O Cara Da Porta Ao Lado escrita por EstherBSS


Capítulo 15
Capítulo 15 - Sasuke


Notas iniciais do capítulo

O capítulo ficou pequeno, mas não podem reclamar já que hoje eu postarei um total de 6 capítulos.
Link da música:
http://www.youtube.com/watch?v=vSnY6zjeRN0



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Capítulo 15


Sasuke


Senti a raiva borbulhar no meu peito assim que olhei no rosto dela. Sakura estava chorando. Ela estava chorando. Tanto ela quanto Itachi estavam vermelhos e ofegantes. Olhei a faca na mão dela. Ela não segurava como se fosse atacar, mas os nós dos dedos estavam brancos. Virei todo o meu ódio para Itachi e coloquei minha bolsa no chão.

    - Está tentando mesmo me irritar, Itachi. – eu falei arregaçando as minhas mangas.

    - Não vim aqui para brigar com você, Sasuke. – Itachi falou se recompondo.

    - O que você disse para a minha noiva dessa vez? – perguntei com os dentes trincados.

    - Ele veio me ameaçar com mentiras. – Sakura falou e notei o quão abalada ela estava.

    - Deixe ele ver as fotos então. – Itachi falou olhando para Sakura com desprezo.

    - Que fotos? – eu perguntei.

    - Vou te mostrar depois. – ela falou.

    - Não vou brigar com você, irmão. – Itachi falou e parou na escada ao meu lado – Só que se você se deixar levar pelo que essa daí tem entre as pernas... - Prendi-o contra a parede, mas ele continuou a falar ignorando meu braço erguido - ...vou ter que mostrar as provas ao nosso pai.

Ele empurrou meu braço e desceu as escadas. Pensei em ir atrás dele, mas ouvi um som e vi Sakura sentada no chão com a cabeça apoiada nos joelhos. Ela chorava. Fechei a distância entre nós com dois passos. Eu a abracei e ela escondeu o rosto no meu peito.

    - Não chore, por favor.

Com algum esforço, peguei minhas coisas e levei Sakura para dentro. Vi a mesinha de centro quebrada e senti a raiva brotar de novo. Perguntei a ela o que tinha acontecido. Sakura permaneceu em silêncio e me entregou um envelope amarelo.

    - O que é isso? – perguntei enquanto sentava a mesa.

    - Sasuke, até quando nosso acordo irá durar? – ela perguntou e eu parei. Estava ali o momento que eu temia. Eu queria ter adiado isso. Maldito Itachi. Respirei fundo e esperei que a minha voz saísse normal.

    - Bom, você já está praticamente noiva. – falei forçando a voz.

    - E você foi promovido. – ela falou e parecia...triste? Queria imaginar que fosse assim. Abri o envelope e deixei minha boca aberta ao ver o material.

    - O maldito pesquisou sua vida! – falei batendo os punhos na mesa. Sakura se aproximou de mim e ela parecia mesmo nervosa.

    - Ele falou com o meu padrasto, Sasuke! Sabe o quanto eu tentei encerrar meus laços com eles? E agora, simplesmente, seu irmão foi lá procurá-los.

    - Pelo menos ele não pode inventar nada muito grave. – falei pensando exatamente o contrário.

    - Seu irmão me disse que o meu padrasto me acusou de roubar a família antes de fugir de casa! Eu saí com a roupa do corpo! O que aquele idiota acha que eu peguei?

    - Vou resolver isso. – falei enquanto passava a vista pelos papeis – Esse é o seu histórico médico!

    - Ele disse que queria que eu terminasse com você. – Sakura falou e eu olhei para ela. Eu não queria o fim. Não queria que ele chegasse assim. No fundo, não queria que ele viesse nunca.

    - Por que não disse a verdade para ele? – perguntei sabendo que era o modo dela manter a dignidade.

    - Mas você ficaria mal perante a sua família. – ela disse e me olhou como se eu fosse idiota. E eu quis muito abraçá-la – Pensei que poderíamos usar isso como desculpa para você terminar comigo.

    - É o que você quer? – eu falei e não me referia ao modo como terminaríamos. Eu acho que ainda tinha esperança de que ela dissesse que queria continuar como minha noiva. Vi uma foto minha com ela naquele restaurante brasileiro. Itachi nunca tinha acreditado muito no meu noivado. Talvez ele tivesse razão. Talvez Sakura não fosse o tipo de garota que andava com homens como eu. Virei algumas fotos e meu olho bateu sobre uma imagem dela com o tal Gon. Fechei a pasta com força.

    - Eu não ligo se a sua família ficar pensando mal de mim. – ela falou e as minhas esperanças foram embora – Prefiro que eles pensem que você foi o enganado.

Levantei e a encarei sem jeito.

    - Acho que esse é o fim então. – eu disse e um gosto amargo veio a minha boca.

    - Obrigada pela sua ajuda. – Sakura falou. Nenhum de nós olhava nos olhos um do outro – Ainda posso arrumar a sua casa? Você sabe que eu preciso do dinheiro.

    - Pode.

Ficamos em um silêncio desconfortável. Ela pediu para eu me livrar daquela pasta. Peguei o material e odiei saber que aquela foto estava ali dentro. Juntei minhas coisas e me preparei para sair. Parei em frente a porta com a Sakura atrás de mim. Toquei meu chaveiro e busquei a chave da porta dela.

    - Sua chave.

    - Obrigada. Vou pegar a sua. – ela disse.

Quando ela voltou e o momento de partir não podia ser mais evitado, senti uma sensação ruim no peito. Queria ficar.

    - Sasuke? – ela me chamou, mas depois ficou em silêncio. Por fim, disse – Tome cuidado. – diante da minha surpresa ela continuou – No trabalho. Tenha cuidado no trabalho.

    - E você estude bastante. – eu disse. Depois de uns segundos ela falou.

    - Estou de férias agora.

    - Que bom. – ela olhava para baixo e eu reparava no formato do rosto dela. Quando eu vi, meus dedos traçavam sua face.

    - Sasuke?

    - Só um último beijo. – eu pedi e ela não fez nenhuma objeção.

Eu nunca queria esquecer o gosto daquela boca. Ela me abraçou forte e eu retribui o abraço. Minha mão deslizou pela cintura dela e a blusa dela subiu quando ela se inclinou na ponta dos pés. Sentir o contato com a pele não foi uma boa coisa naquele momento. O beijo se tornou mais intenso e eu tinha quase certeza de que ela sentiria a minha excitação em poucos instantes.

Empurrei os ombros dela levemente e me afastei antes que fosse tarde demais. Assim que eu me fechei em meu apartamento, a imagem dela povoou a minha mente. Caminhei arrastando os pés até o bar. Peguei minha garrafa de vodka e sentei com aquela maldita pasta no sofá. Seria tudo o que eu teria da Sakura para o resto da vida.

No outro dia, eu acordei com a rainha de todas as ressacas. Virei para o lado e ouvi barulho de papel. Só então percebi que aquela pasta ainda estava ali. Foi difícil até para levantar. Meus olhos queimavam e a minha cabeça pulsava. Xinguei meu irmão e gostei da sensação. Xinguei ele de novo e depois mais uma vez. Tomei banho gelado e fui para o trabalho mais cedo.

Assim que passei pela porta, a loira me deu uma piscada. Passei direto. Ela jamais seria tão bonita quanto a Sakura. E ela também não precisava usar decotes enormes para me deixar excitado como a loira tentava fazer. Minha equipe estava se preparando para um novo caso. Nem todos tinham chegado.

    - E aí, teme? Como a Sakura está?

Resmunguei algo e passei direto por ele. Entrei em minha sala e fechei as cortinas. Joguei minha bolsa em um canto e caí na minha cadeira. Não deu nem cinco minutos e Naruto e Shikamaru apareceram.

    - Está tudo bem? – Naruto perguntou.

    - È claro que está. – eu sabia que meu tom tinha sido grosseiro, mas estava irritado e frustrado demais para me importar – Por que não estaria? Onde estão os papéis daquele novo caso?

Comecei a procurar os papéis sobre a mesa, freneticamente. Não achei. Em um acesso de raiva eu joguei tudo no chão.

    - Merda! – praguejei e apoiei meu rosto nas mãos.

    - Sasuke... – Naruto começou.

    - Saiam daqui! Eu quero ficar sozinho!

    - Mas... – Shikamaru parecia preocupado.

    - Eu disse que quero ficar sozinho! – gritei e eles saíram.

Fiquei sentado em minha cadeira por um tempo enquanto olhava para o nada. Estiquei meus braços até que eu alcançasse a alça da minha bolsa. Procurei meu caderno de anotações e soltei a capa. A foto dela caiu com um “tuc” sobre a mesa. Não sei quanto tempo se passou enquanto eu olhava aquele rosto perfeito.

She seemed dressed in all of me
Ela pareceu vestida em todo o meu ser
stretched across my shame
esticada através de minha vergonha
All the torment and the pain
Todo o tormento e a dor
Leaked through and covered me
Escaparam completamente e me cobriram
I'd do anything to have her to myself
Eu faria qualquer coisa para tê-la para mim
Just to have her for myself
Apenas para tê-la para mim


Na foto, ela saía da faculdade. O jaleco balançava com o vento e ela cobria a cabeça com um caderno tentando se proteger da chuva. Tão...feminina. A calça jeans marcava o formato das pernas maravilhosas e a blusa folgada fazia ele imaginar o tamanho dos seios.

Now I don't know what to do,
Agora eu não sei o que fazer,
I don't know what to do
Eu não sei o que fazer
When she makes me sad
Quando ela me entristece

She is everything to me
Ela é tudo para mim
The unrequited dream
O sonho não correspondido
A song that no one sings
Uma canção que ninguém canta
The unattainable
O inalcançável
She's a myth that I have to believe in
Ela é um mito que eu tenho que acreditar
All I need to make it real is one more reason
Tudo que necessito para fazê-la real é mais uma razão
And I don't know what to do,
E eu não sei o que fazer,

Algumas mechas do cabelo dela estavam soltas e me traziam a idéia de conforto. Ela estava a vontade e eu me lembrei de como me sentia em seus braços. Era confortável quando ela se apoiava em meu peito e eu mergulhava o meu rosto entre os fios de cabelo dela.

A catch in my throat
Um bloqueio em minha garganta
Choke,
Sufocante,
Torn into pieces
Rasgado em pedaços
I won't, no
Eu não serei, não
I don't want to be this
Eu não quero ser isso

But I won't let this build up inside of me
Mas eu não vou deixar isso crescer dentro de mim
I won't let this build up inside of me
Eu não vou deixar isso crescer dentro de mim
I won't let this build up inside of me
Eu não vou deixar isso crescer dentro de mim
I won't let this build up inside of me
Eu não vou deixar isso crescer dentro de mim

Eu queria tanto ser o cara certo para ela. Eu queria ser o homem que a faria feliz para o resto da vida. Eu queria acordar todos os dias e ter a imagem daquele rosto. Só que eu tinha perdido tudo, né. Eu tinha deixado ela escapar e não havia mais nada que eu pudesse fazer.

Então eu mergulhei no trabalho. Estávamos com mais um assassino em série em mãos. Era o resultado de ser da homicídios. Nenhum dos meus amigos voltou a mencionar o nome dela nem na quinta, nem na sexta e nem na segunda. Meu irmão não contou a meus pais o motivo de termos terminado. Ele apenas disse que tinha acabado.

Tinha acabado.

Duas palavras que me incomodavam imensamente. Eu saía de casa cedo e voltava tarde então não vi Sakura nem uma vez nesses dias. Houve um dia em que eu estava chegando de carro e a vi andar na rua com uma sacolinha de pão. Virei na primeira esquina e fiquei rodando sem rumo. Só voltei uma hora depois.

Na terça, invadimos a casa do culpado. Foi bom deixar a adrenalina invadir minha mente e confundi-la um pouco. No momento em que ela começava a agir, minha mente finalmente se afastava da imagem de Sakura e eu me concentrava apenas em não ser morto. Meu chefe tinha me proibido de chegar a menos de dez metros do centro de treinamento. Ele me acusou de tentar deixar o departamento sem munição. Quando eu tentei liberar minha raiva no treinamento de luta corporal, quebrei o braço e a perna do instrutor. Agora eu estava proibido de ir lá também.

Eu sabia que meu pai estava chateado, mas ele não disse nada. Ninguém disse mais nada. Ninguém tentava me lembrar dela. Porém eu o fazia sempre. Na hora de comer, me lembrava da refeição que ela fizera para mim. Quando dirigia, conseguia imaginá-la sentada no banco do carona. Quando eu deitava, me lembrava de tê-la deitada contra o meu peito.

Comprei todos os CDs que tinham as músicas que eu já tinha ouvido com ela. Nickelback, Theory of a Dead Man, Slipknot, Three Doors Down e Stone Sour. Final de semana foi o mais difícil. Eu não tinha nada para fazer em casa e acabei vindo trabalhar no departamento. Pedi ao Shino que reabastecesse meu bar. Ele tinha um primo que vendia garrafas mais baratas e o meu estoque já estava no fim. Até tentei beber a tequila da loja da esquina, mas era ruim demais.

Teve uma noite também em que eu sonhei com ela. Acordei suando, ofegante e excitado. Só consegui pegar no sono depois de tomar banho e me tocar até que estivesse satisfeito. Umas duas doses de uísque tinham ajudado também. Teve dias em que eu só dormi depois de passar horas escutando as mesmas músicas. E todas me lembravam dela.

Sabia que aquilo estava me fazendo mal. Sabia que minha aparência era das piores, mas eu não estava nem aí. Aquilo era o meu castigo por ser idiota e não ter reparado na Sakura assim que pus os olhos nela ao me mudar para o prédio. Ela continuava arrumando meu apartamento. Não a encontrava mais. Eu evitava isso. Só que toda vez que eu chegava e sentia o cheiro de casa limpa, a imagem dela enchia minha mente.

Eu estava dividido. Parte de mim queria esquecer que ela existia. Parte de mim queria derrubar aquela porta e beijá-la até que ela implorasse para ser minha. Eu geralmente afogava essa disputa mental no álcool e, quando não conseguia, me refugiava no trabalho. Era difícil viver sem ela.


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