Capitulo 21

     O tempo passa. Não adianta pensarmos que isso não irá acontecer, pois sim, o tempo vai passar. Talvez passe até mais rapidamente do que devia. Fazia um mês que eu estava em Hogwarts, um mês que havia me mudado mais do que eu achava possível mudar em
anos. Agora eu já não achava ruim ou errado estar na casa de Slytherin, ao contrario, essa era agora a minha casa, e eu me identificava com ela.
Verdadeiramente foi Tom Riddle que me fez mudar de opinião. Sim, ele mesmo. Um dia tentando me aproximar de Riddle, pedi para que ele me ajudasse em um dever de DCAT. Não sei exatamente sobre o que estávamos falando, sei apenas que era sobre a sonserina. Ainda posso ouvir claramente suas palavras: “Desde sempre Salazar Slytherin foi mal julgado; apenas por ter poderes diferentes dos outros, apenas por desejar mais e melhor ele tornou-se O mau. Sim, nós sonserinos temos a tendência de sermos rigorosos com nós mesmos e de seguirmos as tradições, mas isso é realmente ruim? Acho que não, afinal Merlin era sonserino. Se a Sonserina fosse tão ruim, ninguém o reverenciaria como fazem. Sim, nós fazemos de tudo para ganhar, fazemos de tudo por honra e tradição. Prezamos que nos respeitem acima de tudo, o que pode às
vezes ser confundido com medo por causa da reputação que temos com a Arte das Trevas, mas deixamos que os outros pensem isso, não nos importamos, pois as vezes pode ser bem divertido ser o ‘cara mau’, afinal sempre conseguimos o que queremos. Mas nós não somos apenas maus, somos como nosso emblema, a cobra: elegantes, poderosos e  frequentemente mal entendidos. Nós não nos importamos com que os outros pensam, mas quando queremos, podemos ser verdadeiros irmão
para qualquer um de nós. Uma vez que você se torna uma serpente, você é pare sempre um de nós. Quem é escolhido para a Sonserina, é porque tem um grande potencial. Só quem realmente pertence a nossa casa pode realmente entender quem somos.” Admito que naquela hora não acreditei muito, mas pensando depois pude ver que era verdade, afinal Dorea e Cedrella eram assim; e Riddle também, claro que com muito mais arrogância e poder contra os outros, mas essa era a base de todos dessa casa.

     O mês que se passou foi tranquilo, quase como quando eu estava em 1996. Passei praticamente o mês todo com Cedrella, Dorea, Minnie, Charlus e Septimus, mas aproveitei também para me aproximar de Riddle.

     No segundo dia de aula, Tom veio novamente se desculpar pelo ocorrido com seus ‘amigos’, dizendo que havia conversado com eles e que ninguém voltaria a me incomodar. Realmente, até agora eu não havia recebido mais nenhuma visitinha surpresa, mas mesmo assim não abaixei a guarda. Um deslize como o que eu havia cometido foi o bastante para a vida inteira.

     Depois desse dia passamos a conversar mais tranquilamente. Eu desconfio que ele tenha algum motivo para essa aproximação, mas eu tinha que aproveitar todas as oportunidades que surgissem. Depois de seu discurso sobre Slytherin e algumas perguntas sobre o meu passado, ele baixou um pouco a guarda comigo. Muito pouco, mas o bastante para eu poder me aproximar. Ele também me ‘apresentou’ a seus amigos, e por incrível que pareça quem eu me dei melhor foi com Abraxas Malfoy, e nós passávamos varias horas por dia conversando.

     Falando com Abraxas, passei a começar a entender porque Draco agia daquela forma em minha época. Ele me falou também sobre a família Black, já que Cedrella e Dorea não eram muito inteiradas com as coisas de família e eu não me arriscava a ficar sozinha com Orion, Cygnus e Walburga.

     Depois da primeira semana de aula, tive certeza que as aulas dessa época eram muito mais fáceis que da minha. Praticamente tudo que estávamos aprendendo agora, eu já havia visto no ano anterior. As aulas mais puxadas que tínhamos, com certeza eram as de transfiguração, o que me fazia pensar que o método de ensino de Hogwarts havia mudado bastante depois que Alvo Dumbledore se tornou diretor.

     Esse foi um dos motivos para eu passar a estudar com Riddle. Todos os alunos achavam mais que o suficiente o que tínhamos que fazer, mas eu e Riddle não nos contentávamos com a quantidade de matéria, queríamos mais, então passávamos horas na biblioteca ou no salão comunal de Slytherin estudando algo que os professores não haviam passado, e na semana anterior passamos a estudar juntos podendo assim discutir sobre a matéria e sobre outros assuntos.

     Certo dia depois da aula de poções, o professor Slughorn pediu para que eu e Riddle permanecêssemos na sala após o final da aula. Assim que todos os alunos haviam saído, ele me contou sobre o Clube do Slugh e disse que apesar de não haver nenhuma garota participando das reuniões, ele adoraria abrir uma exceção se eu aceitasse participar. Pensei em recusar, afinal essas reuniões já haviam me trazido muita dor de cabeça, mas depois de muito paparico da parte do professor, que insistia em dizer que eu era uma ótima aluna e que era a única pessoa que podia ser comparada a Riddle na escola, acabei aceitando. Ele pediu
para que Riddle me acompanhasse a próxima reunião – que confesso ter sido muito mais divertida que todas as que eu compareci no meu sexto ano – e me atualizasse sobre o que aconteceu na reunião passada. Passar a ser uma das favoritas de Slughorn foi mais uma coisa que me aproximou de Riddle.

     As aulas que eu mais gostava nesta época eram as de transfiguração e as de feitiços. Era muito interessante ter a oportunidade de aprender com Dumbledore. Ele era um excelente professor. Feitiços eu já gostava muito na minha época, mas as aulas do professor Stump eram muito diferentes, o que fazia com que todos os alunos fossem super bem.

     Mas, sem duvida nenhuma a coisa que mais me fazia falta eram Harry e Ron. Mesmo que fosse para discutir com eles, eles faziam muita falta. Mas ao mesmo tempo em que eu sentia falta deles ao meu lado, eu me sentia como se os tivesse traindo. Traindo com meus pensamentos e atitudes. Traindo cada vez que eu, Dorea e Cedrella passávamos a tarde rindo ou falando bobagens; cada vez que eu passava a tarde estudando e conversando com Tom Riddle e Abraxas Malfoy; sempre que eu passava o dia como uma garota normal e não precisava necessariamente me
preocupar se no dia seguinte eu estaria viva ou morta; sempre que eu tinha paz e podia sorrir sem medo.

      Sim, esse primeiro mês havia me mudado, e sinceramente eu ainda não queria ir embora, mas eu não havia esquecido minha missão.  Apesar de ser bem mais difícil do que imaginei primeiramente, eu estava fazendo de tudo para conhecer os segredos de Riddle, e de alguma forma eu sabia que logo eu iria conseguir.