O Cara Da Porta Ao Lado escrita por EstherBSS


Capítulo 17
Capítulo 17 - Naruto


Notas iniciais do capítulo

Vocês acabaram me convencendo.



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Capítulo 17


Naruto


Eu ficava com eles tanto quanto dava. O médico permitiu a nossa entrada depois de um tempo. Teve um dia em que eu estava sentado e apoiava a cabeça na parede. Mantinha os olhos fechados tentando descansar um pouco, mas eu não dormia. Ouvi o barulho de passos e uma voz falou:

    - Como ela está? – abri um dos olhos e vi um homem de cabelo preto que vestia roupas de quem trabalhava em escritórios.

    - O que está fazendo aqui? – a voz de Sasuke era grossa e sem nenhum sentimento.

    - Eu me preocupo com ela apesar de tudo. Sakura me falou de você. – o homem disse e Sasuke permaneceu em silêncio – Ela me disse que te amava. Você é um homem de sorte.

    - Estou sendo rude. – Sasuke falou, mas a sua voz continuava fria – Você não teve culpa. Eu só... – Sasuke ficou em silencio depois disso.

    - Aqui está o meu telefone. Qualquer coisa é só ligar. – abri um olho e o vi entregar um papel para o Sasuke.

    - Obrigado, Gon.

Depois de ouvir o nome, não teve como analisar o cara de novo. Achei engraçado o fato do cara parecer um pouco com Sasuke. Ele não tinha tantos músculos ou toda aquela expressão de menino mau, mas lembrava muito as feições do meu amigo. Seria por isso que Sakura o escolhera?

A família dela só apareceu duas semanas depois da internação. Achei que Sasuke iria bater neles tamanha era a raiva que exibia, mas ele não se afastou dela. Até eu perdi a paciência aquele dia. Pelo o que eu entendi, o padrasto de Sakura queria arrumar um jeito de pegar o apartamento dela quando ela....morresse. O Sr. e a Sra. Uchiha ficaram indignados com aquilo. Eles retiraram os parentes dela do quarto antes que Sasuke se levantasse. Sai do quarto também e ouvi-os discutirem. Tia Mikoto falou que uma mãe de verdade não agiria daquele modo. O tio Fugaku quase não se agüentou quando o padrasto da Sakura acusou os Uchihas de quererem se apossar das coisas dela. Itachi e os guardas do hospital retiraram a família de lá. Percebi que a família de Sasuke encarava Sakura como se ela já fosse uma deles.

Itachi tentou se desculpar com Sasuke várias vezes. Aos poucos, ele começou a fazer como eu. Sentava lá e ficávamos em silencio esperando alguma reação dela. Um dia, Itachi falou algo e eu ouvi o meu amigo responder:

    - Ela matou uma pessoa por minha causa. Sabe o que é isso? Ela tirou a vida de alguém por minha causa. Minha causa! Não posso mais ficar longe. Não posso mais soltá-la.

Depois da terceira semana, Sasuke voltou a chorar. Ele apoiava a cabeça no tórax dela e chorava como uma criança. Além disso, ele continuava cantando, fazia carinhos nela e cuidava dela com tanto amor que eu preferia sair do quarto. Se eu ficava, sentia como se estivesse espionando um casal em seus momentos íntimos. Tia Mikoto conseguia fazer Sasuke cuidar de se mesmo de vez em quando. Ela dizia que Sakura não gostaria de vê-lo assim. Só que a barba logo voltava a crescer e as olheiras nem saíam mais. Ele dormia sentado na cadeira ao lado da cama dela. O medico até tinha abaixado a cama e colocado uma poltrona para que fosse mais confortável para Sasuke.

Era estranho trabalhar sem o Sasuke por lá. Todos sentiam falta dele lá. No hospital, as visitas escasseavam, mas Sasuke continuava firme. Quando completou um mês, ficamos com medo de que ele nunca se recuperasse. Eu passava lá todos os dias depois do trabalho e sempre o encontrava na mesma posição. Sentado na poltrona, segurando uma mão dela enquanto acariciava o rosto dela. Eu sempre desviava os olhos. Era amor demais no olhar dele.

Na sétima semana eu fiquei parado perto da cama sem saber o que fazer. Sasuke tinha dormido segurando a mão dela. Ele repousava a cabeça perto da mão dele e imaginei que devia ser desconfortável demais ficar naquela posição, quase dobrado sobre si mesmo. Passei a mão na testa da Sakura.

    - Você tem que acordar logo, Sakura. Sasuke está se matando aqui.

Reparei que ela era mesmo bonita. Não era aquela beleza escultural das modelos, mas eu seria capaz de passar um bom tempo olhando para ela e ficaria feliz com isso. Talvez fosse por isso que Sasuke não saía do lado dela. Apaixonado do jeito que estava, a melhor coisa no momento devia estar sendo olhar para ela.

Fiquei um tempo contemplando-a. Depois fiquei olhando para Sasuke. Nunca tinha visto um homem mais acabado na minha vida. Ele estava perdendo peso também. E rápido. Tentei imaginar o que ele estava sentindo e não consegui. Sasuke dissera sentir um vazio tão grande no peito que ele nem tinha vontade de se mexer.

    - Olhar para ela, agora, é a única coisa que me mantém vivo.

O psicólogo do hospital tinha ido lá conversar. Fiquei preocupado quando o cara saiu de lá chorando. Ele disse que o amor de Sasuke era a coisa mais linda que ele já tinha visto na vida.

    - As vidas daqueles dois estão unidas. Se o tirarem de lá, ele não encontrará forças para se recuperar.

Na nona semana, eu estava no corredor com a família do Sasuke. Mesmo não tendo nada para fazer lá, eles sempre ficavam algumas horas. Gaara tinha começado a namorar a tal loira amiga da Sakura. Os dois sempre vinham juntos.

    - Eu tenho pena dele. – Ino falou – Ele parece estar morrendo aos poucos.

    - Ele não consegue mais viver sem ela. Literalmente. – Gaara falou e eu concordei – Achei que isso era clichê de filmes.

Olhamos os dois pelo vidro.

    - É estanho ficar olhando os dois. Sinto-me como se invadisse a privacidade dele. – Tia Mikoto falou se aproximando de nós.

Ficamos em silêncio por uma meia hora. A gente queria ajudar, mas não podíamos. E quando saímos, sentíamos que estávamos abandonando os dois. Levantei e disse que iria buscar café. Eu estava desesperado para fazer alguma coisa. Olhei para todos, mas o meu olhar se concentrou na imagem de Sasuke levantando desesperado. Abri a porta e o som nos alcançou.

    - SAKURA! SAKURA!

Corri para o quarto e vi que Sasuke a abraçava fortemente. Ele chorava tanto que soluçava. Temi o pior. Pedi para chamarem uma enfermeira. Passei a mão no cabelo e senti meus olhos se encherem de água. Sasuke tinha o rosto ao lado da cabeça dela e Sakura sumia entre os braços dele. Ouvi Ino e a Tia Mikoto soluçarem. Gaara e o tio Fugaku diziam palavras de consolo. Eu ia sair do quarto quando vi o braço de Sakura se erguer com dificuldade e segurar na camisa do Sasuke.

    - Ela acordou... – eu falei como se não acreditasse. Depois gritei mais forte – Ela acordou! ELA ACORDOU!

Com Sakura acordada, Sasuke pareceu voltar a vida. Uma semana depois, quando eu passei lá para acompanhá-los até em casa, ele estava de banho tomado, cabelo cortado, barba feita e parecia mais forte. Ainda tinha um pouco de olheiras, mas sorria feliz. Itachi foi dirigindo e eu fui sentado ao lado dele. Sakura e Sasuke estavam abraçados no banco de trás. Ela apoiava a cabeça no peito dele e mantinha os olhos fechados. Sasuke a segurava como se nunca quisesse soltá-la novamente e tinha o rosto contra o cabelo dela.

Eles se casaram um mês depois. Os dois compraram os apartamentos e quebraram a parede. Uniram os dois apartamentos em um só. Sasuke voltou a sua aparência antiga. Não. Eu estaria mentindo se dissesse isso. Sasuke pareceu uma nova pessoa. Ele parecia a pessoa mais feliz que eu conhecia. Ganhou mais duas promoções depois de voltar a trabalhar. Ele me disse que tinha aprendido a gostar do que fazia. Sakura estava nos últimos períodos da faculdade. Ela estava estudando bastante para recuperar o tempo perdido no hospital.

A nossa noite de quinta se tornou a noite dos rapazes e da Sakura. Chouji sempre ia depois que ele provou a comida dela. Ela cozinhava para todo mundo. Sasuke desmontou o bar e colocou uma estante no lugar. Eu ainda preferia o bar, mas a casa era deles. Aliás, o antigo apartamento frio e solitário do Sasuke agora era quente e acolhedor. Não me surpreendia em nada ele querer passar tanto tempo lá. Se bem que eu imaginava outro motivo.

Sakura tinha me apresentado a uma amiga. O nome dela era Hinata e em pouco tempo ela se tornou todo o meu mundo. Comecei a entender melhor o lado do Sasuke. Eu nem queria imaginar tudo o que eu passaria se corresse o menor risco de perdê-la.

Nunca contei a ninguém sobre como o romance dos dois começou. Acho que Itachi também não. Acredito que até fosse melhor assim. Ninguém precisava saber como, mas apenas que aqueles dois não podiam mais viver separados. Era até mais bonito. Era como se o amor deles tivesse nascido espontaneamente porque era assim que devia ser. Como se realmente existisse uma alma gêmea que estivesse em algum lugar procurando pela sua outra parte.

Eu gostava de pensar assim. Eu gostava de ver meus amigos felizes em apenas se olharem. E eu queria mesmo que isso acontecesse comigo. Eu queria que isso acontecesse com todos. Que todos pudesse saber o que era só se sentir completo com a presença do outro. Afinal, nem todos sabem que o amor da sua vida pode estar bem perto, atrás da porta ao lado.


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