Dark Angel escrita por ABNiterói


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Oie!
Tenho apenas uma observação antes do capitulo: talvez não tenha ficado muito claro, mas Hermione e Tom já são amigos...



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Capitulo 23

     A semana passou rápido como era comum desde a primeira vez que eu pisei em Hogwarts sete anos atrás... ou seria 46 anos no futuro? Bem, em fim.

     Dorea, Cedrella e consequentemente eu, passamos uma boa parte da manha nos arrumando. As 10h nos encontramos com Minnie, Charlus e Septimus do lado de fora do castelo e pegamos uma carruagem que nos levaria a Hogsmead. Ainda me espanta um pouco o fato de eu poder ver os testralios. Isso acontecia desde que invadimos o Ministério e eu vi Sirius morrer. Apenas neste momento foi que percebi que eu havia visto Bellatrix Black Lestrange, minha mãe, matar Sirius Black, meu pai,
em frente aos meus olhos. Uma súbita raiva me invadiu tanto por Bellatrix ter matado o meu pai, quanto por ter me privado de conviver toda a minha infância com ele. Não que eu não gostasse dos meus pais adotivos, ao contrario eu os amo, mas eu tenho certeza que Sirius morreu sem saber que tinha uma filha.

     - Hermione Granger! – Ouvi cinco vozes gritarem no meu ouvido.

     - Oi! Vocês não precisam gritar, eu não sou surda!

     - Não é o que está parecendo – disse Minnie – Faz um bom tempo que estamos te chamando, mas você não dava sinal de vida.

     - Desculpem-me – disse sinceramente. Arrogância e ironia não eram qualidades que eu havia adquirido no meu tempo na Sonserina – eu estava pensando nos meus pais.

     - Deve ser difícil para você – por um momento esqueci que para todos em 44 meus pais estavam mortos. Charlus deve ter percebido minha expressão confusa, pois completou -... sabe, não ter nenhuma família...

     - Tudo bem Charlus, com o tempo vou me acostumar.

     - Mas nossa Mione não tem com o que se preocupar, não é? – começou Cedrella – Afinal, seus pais podem ter morrido, mas ela tem a nós.

     Todos concordaram. Eu me senti emocionada com isso, e imaginei se Harry se sentia assim também.

     - Obrigada gente! Mas então, o que vocês queriam falar comigo?

     - Agora já estamos chegando a Hogsmead e tenho certeza que você está louca para conhecer a vila. Quando pararmos para almoçar, contamos a você – respondeu Charlus.

     De fato, pouco mais de um minuto depois a carruagem parou em Hogsmead. Pela primeira vez desde que cheguei ao passado não tive que fingir não conhecer um lugar. Hogsmead era pouco menor do que a sombra do que se tornaria. Se antes eu já achava a vila pequena, agora então...

     Animadamente fui apresentada ao lugar por meus amigos. Obrigatoriamente paramos para comprar guloseimas, seguimos para a loja de artigos esportivos – e se não fosse pela insistência vinda de mim, Dorea e Cedrella de irmos embora, ficaríamos lá para sempre – e terminamos a manha em uma livraria a pedido meu e de Minnie.

     Era aproximadamente 13h 20min quando entramos em um movimentado bar. Sentamos em uma mesa perto das janelas e os garotos foram pedir o almoço para nós acompanhado por cervejas amanteigadas.

     - Não entendo porque vocês preferiram vir aqui – disse Cedrella assim que estávamos todos acomodados – Se vocês querem contar sobre isso a Hermione não seria melhor ir a um lugar mais reservado, como aquele bar no fim da rua?

     - Na verdade não, meu amor – explicou a voz calma e paciente de Septimus – se estivéssemos em um lugar tranquilo seria muito mais fácil para qualquer um ouvir nossa conversa. Aqui, com todo esse barulho é praticamente impossível que alguém acompanhe toda a conversa.

     Queria que tivessem me explicado isso antes, pensei lembrando-me de como foi fácil para Sirius descobrir sobre a AD. Esperei que o garçom saísse de perto da mesa para falar.

     - Parece que todos vocês já sabem sobre isso.

     Apesar de não ser uma pergunta às meninas confirmaram. Dorea pegou a bolsa dela e entregou a Charlus que tirou de lá uma capa idêntica a que estava em minha bolsa.

     - Tanto segredo por causa de uma capa? – me fingi de desentendida.

     - Não é uma simples capa minha cara Hermione – respondeu Septimus colocando a capa sobre a mão que se tornou invisível.

     - Já vi capas assim antes – insisti – um simples feitiço de invisibilidade é capaz de fazer isso.

     - Bem, essa capa de invisibilidade tem uma longa história. Ela não é assim apenas por causa de um feitiço – contou Charlus – Você já ouviu falar na família Peverell?

      - Não, nunca.

     - Deixe-me contar uma história então. Os Peverell eram conhecidos por ser uma das famílias de mais puro-sangue. Há anos atrás, três irmãos Peverell estavam viajando quando em uma noite foram impedidos de continuar por conta de um rio demasiado fundo para passar a pé e demasiado perigoso para atravessar a nado. Contudo, esses irmãos eram exímios em artes mágicas, por isso limitaram-se a agitar as
varinhas e fizeram aparecer uma ponte sobre as águas traiçoeiras. Iam à meio desta quando encontraram o caminho bloqueado por uma figura encapuzada. E a Morte falou-lhes. Estava zangada por ter sido defraudada em três novas vítimas, pois normalmente os viajantes afogavam-se no rio. Mas a Morte era astuta. Fingiu felicitar os três irmãos pela sua magia e disse que cada um deles havia ganho um premio por ter sido suficientemente esperto para a evitar.

     “E assim, o irmão mais velho, que era um homem combativo, pediu uma varinha mais poderosa que todas as que existissem: uma varinha de quem vencera a Morte! Portanto a Morte foi até um velho sabugueiro na margem do rio, moldou uma varinha de um ramo tombado e deu-a ao irmão mais velho.

     Depois, o segundo irmão, que era um homem arrogante, decidiu que queria humilhar ainda mais a Morte e pediu o poder de trazer outros de volta da Morte. Então a Morte pegou numa pedra da margem do rio e deu-a ao segundo irmão, dizendo-lhe que a pedra teria o poder de fazer regressar os mortos.

     E depois a Morte perguntou ao terceiro irmão, o mais jovem, o que ele gostaria. O irmão mais novo era o mais humilde e também o mais sensato dos irmãos, e não confiava na Morte. Por isso, pediu qualquer coisa que lhe permitisse sair daquele local sem ser seguido pela Morte. E esta, muito contrariada, entregou-lhe a sua própria Capa de Invisibilidade. Depois a Morte afastou-se e permitiu que os três irmãos prosseguissem o seu caminho, e eles assim fizeram, falando com espanto à aventura que tinham vivido, e admirando os presentes da Morte.

     Há seu tempo, os irmãos separaram-se, seguindo cada um o seu destino. O primeiro irmão continuou a viajar durante uma semana ou mais e, ao chegar a uma vila distante, foi procurar outro feiticeiro com quem tinha desavenças. Naturalmente, com a Varinha do Sabugueiro como arma, não podia deixar de vencer o duelo que se seguiu. Abandonando o inimigo morto estendido no chão, o irmão mais velho dirigiu-se a uma estalagem onde se gabou em alto e bom som, da poderosa varinha que arrancara à própria Morte, e que o tornava invencível. Nessa mesma noite,
outro feiticeiro aproximou-se silenciosamente do irmão mais velho, que se
achava estendido na sua cama, encharcando em vinho. O ladrão roubou a varinha e, à cautela, cortou o pescoço ao irmão mais velho. Assim a Morte levou consigo o irmão mais velho.

     Entretanto, o segundo irmão viajara para sua casa, onde vivia sozinho. Pegou na pedra que tinha o poder de fazer regressar os mortos, e fê-la girar três vezes na mão. Para seu espanto e satisfação, a figura da garota que em tempos esperava desposar, antes da sua morte prematura, apareceu imediatamente diante dele. No entanto, ela estava triste e fria, separada dele como que por um véu. Embora tivesse voltado ao mundo mortal, não pertencia verdadeiramente ali, e sofria. Por fim o segundo
irmão louco de saudades não mitigadas, suicidou-se para se juntar verdadeiramente com ela. E assim a Morte levou consigo o segundo irmão.

     Mas embora procurasse durante muitos anos o terceiro irmão, a Morte nunca conseguiu encontra-lo. Só ao atingir uma idade avançada é que o irmão mais novo tirou finalmente a capa de invisibilidade e deu ao seu filho. E então acolheu a Morte como uma velha amiga, e foi com ela satisfeito e, como iguais, abandonaram esta vida.”

     - Mas esse é o conto dos três irmãos de Beedle, o Bardo – disse lembrando-me do livro que Alvo havia me deixado em seu ‘testamento’.

     - Sim, mas não é apenas um conto de fadas. Sabe-se que Antíoco, o irmão mais velho não teve descendente, mas a Varinha das Varinhas tem uma história sangrenta. Cadmo, o segundo irmão deu origem a família Gaunt, mas não se tem noticias tanto da família quanto da pedra – mas e Riddle? Pensei, mas acabei me lembrando que ele apenas tinha o sobrenome do pai, então não tinha como saberem de sua descendência – Ignoto, como o próprio Beedle diz, teve um filho e entregou a capa a ele, criando uma tradição de família, mas assim como
aconteceu com Cadmo, os descendentes de Ignoto atendem agora por outro nome.

     - Você está querendo dizer que os Potter descendem do terceiro irmão Peverell?

     - Exatamente. Meu pai me contou isso e me deu a capa antes de eu entrar em Hogwarts, e eu farei a mesma coisa com meu filho e assim por diante.

     Nossa! Harry amaria saber isso! Tenho que contar a ele quando voltar.

     - Você não imagina de quantas encrencas esses três se safaram por causa dessa capa – disse Dorea apontando para Charlus, Septimus e Minerva, fazendo com que todos nós ríssemos.

-

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     Por algum motivo acordei apreensiva naquele domingo. Olhei para o relógio e vi que ainda era cedo. Como as meninas ainda dormiam, decidi ficar um pouco deitada na minha cama. Lembrei-me do dia em Hogsmead, provavelmente eu nunca havia passado um dia tão divertido
em 1997. Tirando a hora que Charlus contou sobre a capa, não paramos de rir e fazer brincadeiras... Aproximadamente uma hora se passou desde que acordei quando decidi levantar. Fiz minha higiene matinal e coloquei uma roupa leve; queria aproveitar o ultimo mês antes que o inverno começasse. Peguei um dos livros que Alvo havia me dado “Magias
tenebrosas: As Artes das Trevas”
, que estava enfeitiçado para que todos
pensassem ser um livro de runas e desci para o salão de Slytherin.

     Sentando em uma das confortáveis poltronas, abri o livro no capitulo sobre símbolos antigos, não estranhando ser a única pessoa na sala. Por estar muito concentrada na leitura, demorei um pouco para ouvir que alguém vinha em minha direção. Apenas quando eu já podia ouvir a respiração da pessoa atrás de mim, foi que me virei apontando a varinha para quem quer que fosse com uma maldição na ponta da língua. Deparei-me com um Abraxas Malfoy assustado atrás de mim. Ele levantou os braços em sinal de rendição.

     - Ei! Calma Mi! Sou só eu – ele disse enquanto ambos nos recuperávamos do susto – Será que você poderia baixar a varinha, por favor?

     - Claro, desculpa. – disse apenas então percebendo que ainda apontava a varinha para Abraxas. Voltei a me sentar, fechando o livro antes que Ab sentasse ao meu lado.

     - Bela maneira de começar o dia, não? – ele perguntou e eu apenas ri em resposta. – desculpa não ter dado nenhum sinal da minha presença, mas não teria graça nenhuma te assustar se você soubesse que eu estava atrás de você.

     - Não, me desculpe você. É que desde que seus amigos Comensais me atacaram no dia que chegamos a Hogwarts, tenho mantido minha guarda o mais alto possível.

     - Como você sabe sobre os Comensais? Tom...

     - Não preciso que Tom me conte certas coisas, posso facilmente descobri-las sozinha – disse antes mesmo que ele terminasse de falar. Por um momento ficamos em silencio até que Ab o quebrou.

     -Bom... Eu realmente pensei que você iria me amaldiçoar, sabe? Sinceramente você me deu medo – disse em tom de brincadeira.

     -Na verdade, eu estava com uma maldição na ponta da língua.

     - Oh! Mas você não faria isso com seu irmão, não é?

     - Claro que não. – disse dando um beijo estalado em sua bochecha.

     Nós rimos e começamos uma conversa mais leve. Desde a primeira vez que falei com Abraxas, senti uma forte ligação com ele. Era praticamente a mesma coisa que eu sentia com Harry. Abraxas amava dizer que eu era sua irmãzinha morena e manipuladora. Não perguntem o porquê de manipuladora.

     - Abraxas! – ouvimos Cedrella exclamar enquanto se aproximava com Dorea. – Você sabe que nós – disse apontando para si a para Dorea – também amamos a Hermione, mas eu nunca imaginei que você trocaria Ágata por ela.

     - Nunca! – exclamou Abraxas – Ágata é a única dona do meu coração... – e murmurou – apenas ela não sabe.

     Abracei meu ‘irmão’ tentando conforta-lo. O caso é que Abraxas é apaixonado pela tia-avó de Luna, Ágata Lovegood, mas ele não tem coragem de se declarar pelo fato de ela ser da Corvinal.

     - Sabe, eu acho que você devia dizer o que sente a ela – disse recebendo um olhar de ‘você está louca’ – É sério! Pense comigo, o pior que pode acontecer é ela dizer que não sente o mesmo por você.

     - Esta é o meu medo Mione.

     Por algum motivo àquela resposta me irritou. Quando dei conta, eu já estava de pé apontando o dedo para Abraxas.

     - Preste muita atenção no que vou dizer Abraxas Malfoy, pois esta será a primeira e a ultima vez que vou falar – eu disse com um tom de voz normal, mas que mostrava claramente que eu não estava para brincadeiras. Apenas com essa frase prendi não só a atenção de Abraxas como de todos que estavam no salão de Slytherin, e que não eram poucos
– Pelo menos uma vez na vida esqueça que é sonserino e deixe essa bendita honra de lado. Desperte a coragem grifinória que eu sei que existe em você e não seja um lufano bobo. Levanta agora desse sofá e vá conquistar sua Corvina!

     E para a minha surpresa, foi exatamente o que ele fez.

     - Você está certa Mione – levantou e saiu do salão deixando todos estáticos.

     - Uau! – exclamou Dorea ao meu lado, então meu olhar, o dela e o de Cedrella se cruzaram e inexplicavelmente começamos a rir como se fosse três loucas.

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     Eu havia acabado de terminar de almoçar e segui sozinha para as masmorras me encontrar com Riddle. Eu ainda não havia visto Abraxas desde o meu surto de raiva pela manha e não sabia como as coisas estavam, mas também não vi os longos cabelos quase brancos de Ágata durante o almoço, isso era um bom sinal, pelo menos era o que eu esperava.

     Cheguei a um salão comunal que estaria completamente vazio se não fosse por um Riddle nada feliz sentado em um sofá.

     - Está atrasada. – disse fazendo com que minha raiva matinal voltasse. Ninguém merece ficar de TPM, pensei.

     - Mil desculpas My Lord. – respondi seca. Sua cara que antes estava irritada ganhou uma aparência de desgosto por algum motivo que eu não entendi. – Mas acho que o Senhor sabe muito melhor do que eu que aos domingos o almoço é servido mais tarde.

     Achei que havia exagerado um pouco, principalmente quando o vi levantar. Segui seus movimentos com os olhos, mas sem me atrever a mexer um músculo. Riddle levantou e lentamente se aproximou de onde eu estava ficando a minha frente. Nem de longe o que ele disse passou por minha cabeça.

     - Nunca mais me chame dessa maneira!

     - My Lord é muito pouco? Pensei que fosse assim que seus comensais te tratavam. – desdenhei – Como você prefere então? Poderosíssimo e Invencível Lorde das Trevas é o bastante ou ainda não?

     Não aguentei mais olhar para seus olhos, então me concentrei nas pedras que compunham o chão. Senti ele se aproximar e levantar a mão, provavelmente ao encontro de sua varinha. Naquele instante pensei que fosse morrer. Qual não foi minha surpresa quando senti seus dedos frios em meu queixo fazendo com que eu levantasse a cabeça e consequentemente meus olhos fossem aprisionados pelos seus.

     - Por favor, Hermione – disse ele tão baixo que se eu não estivesse praticamente colada ao seu corpo não ouviria. A essa distancia era impossível para mim não ficar inebriada pelo cheiro amadeirado de mirra que exalava de sua pele. – Por favor, me prometa que nunca mais me chamará de qualquer modo que não seja Tom Riddle.

     Seus olhos brilhavam de uma maneira única, em expectativa, tornando para mim impossível nega-lo – Tudo bem Tom, eu prometo.

     - Obrigado. – sua mão se afastou de meu rosto e ele deu um passo para trás, mas nossos olhos continuaram grudados.

     - Parece que eu nunca vou conseguir entende-lo completamente – disse sem pensar. Seus lábios se abriram em um sorriso maravilhoso, o primeiro sorriso verdadeiro que eu vi em seu rosto.

     - Vamos. Ainda temos um trabalho para fazer.

     Rimos e como se nada tivesse acontecido, o segui pelo corredor do dormitório masculino. Espera ai! Dormitório masculino?

     - Onde estamos indo?

     - Ao meu quarto.

     - S-seu quar-to – por algum motivo não pude deixar de gaguejar.

     - Sim, algum problema com isso? – perguntou sarcástico.

     - Não – respondi me recuperando – Apenas pensei que você queria fazer o trabalho em um lugar que ninguém pudesse interromper.

     - Hermione? – ele parou no corredor quase fazendo com que eu me chocasse com ele. Quase.

     - Sim.

     - Eu sou monitor chefe. Eu tenho um quarto só para mim.

     Continuamos a andar até que ele parou na frente da ultima porta do corredor abrindo-a e fazendo sinal para que eu entrasse.

     O quarto era do mesmo tamanho que o meu, as paredes brancas com uma tapeçaria verde e prata com o símbolo de Slytherin. Na parede a esquerda da porta de entrada havia mais duas portas, banheiro e closet, pensei. Do lado direito havia uma janela que ocupava quase toda a parte superior da parede, e abaixo da janela uma cama de casal gigante.

     - Isso não é nem um pouco justo – disse indignada.

     - Sente-se – respondeu apontando para a cama e escondendo um sorriso. Sentei na cama e tirei um pergaminho limpo da bolsa junto com uma caneta.

     - Caneta? – perguntou debochado.

     - Muito mais pratico que pena e tinteiro. Você tem alguma ideia do que vamos fazer?

     - Eu pensei em uma coisa durante a semana, mas acho que a senhorita não vai concordar.

     - Se você não me falar, nunca vai saber se concordo ou não.

     Ele aproximou-se e sentou na cama ficando de frente para mim. Por um instante, antes que ele começasse a falar, vi seus olhos ganharem um brilho avermelhado. Abaixando os olhos me deparei com o anel de Servolo em seu dedo. Apenas mais um lembrete para mim que aquele garoto a minha frente se tornaria um bruxo das trevas poderoso e que já havia feito duas, talvez três Horcrux.

     - Bem, eu havia pensado em fazer uma variação de uma das maldições imperdoáveis, de forma que essa não te desse uma passagem só de ida para Azkaban quando utilizada.

     Neste momento eu estava em frente a Voldemort, não a Tom Riddle. Sim, eu estava com medo, mas vi que esta seria uma ótima oportunidade de conhecer o lado que Tom escondia de todos enquanto estava aqui.

     - Eu acho uma ideia brilhante. Vamos fazer uma variação de qual delas? A maldição da morte está fora de questão já que Stump proibiu que tentássemos mata-lo – brinquei fazendo com que o clima pesado que havia se instalado se dissipasse.

     - Verdade. Eu tinha pensado em fazer da Cruciatus. Poderíamos achar um jeito de mascara-la, fazendo com que a pessoa que for atingida por esse feitiço não saiba imediatamente para que ele sirva...

     Passamos às duas horas seguintes discutindo sobre o que queríamos que o feitiço fizesse e como o faríamos.

     - Agora só falta testar – disse Riddle quando terminamos.

     - Nem pense em testar em mim. Recuso-me a ser cobaia – respondi.

     - Espere aqui. Vou achar alguém.

     Enquanto Riddle ia buscar nossa cobaia, comecei a escrever nosso relatório. Tinha escrito 17 cm e faltava apenas a conclusão para terminar quando Riddle voltou acompanhado por um primeiranista.

     - O que eu tenho que fazer? – perguntou o menino parecendo apreensivo.

     - Como você chama? – perguntei-lhe docemente.

     - David... David Rorsten.

     - Bem David, o Tom vai lançar um feitiço em você, e você tem que me dizer exatamente o que sentir ok?

     - Tudo bem.

     Riddle veio até meu lado e estendeu a varinha.

     - Immobilus at Crucius Ambulare!

     - Desculpem, mas não estou sentindo nada – disse David depois de um silencio um tanto incômodo. Sorri e virei para Riddle que estava com o mesmo sorriso de quando eu prometi que iria apenas chama-lo por seu nome. Voltei o olhar para David que ainda estava parado no mesmo lugar.

     - David, você poderia tentar se mexer? – pedi.

     - Ok.

     No instante em que seu braço começou a levantar, ele soltou um gemido de dor.

     - O que você sentiu? – perguntou Riddle.

     - E-eu não sei... pareceu um... choque? Sim, foi como se alguém tivesse me dado um choque muuuito forte, e mas rápido.

     - Se mexa de novo. Tente andar dessa vez.

     O garoto lentamente deu um passo para frente, no começo foi como se nada tivesse acontecido, mas logo em seguida o quarto foi inundado por gritos de dor.

     - Liberum! – disse apontando a varinha para David que instantaneamente parou de gritar e caiu no chão. Fui até ele e ajudei-o a sentar no chão, ficando ao seu lado. Aos poucos sua respiração voltou ao normal e ele passou a esfregar a perna que ele havia mexido.

     - Consegue falar? – perguntei e ele acenou com a cabeça – Me diga, o que você sentiu?

     - No começo nada, mas depois, quando meu pé já estava quase tocando o chão, foi como se alguém tivesse lançado um cruciatus, mas apenas na minha perna.

     Olhei para Riddle. Ele tinha um sorriso vitorioso estampado na cara, e provavelmente eu também. Havia funcionado.

     - Ainda está doendo?

     - Um pouco. Não como antes, mas ainda incomoda bastante.

     - Sanitatem! Está melhor?

     - Sim, obrigado – agradeceu – Posso ir agora?

     - Pode – respondeu Riddle entregando alguns galeões ao garoto. Já sabia como ele havia convencido o garoto a ajudar. Levantei-me do chão e voltei a sentar na cama. Assim que David saiu, Riddle olhou para mim.

     - Quem diria! Hermione Granger sabe fazer Magia Negra!

     - Era apenas um feitiço de cura – me defendi.

     - Não estou reclamando, apenas fiquei surpreso, afinal Sanitatem não é um feitiço simples, e requer muito poder do bruxo que o está lançando.

     - Sério? Não sabia disso. Eu apenas achei esse feitiço em um livro e pensei que ele poderia ser útil – disse sinceramente.

     - Sim, é bem útil – ficamos em silencio até que ele sentou-se ao meu lado – Você estava fazendo o relatório quando cheguei. Posso lê-lo?

     - Ainda não está pronto. Falta fazer a conclusão.

     - Eu posso fazer, se você não se importar.

     - Tudo bem – me virei, peguei o pergaminho e a caneta e dei a Riddle. Não pude evitar observa-lo enquanto ele lia, fiquei observando todos os seus movimentos, um sorriso ou um aceno de cabeça como se concordasse eram frequentes. Após um tempo ele pegou a caneta e passou a escrever a conclusão.

     - Quer ler? – perguntou estendendo o pergaminho a mim quando terminou.

     - Não precisa. Confio que você escreveu bem – respondi virando o rosto para ele.

     Mais uma vez nossos olhares se encontraram e eu fiquei presa por suas orbes cinza. Senti mais do que vi sua mão levantar e ir ao encontro de meu rosto. Mordi meu lábio inferior para impedir que um sorriso se formasse em meu rosto quando senti seus dedos frios acariciando levemente o meu rosto.

     Seu cheiro me preencheu mais uma vez e antes que eu percebesse, seu nariz estava a milímetros do meu, nossas respirações estavam agitadas e nem por um momento nossos olhos haviam se desviado, pelo menos não até eu sentir seus lábios encostarem-se aos meus. Senti sua língua pedindo permissão para aprofundar o beijo, o que concedi instantaneamente. Em poucos segundos, uma de minhas mãos estava em seu ombro e a outra embrenhada em seus cabelos. Eu podia sentir uma de suas mãos em minha cintura levando-me para mais perto de seu corpo enquanto a outra ainda estava em meu rosto.

     Depois do que pareceu uma eternidade, e apenas por necessidade de oxigênio, nos separamos, mas apenas o suficiente para que nossos olhos se encontrassem. Deslizei uma de minhas mãos para o lado esquerdo de ser tronco, sentindo seu coração pulsar rapidamente.

     Neste momento apenas foi que percebi que havia beijado Tom Riddle. Tecnicamente foi ele que te beijou, uma vozinha sussurrou em minha cabeça como se isso mudasse algo. Eu precisava pensar e sair dali.

     Levantei, peguei minha bolsa e sem dizer nada sai do quarto dele. Torci para que ninguém estivesse no meu quarto, mas como Merlin me ama muito, dei de cara com Cedrella, Dorea e um Abraxas muito animado quando abri a porta. Não estranhei ele estar ali, afinal aqui na Sonserina os garotos podiam entrar em nossos dormitórios quando quisessem.

     - Mione! – exclamou Ab vindo ao meu encontro e me abraçando forte – Adivinhe quem está namorando?

     Levei um segundo para voltar à realidade, lembrar-me de tudo e entender o que ele estava falando.

     - Não acredito! Conte-me como foi.

     - Hahahaha – ele riu – quando eu saí daqui de manha, fui atrás da Ágata e pedi para falar com ela. Eu contei tudo que sinto e a bronca que você me deu, e então a pedi em namoro. Para minha surpresa ela aceitou, então passamos o dia juntos.

     - Que bom Ab. Estou feliz por você.

     - Obrigado Mione, se não fosse por você isso nunca teria acontecido.

     - Mas parece que Abraxas não é o único que está feliz – disse Dorea – O que aconteceu para que você ficasse com esse sorriso bobo estampado na cara, em?

       - Nada! – respondi prontamente.

      - Uhum – murmurou Cedrella séria – Vou dizer o que aconteceu. Nossa Hermione está apaixonada.

     - O que? Eu não!

     - Era toda a confirmação que eu precisava!

     - Cedrella, eu não estou apaixonada – disse como se estivesse falando com uma criança teimosa.

     - Certeza Mione? Pense um pouco.

     Segui o conselho dela e comecei a pensar. Lembrei-me do beijo que havíamos acabado de trocar, eu nunca havia sentido aquilo antes, e com certeza o beijo do Riddle é muito melhor do que o de Victor e Comarco juntos. Por algum motivo lembrei-me da primeira aula que tive com Slughorn no sexto ano, quando comecei a descrever os cheiros que senti com a poção de amor. Na hora eu disse “eu estou sentindo cheiro de grama recém-cortada, pergaminho e...”, mas não pude completar a frase, pois nunca havia sentido aquele terceiro cheiro antes. Mais tarde descobri que aquele cheiro pertencia à mirra. O mesmo cheiro de Tom Riddle, sussurrou novamente minha consciência.

      Parece que Cedrella está certa. Eu, Hermione Granger estou apaixonada por Tom Riddle.


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Notas finais do capítulo

Então?!
O esperado beijo finalmente aconteceu! Kkkk
Prestem atenção a amizade da Hermione com o Abraxas, futuramente essa pode ser uma informação importante...
Kisses