seria muita perseguição desnecessária. Quando eram 21:45h fui para o meu quarto ansiosa por um banho. Fui me arrumar, e seguindo a tradição trouxa de ano novo, vesti uma saia longa branca e uma blusa de manga comprida, também branca, escrito ‘LOVE’ em prata. Por cima joguei minha capa da sonserina por causa do frio.

     Dez para as 11 eu sai do meu quarto sabendo que muito provavelmente eu chegaria atrasada ao meu ‘encontro’ com Tom. Não podia estar mais certa. Chegando a torre dei de cara com a sombra de uma pessoa. Você ainda tem duvida de quem é? Minha consciência irritante perguntou. Ignorei-a.

     - Pensei que tivesse desistido de vir. – Tom disse sem se virar.

     - Desculpe, eu fui tomar banho e acabei me atrasando – aproximei-me da borda da torre onde Tom estava apoiado. Ao contrario do que eu pensava não estava ventando na torre, e sim como se alguém tivesse ligado um aquecedor – Está quente aqui. – disse tirando o casaco, dobrando-o e segurando-o em uma das mãos.

     - Eu fiz um feitiço, assim podemos aproveitar a noite sem nos preocuparmos em congelar – disse me abraçando de lado e depositando um beijo em meu ombro.

     - O que você ficou fazendo o dia inteiro? – perguntei depois de um bom tempo em silencio.

     - Eu pretendia te dizer apenas depois que batesse meia-noite, mas já que você perguntou... – ele se virou ficando de frente para mim. Seu rosto estava sério e seu olhar transparecia felicidade e expectativa. Ele segurou minhas mãos em sua esquerda, e olhando em meus olhos disse – Eu nunca imaginei que um dia estaria nesta situação, mas agora parece que me enganei. Hermione, o que eu sinto por você é muito forte, é algo que nunca experimentei antes, mas agora que provei não quero em hipótese nenhuma perder. Não é segredo para ninguém, muito menos para você, que quando eu estou ao seu lado eu ajo de outro jeito, tornando-me quase outra pessoa e eu não quero que isso acabe. É por isso que eu pedi para que você viesse aqui hoje. Eu estou indeciso até agora, sem saber ao certo como fazer isso, mas em fim – vi sua mão livre ir até um bolso e pegar algo que não consegui ver o que era de imediato, mas que aos poucos foi tomando a foto de um anel – A única coisa que tenho certeza é que quero que você fique ao meu lado pelo resto de nossas vidas. Pensei em fazer disso um pedido de casamento, mas imaginei que talvez fosse um pouco cedo para isso, mas também acho que um pedido de namoro é muito pouco para tudo que eu sinto por você, então a única coisa que pude pensar foi em pedir que você fique ao meu lado, e que aceite essa aliança em sinal de compromisso, de que um dia nós seremos uma família – A muito eu havia começado a chorar; eu nunca imaginei que Tom pudesse ser tão doce. Eu estava tão emocionada que tive que fazer um grande esforço para dizer um simples ‘aceito’ antes de sentir a aliança deslizando por meu dedo. Observando-a rapidamente vi que era prata com três pedras de turmalina verde ao centro; era totalmente perfeita (http://www.polyvore.com/ring/set?id=53654535). Voltei a olhar para cima sorrindo, e encontrei um sorrido perfeito e satisfeito no rosto de Tom. Sem que percebesse nossos lábios se encontraram em um beijo apaixonado. Nós apenas nos separamos quando ouvimos os fogos começarem a explodir no céu.

     - Feliz ano-novo! – dissemos ao mesmo tempo.

     Tom me abraçou por trás e ficamos vendo os fogos explodirem no céu, deixando-o coberto por varias formas e cores. Eu me sentia feliz e segura, como se estar envolta pelos braços de Tom fosse a coisa mais certa que poderia acontecer comigo. Virei lentamente nos deixando cara a cara e capturei seus lábios novamente em um beijo que começou doce e suave, mas que Tom fez questão de intensificar. Suas mãos começaram a dançar sobre o meu corpo, e as minas foram para o seu cabelo trazendo-o para mais perto de mim. Quando o ar foi necessário, Tom passou a distribuir beijos por meu rosto e descendo por meu pescoço e ombro, impedindo-me de conter um gemido que escapou por meus lábios. Uma formicação começou a surgir pelo meu corpo esquentando-o como fogo; e eu sabia o que era isso. Desejo. Eu queria Tom. Afastei-me um pouco dele de forma que suas mãos continuassem em minha cintura, mas que eu pudesse ver seus olhos. Estávamos ambos ofegantes, mas assim que finalmente focalizei seus olhos e percebi que estavam escuros e dilatados como os meus provavelmente estavam, e que transmitiam um brilho que eu nunca havia visto antes, foi que me decidi.

     Aproximei-me novamente e beijei o canto de sua boca, e tomando toda a coragem que havia ganhado com meus anos na Grifinória, sussurrei em seu ouvido.

     - Eu quero você. Agora.

     - Você tem certeza? – perguntou com a voz rouca sem desviar os olhos dos meus.

     - Certeza absoluta.

     Com um sorriso perfeito estampado no rosto, Tom apontou a varinha para o chão fazendo com que uma manta verde o cobrisse. Ele me beijou novamente e deixamos que todo o nosso desejo transparecesse neste beijo. Então, com suas mãos e lábios, Tom bloqueou o mundo lá fora, fazendo-me pensar apenas nele e em como eu queria estar com ele, transformando esta na melhor noite da minha vida.